História It has always been you (imagine Link) - Primeiro dia de aula

— Anda, Link, a gente vai se atrasar logo no primeiro dia! — A garota (cor do seu cabelo) cutuca o maior/menor. O mesmo resmunga um pouco e se vira para o outro lado, murmurando “só mais cinco minutos”. 

A garota desiste e vai até a cozinha para tomar seu café da manhã, tentaria acordar o garoto quando voltasse para o quarto para escovar seus dentes. 

Na cozinha os avós de Link tomam café em silêncio. Eles parecem até se alegrar um pouco mais ao verem a garota se juntando a eles na mesa.

(S/n) e Link são amigos de infância, então era comum ter a (cor do seu cabelo) dormindo na casa do garoto loiro, na verdade, ela passa mais tempo ali do que na própria casa. Isto não incomoda os avós de Link, na verdade eles adoram o jeito que ela alegra mais a casa, geralmente quando só estão eles em casa é sem graça, já que Link vive saindo para fazer sabe-se lá o que. 

Após a refeição, a garota voltou para o quarto do garoto. Ela arrumou o monte de edredons que acabou derrubando no chão enquanto dormia, e os guardou no armário dele. Depois que terminou de escovar os seus dentes, ficou por alguns segundos observando Link dormir, tão fofo, mas tão estressante ao mesmo tempo, se ele demorasse mais um minuto na cama, eles iriam se atrasar para o primeiro dia de aula. 

— Link! — Ela puxa as cobertas do garoto. — Vamos, seus cinco minutos já acabaram. 

Ele resmunga mais. 

— Anda logo. — Ela desvia o olhar pensando em algo para fazê-lo levantar. — O Ganon vai roubar o dinheiro da Zelda de novo se não chegarmos a tempo. 

— Já 'tô indo! — Ele se levanta rapidamente e começa a pegar suas coisas para se trocar. 

A garota ri vendo o desespero no olhar do seu amigo. Ela está escondendo sua tristeza. Já faz um bom tempo que ela começou a ter sentimentos pelo garoto loiro com orelhas pontudas, mas ela sabe que ele só tem olhos para Zelda, então tudo que pode fazer é tentar fingir que está tudo bem com tudo isso. É aquele famoso clichê de triângulo amoroso, “eu quero te ver feliz mesmo que não seja comigo”. 

A garota afastou seus pensamentos ao ver que o loiro já estava pronto. Sim, ele se trocou na frente dela, eles têm um nível de intimidade tão alto que eles não se importam com isso, também não é como se eles já não tivessem visto um ao outro sem roupas diversas vezes. 

Os dois caminham lado a lado pelas ruas de Hyrule. Estavam em silêncio, até que (S/n) nota que o garoto não está trazendo sua mochila nas costas, como um estudante normal deveria fazer. 

— É... Link, cadê a sua mochila? 

— Ah, não preciso, estou bem como estou. 

— E o seu material?

— Estou levando tudo que preciso. 

— Onde, exatamente?

— Isso não importa. 

A garota resolve deixar pra lá, ela conhece aquele garoto muito bem, sabe como ele pode ser misterioso as vezes. Talvez ele tenha deixado tudo no seu armário da escola durante as férias de verão. 

Ao finalmente chegarem na escola, logo de cara viram Zelda conversando com alguém ao lado dos armários. Os olhos de Link chegam a brilhar ao vê-la. Quem pode o culpar? Zelda é como uma princesa. Loira, com olhos azuis turquesa, cheia de joias. Gentil, inteligente e carismática, ela deixa qualquer um babando. 

— Vai lá falar com a sua princesa. — A garota nota Ganon se aproximando. — Antes que o brutamonte ali chegue primeiro. 

Link olha para frente e vê o ruivo prendendo alguém no armário e exigindo que dê dinheiro a ele. 

— Você vai ficar bem? — O loiro pergunta. 

— Não se preocupa comigo, vou procurar a Mipha ou o Revali por aí, ou vou ficar debaixo daquela árvore enorme que tem no jardim. — Ela dá de ombros. 

— 'Tá bem. A gente se encontra na aula de geografia. Se o Ganon mexer com você me avisa, 'tá?

— Pode deixar. 

Os dois vão para caminhos opostos, isso a deixa levemente triste, desde que Link notou que estava gostando da Zelda, é como se sua amizade ficasse mais distante a cada dia. 

A garota foi até o jardim da escola. É uma espécie de pátio com uma árvore gigante no centro de tudo, a árvore Deku está ali a muito tempo, e por ela ser uma árvore centenária, decidiram não retirá-la durante a contrução da escola, eles ainda aproveitaram para plantar algumas plantas em volta, desde então, o lugar e frequentado pelos alunos que buscam um pouco de paz. 

(S/n) se senta num banco perto da árvore, ela apoia os cotovelos nos joelhos e o queixo nas mãos. Era extremamente injusto ela estar gostando do loiro e o mesmo gostar de uma garota que ele conheceu no ano passado, fala sério, (S/n) é amiga de Link praticamente desde sempre, ela o conhece melhor que ninguém, e ele a trocou por uma guria qualquer que conheceu por acaso nos corredores quando Ganon estava praticando bullying com ela... Maldito Ganon, se não fosse por ele nada disso teria acontecido, e a garota poderia ao menos se declarar para o loiro sem ter a certeza de que ele a rejeitaria, talvez se ele não gostasse da Zelda ela poderia ter uma chance mínima. 

A vida é mesmo injusta, não é?

O barulho estridente do sinal fora ouvido, estava na hora de ir para a aula. 

No corredor da escola, Link e Zelda estavam conversando, e pareciam não se importar de terem ouvindo o sinal tocar. 

A (cor do seu cabelo) respirou fundo, tentou colocar o sorriso mais convincente que consegue dar, e foi até eles. 

— Oi Zelda. — Ela dá um simples cumprimento, cortando totalmente a conversa entre ela e seu melhor amigo. — Se não se importa, eu vou roubar o Link um pouquinho, 'tá? — Ela segura nos ombros do maior/menor e o vira, o guiando até a sala de aula. 

[***]

O professor estava explicando algo sobre eclipse lunar e solar, porém (S/n) e Link não estavam prestando atenção, na verdade, estavam mais interessados em trocar bilhetes por debaixo da mesa. 

“Preciso falar com você no intervalo”. Diz Link no bilhete que acabara de passar para sua melhor amiga. Ao ler as palavras, sentiu um frio na barriga que até fez com que ela se curvasse um pouco em sua cadeira. 

“Por que não me diz agora?” Ela termina de escrever e repassa o papel, com as mãos meio trêmulas. 

“É meio difícil de dizer escrevendo”. 

“Tá bem. Eu...”

Assim que a garota começou a ler, o maldito professor de geografia notou o papel na mão da garota. 

— Senhorita (S/n). 

Ela levanta a cabeça. 

— Posso saber o que é este papel na sua mão? — Ele cruza os braços. 

— São... só anotações... — Ela diz arrastado, torcendo para que ele comprasse a mentira. 

— Tem certeza de que a senhorita não está trocando bilhetinhos com o senhor Link? — Ele estreita os olhos. 

— Não senhor. — Mente descaradamente, sem olhar nos olhos do professor. 

— Então não tem problema de eu pegar isto e ler em voz alta para a classe, não é?

— Pra quê? — Ela arqueia uma das sombrancelhas. 

— Para me certificar que não é realmente um bilhete, e se for, toda a sala irá saber também. 

— Não. — Ela desafia. 

Foi como jogar uma bomba e ficar no lugar para vê-la explodir. A sala inteira parou e se virou para olhar a garota. 

— O que disse?

— Você não vai ler as minhas coisas pra sala inteira só pra provar que não são bilhetes. Eu não te devo nenhuma satisfação. E mesmo se te devesse, eu não estou atrapalhando sua aula, e de acordo com as regras desta escola, os professores só devem chamar a atenção dos alunos quando eles estão atrapalhando a aula. Dito isso quem está sem razão é você. Então, por favor, continue dando sua aula porque tem pessoas querendo aprender aqui. 

O professor ficou parado por alguns segundos, tentando processar o que foi tudo aquilo. 

— Pra diretoria, agora. — Ele aponta para a porta. 

— Não. — Ela cruza os braços. — Eu não fiz nada de errado pra você me tirar da sala. Se quiser me tirar vai ter que me obrigar. 

O professor novamente ficou em silêncio. Ele se virou e saiu da sala. 

Os burburinhos logo se fizeram presentes, todos comentando sobre o que acabara de acontecer. 

— Você é louca? — Link se vira para olhar para a garota. 

— Talvez eu seja. Agora me dá uma das suas folhas de anotação, antes que eu seja expulsa dessa merda de escola. 

O garoto assente com a cabeça e troca os papéis com ela. 

Por mais preguiçoso que Link fosse, ele sempre tinha as anotações das aulas em seu caderno, e como esperado, ele tinha anotações das aulas de geografia do ano passado, que convenientemente falava do mesmo assunto que estão “aprendendo” agora. 

O professor retorna, sendo acompanhado da diretora do colégio. 

A mulher caminhou até a (cor do seu cabelo) e a   levou para o lado de fora da sala de aula. 

[***]

(S/n) e Link comem seu lanche debaixo da árvore Deku, enquanto a garota conta o que aconteceu quando foi conversar com a diretora e com o professor. Basicamente ela contou o que aconteceu e no final saiu sem levar nenhuma bronca, ao contrário do professor, que foi repreendido pelo ocorrido. 

— Então. — A (cor do seu cabelo) começa. — Você disse que precisava me falar uma coisa. 

— Ah é. Eu preciso da sua ajuda. 

— Lá vem. — Ela revira os olhos. — Te conheço muito bem, sei que vai pedir uma coisa difícil de conseguir. — Ela cruza os braços e olha para seu melhor amigo, só esperando ele dizer o que quer. 

— Qual é? Quando foi que eu te pedi um favor “impossivel”? — Ele faz aspas com os dedos. 

— Naquela vez que eu tive que te ajudar a vender suas coisas velhas na internet só pra você conseguir dinheiro pra comprar aquela espada lá. É Master Sword, não é?

— Nem foi tão difícil assim, você já tentou montar uma caixa? É difícil pra caramba!

— Você não teve que passar uma noite acordado respondendo as perguntas de um maníaco por jogos antigos!

— Pelo menos ele deu uma boa grana naquele jogo. Ainda não entendo o que têm de mais num jogo simples de RPG. 

— Tem gente que gosta. — Ela dá de ombros. — 'Tá bom, 'tá bom, mas esse não é ponto da nossa conversa. Diz o que você quer que eu faça. 

— Então... Eu quero pedir a Zelda em namoro na sexta-feira, bem aqui. Mas, antes eu quero poder fazer algumas coisas com ela. 

— Tipo...?

— Eu não faço a mínima ideia, tudo que tenho em mente é levar ela pra sair, o problema é que eu não sei qual lugar agradaria ela. 

— Vocês se conhecem a mais de um ano e você não sabe quais lugares agradam ela?

— Sempre que a gente conversa ela só fala de como é difícil ser representante de turma e coisas sobre a escola. 

— Sério? E você se apaixonou por uma garota assim?

— Não me julga, 'tá? — Ele faz bico e desvia o olhar. — Ela sabe ser legal quando quer.

— Olha... Se o garoto que eu gosto me chamasse pra sair eu adoraria ir num cinema, parque, fliperama... 

— Você é um gênio! — Ele se levanta rapidamente e sai andando sem nem dar explicações. 

— Onde você vai?

— Chamar a Zelda pra sair. Te conto no que deu depois. 

E ele vai embora, deixando a garota sozinha onde está. Ela abraça os próprios joelhos, sentindo seu coração apertar dando à ela uma vontade quase incontrolável de chorar. 

Suas emoções mudaram rapidamente ao ver Ganon indo em sua direção. 

— Ah não... — Ela murmura para si mesma. 

Quando o brutamonte finalmente chegou perto o suficiente dela, numa distância que poderia facilmente lhe acertar um soco, a garota simplesmente entregou seu lanche ao valentão e seguiu seu caminho. 

Tudo que ela queria era se enfiar em seu moletom que ela sutilmente roubou do seu melhor amigo, e chorar ouvindo músicas tristes. 

Que dia deprimente, uma briga desnecessária com um professor que a tira do sério, descobrir que seu melhor amigo pelo qual ela tem uma paixão secreta está prestes a entrar num relacionamento com uma garota que com certeza não tem nada a ver com ele. E por fim para piorar tudo, teve que entregar seu lanche ao valentão da escola, que ainda lhe empurrou quando ela virou de costas, a fazendo cair de cara no chão, ralando seu rosto e seus joelhos. 

Agora ela caminha de volta para casa, com seu uniforme sujo de terra, seus dois joelhos ralados e sangrando, seu rosto também está ralado com pequenos sangramentos na bochecha direita. 

Link disse para lhe avisar caso Ganon fizesse algo com ela, mas ela não quer atrapalhar o garoto, justamente por saber que neste exato momento ele está com Zelda.   

Lately, I've been, I've been thinking

I want you to be happier, I want you to be happier

O barulho alto de trovões pôde ser ouvido. O céu inteiro se fecha com nuvens cinzas e pesadas, se preparando para descarregar toda a água acumulada. 

When the morning comes

When we see what we've become

In the cold light of day we're a flame in the wind

Not the fire that we begun

O vento gélido a faz tremer de frio. Geralmente quando está frio na volta para casa, Link faz questão de dar pelo menos seu gorro esverdeado para a garota se aquecer, mas ele não está aqui agora. 

Every argument, every word we can't take back

'Cause with all that has happened

I think that we both know the way that the story ends

As gotas começam a cair, não só do céu, mas do rosto da garota também. 

Ela se abraça, enquanto chora descontroladamente.

É a cena mais deprimente que alguém pode ver, uma garota toda ralada e suja caminhando debaixo da chuva enquanto chora. 

Then only for a minute

I want to change my mind

'Cause this just don't feel right to me

Em algum café de Hyrule, Link olha para a janela vendo a chuva cair, mesmo estando num encontro com a garota que ele está apaixonado, sua mente simplesmente não o deixa pensar em mais nada além de querer saber se sua melhor amiga já chegou em casa ou se está tomando chuva neste exato momento. 

I wanna raise your spirits

I want to see you smile

But know that means I'll have to leave

Know that means I'll have to leave

— Link! — Zelda passa a mão na frente do rosto do garoto, para chamar a atenção dele. 

Ele finalmente sai dos seus pensamentos e volta a prestar atenção na garota. 

— Como eu estava dizendo. Como representante da turma 1-A, estou trabalhando em um projeto para decidir em qual excursão iremos este semestre. 

— Ah sim, deve ser bem difícil. — Ele diz desviando o olhar para a janela novamente. 

— É claro que é! Ter que escolher um lugar legal e seguro que agrade todo mundo, é tão difícil que eu chego a passar noites acordada, só para pesquisar. 

— Aham. 

Lately, I've been, I've been thinking

I want you to be happier, I want you to be happier

A garota (cor do seu cabelo) finalmente chega em casa. 

Ela chama pelos seus pais, mas não recebe nenhuma resposta de volta, eles já saíram para ir trabalhar, ótimo, tudo que (S/n) mais queria era ficar sozinha agora. 

A garota correu para o chuveiro, e depois de um longo banho quente, ela vestiu o moletom azul que pegou na casa do Link há um bom tempo atrás. Se jogou em sua cama e pôs-se a escutar músicas tristes. 

When the evening falls

And I'm left there with my thoughts

And the image of you being with someone else

Well, it's eating me up inside

But we run our course, we pretend that we're okay

Now if we jump together, at least we can swing

Far away from the wreck we made

— Zelda, você pode me dar licença? Eu preciso ligar para alguém. — O loiro fala já se levantando do banco onde está. 

— Ah. Tudo bem. 

O garoto pega seu celular e vai até o lado de fora do café. 

Ele rapidamente clica no contato da sua melhor amiga e espera por alguns segundos até que ela atendesse a ligação. 

“Link?”

— Você está bem?

“A-ah. Estou sim.” Ele a ouve fungar. 

— Está bem mesmo? 

“Sim...”

— Não adianta mentir pra mim. Eu te conheço muito bem. 

“É sério, 'tá tudo bem. ” Ela funga de novo. 

— Eu 'tô te ouvindo fungar. Você 'tava chorando?

“N-não! Só 'tô com o nariz entupido. Eu acabei pegando chuva na volta pra casa.”

— 'Tá bom... — Ele desiste. — Eu vou te ver amanhã na escola?

“Provavelmente.”

— Está bem. Tenho que ir. Tchau. 

“Tchau...”

Ele desliga a chamada e volta para dentro do café. 

Then only for a minute

I want to change my mind

'Cause this just don't feel right to me

I wanna raise your spirits

I want to see you smile

But know that means I'll have to leave

Know that means I'll have to leave

A garota tira o aparelho celular do ouvido e encara a tela desligada por alguns segundos. Ela suspira. 

— Link, seu idiota. 

So I'll go, I'll go

I will go, go, go

So I'll go, I'll go

I will go, go, go

Ela fecha seus olhos e acaba adormecendo. 

Amanhã é mais um dia.