História Italian Boy - Solangelo (hiatus) - Bring me home

Hazel

Hazel lidava diferente com a sua dor, ela ocupava a cabeça, se enchendo de trabalhos da escola, extracurriculares e cobrir turnos de amigas. Hazel tinha uma forma estranha e diferente de lidar com a dor.

Em um ano ela se encheu de tantos trabalhos que mal parava em casa, sua mãe a colocou de castigo até a menina sair de metade das coisas que estava envolvida.

Hoje, por exemplo, era um dia que ela se encheria de trabalhos e voltaria tarde da noite para sua casa, porém a vida mostrava que ela não poderia lidar com essa dor dessa forma.

Então ela estava no sofá de casa, abraçando seu irmão enquanto ele chorava, ela não chorava.

Dia 5 de setembro, o dia em que Bianca e Maria Di Angelo se foram.

Sua terapeuta diria "Foram dessa pra melhor".

— Vou fazer um pouco de chá, já voltou. — Nico assentiu.

Ela se levantou e foi até a cozinha, pegou uma caixa de chá de camomila.

Maria sempre fazia chá de camomila no fim das tardes de verão.

Bianca sempre tomava o chá gelado, nico dizia que ela estava perdendo a essência de tomar um chá quente e Hazel dizia "Chá morno, um total equilíbrio".

Eles eram assim: Bianca era o frio, Nico quente e Hazel morno. Mantinham um equilíbrio.

O porto seguro de cada um.

Aquele chiado era irritante e agradável aos ouvidos de Hazel, lembravam suas tardes em Veneza.

Maria e Marie na cozinha rindo, enquanto Hades tentava cortar a grama.

E quanto a eles? Os três irmãos corriam pelas ruas de Veneza, tomavam gelato e cantavam.

Hazel falava um italiano básico, muito básico mas essencial para manter um conversa com pessoas nativas.

Marie, Maria e Hades eram uma incógnita. 

A mãe de Hazel, Marie, dissera uma vez que eles tiveram um relacionamento a três mas que mesmo que eles estivessem separados aquilo não mudava.

Era fato, já que os três irmãos sempre viram trocas de carícias entre Marie e Maria, ou Marie e Hades e etc.

Também eles cresceram intercalando em falar "mãe" para as duas mulheres, as vezes Hazel chamava Maria de mãe assim como Nico e Bianca chamavam Marie de mãe.

Aquilo as vezes era uma confusão.

Hazel pegou duas xícaras e colocou a água quente junto com os sachês.

Voltou a sala, aonde Nico estava encolhido e parecia que não chorava mais.

— Aqui. — Ela disse com a voz fraca. O moreno pegou a xícara quente, seus dedos eram frios.

Hazel colocou seu chá na mesinha de centro, esperaria ele ficar morno.

— Não faz mal se faltarmos hoje?

— Não se preocupe, mamãe já cuidou de tudo. — Hazel beijou os cabelos negros de Nico.

9 meses que a morte tirará sua segunda mãe e irmã. Hazel achava a morte injusta.

— Não pense assim.

— Assim como? — Hazel perguntou confusa.

— Que a morte é injusta.

— Como...

— Você sussurou isso no dia do velório. Sei que está pensando nisso.

— E por que não?

— Por que não podemos culpar algo que já estava planejando.

— Você parece a vovó, falando desse jeito.

— Talvez seja por quê ela disse isso.

— O que?

— Se lembra daquele caderno pequeno que ela carregava para todo o canto?

Hazel assentiu.

— Ela deixou pra mim. Foi o que mamãe disse.

Hazel tinha ficado com a máquina de costuras e as fotos de todos os lugares que ela já tinha ido.

— Não cheguei a ler tudo, ainda, mas em um dos textos dela ela fala sobre isso. É inspirador. 

— Inspirador?

— É. — Ele toma um gole do seu chá.

Eles ficam em silêncio, Hazel decide tomar seu chá que já estava frio, Bianca.

— Oi, Will. 

Nico dormia tranquilamente, chorar tanto tinha deixado ele esgotado.

— Hey, Hazel. Como você está?

— Não muito bem.

— O que aconteceu?

— Coisas. — Ela estalou a língua. — Te conto amanhã, hoje não é um bom momento.

— Desculpe. Er, ligue pra perguntar se Nico vai vim para o teatro.

— Desculpe decepcionar mas não, hoje não é um bom dia para nós dois.

— Posso perguntar o motivo?

— Hoje faz nove meses que minha... — o choro que estava intalado na garganta de Hazel soltou. — Irmã e minha segunda mãe morreram.

A voz tremia devido ao choro.

— Ah, meus sentimentos, Haz. Não sabia que era hoje.

— Sem problemas.

— Me ligue se quiser algo, te passo a matéria amanhã, okay?

— Okay. 

— Eu já tenho que ir, Reyna vai me matar.

Hazel riu fraco.

— Tchau.

— Tchau.

A chamada foi desligada.

Hazel foi para seu quarto chorar enquanto seu irmão não acordava. Ela chorou até pegar no sono.

Marie estava no meio dos dois, abraçando eles enquanto falava histórias de quando eles eram menores.

— Lembro de Nico chorar o dia inteiro, Bianca brigava com ele pois na visão dela era apenas um arranhão e Hazel ficava entre abraçar o irmão e pedir calma para Bia. Vocês três eram opostos, era tão engraçado de se ver.

— Como você conheceu nossos pais? — Nico perguntou, nenhum de nós três sabiamos muito sobre o romance deles.

— Acho que já estão grandinhos, posso contar essa história. — Marie tossiu. — Eu era uma jornalista curiosa, então embarquei em um voo para a Itália, era uma boa idéia na época... eu tinha vinte e dois anos, era nova. Quando cheguei na Itália me toquei que espanhol não era a mesma coisa que italiano, preocurei um professor, então conheci o pai de vocês... ele era alto, nessa época tinha um bronzeado, os cabelos escuros e eu me apaixonei de cara. Ele era um recém formado professor de literatura e pra ganhar dinheiro extra dava aulas de italiano a estrangeiros.

"Logo de cara nós nos demos super bem, ele era o cara que eu sempre estive preocurando. Então quando eu já tinha aprendido o básico o chamei para sair, ele aceitou e foi mágico. Afinal estavamos na Itália e ele era o cara dos meus sonhos. Porém eu arranjei um emprego no jornal local de Veneza, e conheci Maria Di Angelo, uma correspondente internacional sagaz. Puxa, eu tinha me apaixonado de novo."

"Dessa vez não demorei e a chamei para sair, lembro dela ter corado como um tomate nesse dia. Ela me levou para uma pizzaria e depois uma sorveteria. Meses depois estavamos desenvolvendo um tipo de relacionamento, me vi apegada a ela mesmo sem tirar Hades da minha cabeça. Mas Maria um dia me chamou e disse que estava apaixonada por mim e também por outra pessoa, não sei o motivo mas pedi para conhecer a pessoa. Quando chegamos no bar, Hades estava lá. Maria tinha se apaixonado por Hades."

— A Itália é um lugar pequeno. — Hazel comentou.

— Nem me diga. — Marie riu. — Então sentamos na mesa e começamos a rir sobre a coincidência daquilo, e todas as cartas estavam na mesa. Não sei quando aconteceu mas quando dei por mim estavamos morando juntos, vivendo em harmonia. Quando foi a tarde de um domingo Maria chegou animada para mim e Hades dizendo que tinha boas notícias, ela estava grávida de gêmeos. Nesse dia bebemos muitos refrigerantes e comemos um monte de besteiras para celebrar. Formarmos uma família, eu já tinha vinte e sete anos assim como Maria e Hades, viviamos bem tirando certos comentários preconceituosos que recebiamos das nossas famílias.

"Então depois anos e três meses dois fiquei grávida, bia e nico já tinham dois anos e dois meses. No início ficamos "mais um bebê!" animados. Porém recebi a melhor proposta de emprego, ser jornalista no New York Times, meu jornal dos sonhos! Não recusei, por um momento tinha esquecido de tudo. Tive que contar para eles, como esperado Hades e Maria foram as pessoas que mais me apoiaram. Então com seis meses de gravidez embarquei para Nova York deixando minha vida com eles para atrás."

— Só não entendo, vocês continuaram juntos ou não? — Nico se pronunciou pela primeira vez naquela noite.

— É complicado, querido. Nós nos amamos e contiuamos a nós amar, mas manter um relacionamento era fora de questão. — Uma lágrima desceu pelo rosto de Marie.

Os filhos a abraçaram. Eles amavam a mãe que tinham.

— Eu amo vocês. E elas tem muito orgulho de vocês dois. 

"I am feeling I'm left alone with my sins"

(eu me sinto sozinho com meus pecados) 

- Kristen Marie.