História It's Never Easy - My Girlfriend

Olho novamente para aquele convite e automaticamente meu pé começa a bater freneticamente contra o chão.

Por sempre acabar se tornando amiga de meus clientes eles faziam questão de me chamar para os eventos dos quais que houvesse contribuído de alguma forma, isso não mudava com a minha cliente Tori Kelly, grande artista com obras que estavam ficando mundialmente conhecidas graças aos investimentos e patrocinadores certos. Tori havia me convidado para ver sua exposição que estava de passagem por Miami, ficaria aberta aos convidados por dois dias e então iria para outra cidade.

O que eu mais queria era levar Lauren para conhecer uma artista tão incrível como Tori e mostrar toda a sua exposição, que se tratava de fotografias excepcionais tiradas em viagens que Tori fez depois de um investimento de seus pais em sua carreira, mas o meu maior medo era que Cole ou um de seus capangas atrapalhassem tudo.

- Marielle? – A chamo pelo telefone.

- Sim, Sra. Cabello.

- Tem como você ligar para Normani e pedir se ela pode me encontrar no shopping daqui uma hora? – Questiono e ela se limita a fazer um barulho concordando – Qualquer coisa me avisa se ela não puder me encontrar.

- Entendido, lhe aviso em alguns minutos! – Comenta e então desliga.

Normani seria a pessoa perfeita para conversar sobre, ela poderia até mesmo me ajudar a escolher uma roupa para Lauren caso nós realmente fossemos para a exposição na galeria na noite de hoje, minha melhor amiga tem um gosto excepcional para roupa.

Não demorou muito para Marielle me avisar que Normani havia aceitado tomar um café da tarde no shopping, por esse motivo não demorei quase nada para finalizar as coisas mais importantes e logo em seguida juntar minhas coisas e sair do escritório, ansiosa para me encontrar com Mani.

Demorei um pouco para encontrar uma vaga no estacionamento, algo que não era surpresa já que estávamos indo em plena sexta-feira. Entrei pelo lado no qual sabia que chegaria mais rapidamente até a cafeteria onde iriamos comer algo e conversar para só depois irmos procurar alguma roupa.

Entrei no estabelecimento e me deparei com Normani mexendo no celular, totalmente desligada do mundo ao seu redor e com um sorriso extremamente besta. Caminhei até a mesa e consegui sua atenção quando puxei a cadeira a sua frente, sorrindo largo ao cumprimentar minha amiga. Fizemos nossos pedidos depois de um longo tempo decidindo o que iriamos pedir, mas ao contrário do que pensei, não demorou muito para que nossos pedidos estivessem na mesa.

- Então, a que devo a honra de me encontrar com você? – Questiona sarcástica, dando um gole em seu café.

- Quero pedir sua opinião... – Arqueia as sobrancelhas – Ganhei dois ingressos para ir até uma exposição de artes muito importante na cidade, pensei que Lauren pudesse gostar de conhecer novos trabalhos e artistas, mas levando em consideração as...

- Não se preocupe. – Me interrompe e eu a encaro – Eu peço para que alguns policiais fiquem por perto, vai ter uma viatura lá! – Sorrio aliviada – Você já a pediu em namoro? – Engasgo com a minha bebida e Normani ri.

- O que? – Me faço de desentendida.

- Por favor, Camila... – Revira os olhos – Eu te conheço melhor do que qualquer outra pessoa, você sabe, você deixa muito na cara – Da de ombros - Talvez tenha sido o modo possessivo que você olhava para ela no hotel enquanto Lauren conversava com Veronica, também teve as mãos entrelaçadas e a frustração exagerada quando você descobriu que ela estava mentindo, seus olhos brilharam instantes atrás ao citar Lauren... – Nega com a cabeça – Não é como se eu não soubesse ler os sinais de quando você está apaixonada. – Me sinto uma babaca por estar dando tão na cara – E talvez Ally tenha dito uma coisa ou outra.

- É claro que ela disse... – Rio pelo nariz e nego com a cabeça – Nós não estamos namorando, não quero que Lauren se sinta pressionada, presa ou qualquer coisa do tipo. Eu gosto dela, muito ainda, mas eu sei que ela não está preparada para um relacionamento sério.

- É claro que ela não está. – Estala a língua – Mas quem está? – Questiona – Isso é algo que aprendemos a lidar e a ter! – Franzo o cenho.

- Quem é você e o que você fez com a minha melhor amiga? – Normani ri.

Franzo o cenho, ela estava com um super bom humor, não havia dito nada de negativo sobre Lauren e seus olhos estavam brilhante, também havia o sorriso super besta quando cheguei. Encaro Normani por um bom tempo e semicerro meus olhos, pensando por alguns instantes.

- Você transou com quem ontem? – Minha amiga arregala os olhos e eu sorrio de canto – Por essa reação você definitivamente dormiu com alguém! Pera... você está entendendo demais sobre relacionamentos sérios, você está se comprometendo com alguém? – Tento controlar o tom animado em minha voz, Normani evitava ao máximo se apaixonar.

Só lembro de ver minha amiga assim uma única vez, e por um homem, o nome do cara era Arin Ray, acontece que ele não passava de um safado. Normani fazia de tudo por ele, até mesmo coisas que iam contra os seus princípios e prioridades, mas um dia ela foi fazer uma surpresa para comemorar os seis meses de namoro e o encontrou na cama com outro, desde de então evita ao máximo se envolver com outras pessoas, gosta apenas de dormir com alguém e então seguir com sua vida.

- E-Eu... – Fica sem saber o que dizer – É complicado, estranho talvez? – Bufa irritada – Não é nada, ok? – Arqueio as sobrancelhas – É só que ela é tão...

- Ela? – Abro a boca – Quem é ela?

- Dinah Jane. – Fecha os olhos – Ela é uma sedutora desgraçada, que chega como quem não quer nada e... e ai ela te deixa sem palavras e... nossa. – Solto uma gargalhada e cubro minha boca com as mãos.

- Você está dormindo com sua colega de trabalho, isso é incrível. – Mordo meu bolinho.

Normani acabou me explicando como tudo entre Dinah e ela havia acontecido, então eu acabei contando como tudo desenrolou entre Lauren e eu, mesmo vendo um certo desconforto minha melhor amiga não disse uma única palavra sobre o fato de eu estar me envolvendo uma ex-garota de programa. Minha amiga sempre foi uma pessoa certinha, depois de Arin, passou a fazer algumas coisas erradas, hoje em dia ela havia voltado com essa coisa de ser perfeitinha, por isso gostava de tudo na mais perfeita ordem.

Lauren não era alguém organizado, era alguém perigosa e bagunçada no quesito sentimentos.

Sabia que tanto Normani quanto Ally tinham medo que eu me magoasse mais uma vez, ainda mais com alguém como Lauren, que estava tendo gosto pela vida novamente a pouco tempo e talvez quando tomasse gosto pela vida mudasse de opinião sobre mim, algo que eu também sentia medo.

Depois que terminamos de comer eu fiz questão de pagar e então nós fomos andar pelo shopping, olhar as vitrines e tentar escolher duas roupas lindas para a exposição. Entramos em várias lojas, mas nenhuma roupa parecia boa o suficiente ou então que combinasse com a ocasião, queria algo simples e maravilhoso. Nós apenas encontramos um lindo sapato de salto alto da Schutz preto todo delicado.

Na penúltima loja que entramos e Normani encontrou um vestido que ficaria perfeito em Lauren.

- Ela vai ficar ótima nesse... – Analiso melhor a peça e mordo o lábio inferior.

- Se você está babando só imaginando ela nele, não quero nem ver quando Lauren vestir isso, não se esqueça de pegar um babador, Cabello. – Zomba e eu reviro os olhos.

- Vamos ficar com esse. – Comento e a mulher se limita a concordar com a cabeça – Ela só é uma mulher maravilhosa, quando veste essas roupas fica ainda mais maravilhosa, é impossível não olhar e babar. – Rio seguindo a vendedora.

- Eu sei que sim. – Ri – Também sei como você se sente, não posso falar nada. – Da de ombros.

- Então você realmente está gostando dela? – Normani ainda envergonhada concorda com a cabeça – Vocês já tiveram um encontro?

- Não. – Revira os olhos, franzo o cenho – Nós saímos juntas com o pessoal da delegacia e acabamos dormindo juntas, então se tornou um sexo casual, mas Dinah está se cansando disso e eu não sei o que fazer... – Comenta olhando as roupas.

- A convide para sair, a leve para jantar em um bom restaurante ou então...

- Camila eu não quero namorar ela! – Arqueio as sobrancelhas – Eu só quero que ela seja minha, mas...

- Você não quer ser dela? – Fecho a expressão – Por favor, Normani, não seja idiota. – Bufo irritada – Você sabe tanto quanto eu que está gostando dessa mulher, só se arrisque.

- E se ela for como o Arin? – Morde o lábio inferior assim que solta a pergunta.

- Isso não dá para saber, você tem que se arriscar! – Comento, pagando pelo vestido – E eu vou estar aqui, com um pote de sorvete e entradas grátis em baladas se você precisar! – Normani ri e eu sorrio – Ela me parece ser uma boa pessoa, não custa tentar!

- Eu vou tentar, mas não garanto nada. – Concordo com a cabeça – Onde é aquele restaurante que você sempre vai com os seus pais? – Rio, negando com a cabeça.

No fundo, Normani era uma romântica incorrigível.

Como Normani havia ido de táxi dei uma carona até a sua casa, já que hoje ela teria um dia de descanso e provavelmente iria bolar algo com Dinah, sugeri que ela mesma preparasse o jantar romântico para que assim elas tivessem mais privacidade e tudo mais, algo que ela gostou e provavelmente vai reproduzir.

Olhei para o relógio do painel e me assustei com a hora, optei por buscar Lauren mais cedo, já que assim nós poderíamos gastar mais tempo nos arrumando e então poderíamos ir a algum restaurante e depois ver a exposição. O primeiro lugar que pensei em levar Lauren havia sido o restaurante que havia sugerido a Normani, por saber que o lugar estava sempre lotado não demorei para sacar o celular e ligar fazendo a reserva durante meu trajeto até a galeria.

Assim que estacionei na frente da galeria notei um dos policias disfarçados de Normani, apenas acenei com a cabeça e ele sorriu, entrei na galeria e a primeira pessoa que dei de cara foi com Lucy. Nós ficamos conversando e eu pedi permissão para Lauren sair mais cedo, claro que sua chefe concordou, também ficou animada ao descobrir o porquê, Lucy comentou que também iria até essa exposição e que fazia semanas que ansiava conhecer Tori Kelly.

Antes que eu subisse para chamar Lauren, Lucy se apressou em dizer que faria isso por mim, agradeci e disse que estaria esperando ali.

Minutos depois Lauren desceu com a sua bolsa pendurada em um ombro, ela sorria largo e quando nossos olhares se encontraram o seu sorriso só aumento. Roubei um rápido selinho e entrelacei nossas mãos, caminhando para fora da galeria com a maior calma do mundo.

- Veio mais cedo... – Lauren comenta assim que entro no carro – Aconteceu algo?

- Aconteceu! – Comento sincera e ela me olha assustada – Nós vamos sair.

- Sair? Tipo, sair da cidade? – Rio baixo, negando com a cabeça enquanto saia lá.

- Não, tipo ir em um encontro. – Seguro sua mão e beijo a mesma.

- Um encontro? – Tenta conter a animação e eu concordo com a cabeça, com um pequeno sorriso.

- Nós vamos sair para jantar e depois vamos em um lugar que você vai amar, mas é surpresa.

- Oh... – Morde o lábio inferior – Tudo bem. – Vejo suas bochechas vermelhas quando olho para o lado.

- O que foi? – Rio baixo, parando o carro no sinal vermelho.

- Eu nunca fui em um encontro. – Meu sorriso diminui e eu olho no fundo de seus olhos.

Às vezes eu me esquecia da antiga vida que Lauren levava, era surreal pensar que uma mulher tão educada e maravilhosa nunca havia sido tratada da forma incrível que merecia. Mas eu mudaria isso, faria Camila ter o encontro mais divertido e maravilhoso que qualquer pessoa poderia ter, queria agrada-la de todas as formas.

- Então eu prometo fazer o seu primeiro encontro ser inesquecível. – Continuo dirigindo e percebo que ela sorri animada – Mas não garanto ser clichê. – Murmuro e Lauren fica em silencio por alguns instantes.

- Clichê em que sentido?

- No sentido de só te beijar no final do encontro. – A encaro por alguns segundos antes de desviar meu olhar para as ruas.

- Ótimo, nunca gostei de clichês. – Declara me fazendo rir baixo, Lauren se curva para beijar minha bochecha.

Não demoramos muito para chegar em casa, pegamos o elevador e pude notar o olhar curioso de Lauren sobre as duas sacolas que havia em mãos, mas nada disse. Entramos em casa e Rosa estranhou ao nos ver cedo, informei que iriamos jantar fora e que ela não deveria se preocupar com nada.

Fomos em direção ao corredor e antes que Lauren entrasse em seu quarto lhe entreguei as duas sacolas, pude vê-la ficar extremamente sem graça e até mesmo hesitante em pegar as sacolas, pedi para que ela vestisse o que eu havia escolhido e se arrumasse da forma que achasse melhor.

Entrei em meu quarto logo depois que Lauren entrou em seu, fui diretamente para o meu closet, escolhi um vestido azul, separei meus saltos altos e peguei a lingerie azul bebe rendada para a ocasião de hoje, deixando tudo em cima da cama, para em seguida entrar no meu banheiro para que eu pudesse me arrumar.

Depois de um longo banho me sequei e apenas vesti a lingerie para ficar mais fácil me arrumar, comecei secando meu cabelo e logo em seguida me maquiando sem exagerar muito. Fui até o meu quarto e rapidamente coloquei o vestido e calcei os saltos, pegando a mesma bolsa que havia usado no dia e então indo para o meu escritório.

Enquanto esperava Lauren ficar pronta aproveitei para ligar na casa de meus pais, para conversar um pouco com eles. Durante a ligação notei Rosa saindo do quarto de Lauren discretamente com uma chapinha em mãos, sorri de canto e continuei ouvindo Sofia falar sobre o seu dia.

Estava de costas para a porta quando escutei o som do salto alto colidindo com o chão repetidas vezes, lentamente me virei e não pude deixar de abrir levemente a boca.

Dizer que Lauren estava linda seria eufemismo, nem a maior quantidade dos melhores elogios de todo o mundo seriam suficientes para descrever o quão maravilhosa Lauren Jauregui havia ficado naquele vestido branco curto, com aqueles lindos saltos pretos, o cabelo liso e os olhos delicadamente marcados pela maquiagem.

- E-Eu tenho que desligar... – Sussurro sem tirar os olhos de Lauren – Nos falamos amanhã, mãe. – Desligo o celular e jogo o mesmo em cima da mesa.

- Ficou bom? – Questiona conforme eu me aproximava, podia sentir o perfume maravilhoso que Ally havia lhe dado.

Ela estava insegura, com medo de não estar bonita o suficiente.

- Você está maravilhosa, Sra. Jauregui. – Sussurro perto de seus lábios – Serei a mulher mais invejada de todos os lugares que formos, somente por estar acompanhada de uma mulher estonteante como você. – Lauren sorri sem graça, olhando para o chão, prontamente levo minha mão até o seu queixo e subo o mesmo, obrigando-a olhar no fundo dos meus olhos.

Seus olhos estavam em um verde acinzentado bem claro, tornando impossível não encara-los sem se sentir hipnotizada.

- Desculpa por te fazer esperar... – Sussurra e eu sorrio.

- Não importo de te esperar, acredite. – Sorrio, selando nossos lábios em um selinho longo.

Peguei a minha bolsa e entrelacei minha mão com a de Lauren, nos despedimos de Rosa e então saímos de casa, entrando em meu carro e indo diretamente para o restaurante, o que demorou bons minutos, antes de descermos do carro para que o manobrista pudesse estacionar chequei se havia pego as entradas, sai do carro assim que confirmei.

Segurei a mão de Lauren e entramos no restaurante. O olhar de Lauren era surpreso e envergonhado, corria para todos os lados para checar se tudo aquilo era realmente real e ela estava lá dentro, o que me fez sorrir de canto. Cumprimentei o maitre, que ao checar o meu nome e se recordar de mim fez questão de abrir um sorriso extremamente largo e nos levar para uma das melhores mesas do restaurante.

Spencer, o maitre, fez questão de puxar a cadeira de Lauren enquanto o outro garçom fazia o mesmo para mim. Assim que nos sentamos o garçom que me ajudou a sentar voltou servindo águas em uma das duas taças que tinha na frente de cada uma, se afastando logo depois de deixar o cardápio conosco e o maitre dizer qual era o especial do chef naquela noite, agradeci e disse que iriamos pensar.

Fiquei em silencio observando os olhos brilhantes de Lauren enquanto ela desdobrava o guardanapo de pano e colocava em seu colo, notei sua postura ereta e seus lábios levemente entreabertos.

- O que achou? – Sussurro e rapidamente ela desvia o olhar de onde olhava fixamente, me encarnado.

- É... é lindo. – Sorri gentil e eu sorrio – Você sempre vem aqui?

- Sim, com os meus pais, é o restaurante favorito do meu pai e acabou se tornando o meu! – Lauren balança a cabeça em concordância – Você pode ficar à vontade para escolher qualquer prato, podemos beber algum vinho, o que acha? – Morde o lábio inferior nervosamente.

- Pode ser por mim. – Sorrio.

- Tem preferência? Tinto ou branco? – Lauren bebe um pouco da água – Acho que poderíamos ficar com um mais suave, vamos sair depois... – Analiso melhor a parte do cardápio designada para vinhos.

- Camz? – Subo o meu olhar – Eu não entendo de vinhos. – Sorri sem graça – Eu nunca bebi vinho, acho que a única bebida alcoólica que tomei foi vodca e nem foi porque eu quis...

Cresci com meus pais me dando o espaço para que eu pudesse provar o que bem entendesse, por esse motivo sempre tive –controladamente- muito contato com bebidas alcoólicas e até mesmo entendia o básico. Era surpreendente pensar que Lauren, no meio em que vivia, não pode ter acesso a esse tipo de coisas, mas de certa forma um grande alivio.

- Oh... eu... – Fico sem graça – Você prefere escolher outra coisa, talvez não alcoólico?! – Questiono perdida, até mesmo envergonhada, Lauren sorri.

- Não, pode pedir, não vejo problema em experimentar... só não me peça para escolher, porque sei que não serei uma boa conselheira! – Rio pelo nariz, concordando com a cabeça.

Antes de pedirmos nossa janta chamei o garçom para que ele nos trouxesse as entradas e consequentemente o vinho, havia escolhido um Pinot Grigio italiano, o que fez o homem sorrir e concordar com a cabeça, se retirando logo em seguida.

Puxei assunto com Lauren sobre como havia sido o seu dia e ela não demorou nada para me contar que uma mulher havia ido até a galeria dar uma palestra sobre esculturas, conforme ela contava podia ver a paixão pela arte exalando pelos seus poros. A mulher era uma professora de artes em uma Universidade em Miami e isso me fez refletir se Lauren gostaria de frequentar alguma faculdade e aprender ainda mais sobre algo que ama, mas resolvi guardar essa pergunta para o futuro.

Nosso vinho chegou acompanhado da entrada, o garçom serviu o vinho nas taças e se retirou com o mesmo em mãos, pude perceber o olhar curioso de Lauren sobre mim. Já havia notado isso diversas vezes, quando Lauren não sabia o que fazer analisava meus gestos para copiar e então não ficar envergonhada, por esse motivo ela me esperava beber o vinho para só depois beber o seu.

Quando a mulher a minha frente notou que não havia segredo, era só beber como qualquer outra coisa, pude ver que ela não bebeu uma grande quantidade, apenas um pouco para experimentar. A expressão de Lauren foi de tensa para relaxada, quando deu um novo gole, sorri satisfeita ao ver que havia acertado na escolha do vinho e que o mesmo havia lhe agradado.

- Por que você nunca fala do seu trabalho? – Lauren questiona e eu limpo minha boca com o guardanapo.

- Porque ele é bem chato. – Rio dando de ombros – Ao menos para outras pessoas, é difícil encontrar alguém que goste de números e consequentemente goste de conversar sobre...

- Eu gosto de números! – Sorrio e ela morde o lábio inferior.

- De somar eles? Analisar? Revisar? Pesquisar e todas essas coisas? – Lauren torce a boca, fazendo um biquinho adorável, me tirando uma risada baixa – Está vendo?! Mas existem muitas outras coisas para conversar... como por exemplo seu ateliê – Percebo seus olhos curiosos me analisarem.

- O que temos que falar sobre o ateliê? – Sorri timidamente.

- Que cor você gostaria que ele fosse? – Enquanto mastigava Lauren pensava.

- Acho que branco com detalhes azuis. – Concordo com a cabeça.

- Você sabe que em algumas semanas ele vai estar pronto, não sabe? – Assente freneticamente e eu rio – Está ficando lindo, vai fazer jus a artista que vai trabalhar lá dentro quase todos os dias. – Passo a língua sobre os lábios e percebo as bochechas de Lauren ficarem levemente avermelhadas.

Deixo o talher descansando em meu prato e estico minha mão, segurando a de Lauren e recebendo um lindo sorriso, seguido de uma caricia na ponta de meus dedos.

Fizemos o pedido da nossa janta e o assunto não parou por nenhum instante. Quase no final do jantar contei para onde iriamos logo após sair de lá, o que quase a fez cair da cadeira. Lauren me lotou de perguntas sobre o que não sabia da artista e eu respondi da melhor forma possível, assim como respondi tudo o que sabia sobre a exposição.

Saímos do restaurante perto das nove horas, meu carro estava parado bem na frente da porta, não demoramos nada para entrar no mesmo e então fazer o caminho até a galeria onde iria ocorrer a exposição.

Animada deveria ser apelido para como Lauren se sentia naquele momento, a todos os instantes ela dizia algo relacionado a arte, ou então ficava em silencio absoluto observando atentamente o caminho que fazíamos. Eu estava muito feliz por vê-la ansiosa e por notar que Lauren estava se divertindo, aproveitando aquela noite, sabia que ela jamais iria esquecer aquilo ou qualquer outra coisa que eu fizesse por ela.

Chegamos perto da galeria e eu estacionei meu carro bem atrás do carro do mesmo policial de sempre que nos acompanhava quando saíamos pela noite, acenamos para ele e logo entrelaçamos nossas mãos com o convite em mãos para que conseguíssemos entrar no local onde a exposição acontecia.

A porta foi aberta por um segurança vestido todo de preto, ele olhou nossos convites e então sorriu sem muita vontade, nos dando espaço para entrar no local que estava uma verdadeira obra de arte. Logo na abertura havia uma foto dela de braços abertos, vestindo calça jeans, tênis e uma blusa amarela, olhando para cima e com uma vista magnifica logo atrás.

Puxei Lauren delicadamente pela mão e nós entramos em um dos cômodos, observando as fotos. Não eram fotos simples, eram delicadas e retratavam algo tão puro como o simples ato de um pássaro voar. A imagem que eu mais havia gostado era definitivamente uma que a água da cachoeira se chocava com as pedras que ficavam no rio, o lugar todo em si era deslumbrante.

- Ela é incrível... – Lauren sussurra e eu concordo com a cabeça – Você tem um catalogo dela, não tem?! – Assinto.

- Mas agora ele está com você. – Sorrio e Lauren ri – Você leu sobre ela? Viu as outras fotos que ela já tirou?

- Sim, eu li tudo sobre ela. – Ri sem graça.

- Camila? – Me viro e vejo Bradley Simpson, um cliente insuportável, mas que eu tinha que aturar já que nossos pais eram grandes amigos - Como vai?

- Muito bem... – Sorrio sem vontade – Achei que não tivesse interesses em artes...

- É claro que eu tenho, ainda mais para as que respiram... – Sorri charmosamente para Lauren.

Seu olhar estava fixo nela, ele a encarava com cobiça e desejo, como se Lauren fosse o pedaço de carne mais suculento que ele já havia visto em toda a sua patética vida.

- Oh, me desculpe a falta de educação. – Rio sarcasticamente, negando com a cabeça – Essa é minha namorada, Lauren Jauregui. – Rapidamente abraço sua cintura, a trazendo possessivamente para perto de mim.

Não sei dizer qual boca caiu mais, a de Brad por descobrir que Lauren já estava acompanhada aquela noite e comprometida indeterminadamente, ou Lauren por eu ter lhe apresentado como a minha namorada. Eu não conseguia raciocinar direito, nunca fiz do tipo possessiva, já que as duas pessoas que eu havia namorado odiavam meus ataques de ciúmes e o modo que eu amava marcar território, mas Lauren não, ou ela não notava a forma que eu odiava quando pessoas de fora a olhavam com outros olhos.

- É um.... prazer te conhecer. – Brad sorri forçado, apertando a mão dela.

- É um prazer também. – Lauren abre um sorriso tímido.

- Você viu que Tristian investiu na...

- Brad eu adoraria continuar conversando com você sobre os seus negócios e os dos seus amigos essa noite, mas Lauren e eu estamos esperando por essa exposição a dias! – Minto descaradamente – Ligue para a minha secretária, ela vai amar marcar um horário para você na minha agenda de compromissos. – Acaricio as costas de Lauren, com um sinal claro para que nós começássemos a andar – Nos vemos por aí. – Sorrio sem vontade, me afastando.

Fiz questão de segurar a mão de Lauren e que ela andasse um pouco na frente para que nem as costas de Lauren ele conseguisse analisar, coisa que eu sabia que ele faria. Já o peguei deveras vezes encarando minha bunda quando eu me levantava para acompanha-lo para fora do meu escritório e até mesmo o peguei secando minhas secretárias.

Bradley é o típico menino podre de rico que fica mais perdido que cego em tiroteio quando assume a empresa enorme do pai.

- Você não gosta dele? – Lauren questiona quando paramos na frente de outra fotografia, em uma nova sala.

- Não. – Olho para trás, apenas para ter certeza que ele não estava por perto – Não suporto ele, ele é extremamente mal-educado e...

- Ele me pareceu ser muito gentil. – Arqueio minhas sobrancelhas.

- Ele foi extremamente gentil porque te achou maravilhosa, Lauren. – Comento e ela me encara seriamente, ficando em silencio.

- Então por isso que me apresentou como sua namorada? – Sinto a decepção em cada palavra direcionada a mim – Agora somos amigas coloridas de novo? – Afasta nossos corpos, bufando de raiva, rapidamente a puxo pela cintura.

- Não. – Sussurro, seu pescoço estava vermelho, demonstrando o quão frustrada ela havia ficado com aquilo – É isso que você quer? Que sejamos apenas amigas coloridas? – Lauren permanece em silencio, desviando seu olhar do meu – Lo... – Levo a mão livre até o seu queixo, a obrigando me encarar – O que eu mais quero é te ter como a minha namorada, estava esperando para fazer pedido oficial digno, como você merece... – Ela desvia novamente o olhar – Eu só não gostei do...

- Não gostou do que? – Questiona com um tom ainda grosso.

- Do fato dele estar te olhando como se você fosse um apenas um pedaço de carne. – Seu olhar se encontra com o meu e percebo seu corpo ficar rígido automaticamente – E você não merece ser olhada assim, por esse cara ou por qualquer outra pessoa! – Lauren morde o lábio inferior e percebo seus olhos ficarem marejados – Te apresentei como minha namorada para que ele nunca mais te olhasse daquela forma, e se você quiser posso te apresentar para todas as pessoas de Miami como minha namorada... – Acaricio seu rosto e ela ri.

- Você não precisa dizer isso só porque eu estou quase chorando por uma coisa patética dessas... – Selo nossos lábios, interrompendo sua fala.

Não me importava com as outras pessoas que estavam na sala, se o lugar não era propício e muito menos se alguém iria se sentir incomodado.

Suguei o lábio inferior de Lauren e senti suas mãos em meu pescoço. O gosto do vinho branco ainda permanecia em seus lábios carnudos e deliciosos e estava chegando à conclusão de que talvez o gosto dos lábios de Lauren com vinho fossem o melhor gosto que eu iria sentir em toda a minha vida. Suas mãos desceram para o meu ombro e me empurraram delicadamente antes que pudéssemos aprofundar o beijo, abri meus olhos e encarei seus olhos verdes acinzentados.

- Lauren? – Sussurro colando nossas testas.

- Hum?

- Aceita a ser minha namorada? – Questiono e automaticamente ela arregala os olhos e afasta nossas testas.

- Camila você não precisa...

- Lauren, nós já pertencemos uma a outra, se você acha que estou fazendo isso só porque tudo isso aconteceu você está redondamente enganada. – Ela me olha desconfiada – Já faz alguns dias que tenho pensado em como te pedir em namoro, eu só não sabia como... – Rio sem graça e seguro sua mão – Então, o que você me diz? Você quer namorar comigo?

Não estava mentindo, ainda mais depois de conversar com Normani no dia de hoje e pressionar tanto minha amiga a tomar uma atitude em relação a uma pessoa que gostava muito dela, eu notei que não fazia isso, o que me fez pensar ainda mais sobre pedir Lauren em namoro e até mesmo bolar alguma coisa legal.

Mas havia me esquecido que momentos planejados nunca são tão bons quanto momentos espontâneos.

Jurei que ela iria dizer não, Lauren me encarou por um bom tempo e eu podia notar a dúvida em seus olhos, mas ela simplesmente selou nossos lábios novamente, sussurrando um ‘sim’ contra a minha boca e fazendo o meu coração acelerar de uma forma como nunca havia acelerado antes.

Mesmo vendo a felicidade estampada em seus olhos pude ver a vergonha estampada na cor rosada de suas bochechas quando nós afastamos nossos lábios, beijei sua bochecha e sorri largo.

- Camila? – Rapidamente desvio meu olhar da fotografia para encarar Lauren – Eu não percebi que ele estava dando em cima de mim porque eu estava ocupada demais te observando. – Sussurra, mordendo o lábio inferior e então me puxando pela mão, para que fossemos para a próxima foto.

Eu não soube o que dizer, ela tinha conseguido me deixar completamente sem palavras e com as bochechas mais vermelhas do que o vestido que uma mulher usava ali, coisa que nenhuma outra pessoa havia jamais conseguido.

Continuamos vendo toda a exposição, vez ou outra nos beijávamos rapidamente, Lauren sempre fazia questão de me abraçar ou comentar algo sobre as fotografias que analisávamos, fiz questão de apresenta-la para algumas pessoas conhecidas que vieram conversar comigo e até mesmo fiz propaganda da exposição dela que iria acontecer dentre alguns meses.

Quando atravessamos o ambiente principal e fomos para as salas do outro lado entramos em uma sala onde só haviam fotos da Grécia, um país para o qual eu já havia viajado algumas vezes, apenas por ser o favorito de minha mãe. Aquela sala estava bem lotada e não demoramos muito para descobrir o porquê, Tori estava ali, rodeada de pessoas.

Esperei minha amiga ficar sozinha ou com uma quantidade menor de pessoas ao seu redor para que nós pudéssemos conversar com ela, mas isso não foi necessário, quando me viu Tori abriu um largo sorriso e pediu licença para poder conversar comigo. Fui sufocada em um abraço extremamente apertado e a artista fez o mesmo com a minha namorada, que tinha um sorriso tão animado que chegava a ser contagiante.

- Camila Cabello você sabia que é muito feio chegar atrasada na exposição de suas amigas?

- Eu não me atrasei, Victoria Kelly, estávamos observando as outras salas! – Sorrio, e abraço a cintura de Lauren – Essa aqui é minha namorada, Lauren, ela é uma grande fã do seu trabalho!

- É um enorme prazer te conhecer! – Lauren fala com os olhos meio arregalados e Tori ri.

- O prazer é todo meu, amo conhecer pessoas que gostam de arte. – Minha amiga comenta sincera.

- Então vai amar Lauren de paixão. – Rio e Tori sorri confusa – Lauren começou a investir em sua arte a poucas semanas, uma galeria a contratou e ela tem uma sala somente para ela.

- Sério? – Tori questiona surpresa – Isso é incrível, eu demorei anos para que alguém notasse o meu trabalho. – Ergue a taça de champanhe que o garçom havia acabado de servir – O que você faz, Lauren? – Pergunta extremamente interessada.

- Eu desenho... – Comenta timidamente – Desde paisagens até retratos, mas eu prefiro fazer retratos! – Exclama sincera – Eu desenho na areia, no chão ou no papel mesmo... – Da de ombros.

- E na sua exposição pretende expor o que exatamente?

- Pretendo fazer cada pessoa que entrar em minha sala se sentir emocionado ou apenas sentir algo através da minha arte. – Tori concorda com a cabeça – Pretendo contar minha história de vida através do retrato de pessoas, lugares e gestos. Quero que quem visitar minha sala se sinta sensibilizado ao notar que é possível sentir muitas coisas ao olhar um simples desenho.

- E quando sua exposição ocorre? – Pergunta interessada.

- 22 de Novembro. – Comento e as Lauren me olha com um enorme sorriso, ao ver que eu tinha decorado a data.

- Pois eu vou estar presente em sua exposição Lauren, espero sentir tudo isso que você me disse e espero que você tenha sentido tudo o que disse com as minhas obras. – Sorri sincera, percebo Lauren sorrir ainda mais largo – Porque é por isso que um artista faz a sua obra, ele espera inspirar e trazer algum sentimento para aquele que analisa sua arte. – Um homem chama Tori e minha amiga acena com a cabeça – Eu tenho que ir, mas nós podemos combinar de nos encontrarmos em uma das minhas pausas entre a viagem da exposição! – Lauren concorda com a cabeça – Obrigada por virem.

- Obrigada pelo convite. – Lauren e eu falamos ao mesmo tempo.

Quando Lauren me olhou abrindo a boca e tentando não surtar ao meu lado, o que me arrancou uma risada baixa eu pensei nas milhares de coisas que ela poderia dizer quando sua voz saísse em alto e bom som, mas jamais esperava que ela dissesse o que disse:

- Você leva a sério essa coisa de não gostar que um primeiro encontro seja clichê, não é mesmo?! – A encaro confusa, para logo em seguida rir do seu comentário – Um jantar incrível, uma exposição incrível e depois conhecer a incrível Tori Kelly. – Cola nossos lábios – Eu amo primeiros encontros.

A observei por um bom tempo e sorri largo. Nunca pensei que poderia ficar tão feliz e animada por fazer outra pessoa verdadeiramente feliz.