- Então você quer dizer que como agradecimento por você ter salvo a vida da Katniss, os pais dela te convidaram pra jantar na casa deles? - Ele guarda seus materiais no armário e eu assinto, enquanto faço o mesmo.
- É, basicamente isso.
- E quando é esse jantar?
- Hoje. - Digo e ele fecha o armário para me olhar, arqueando a sobrancelha quando eu faço o mesmo.
- É por isso que você está tão nervoso? - Pergunta e eu faço que sim com a cabeça. - Seus pais sabem?
- Ainda não.
- Sua mãe vai surtar. - Ele ri e eu assinto. - Quer dizer, o bibelô deles indo para a casa de alguns estranhos…
- Vai se foder. - Respondo e ele ri.
- Eu só estou brincando. - Ele coça a nuca e sua expressão muda para algo próximo a confusão.
- O que foi?
- Você não acha estranho ela ter caído?
- Como assim?
- Quer dizer, como ela chegou até o ginásio?
- Ela é nova por aqui, Finn. É normal que ela se perca, já que a Panem é enorme.
- Sim, nessa parte eu concordo com você, mas… o nosso primeiro horário era Química. Quando ela entrou no ginásio, ela deve ter percebido que aquilo não era um laboratório. Então por que ela continuaria?
- Ela não continuaria. - Respondo e ele assente. - Quer dizer que alguém pode ter jogado ela na piscina?
- Apesar de ser algo horrível, parece ser a única explicação plausível.
- Quem poderia querer o mal dela? Ela é nova aqui. - Penduro a minha mochila no ombro e olho pra ele, me esquecendo completamente dos garotos que eu tinha visto no dia anterior, antes de encontrar Katniss.
- Eu não sei, mas não acha estranho que ela não mencionou nada a respeito disso?
- Você acha que eu deveria perguntar pra ela?
- Na verdade, não. Se ela quisesse ter te contado sobre o que realmente aconteceu, ela teria contado na hora.
- Bom, você está certo. - Coço a nuca, fazendo uma careta. - O que acha que eu devo vestir? - Mudo de assunto e ele ri.
- E isso faz diferença?
- Eu não sei. Vou conhecer os pais dela hoje, lembra?
- Você não para de falar disso desde que ela te falou sobre o convite. É impossível esquecer. - Diz e eu rolo os olhos. - E além do mais, isso está na ordem errada. Primeiro você deveria conquistar a garota, depois os pais dela.
- Você é um péssimo melhor amigo, Finnick. Primrose dá conselhos melhores que você, e ela tem treze anos. - Digo e ele me olha com tédio.
- Você quer dizer a mesma Primrose que nos enfiou naquela festa da Glimmer? Essa Primrose? - Ele arqueia a sobrancelha e eu suspiro.
- Você é o meu melhor amigo, ok? Eu até pensei em recusar o convite, mas seria uma tremenda desfeita. Parece grande coisa, mas eu só apareci no lugar certo e na hora certa, não foi nada demais.
- Nada demais, Peeta? Se você não tivesse aparecido de qualquer jeito, ou até mesmo alguns minutos depois dela ter caído, você estaria escolhendo uma roupa para o velório da Everdeen. - Diz e eu sinto uma sensação ruim no meu peito. - Então não importa a roupa que você use, eles já te amam. Peeta, você salvou a vida dela. Você é um filha da puta de um herói.
- Tá bom, Finnick. Então eu devo ir usando uma capa vermelha?
- Ha, ha, ha. Você é muito engraçado. - Ele dá um tapa na minha cabeça e eu sorrio. - A gente se fala depois. Vê se não fica pensando nisso o tempo todo, ou você pode deixar um dos pirralhos se afogarem, o que não seria muito bom no seu primeiro dia. - Lhe mando o dedo do meio e posso ouví-lo rir, antes que eu entre no meu carro e bata a porta.
Uso o cinto e ligo o rádio, olhando para o relógio nervosamente. Apesar de saber que o que Finnick havia dito não se passava de uma piada idiota, eu estava aterrorizado. Cinna estaria comigo no começo, para me explicar tudo o que eu precisava fazer, mas era só. Depois eu estaria por conta própria com cerca de 10 crianças, das quais eu não fazia ideia do comportamento.
E se elas não gostassem de mim?
- Relaxa, Peeta. - Passo a mão pelo rosto e dou a partida, suspirando. - Vai dar tudo certo.
~ _lll_ ~
- Por hoje é só. Até quinta, galerinha!
- Até, professor Peeta! - Uma das garotinhas faz tchau e eu retribuo, me jogando na cadeira assim que o último dos meus alunos sai pela porta.
Tomo uma boa quantidade de água da minha garrafinha de plástico e respiro fundo, repassando toda a aula na minha cabeça.
Eu havia dado o meu melhor durante cada minuto e as crianças pareciam ter entendido perfeitamente tudo que eu havia dito, tentando fazer os exercícios exatamente como eu havia mostrado.
- Eaí, como foi? - Cinna senta ao meu lado e eu dou um pulo, fazendo-o rir. - Desculpe, não queria te assustar.
- Tudo bem. - Passo a mão pelos meus fios ainda levemente úmidos e dou de ombros. - Eu adorei, Cinna. Vê-los acertando os exercícios, me pedindo ajuda, me chamando de professor… é uma sensação inexplicável.
- Fico feliz que você tenha gostado, porque as mensagens já começaram a chegar.
- Mensagens? - Pergunto e ele assente, sorrindo.
- Dos pais dos seus alunos de hoje, Peeta.
- O que eles estão dizendo? É ruim? - Pergunto e ele ri.
- Ruim? Eles te amam, garoto! Estou recebendo vários elogios. - Ele me mostra o celular e posso ler algumas mensagens, sorrindo abertamente. - Obrigado por aceitar meu convite, Peeta. Eu sempre soube que você não me decepcionaria. - Ele dá dois tapinhas nas minhas costas e eu sorrio.
- Obrigado por fazê-lo, Cinna. - Me levanto e uso minha mochila no ombro, sorrindo. - Eu preciso ir. Nos vemos amanhã?
- Com certeza.
Saio da ala das piscinas e dou tchau para a secretária, sorrindo de forma simpática antes de ir até o meu carro.
Jogo a mochila no banco de trás e uso o cinto, ligo o rádio e dou a partida, seguindo para casa enquanto o nervosismo cresce no meu peito.
Começo a murmurar a música baixinho na intenção de me distrair e batuco os dedos no volante, balançando levemente a cabeça conforme o ritmo. Estaciono o carro na garagem e desço do mesmo, pego minhas coisas no banco de trás e entro dentro de casa.
- E aí maninho, como foi seu primeiro dia? - Pergunta assim que eu passo pela cozinha, eu sorrio e a abraço. - Contando com o fato de que você está me abraçando, foi no mínimo excelente. - Diz e eu rio, assentindo.
- Foi ótima mesmo, Prim. Eu conto mais amanhã, ok? Agora eu preciso ir tomar banho.
- Vai sair? - Ela arqueia a sobrancelha e sorri de um jeito malicioso, me fazendo revirar os olhos.
- Vou.
- E posso saber onde você vai?
- Acho que você esqueceu quem é o mais velho aqui. - Bagunço seu cabelo e ela faz uma careta.
- Bobão!
- Eu ouvi você dizendo que vai sair? - Minha mãe entra na cozinha e eu assinto. - Onde vai? - Coço a nuca e sorrio sem graça, meu pai entra pela cozinha e eu o olho como se pedisse socorro.
- Oi, garoto. O que está acontecendo?
- Ele vai jantar em outro lugar, e eu gostaria de saber onde. - Dona Effie cruza os braços e me olha em dúvida, desvio os olhos para o meu pai e ele parece entender.
- Tenho certeza de que ele vai sair pra comemorar o primeiro dia de trabalho dele, querida. Aposto que foi maravilhoso.
- De fato, foi. - Sorrio para ele em agradecimento, fazendo meu pai assentir quase que imperceptivelmente.
- Eu só queria saber como foi. Você não vai nos contar?
- Vou sim. - Beijo a sua cabeça e sorrio para ela. - Mas só amanhã.
- Tudo bem, querido. Não volte tarde e se cuide.
- Pode deixar. - Pisco para o meu pai e saio da cozinha, seguindo para o meu quarto.
Deixo a minha mochila no chão e coloco as roupas que estavam dentro da mesma no cesto de roupa, me livrando das minhas próprias e as deixando no mesmo lugar.
Caminho até o banheiro e tomo um banho rápido, saindo com a toalha enrolada na cintura e indo até o meu closet. Uso uma box preta com uma calça jeans da mesma cor e um tênis também preto, pego uma camisa branca e a deixo na minha cama, voltando para o banheiro.
Escovo os dentes e passo a mão pelos cabelos, deixando-os daquele jeito. Passo perfume e volto para o quarto ao mesmo tempo que a porta se abre, revelando meu pai.
- Ei, garoto.
- Oi, pai. Algum problema?
- Apesar de eu ter inventado uma desculpa para sua mãe, eu realmente preciso saber onde você vai, afinal, eu sou seu pai. - Ele senta na minha cama e sorri, me olhando.
- Ah, e obrigado por isso. - Caminho até ele e pego minha camisa, passando a mesma pelos braços.
- E então, onde vai? - Pergunta e eu dobro a gola da camisa, evitando seus olhos.
- Na casa da Katniss.
- Aquela Katniss?
- É. - Digo simplesmente, começando a abotoar os botões da minha camisa preguiçosamente.
- E posso saber o motivo disso? - Me jogo ao seu lado na cama assim que fecho o último botão e suspiro pesadamente, tentando fechar os botões nos meus pulsos.
- Alguém jogou a Katniss dentro da piscina ontem de manhã, e ela não sabia nadar. Quando eu cheguei ela estava no fundo da piscina, já desmaiada. Consegui tirá-la e fiz a reanimação, e ela acordou. - Olho para meu pai e encontro seus olhos em uma mistura de surpresa e algo que eu não conseguia identificar.
- Caramba, filho.
- E agora os pais dela me chamaram pra esse jantar para agradecer por bem… ter salvo a vida dela. - Dou de ombros e ele arqueia a sobrancelha rapidamente, sem perder o olhar no seu rosto.
- Eu não consigo nem pensar no que falar para expressar o quão orgulhoso eu estou. Isso é incrível, Peeta. Por que não nos contou?
- Acho que a ficha ainda não caiu, sabe? Eu fiz algo tão simples que é estranho pensar que isso salvou a vida dela.
- Algo tão simples… já pensou se fosse outra pessoa a encontrá-la? Alguém que não tem o preparo que você tem?
- Finnick também me fez olhar por esse lado. Eu não sei como não entrei em desespero, pai. Vê-la desacordada e sem respirar foi horrível.
- E quando ela acordou? Qual foi a sensação?
- Incrível. Foi melhor do que qualquer coisa que eu já senti antes. - Eu sorrio e ele retribui, dando dois tapinhas nas minhas costas.
- Eu estou extremamente orgulhoso de você, filho. E aposto que sua mãe também vai ficar, quando você decidir contar à ela. Não pense que nós não vamos fazer um jantar de comemoração pra você também, porque nós vamos. - Ele levanta e eu faço o mesmo, antes dele me puxar para um abraço. - Eu te amo, garoto. Nunca esqueça disso.
- Eu também te amo, pai. - Ele se afasta sorrindo, antes de segurar meu rosto.
- Se divirta e se cuide. Você ouviu sua mãe. Eu posso até te ajudar a omitir onde você vai, mas obedeça o toque de recolher, ok?
- Tudo bem. - Ele pisca pra mim e sai do quarto, me deixando com um sorriso no rosto.
Pego as chaves do carro e o meu celular, desbloqueando o mesmo e abrindo minha conversa com Katniss. Lhe mando uma mensagem avisando que estou saindo de casa e coloco o aparelho no bolso, descendo as escadas.
Escuto as vozes da minha família na cozinha e vou até a mesma, recebendo os olhares dos três.
- Uau, que gatinho. - Minha mãe diz e eu rio.
- Obrigado, mãe. - Beijo sua testa e pego um morango, colocando-o na boca.
- Se cuida, filho.
- Pode deixar. - Pisco para ela e faço tchau pra eles, mas assim que passo pelo meu pai ele estica a mão na minha direção.
- Se divirta, garoto. - Assim que aperto a mesma sinto o metal frio da chave da porta dos fundos, ele pisca pra mim disfarçadamente e eu sorrio, sabendo que isso significava que eu tinha sua permissão para voltar a hora que eu quisesse.
- Pode deixar, pai.
Dou as costas para eles e guardo a chave no bolso, seguindo até o carro enquanto jogo as chaves para o ar e as pego novamente.
Destranco a porta e entro, coloco a chave na ignição, uso o cinto e dou a partida. Desbloqueio o celular e coloco o mesmo na minha coxa, abrindo a localização que Katniss havia me mandado mais cedo e começando a seguir o percurso indicado.
Estaciono em frente a sua casa alguns minutos depois, sentindo meu coração acelerar ao observar a casa bem iluminada.
Desligo o carro e respiro fundo, tentando me acalmar sem sucesso.
Fecho os olhos com força e os abro em seguida, tiro o cinto e bloqueio meu celular, pego a chave da ignição e desço rapidamente antes que eu possa mudar de ideia e ir embora o mais rápido possível.
Tranco a caminhonete e coloco a chave no bolso, coçando a nuca com força. Fecho os olhos mais uma vez, respirando fundo e soltando o ar devagar.
- Vamos lá, Peeta. - Abro os olhos e forço minhas pernas trêmulas a caminharem na direção do portão, onde um botão chamava minha atenção.
Aperto o mesmo e logo o portão se abre, respiro fundo mais uma vez e caminho na direção da entrada, secando as mãos suadas no meu jeans.
Assim que levanto a mão para bater na porta a mesma se abre, revelando a morena. Katniss usava uma raglan com a escrita “Tell me someone who cares”, uma calça jeans dobrada até acima do tornozelo e um vans preto. Seus cabelos estavam soltos e ela não usava nenhuma maquiagem. Ela estava linda.
- Oi, Peeta. - Katniss sorri e eu retribuo seu sorriso.
- Oi. Você está linda. - Digo e ela sorri.
- Obrigada. Vem, entra. O jantar está quase pronto. - Ela dá espaço para que eu o faça e eu aceito seu pedido, sentindo o cheiro de comida no ar.
- Desculpe o atraso.
- Não se atrasou. - Katniss garante.
Olho ao redor e os quadros na parede chamam a minha atenção, mas um em especial se destaca.
Uma garotinha de cabelos negros mostrava um sorriso banguela, enquanto seus dedinhos formavam o número 5. Seus cabelos negros estavam presos em duas tranças que caíam cada uma sobre um ombro, enquanto uma garotinha ruiva - também banguela - sorria ao lado dela, com um braço por cima dos ombros da morena enquanto a outra mão também formava o número 5.
Sorrio enquanto coloco as mãos no bolso, observando o próximo quadro. Nesse, além das duas garotinhas, um casal estava presente. Eu reconhecia a mulher loira como a mãe de Katniss apesar de parecer alguns anos mais nova. Mas o homem com cabelos castanhos escuros e um sorriso bondoso era desconhecido para mim, apesar de reconhecer que alguns de seus traços estavam presentes em Annie.
- Eu já pedi para eles tirarem esses quadros daí, mas eles não me escutam. - Katniss para ao meu lado, fazendo uma careta. - Parece que eles gostam de envergonhar a gente.
- Claro, querida. Meu maior objetivo de vida é fazer você passar vergonha.
A voz masculina chama a minha atenção e eu e Katniss nos viramos na direção da mesma, encontrando um homem. Alguns anos mais velho do que a foto, com algumas rugas e cabelos brancos a mais, mas com certeza era ele.
- Você deve ser Peeta Mellark. - Nós nos aproximamos e ele estende a mão, eu aperto a mesma e assinto.
- É um prazer conhecê-lo, senhor.
- Nada de formalidades, garoto. - Ele faz um sinal de desdém com a mão. - Apenas me chame de John.
- Prazer conhecê-lo, John.
- O prazer é todo meu, Peeta. Acredite, eu estava ansioso para conhecer o garoto que salvou a vida da minha filha. - Diz e eu sorrio nervosamente.
- Não foi exatamente isso, eu…
- Então vai dizer que não tirou a Kat desmaiada de dentro da piscina e fez respiração boca a boca? - Pergunta e eu arregalo os olhos, fazendo Katniss revirar os seus antes de olhar para o pai com tédio. - Eu só estou brincando, garoto. - Ele dá dois tapinhas nas minhas costas e eu respiro novamente, percebendo que havia segurado o ar.
- Querido, não o deixe desconfortável. O garoto salvou a vida da Kat, não se esqueça disso. - A mãe de Katniss aparece com um pano em mãos, sorrindo para mim com o mesmo sorriso bondoso do marido. Ela tinha o sorriso de Annie. - Olá, querido.
- Boa noite, senhora Everdeen. - Digo e ela olha para Katniss e para o marido em seguida, parecendo sem graça e levemente incomodada.
- Só Elizabeth está bom, querido. - Ela olha ao redor e parece se dar falta de algo. - Onde está Annie?
- Acho que ainda não se tocou da hora. - Katniss faz uma careta. - Ela disse que precisava terminar uma tarefa da escola.
- Vá chamá-la, sim? - Elizabeth manda e ela assente, sumindo no corredor. - Eu sei que fizemos o jantar para agradecê-lo, mas também precisávamos expôr isso em palavras. - A loira se aproxima e me abraça, me deixando levemente assustado. - Muito obrigada, Peeta.
- Por nada, senho… Elizabeth. Não foi nada, mesmo.
- Eu não quero nem pensar o que teria acontecido se você não tivesse aparecido, Peeta. - John me olha assim que Elizabeth me solta, sorrindo como se me agradecesse profundamente. - Muito obrigado, de verdade.
Antes que eu possa responder, as vozes de Annie e Katniss tomam conta do local, enquanto parecem discutir sobre alguma coisa. Assim que as duas entram na sala, os olhos da ruiva encontram os meus.
- Oi, Peeta.
- Annie. - Elizabeth nos olha com o cenho franzido, parecendo perceber que o clima de repente havia ficado estranho.
Annie olha para a mãe e nega levemente com a cabeça, indicando que não era hora de perguntas.
- Vamos, o jantar está pronto! - Ela toma a frente e John a segue, Katniss olha pra mim e aponta a cozinha com a cabeça.
- Depois da senhorita. - Ela sorri e eu a sigo, me deparando com um banquete. - Uau.
- E você vai ter que comer de tudo, não vá fazer desfeita. - A morena diz baixinho e eu arregalo os olhos, fazendo-a rir.
John puxa a cadeira para Elizabeth e vejo de canto de olho Katniss sorrir com a cena, enquanto senta de frente para o casal, ao lado da irmã.
Fico com o lugar da ponta e me ajeito na cadeira, enquanto os outros começam a se servir.
- Fique à vontade, Peeta. - Elizabeth aponta para a mesa e eu me sirvo, tentando pegar um pouco de cada prato, como Katniss havia me aconselhado.
- Então, Katniss nos disse que você nada. - John chama a minha atenção e eu termino de mastigar, assentindo.
- É a minha paixão desde bem pequeno. Meus pais sempre me apoiaram, então me colocaram em uma escolinha o mais cedo possível. Desde então, eu não parei mais. - Digo sorrindo com orgulho, fazendo-o assentir.
- Acredito que foi por causa disso que você conseguiu socorrê-la. - Ele aponta para Katniss e eu assinto.
- Eu ainda não sei como consegui. - Admito. - Eu estava muito nervoso.
- Fui seu primeiro salvamento? - O tom de surpresa é presente na voz de John, eu assinto conforme mastigo.
- Foi. Bom, pelo jeito eu me saí bem no curso. - Digo assim que engulo e ele sorri, assentindo.
- Imagino que seus pais devem devem estar bastante orgulhosos, Peeta.
- Bom, meu pai sim. - Coço a garganta. - Ainda não contei pra minha mãe. Ela provavelmente vai surtar. - Sorrio um pouco.
- Você é filho único? - Elizabeth pergunta e eu nego.
- Tenho uma irmã mais nova, de treze anos. O nome dela é Primrose.
- E você mora aqui e Santa Mônica desde pequeno?
- Mãe, deixa o garoto comer. - Katniss brinca e Elizabeth sorri envergonhada.
- Tudo bem, de verdade. - Olho para a morena, sorrindo gentilmente. Depois, me viro para Elizabeth. - Sim. Meus pais se mudaram pra cá quando minha mãe estava grávida, porque se apaixonaram pela cidade durante a lua de mel.
- Que interessante. - Ela sorri. - E onde eles moravam antes?
- Beverly Hills.
- Ah, não foi uma mudança muito grande. - Ela diz e eu dou de ombros.
- Annie, aconteceu alguma coisa? Você está tão quieta. - A ruiva levanta os olhos do prato e parece se constranger ao sentir todos os olhares sobre si, dando de ombros.
- Só estou com um pouco de dor de cabeça, papai. - Diz e ele assente, parecendo não acreditar muito na palavra da filha.
O jantar se segue em um silêncio agradável, e assim que cruzo meus talheres sinto meu estômago reclamar pela quantidade de comida ingerida.
- O jantar estava maravilhoso, Elizabeth. - Digo e ela sorri, parecendo extremamente feliz com o elogio.
- Obrigada, querido. Espero que tenha guardado espaço para a sobremesa! - Ela se levanta e eu olho para Katniss como se pedisse socorro, ela ri baixinho e nega com a cabeça.
- Mãe, que tal deixar a sobremesa para depois? - A morena chama e Elizabeth olha para nós, assentindo levemente.
- Claro. Eu vou lavar a louca e vocês continuam a conversa, tudo bem? - Diz e eu prontamente levanto, chamando a atenção dos quatro.
- A louça é por minha conta. - Digo e ela nega. - Por favor, eu insisto. É o mínimo que eu posso fazer depois desse convite.
- Você já fez muito salvando a Kat, Peeta. - Ela sorri de forma bondosa.
- Então lavar a louça não vai ser nada demais. - Digo e ela suspira, se dando por vencida.
- Vocês esperam na sala? O Peeta lava a louça e eu posso secar. - Katniss dá de ombros e eles assentem, mas insistem em ajudar-nos a levar a louça até a pia.
Annie se retira rapidamente com a desculpa de que precisava terminar sua tarefa, saindo quase que correndo.
Dobro as mangas da minha camisa até os meus cotovelos e começo a lavar os pratos. Durante algum tempo sinto o olhar da morena sobre mim, o que me deixa levemente desconfortável.
- Você acha que a Annie está brava comigo?
- Não. - Ela faz uma cara pensativa, começando a secar os pratos. - Ela só está confusa. É coisa dela. - Diz e eu assinto, sem saber ao certo o que falar. - Em um nível de zero a dez, quanto meus pais te assustaram? - Pergunta e eu sorrio.
- Uns nove e meio. - Digo e ela arregala os olhos, me fazendo rir. - Eu só estou brincando. Eles não me assustaram. - Katniss suspira aliviada e eu pondero por um segundo. - A não ser quando seu pai disse que eu tinha feito boca a boca em você. Isso realmente me deixou apavorado. - Comento e ela ri.
- Ele gosta de brincar com todo mundo. Uma hora você acostuma. - Diz e eu sorrio.
- Ah, eu espero que não. - Ela me olha confusa. - Bom, eu só estou aqui porque você se afogou. Espero que não se repita.
- Eu também. - Katniss sorri nervosa.
- A proposta sobre te ensinar a nadar ainda está de pé. - Digo e ela arqueia a sobrancelha, parecendo me desafiar.
- Duvido que você consiga.
- Qual é, eu sou seu amigo. Me dá essa chance. - Digo e ela me analisa por alguns segundos, estendendo a mão na minha direção. Arqueio a sobrancelha.
- Amigos? - Diz e eu sorrio, apertando a sua mão.
- Amigos.
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