Dizem que o primeiro, e talvez único. Contato de amor genuíno que temos em nossas vidas é com nossos pais. E como bons autodidatas dos sentimentos que somos, demoramos um pouco a perceber, que se podemos ir para aonde quisermos e fazer aquilo que bem entendemos é porque eu tenho para onde voltar, sempre que a saudade nos anistia da coragem.
Com a vida, aprendemos a lidar com várias coisas: Responsabilidades, tristezas e pias cheias de louça suja. Um dia, eles já não estarão por perto passando a mão nas nossas cabeças, apontando os erros e indicando o caminho. Mas temos a sorte de poder contar com o apoio dos dois em qualquer decisão que tomemos -sendo a decisão certa a tomar, do ponto de vista deles, á que querem sempre o melhor para nós quando nos damos conta de como isso é importante, percebemos que somos pessoas privilegiadas, por ter o apoio necessário para nortear nossos passos.
Quantas vezes seus pais já te apoiaram em uma decisão? Quantas não te apoiaram? Tenho quase certeza de que a primeira resposta foi todas (a menos que tenha sido alguma vez que era algo errado) e a segunda nenhuma.
Nunca vou esquecer o dia em que meu pai me olhou e disse que se eu não pudesse contar com eles, com quem então eu poderia contar?
Sei que muitas pessoas não têm a mesma sorte que eu, que aprenderam a se virar sozinhas por aí, chorando o azar em silêncio ou no ombro de algum irmão, parente ou amigo próximo (pessoas que possuem instinto paterno/materno tão legítimos quanto os de sangue e afeto). Esse tipo de ligação, independe de cor, religião e orientação sexual. A gente se afeiçoa àqueles que nos permitem errar e acertar, sem julgamentos. E vos digo que não há lugar mais gostoso nesse mundo, do que dentro de um abraço seguro, dos que amamos de graça.
Sinto falta do gosto da comida da minha mãe e do som da risada dela, de conversar com o meu pai em um final de tarde chuvoso, dando risada e tomando chá, das viagens que fazíamos, ainda quando eu era pequena e dos churrascos de domingo. Esse tipo de nostalgia me rebate uma sensação de gratidão, que me faz agradecer pelo tratamento que recebo deles, desde que nasci. Ligo, religiosamente, de segunda à segunda, afim de saber como andam as coisas por lá e avisar que, comigo está tudo bem, mesmo não estando. Pois, agora cresci, e meus problemas, independente de querer ou não, são totalmente meus, e não devo deixar meus pais à se preocupar comigo -bom, é assim que eu penso.
Nesse tempo, distante das regalias do lar, percebi que não há nada tão verdadeiro do quanto amor daqueles que me presentearam com a vida. E mesmo que tenhamos nossas diferenças, iguais às de todo mundo, eles fazem parte de todos os meus sorrisos e lágrimas, ora beijando minhas bochechas, ora secando-as com conselhos e cumplicidade. Por isso, devo admitir que nada me deixa mais pleno do que a certeza que se hoje eu sou uma pessoa compreensiva com as adversidades ao meu redor, é porque eles sempre foram compreensivos com as minhas.
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