História Its you - Larry Stylinson - Angel

“Querido diário,

Como sempre, estou sentando sozinho no banco dessa praça que cada dia esta mais vazia. Não sei o que anda acontecendo com as pessoas. Antes as crianças brincavam de tantas coisas diferentes e agora estão todas conectadas em um mundo virtual, de mentira.

Lembro-me de quando eu vinha nesse parque com meu pai. Sempre às seis horas ele me dava à triste noticia: temos que ir em borá. Eu sempre chorava, e como chorava, mas tudo se consertava quando ele me pagava um sorvete e me prometia voltar no dia seguinte.

Eu adorava vir aqui porque eu sempre fazia amigos e, cara, como eu me divertia com eles. Mesmo sendo só algumas horas, eu me divertia. Eu me sentia feliz. Ate que um dia as pessoas foram sumindo, eu fui crescendo e meu pai morreu.

Meu mundo colorido foi ficando cada vez mais cinza e eu não podia controlar isso. Eu tentei. Talvez não o suficiente, mas eu tentei. Tentei colorir tudo de novo.

Minha mãe conseguiu. Pouco tempo depois que meu pai morreu, ela se casou com um cara chamado Mark. Não que eu não goste dele, mas se ele sumisse das nossas vidas eu não reclamaria.

Bom, já são seis horas. Hora de partir.

                              L.T.”

Fechei o pequeno caderno e me levantei do banco onde estava. Minha bunda estava doendo.

Guardei meus pertences no bolso de dentro da jaqueta e comecei a andar em direção a uma lanchonete que havia por perto.

- Bom dia, um sorvete de baunilha. –pedi para a atendente que assentiu e foi pegar o que eu havia pedido.

Paguei e fui me sentar em uma mesinha qualquer, logo uma senhora apareceu e se aproximou.

- Posso me sentar com você querido? –perguntou.

Olhei em volta. A lanchonete não esta tão cheia a ponto dela ter que dividir uma mesa com um estranho.

- Claro. –falei meio desconfiado e a vi sentar calmamente.

- Você sempre vem aqui?

- Sim. –provei meu sorvete- Deste sempre.

- Muita coisa mudou, não? –perguntou. Dei de ombros e senti sua mão velha tocar a minha- Eu sei que não esta fácil, mas nunca desista. Tem muita gente por ai precisando de você... E talvez você esteja precisando delas.

Assim que ela disse isso, um barulho estrondoso invadiu o lugar e eu olhei imediatamente para a porta. Não sentia mais a mão gelada daquela mulher.

Um menino havia atravessado o vidro e estava caído. Outros garotos chegaram e o pegaram do chão, derrubando-o para mais longe. Ouvi seu gemido de dor.

Queria ajudar, mas não conseguia me mover, assim como todos do estabelecimento.

- Agora você vai morrer pedaço de merda! –um dos agressores falou.

- Vá! –ouvi a voz daquela idosa, que eu conversara a pouco, na minha cabeça e me levantei.

Não sei como aconteceu, mas em um segundo eu estava na frente do garoto caído e havia impedido que ele ganhasse um belo chute, empurrando quem o faria com toda a minha força.

- Cai fora daqui, deixa ele em paz. –falei com a minha melhor cara de raiva e os vi recuar- VAZA!

- Isso não vai ficar assim. –ouvi um deles falar antes de sair.

Fiquei parado um tempo olhando para a porta e desviei meu olhar para onde eu estava sentando. Não havia ninguém. Mas aonde aquela mulher se meteu? Quem era ela?

Ouvi um choro baixo e lembrei-me do porque eu estou parado aqui, sendo observado por todos.

Agachei-me perto do garoto e tirei os cachos que estavam tampando seu rosto. Um anjo. Eu acabei de salvar um anjo.