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História Jerrie- Um amor que ultrapassa a barreira do tempo! - Capítulo 3 (Diz que estou sonhando)


Escrita por: ninaamavelS2

Notas do Autor


Eu vou estar postando todos os dias pelo menos um capítulo!!! ❤️

Capítulo 3 - Capítulo 3 (Diz que estou sonhando)


Onde estavam os prédios? Onde estava a rua? Onde estava a praça em que tropecei meio minuto atrás? — perguntei-me desesperada. Eu me encontrava no chão de um vasto gramado como um campo de futebol — apenas uma árvore de médio porte a alguns metros. Notei uma estreita estrada de terra batida onde deveria estar a rua.

Eu devia ter batido a cabeça com muita força! Só poderia ser isso!

Olhei freneticamente em todas as direções e nada estava ali. Nada! As pessoas, a cidade, tudo havia sumido.

Quanto eu bebi noite passada? Talvez ainda esteja bêbada! Isso. Com certeza, bêbada!

Eu não conseguia me mover, me levantar e provar que estava tão embriagada que não podia sequer ficar de pé, que estava tão doida que tinha feito tudo desaparecer. Fechei os olhos e os apertei bem forte, rezando para que, quando os abrisse novamente, tudo voltasse ao normal. Então ouvi um barulho. Abri os olhos rapidamente. Avistei uma mulher em cima de um cavalo marrom claro vindo em minha direção. Estreitei os olhos para entender o que estava vendo.

Realmente era uma mulher e um cavalo!

Continuei a observar enquanto ela se aproximava e notei que o cavalo diminuía sua corrida. Diminuiu um pouco mais até parar bem perto de onde eu estava.

Olhei para a mulher, completamente confusa. Suas roupas eram muito esquisitas e antigas.

Muito, muito antigas! Vestia um vestido verde escuro e comprido, um manto sob ele, talvez fosse um lenço branco amarrado no pescoço e carregava um leque verde claro— e sapatos sem salto estilo espartilha. Ela estaria indo para alguma festa à fantasia? Ou um casamento temático, talvez?

Fiquei observando a moça enquanto ela descia de seu cavalo com uma expressão preocupada no rosto.

—Você está bem, senhorita? — ela perguntou, se agachando ao meu lado.

Continuei a encará-la de boca aberta. Seus olhos procuraram alguma coisa ao redor.

Assim como eu, também não encontrou nada ali, apenas a árvore, a pedra e eu, ainda caída no chão. Ela voltou a observar meu rosto, depois seus olhos avaliaram o resto de mim e sua cara assumiu um tom avermelhado quando examinou minhas pernas. Rapidamente, voltou a me encarar, sua face confusa.

— Você está bem, senhorita? — ela repetiu.

Minha cabeça girava, me deixando tonta.

—O-o que? — respondi pateticamente.

— Tem um ferimento na cabeça. Está sangrando muito. — ela moveu sua mão em direção à minha testa, mas não me tocou.

Estava tão confusa que não notei, a princípio, a umidade quente e pulsante em minha têmpora.

— Ah! — eu disse tocando minha testa debilmente. Doeu um pouco. Então, eu não estava sonhando! Ou tendo um pesadelo.

— O que aconteceu? Parece assustada e... suas roupas... Hã...

— Cadê a cidade? — inquiri, com a voz quase sem som.

— Foi de lá que a senhorita veio? — sua testa franziu.

— Como foi que eu vim parar aqui? Como tudo sumiu tão depressa? Cadê as pessoas? —

disse eu, agarrando com as duas mãos no tecido do seu vestido!

Olhei em volta, procurando uma forma lógica para explicar o que estava acontecendo, mas não havia nada ali, além da paisagem rural. Estava assustada demais para entender qualquer coisa. A moça se espantou um pouco com minha reação. Mas o que mais eu poderia fazer, além de ter um ataque?

— Melhor levá-la até minha casa e chamar o médico. Depois arrumarei uma carruagem para levá-la até sua casa. — seus olhos me fitavam de uma forma muito estranha. Era muito intenso. Fiquei zonza. Soltei seu vestido imediatamente.

Um médico seria bom. Talvez ele me desse alguma coisa que me fizesse acordar ou sair daquele pileque mais depressa.

— Posso ajudá-la a se levantar, senhorita? — e estendeu suas mãos, para que eu as usasse como apoio.

Apenas assenti, confusa. Tinha certeza que não conseguiria ficar de pé sozinha, de toda forma. Meus joelhos pareciam feitos de gelatina. Estiquei meus braços para pegar suas mãos, quando o que ela disse entrou no redemoinho de pensamentos.

— Carruagem?

— Talvez seja mais prudente permitir que o Dr. Almeida lhe examine primeiro. Um ferimento na cabeça pode ser muito perigoso.

— Não é nada. — afirmei. — Nem sei como aconteceu. Você também viu aquela luz? —

perguntei, ansiosa para poder encontrar o sentido daquilo tudo.

Ela pareceu confusa.

— Luz? Refere-se à luz do sol?

— Não! —sacudi a cabeça. — A luz branca insuportável que fez tudo desaparecer!

Ela sacudiu a cabeça lentamente.

Eu fui a única que vi, então?

— Vejo que está um pouco atordoada! Vamos até minha casa. Descanse um pouco e, depois que falar com o médico, prometo que farei o possível para ajudá-la, está bem? — sua voz baixa e rouca, os olhos intensos, não me deixaram outra escolha.

Eu nem mesmo tinha outra escolha.

— Tá. — murmurei.

Ela alcançou minhas mãos e me ajudou a levantar.

— Não é prudente que uma jovem como a senhorita fique sozinha neste lugar, ainda mais com seus trajes nestas condições. — ela passou a mão em minha cintura para me dar apoio e começou a me conduzir até seu cavalo.

Senti algo muito estranho quando ela me tocou. Tipo um déjà vu ou como se já nos conhecêssemos de algum lugar. Fiquei ligeiramente sem equilíbrio.

— Por que está vestida desse jeito? — perguntei, tocando seu vestido. — Estava indo para alguma festa?

— Estou voltando de uma viagem longa. — a desordem em seu rosto era parecida com a que devia estar no meu.

Viajando de cavalo vestida daquele jeito? Ela era louca?

— Não acha que seria melhor uma roupa mais confortável? E porque você foi com o cavalo?

A confusão em seu rosto se aprofundou.

— Creio que estou vestidoa adequadamente, senhorita. E prefiro ir a cavalo. É bem mais rápido que a carruagem. — um pequeno sorriso surgiu em seus lábios, meu estômago se agitou. — Contudo, sei que é pouco prudente de minha parte. Muitas coisas mudaram nessa última década. Acredito que não seja mais seguro, com tantos vândalos e golpistas por aí se aproveitando de viajantes solitários. — e me lançou um olhar significativo.

— Ah! Não. Eu não fui atacada por ninguém. Eu não sei o que aconteceu. — parei quando cheguei perto do cavalo, seu braço ainda em minha cintura. — Num minuto, eu estava na praça e, segundos depois, estava aqui neste... campo e tudo sumiu.

— Tenho certeza que se lembrará assim que sua cabeça melhorar. Mas penso que foi atacada por ladrões sem escrúpulos. Seria essa a única explicação para terem deixado uma dama nestas condições! — ela desviou os olhos.

— Que condições? — perguntei confusa pelo tom reprovador de sua voz.

— Suas roupas, senhorita. — ela murmurou. — Mal posso crer na audácia de tais vândalos!

— O que é que tem minhas roupas? — olhei para elas, para ver se ainda existiam ou se, de repente, não tinham desaparecido como todo o resto. Havia um pouco de grama presa na saia e nos joelhos, mas fora isso, estava tudo normal. Pelo menos com as roupas.

— As coisas mudaram muito depressa, como eu disse. Não acho prudente que mais alguém a veja praticamente sem... — ela pigarreou e baixou tanto a voz que quase não pude ouvir. —... roupas.

— Como assim sem roupas? — de que raios aquela maluca estava falando.

— Não se preocupe com isso! Jessy lhe arrumará algo para vestir. — ela me empurrou  gentilmente para mais perto do cavalo.

Eu recuei, me soltando de seu abraço.

— Sabe de uma coisa? Eu tô legal! — eu não sabia que tipo de maluca ela era, mas que não estava em seu juízo perfeito, isso era um fato. — Vou tentar descobrir como cheguei aqui e depois vou voltar para casa. Mas valeu pela ajuda, moça.

Girei para o outro lado, querendo ficar o mais longe possível daquela lunática, quando parei, petrificada. Uma carruagem surgiu na estrada. Uma carruagem de verdade, de madeira, com dois cavalos na frente e um carinha sentado quase no teto vestindo roupas engraçadas.

— Está tendo um desfile ou coisa parecida por aqui? — questionei, observando a carruagem se aproximar mais.

— Desfile?

Virei-me para observá-la. Seu rosto ansiosa acompanhava o trajeto da carruagem.

— É, desfile. Onde aquele troço antigo está indo?

— A carruagem? Não é antiga! É da família Albuquerque, eles acabaram de adquiri-la. A antiga estava causando muitos transtornos a eles.

Apenas fiquei olhando para ela, esperando encontrar sentido no que me dizia.

— Nova? — caçoei. — Aquele troço? Deve ter uns duzentos anos! Sua testa se enrugou, as sobrancelhas arqueadas.

— Garanto-lhe que é nova. Foi construída há apenas alguns meses.

— Ah! Entendi. Ela é tipo uma colecionadora. — a carruagem se aproximava.

— Colecionadora? Tipo? Senhorita creio que esteja um pouco desconexa neste momento.

Ficarei mais aliviada após o Dr. Almeida lhe examinar. Então...

A carruagem parou na estrada e, através da pequena janela lateral, uma cabeça usando cartola apareceu.

— Está tudo bem, Senhora Edwards? Algum problema? — perguntou o homem de rosto gordinho e bigode enorme, me examinando atentamente. Os olhos se arregalaram e, quando olhou para minhas pernas, ruborizou.

A moça ao meu lado se colocou na minha frente, me impedindo de ver a imagem pitoresca.

— Esta jovem foi assaltada, Senhor Albuquerque. Vou levá-la para minha casa. A pobre tem um ferimento na cabeça. — ele disse, um pouco ríspido.

— Ah! Esses tempos modernos estão acabando com o sossego das pessoas de bem. — o bigodudo sacudiu a cabeça, exasperado. Por que ele também vestia roupas estranhas? —

Precisa de ajuda?

— Se puder avisar o Dr. Almeida que precisarei de seus serviços imediatamente, lhe serei muito grata.

— Então irei imediatamente! Avise-me se precisar de alguma ajuda.

A moça  assentiu. E, com um aceno de cabeça do bigodudo para o carinha sentado do lado de fora, a carruagem partiu apressadamente. Fiquei olhando até que sumisse de vista.

— Podemos ir, senhorita? — a moça me perguntou com a voz aflita.

— O que está acontecendo aqui? — exigi, desconfiada que ela mentisse sobre o desfile.

— Não tenho certeza se a compreendi. — e seu rosto pareceu sincero.

— Por que você fala desse jeito estranho, tá vestido com estas roupas e tem carruagens passando pela estrada?

— Senhorita... — disse preocupada. — Por favor, vamos até minha casa! Acho que pode ter tido uma lesão. A pancada que levou deve ter sido muito forte!

— Não vou pra sua casa, ficou doida? Eu sei lá o que você pretende fazer comigo? Você pode muito bem ser um psicopata que quer me fazer em pedacinhos e me guardar dentro do freezer pra comer aos poucos. Não sabe em que ano estamos? — estava desconfiada que ela fosse maluca, mas ela não parecia ser uma psicopata.

Tinha alguma coisa diferente em seu rosto, o brilho em seus olhos azuis me parecia familiar, seus traços bonitos e elegantes a deixavam parecido com uma deusa da Grécia.

— Estamos no ano de mil oitocentos e trinta e garanto-lhe que sou uma mulher de bem. Não tenho outra intenção que não seja ajudá-la! — ela respondeu, ofendida, à minha pergunta retórica.

Ela disse mil oitocentos e trinta?

Explodi num ataque de riso histérico, não pude controlar. A moça pareceu perturbada.

— Senhorita, vamos...

— Mil... Mil... Oitocentos e trinta! — eu não conseguia me conter. Respirei algumas vezes antes de poder falar. — Boa piada! Muito engraçada mesmo!

— Não lhe contei piada alguma!

— Então acha que eu tenho cara de idiota! —comecei a rir outra vez.

— É claro que não. Jamais ousaria ofendê-la, mas vejo que está muito transtornada —falou, o rosto sério. — Por isso, vou levá-la para minha casa. Então, suba logo, por favor! —e indicou a cela, obstinado.

— Mil oitocentos e trinta! — zombei.

— Não consigo entender o motivo que a diverte tanto— resmungou baixinho.

— Tá bom, maluca. Vamos até sua casa. Lá no século dezenove!

Aproximei-me do cavalo e parei. Nunca tinha subido em um antes. Parecia alto demais. A moça percebeu meu temor e gentilmente tocou minha cintura, colocando minha mão em seu ombro para apoio. De novo aquela sensação estranha de que já a conhecia me perturbou. Eu não tinha ideia de onde estava, mas ela, aparentemente sabia. Mesmo que fosse uma maluca, ainda poderia me emprestar o telefone para chamar um táxi ou ligar para Nina.

Subi com muita dificuldade no cavalo, quase caindo do outro lado por culpa de um impulso mal calculado. A moça  rapidamente se esticou e me pegou pelo braço, impedindo que eu me estatelasse.

— Segure-se. — ela disse enquanto subia, fazendo a cela se movimentar um pouco e eu oscilar.

Uma de suas mãos circulou minha cintura assim que ela se acomodou na cela. Fiquei incomodada com a proximidade.

— Você precisa mesmo me apertar tanto? — perguntei asperamente.

— Posso soltá-la, se estiver disposta a cair e bater sua cabeça novamente.

Olhei para o chão. Era alto demais. Segurei firme com as duas mãos o braço que me rodeava, apertando-o um pouco mais.

Ela riu baixinho.

— Não tente nem uma gracinha. — alertei. — Eu sei alguns golpes de Jiu-Jitsu. Quebro seu nariz em dois tempos!

— Estou, de fato, muito preocupada com sua cabeça, senhorita. — sua voz séria, sem vestígio de humor. — Não está dizendo palavras coerentes. Você precisa ver o Dr. Almeida.

— É. — concordei, pensando na carruagem e no sumiço repentino da cidade. — Acho que você tem razão. Preciso muito. Muito mesmo!


Notas Finais


Desculpe por qualquer erro, se eu ver mais tarde algum tipo de erro, vou corrigir, e obrigada por estarem lendo essa fic!!!


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