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História Isso não é uma história de amor - Someone to you


Escrita por: Mrs_Queen

Notas do Autor


Olá, meus amores! Como vocês estão?

Como vocês podem perceber pela capa, esse capítulo promete! 🤐

Boa leitura!

Capítulo 18 - Someone to you


Fanfic / Fanfiction Isso não é uma história de amor - Someone to you

Point Of View Finnick Odair


- Caramba, vocês são realmente horríveis em fingir que nada aconteceu.

Eu, Annie, Peeta e Katniss levantamos os olhos dos nossos lanches e encaramos Johanna, que tem uma cara de poucos amigos.

Eu não estava surpreso que ela soubesse o que havia acontecido entre nós quatro, dado o fato de que Johanna era a única amiga das duas.

E também era mais do que claro que ela tinha razão. Desde o momento em que nós havíamos chegado naquela mesa há cerca de cinco longos e torturantes minutos, ninguém havia trocado sequer uma palavra.

- Sabe, se vocês querem fingir que nada aconteceu, é bom começarem a agir normalmente. - Ela coloca a bandeja sobre a mesa e senta. - Dá pra sentir a energia bizarra de vocês lá da porta do refeitório.

Observo meu melhor amigo suspirar pesadamente e olhar para Katniss, que mantém seu olhar preso no seu sanduíche como se ele fosse a coisa mais interessante do mundo. A morena estava agindo exatamente da forma que Peeta morria de medo que ela fizesse.

- Está ansioso pela competição, Peeta? - Tento cortar o silêncio e ele desvia os olhos até os meus, com um olhar que entrega o quanto ele está chateado com essa situação.

- Eu sempre fico. - O loiro dá de ombros.

- E ainda sim consegue chegar em primeiro lugar por uns três segundos. - Digo e ele sorri, encerrando o assunto.

- Caramba, vocês são horríveis. - Johanna faz uma careta. - Qual a dificuldade de agir normalmente? Vocês dois - ela aponta para Annie e depois para mim - se odeiam e vocês - ela aponta para Katniss e Peeta - são os dois melhores amigos mais insuportáveis que eu já conheci. Não podem falar sobre a Dromedária ou sei lá o quê?

- É Andrômeda. - Dizem juntos e se olham em seguida, sorrindo de forma cúmplice.

- Viram? É disso que eu estou falando! - Johanna gesticula com as mãos. - Parece que vocês simplesmente não querem esquecer o que aconteceu... - Diz e eu percebo que Peeta tensiona os músculos, mostrando que aquele assunto o incomodava.

- Você está mesmo completamente louca se acha que eu quero lembrar daquilo. - Cresta se manifesta e eu arqueio a sobrancelha com um sorriso debochado brincando nos lábios.

- Eu nem sei do que vocês estão falando.

- É claro que não sabe. Você enfia essa língua nojenta na boca de tantas garotas que nem deve lembrar de todas elas.

- Você não reclamou quando eu enfiei minha língua nojenta na sua boca. Na verdade, você até correspondeu. - Sorrio abertamente e observo suas bochechas ficarem vermelhas.

- Eu odeio você! - Ela pega a bandeja e sai caminhando, jogando-a sobre a mesa de descarte e saindo do refeitório com passos fortes.

- Viu? Agora sim vocês estão agindo normalmente.

- Se o normal da Cresta é ser louca, então ela está super bem. - Comento e Katniss arqueia a sobrancelha.

- Ela não é louca, só não concorda com o que você faz com as garotas.

- Vocês nem sabem o meu jeito de agir com as garotas. - Abro um sorriso. - Se quiserem saber como elas se sentem com o que eu faço, é só perguntar pra qualquer uma que passar. Se ela não souber, bom... peça para ela me encontrar. - Meu sorriso se torna maior e eu pisco pra ela. 

- Você não cansa de transar com todo mundo?

- O quê? - Pergunto incrédulo. - Querida, uma fada morre toda vez que uma garota tem o desejo de dormir com Finnick Odair e não consegue.

Katniss revira os olhos e Peeta dá risada, negando com a cabeça.

- Mas já que você insiste, eu vou atrás da sua irmã para pedir desculpas por ter tocado no assunto proibido. - Forço um sorriso e me levanto.

- Você vai acabar deixando ela mais irritada. - Katniss alerta.

- Confie em mim, Everdeen. - Pisco pra ela mais uma vez e caminho na direção da mesa de descarte, deixo a minha bandeja em cima da mesma e jogo o copo descartável no lixo, apressando o passo para procurar a ruiva.

A encontro parada em frente ao seu armário, mas assim que me vê caminhando na sua direção ela fecha a porta com força e caminha na direção contrária com passadas rápidas. Respiro fundo e começo a correr.

- Cresta, espera! - Chamo e ela parece caminhar ainda mais rápido.

- Vê se me erra, Odair! - Quase grita, trinco o maxilar e seguro seu braço, puxando-a para a sala de economia e fechando a porta com seu corpo, segurando ambos seus braços para impedí-la de fugir. - O que você pensa que está fazendo?

- O que custa me esperar?

- Custa o meu tempo, minha sanidade mental...

- Por que você precisa ser sempre tão insuportavelmente mesquinha? - Pergunto e ela estreita os olhos na minha direção.

- Você veio até aqui pra me xingar? - Indaga e eu respiro fundo, retomando o foco.

- Eu vim até aqui pra saber o que eu fiz para que você me odiasse tanto.

- Você está brincando. - Ela ri de forma sarcástica.

- Eu pareço estar brincando, Cresta? - Digo com a voz séria e ela engole em seco.

- Eu só não apoio a forma como você trata as garotas com as quais se envolve.

- E como eu as trato? - Arqueio a sobrancelha e ela empina o nariz.

- Como se elas fossem simples objetos descartáveis. Você as usa por uma noite e simplesmente desaparece na manhã seguinte. - Diz e eu rio com escárnio.

- E como você sabe, Cresta? Você perguntou a cada uma das garotas com as quais eu dormi?

- Eu não preciso perguntar. Sei que tipo de cara você é.

- Você deveria ter perguntado antes de me acusar dessa forma, porque está completamente errada. - Digo e é a vez dela de arquear a sobrancelha. - Todas, repito, todas as garotas que se envolveram comigo sabiam no que estavam se metendo. Todas elas sabem que eu não passo de uma noite.

- Eu não acredito em você.

- Na verdade, eu acho que você acredita sim. Mas algo aí dentro - aponto para o seu peito - te impede de admitir. E algo me diz que não tem nada a ver comigo, e sim com você. - Digo e ela engole em seco.

- Você tem mais alguma opinião incrível que queira compartilhar em voz alta?

- Na verdade, eu tenho sim. - Respondo e a ruiva arqueia a sobrancelha.

- E qual é?

Sorrio de lado e me aproximo dela, fazendo seus olhos verdes subirem diretamente aos meus enquanto se arregalam levemente.

Grudo seus pulsos e os seguro apenas com uma mão, repousando a outra na sua cintura e acariciando a carne com a ponta dos dedos, tocando levemente em lugares específicos.

Seus olhos descem rapidamente para a minha boca e um sorriso brinca nos meus lábios, enquanto sinto seu hálito de laranja batendo levemente no meu rosto.

- Eu acho que você não se arrependeu de me beijar. - Sussurro, passando a língua pelos lábios. - Na verdade, até acredito que você quer me beijar de novo. - Digo e ela solta uma risada nasal.

- Por favor, Odair. - Ela me encara profundamente e eu deslizo meus dedos delicadamente em um carinho na sua cintura. - Você não daria conta. - Diz e eu solto uma risada nasal.

- Acho que você é quem não daria conta. - Annie me encara levemente incrédula e então em uma fração de segundo suas mãos se soltam da minha e ela segura minha camiseta, me puxando na sua direção e selando seus lábios nos meus com força.

Seguro um sorriso e uso ambas as mãos para puxar seu corpo para mais perto do meu, colando-a na porta em seguida.

Annie aprofunda o beijo e suas mãos deslizam pela minha nuca até meus cabelos, puxando meu rosto na sua direção e impedindo que eu me afaste.

Minhas mãos ameaçam descer e eu espero por uma reação, que vem exatamente da forma que eu não esperava: ao invés de me afastar, ela torna o beijo ainda mais urgente e agarra meus cabelos com mais força, enfiando suas unhas no couro cabeludo e me instigando a continuar.

É o que eu faço; assim que as posiciono, aperto a carne farta entre meus dedos e ela suspira contra minha boca, fazendo um arrepio percorrer meu corpo enquanto todo meu calor começa a se concentrar em um ponto específico.

Puxo seu lábio inferior entre os dentes e ela suspira e desce os beijos para o meu pescoço, passando o nariz por toda a extensão e me fazendo engolir em seco conforme aperto mais os olhos. Ela era fodidamente boa nisso.

Seu nariz é substituído pela sua boca e eu estremeço, apertando ainda mais sua bunda entre meus dedos e sentindo seus lábios chuparem minha pele com força, o que com certeza deixaria uma marca.

- Droga, Cresta! - Murmuro baixinho me afastando levemente, ela me encara e balança a cabeça, parecendo de repente outra pessoa.

- Shhhhh, Odair. - Ela coloca o indicador na minha boca e eu me sinto hipnotizado pelos seus olhos, enquanto a ponta do seu dedo desenha meus lábios. - Você fica melhor com a boquinha calada.

- E você fica melhor quando está calando a minha boca. - Digo e ela ri de forma debochada.

- Como você fica com tantas garotas usando esses elogios ridículos? - Pergunta e eu sorrio.

- Eu prefiro usar minha boca pra outra coisa. Quando ela está acompanhada das minhas mãos então, sou eu que recebo os elogios. - Meu sorriso se torna maior e ela nega com a cabeça.

- Eu não vi nada demais em você.

- É claro. Você ainda está vestida. - Comento e ela revira os olhos.

- Você não consegue nem me deixar com vontade de tirar a roupa, Odair. Quem dirá o resto. - Diz com deboche e eu arqueio a sobrancelha, notando um leve tom de desafio na sua voz. - Eu disse que você não conseguiria dar conta.

Em um movimento rápido eu puxo seu lábio inferior entre os dentes e minhas mãos deslizam para suas coxas, fazendo com que ela enrole suas pernas na minha cintura.

Seguro seus cabelos com a mão direita e pressiono seu corpo contra a porta, passando meu polegar sobre seus lábios enquanto mordo meu lábio inferior.

Minha boca vai diretamente para o seu pescoço e o primeiro beijo a faz estremecer, sorrio contra a sua pele e beijo seu pescoço novamente, mas usando a língua dessa vez e fazendo-a apertar as pernas em volta da minha cintura.

- Odair... - Exclama baixinho com a voz pedinte e eu fecho os olhos e respiro fundo.

Acaricio suas coxas e subo as mãos pelas lateirais do seu quadril, adentrando o tecido da sua camiseta e tocando sua pele desnuda.

Sinto-a se arrepiar com o meu toque e seu corpo aquece a palma da minha mão, me fazendo sorrir contra a pele sensível do seu pescoço enquanto minhas mãos exploram a pele macia da sua barriga.

Deus, eu sequer conseguia mensurar a quantidade de pensamentos eróticos que passavam pela minha cabeça. Se a sua barriga era macia, os outros lugares...

Minha boca saliva com o pensamento e eu deslizo as mãos pelas suas costas, intensificando os beijos no seu pescoço e tentando tirar aqueles pensamentos da cabeça.

O cheiro da sua pele entra pelas minhas narinas e eu suspiro, não me aguento mais e acabo retribuindo o que ela havia feito momentos atrás.

- Mas que diabos você fez? - Sua voz assume um tom furioso e eu me afasto do seu pescoço sorrindo.

A ruiva solta as pernas da minha cintura e me empurra, pegando a mochila no chão e colocando sobre a mesa. Ela fuça na mesma por alguns segundos e em seguida tira de lá um espelho que ela usa pra olhar em seu pescoço, arregalando os olhos ao ver a marca vermelha no mesmo.

- Eu não acredito que você fez isso! Você é um idiota! - Ela fecha o espelho com força e eu reviro os olhos.

- Quer saber de uma coisa, Cresta?

Caminho até ela e seguro sua cintura, puxando seu corpo para o meu e fazendo-o bater contra o meu peitoral. Seus olhos sobem até os meus imediatamente e eu enfio ambas as mãos no seu couro cabeludo.

- Você fica muito melhor quando eu estou calando a sua boca. - É a última coisa que eu digo antes de me abaixar e puxar seu rosto na minha direção, selando nossos lábios mais uma vez.


Point Of View Peeta Mellark


- Johanna está certa. - Digo depois de algum tempo em silêncio, fazendo-a desviar os olhos do trabalho até os meus.

Katniss me encara por alguns segundos e suspira, dando uma olhada na professora apenas para ter certeza de que ela não prestava atenção em nós, voltando a me olhar.

- Eu sei. - Ela morde a ponta da caneta e abaixa os olhos. - Eu sinto muito. Não queria que ficássemos desse jeito, mas não sabia o que fazer.

- É só agir normalmente, Kat. - A morena assente mas não parece muito convencida. - Veja pelo lado bom: a partir de hoje, você só vai precisar me ver nas aulas e nos intervalos. - Digo com um sorriso forçado e ela levanta os olhos rapidamente até os meus.

- Como assim? - Sua voz parece levemente chateada e eu me apresso em me explicar.

- Não é que eu não queira! Mas com a competição chegando, eu preciso me dedicar mais aos treinos. - Digo sem graça e ela parece soltar o ar.

- É claro. Eu entendo, capitão. Mas, depois da competição... Você quer retornar às aulas? - Pergunta com receio e eu sorrio.

- Se você quiser, por mim está ótimo. - Digo e ela retribui meu sorriso.

- Vocês dois aí no fundo, silêncio ou farão o trabalho de forma individual! - Coin exclama zangada e nós nos olhamos, obedecendo a professora de literatura.

Cerca de 5 minutos se passam quando o silêncio da sala é interrompido por batidas na porta, levanto os olhos para o local e observo Coin fazer o mesmo.

- Entre. - Diz em uma voz nada feliz.

A porta se abre e em poucos segundos a cabeleira ruiva de Annie Cresta aparece.

- Com licença, senhorita Moore. Eu posso entrar?

- Posso saber onde estava, senhorita Cresta? - Pergunta e ela engole em seco, pigarreando em seguida.

- Eu, é... eu... me perdi nos corredores. - A professora arqueia a sobrancelha e assim como a morena ao meu lado, não parece engolir a desculpa esfarrapada da ruiva. - Sinto muito.

- Entre, senhorita. E eu recomendo que encontre um jeito de acabar com seus atrasos, caso contrário o diretor ficará ciente. - Diz e Annie assente, engolindo em seco e fechando a porta.

A ruiva caminha rapidamente até uma das cadeiras vazias e se senta na mesma, pegando seus materiais dentro da mochila e encarando Coin em seguida.

- Ehn... professora, quem vai ser a minha dupla?

Assim que ela abre a boca para responder, batidas na porta a interrompem e Coin suspira pesadamente.

- Entre! - Diz com a voz dura e a porta se abre, dessa vez revelando meu melhor amigo. - É claro. Qual a desculpa da vez, senhor Odair?

- Eu precisei conferir os meus equipamentos de lacrosse e não escutei o sinal tocar.

- Você não confere seus equipamentos na manhã do seu treino? - Ela entrelaça os dedos e estreita os olhos na direção dele.

- Normalmente sim, professora. Mas nosso bom diretor decidiu que eu estou de detenção juntamente com a senhorita Cresta, o que me obriga a passar a primeira aula limpando a sala de música. - Ele sorri cordialmente e algumas risadas correm pela sala. - Então, posso me sentar?

- Já que vocês estão acostumados com a presença um do outro, você e a senhorita Cresta farão esse trabalho em dupla.

- O quê!? - Annie exclama incrédula. - Eu e ele?

- Foi exatamente o que eu disse.

- Eu prefiro fazer o meu trabalho individualmente, professora. - Finnick comenta e ela sorri.

- Ótimo. Está decidido. - Finnick começa a sorrir e Annie relaxa na carteira. - Vocês farão o trabalho juntos.

- Mas...

- Sem mas, Cresta! Da próxima vez cheguem na hora certa e podem escolher suas próprias duplas.

Annie afunda na cadeira e Finnick trinca o maxilar, respirando fundo e pegando suas coisas para sentar ao lado dela.

Olho para Katniss e ela desvia os olhos de um para o outro, parecendo buscar um mínimo detalhe que pudesse explicar seja lá o que passava na sua cabeça.

- O que foi? - Pergunto e ela me olha, se aproximando.

- Você não acha estranho eles chegarem ao mesmo tempo? - Indaga e eu a olho confuso.

- A desculpa da sua irmã foi péssima, mas a de Finnick foi bastante convincente. Ele realmente está arrumando os materiais no intervalo. 

- Sim, mas quando ele saiu do refeitório ele disse que iria atrás da Annie.

- E por que ele se importaria? Você sabe que os dois só implicam um com o outro. - Digo e ela assente.

- Você está certo.

- Eu acho que eles estavam se pegando. - Johanna, que estava sentada há alguns centímetros de nós entra na conversa.

- Como diabos você está ouvindo a nossa conversa? - Indago surpreso e ela me encara com um olhar de tédio.

- Vocês não sabem falar baixo. Imagina se fossem... deixa pra lá. - Diz e eu arregalo os olhos, entendendo imediatamente o duplo sentido da frase. - Voltando ao outro casal... eu aposto vinte pratas que eles estavam se pegando.

- Eu duvido. - Katniss nega com a cabeça e Johanna a olha, estendendo a mão.

- Quer apostar? - A morena analisa a mão levantada e alguns segundos depois aperta a mesma.

- Senhorita Mason, você também gostaria de fazer o trabalho individualmente? - Coin solta com a voz irritada. - Eu não me importaria em deixar você, assim como a senhorita Everdeen e o senhor Mellark de detenção.

- Nós já estamos em silêncio, professora. - Comento e ela me encara com um olhar duro, antes de voltar a olhar para os papéis sobre a sua mesa.

A aula continua da mesma forma entediante e monótona pelo o que parece uma eternidade, mas o pior de tudo era que eu sentia que havia acontecido algo com meu melhor amigo e não poder conversar com ele era no mínimo agoniante.

- O trabalho deverá ser finalizado em casa e entregue em três semanas.

- Em casa? - Annie pergunta incrédula e Coin respira fundo, cruzando os braços.

- Você precisa que eu marque uma consulta com o médico, senhorita Cresta?

- Perdão?

- Porque não é possível que uma garota da sua idade tenha uma audição tão ruim.

Algumas risadinhas se espalham pela sala e Annie fecha a cara, começando a guardar seus materiais na mochila enquanto o resto da turma faz o mesmo.

- Quando você pode? - Katniss pergunta baixinho e eu dou de ombros.

- Eu pretendo treinar até às seis da tarde, então depois disso eu estou livre.

- E no final de semana?

- Eu vou treinar também. - Digo e ela arqueia a sobrancelha, parecendo surpresa. - A competição é muito importante pra mim, Kat. E preciso merecer o título de capitão.

- Nem adianta tentar, Katniss. - Finnick se aproxima de nós sorrindo com a mochila já nas costas. - Ele não tem jeito.

- Falou o cara que se atrasou para a aula só pra arrumar os equipamentos de lacrosse, sendo que sua partida é só daqui a duas semanas. - Digo e ele abre e fecha a boca duas vezes, sem saber o que dizer. Por fim, ele sorri sem graça.

- Faça o que eu digo mas não faça o que eu faço, não é? - Ele dá de ombros e me encara por um milésimo de segundo, mas é o suficiente para que eu perceba que meus instintos estavam certos e que há de fato algo errado com meu melhor amigo.

- Eu não acredito que vou ser obrigada a olhar pra sua cara fora da escola também.

- Nada disso é do meu agrado também, boneca. - Finnick a encara com tédio. - Mas o que posso fazer se você se perdeu nos corredores? - Diz com ironia e ela o encara surpresa por alguns segundos, se recompondo em seguida. - Tem alguma outra ideia que permita que a gente faça essa droga sem precisar manter contato?

- Podemos dividir o trabalho e cada um faz sua parte, depois só juntamos e entregamos.

- Qual é, vocês sabem que isso nunca dá certo. E a Coin é mais esperta do que parece, o que significa que ela vai achar uma falha nesse plano de vocês e vocês estarão ainda mais fodidos. - Johanna senta na minha mesa assim que eu termino de guardar os materiais e cruza os braços. - Vocês deveriam crescer, credo.

- Vê se me erra, Johanna. - Annie nos dá as costas e sai da sala no momento em que o sinal toca, indicando o final da aula.

- O que diabos aconteceu entre vocês duas? - Pergunto e Johanna dá de ombros, olhando para Katniss.

- Acho que ela não gosta de ouvir umas boas verdades.

As duas se encaram por alguns segundos e eu olho para Finnick, que parece estar entendendo tanto quanto eu. Em seguida Johanna pisca para nós e sai da sala, enquanto silenciosamente concordamos em fazer o mesmo.

- Você sabe o que aconteceu com a minha irmã, Finnick? - Katniss pergunta depois de algum tempo em silêncio, fazendo meu amigo a olhar surpreso.

- Eu? Por que eu saberia de alguma coisa?

- Você não foi atrás dela no intervalo? - Indaga e ele pisca algumas vezes, tentando raciocinar.

- Fui… claro que fui. Mas não consegui encontrá-la, então lembrei que precisava organizar meus materiais. - Ele dá de ombros.

- Tem certeza de que vocês não se encontraram? Ela parecia bastante aborrecida na aula.

- Tenho, Everdeen. E ela já estava aborrecida quando saiu do refeitório, lembra?

- Certo… - Katniss suspira assim que chegamos na saída e olha ao redor procurando pela irmã, imagino eu. - Nós nos vemos amanhã, então? - Pergunta e eu assinto, ela fica na ponta dos pés e me dá um beijo na bochecha, fazendo meu coração acelerar. - Tchau, capitão. - Ela sorri e faz tchauzinho para Finnick, que retribui antes de ela nos dar as costas e começar a caminhar na direção do carro de Annie.

- Você vai ficar aí parado com essa cara de otário apaixonado pra sempre ou nós já podemos ir pra casa? - Reviro os olhos antes de olhar para a cara sorridente do meu melhor amigo.

- E você vai ficar fingindo que nada aconteceu pelo resto do dia ou vai me contar o que realmente rolou no intervalo?

Seu sorriso desaparece e ele pigarreia negando com a cabeça, mas seus olhos o traem por um milésimo de segundo e é o suficiente para que eu perceba que ele olha na direção do carro de Annie.

- Eu só estou de cabeça cheia por causa da Cresta. - Diz vagamente e eu suspiro quando ele me dá as costas e começa a caminhar para a caminhonete.

- Finnick, pelo amor de Deus. Desde quando eu preciso te forçar a me contar as coisas? - Questiono, levemente irritado com a sua tentativa de fuga.

- Ah, agora você entende como eu me sinto quando você fica se esquivando das conversas sobre seus sentimentos pela Katniss.

- Eu não tenho sentimentos por ela!

- Eu não disse? Você está mentindo!

- Exatamente como você está fazendo agora? - Indago e ele para de caminhar para me olhar, suas narinas se abrindo e fechando rapidamente indicando que ele estava puto.

- Ótimo. Que bela dupla de mentirosos nós somos não é, capitão? Que bela bosta nos tornamos! - Diz e eu pisco os olhos algumas vezes, sentindo minha garganta secar.

Ele me olha uma última vez e toma o sentido contrário da caminhonete, indo embora de apé. Levo algum tempo para me recuperar do choque e engulo em seco, entrando na caminhonete e seguindo diretamente para o meu refúgio.

A água entra em contato com meu rosto e consequentemente com o meu corpo e como um passe de mágica todos os meus pensamentos parecem se alinhar, enquanto todos meus problemas passam a ficar em segundo plano.

O barulho dos meus braços batendo contra a água ecoa por todo o ginásio, conforme desconto toda a frustração nos meus movimentos.

Treino até que a única coisa presente na minha cabeça seja a queimação nos meus músculos e a dor na minha barriga causada pela fome avassaladora que eu estava sentindo.

Decido que é o suficiente e saio da piscina, pegando a toalha e seguindo para o vestiário onde minha bolsa com a roupa me espera. Tranco o mesmo por segurança e caminho até meu armário, abrindo a bolsa e começando a me preparar pra ir embora.

Assim que tiro meus acessórios, o meu celular começa a tocar e eu arqueio a sobrancelha, pegando o aparelho na bolsa e atendendo a chamada ao ver o nome de Primrose.


~ Ligação On ~


- Fala, maninha. - Coloco o telefone no viva voz e o deixo sobre a prateleira do meu armário enquanto tiro a sunga.

- Onde você está? - Pego uma toalha seca e penduro sobre o ombro, caminhando para a ducha.

- Estava treinando. No momento, estou indo pra ducha.

- Isso significa que você ainda não comeu, ? - Pergunta com certa animação.

- Vou comprar alguma coisa assim que sair daqui.

- Você não queria, sei , por acasopassar aqui em casa e me buscar? - Indaga com a voz inocente, me fazendo sorrir.

- Me deixe tomar banho e eu chego aí em menos de vinte minutos. - Digo e posso ouví-la dar alguns gritinhos de animação, o que faz meu sorriso aumentar. - Espero que você esteja pronta quando eu chegar, ou te deixo pra trás! - Aviso, desligando a chamada antes que ela possa responder.

Deixo o celular do lado de fora e tomo uma ducha rápida, enrolo a toalha na cintura e pego o celular, voltando para o meu armário.

Uso a roupa e coloco as peças molhadas na mochila, usando-a nas costas e pegando a chave da caminhonete e do ginásio nos bolsos do short.

Destranco a porta do mesmo com a chave que eu havia adquirido naquela semana e saio do local, trancando a porta e seguindo para a caminhonete.

Cinna havia me dado a chave para que eu pudesse usar o ginásio para treinar para a competição quando quisesse e posteriormente para as aulas, o que me deixava realmente agradecido, caso contrário eu poderia muito bem estar completamente louco levando em conta tudo que estava acontecendo.

Destranco a caminhonete e entro na mesma, conectando o celular com o rádio e seguindo pra casa conforme a batida da música preenche o silêncio.


Eu não quero morrer ou desaparecer

Eu quero ser alguém

Eu quero ser alguém

Mergulhar e desaparecer sem deixar rastros

Eu quero ser alguém

Bem, não é o que todos querem?

E se você sente em um momento ímpar

Eu quero ser aquele a quem você guia

Pois eu acredito que você poderia mostrar o caminho


Batuco os dedos no volante no ritmo da música e cantarolo baixinho, tentando me concentrar na letra para ignorar os pensamentos que insistem em voltar para a minha cabeça.


Eu quero ser alguém para alguém, oh

Eu quero ser alguém para alguém, oh

Eu nunca tive ninguém, nem estradas até o lar

Eu quero ser alguém para alguém


Piso um pouco mais forte no acelerador e o motor ronca ao aumentar a velocidade, fazendo meus cabelos se balançarem e bagunçarem com o vento.


E se o Sol está chateado e o céu fica frio

Então, se as nuvens ficam pesadas e começam a cair

Eu realmente preciso de alguém para chamar de meu

Eu quero ser alguém para alguém

Alguém para você

Alguém para você

(Alguém para você)


Estaciono na frente de casa alguns minutos mais cedo do que eu havia combinado com Primrose, então simplesmente buzino para que ela saiba que cheguei e desligo o carro, me recostando no banco enquanto espero pela minha irmã.


Eu nem preciso mudar o mundo (mudar o mundo)

Eu farei a Lua brilhar apenas para que você veja

Eu farei com que a luz das estrelas envolvam o lugar (envolvam o lugar)

E se você sente o cair da noite

Eu quero ser aquele a quem você chama

Pois eu acredito que você poderia mostrar o caminho


Pouco tempo depois, o barulho do portão se abrindo chama a minha atenção e eu encontro a loirinha saindo pelo mesmo.

Destranco as portas e ela entra do lado do passageiro, sorrindo pra mim antes de se inclinar e dar um beijo na minha bochecha.

- Olá, maninho. - Espero que ela use o cinto e dou a partida, seguindo para a lanchonete do píer. - Você parece péssimo. O que aconteceu? - Olho para ela rapidamente e percebo a preocupação no seu olhar, o que me faz suspirar.

- Muita coisa, Primrose. O que acha de pegarmos nossos lanches e irmos em outro lugar, pra eu te contar tudo? - Pergunto e ela assente, sorrindo ao perceber a música que tocava no rádio.

- Ei, eu amo essa música! - Prim aumenta o volume e canta alto.


Eu quero ser alguém para alguém, oh

Eu quero ser alguém para alguém, oh

Eu nunca tive ninguém, nem estradas até o lar

Eu quero ser alguém para alguém


Sorrio com sua animação e começamos a cantar juntos, gargalhando. Chegamos no pier antes que eu possa me dar conta do tempo, estaciono na primeira vaga visível e nós descemos do carro zoando um com a cara do outro.

- Ainda bem que você escolheu o violino, porque você é estupidamente desafinado. - Diz entre risos e eu lhe mostro a língua em um gesto completamente infantil.

- Não esqueça que é o estupidamente desafinado aqui que vai pagar o seu lanche e te levar pra casa.

- A mamãe te mataria se você me deixasse pra trás. - Ela empina o nariz e eu reviro os olhos, abrindo a porta para Primrose entrar e fazendo o mesmo em seguida.

Mas, para minha completa confusão minha irmã simplesmente para de caminhar, vira rapidamente de frente para mim e coloca a mão no meu peito.

- Vamos embora, Peeta. - Diz de repente séria, me fazendo franzir o cenho.

- Mas você não disse que estava morrendo de fome? - Solto um sorriso nervoso sentindo algo se agitar dentro do meu peito, como uma sensação ruim. Começo a olhar ao redor, procurando um lugar para sentarmos. - E além do mais, esse é...

Então, meus olhos os encontram e eu entendo o aperto no meu peito e a pressa de Primrose em ir embora. O sorriso desaparece do meu rosto no exato momento que meus olhos congelam sobre Katniss.

Ela estava linda, como sempre. Seus cabelos longos estavam soltos e caiam pelas costas e a morena usava uma camiseta preta que mexia contra o seu corpo conforme ela ria.

Mas, o que fez meu coração se contorcer no peito não foi vê-la. Naquele momento, eu tive certeza de que tudo o que todos vinham me dizendo sobre o que eu sentia por ela, era a mais pura verdade.

Era verdade, porque naquele momento eu sentia o ciúme corroer cada célula do meu corpo. Era verdade porque eu queria ir até lá e quebrar a cara dele.

Era verdade porque agora eu entendia o que Johanna estava dizendo. Era verdade porque Gale Hawthorne estava sentado ao lado dela.


E se o Sol está chateado e o céu fica frio

Então, se as nuvens ficam pesadas e começam a cair

Eu realmente preciso de alguém para chamar de meu

Eu quero ser alguém para alguém

Alguém para você

Alguém para você

Alguém para você

Alguém para você


Notas Finais


Música do capítulo: https://youtu.be/bO7aUo_vs4I

Que capítulo ein! Esse beijo Fannie foi de tirar o fôlego! 🔥

Quem estava esperando pela primeira crise de ciúmes já tá tendo o que queria! hahahahahaha O Peeta não pode dizer que não foi avisado...

Preciso nem dizer que essa briga Peennick abalou todas as minhas estruturas, né? 😭

Entre beijos, brigas e ciúmes, eu me despeço de vocês! Até o próximo, amores meus ❤


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