1. Spirit Fanfics >
  2. O Comandante (SENDO REESCRITA) >
  3. Aqui se faz, aqui se paga

História O Comandante (SENDO REESCRITA) - Aqui se faz, aqui se paga


Escrita por: littlefairy22

Capítulo 10 - Aqui se faz, aqui se paga


"Sinta no ar

Gritos ecoam de todos os cantos

Sou viciado pela adrenalina

É como uma paixão perigosa

Algum problema? Fale agora

A única coisa que tenho em mente

É ser o dono dessa cidade hoje à noite

Nós seremos os donos dessa cidade hoje à noite"

(Run This Town - Rihanna)

Os Rebeldes chegaram no Reino como se fossem dominar o lugar.

Os soldados de Chung-Hee abriram caminho, já que estavam avisados da chegada deles, mas o povo não fazia ideia do que estava acontecendo. Assim que as crianças e algumas mulheres viram os Cyphers, com aquelas máscaras de ossadas e roupas de pele de animais, e as armas no carro, recuaram alguns passos, com os olhos arregalados. Jungkook sequer se concentrou nisso, estava apenas divagando sobre como não desconfiou que Keana fez algo errado. Ele imaginava que estavam atrás dela por alguma razão, mas sequer pensou que a morte da rainha estivesse por trás disso.

Eles pararam o jipe bem perto da entrada do grande castelo e saíram do veículo, cheios de vontade que alguém tentasse enfrentá-los. O grupo estava armado até os dentes, iriam levar muita gente se fossem morrer ali. O comandante correu os olhos pelo território inimigo, esperando um possível ataque de todos os lados.

Ele via a ponte levadiça, que era a entrada do castelo. Não era nada mais que uma ponte com uma ponta móvel e outra fixa, com apoios giratórios, alçada através de correntes presos à ponta móvel, tracionados por roldanas acionadas por manivelas com catracas. Sempre que alguém queria passar pelo portão, ela era abaixada e se transformava numa simples ponte. Embaixo da ponte, havia apenas a água que corria por um rio bem próximo dali, que também atingia o território dos Rebeldes, afinal era de onde eles tiravam a água para o consumo.

Ele também via as as torres redondas, que eram fundamentais para a defesa do castelo, já que, por ficarem no alto, davam uma visão ampla da região e abrigavam os arqueiros do exército. O estábulo não era muito grande, não devia abrigar muito mais que uma centena de cavalos, já que o Reino utilizava os carros e os jipes com mais frequência.

    Estavam nos pátios internos, que tinham grande circulação de pessoas, vendendo coisas e carregando materiais.

No meio do pátio, ficavam os poços e as cisternas, que armazenavam água para o castelo. As cisternas eram reservatórios de água da chuva que escorria do telhado. Os Rebeldes também tinham algo parecido com aquilo, mas Jungkook não podia negar que o sistema do Reino era muito mais eficiente.

— Vocês só entram no castelo se deixarem as armas – um soldado do Reino falou, se colocando na frente deles. Era nítido que ele estava nervoso, completamente despreparado para vê-los.

Jungkook, let ai wan em op? – um dos Cyphers falou. Ele disse "Jungkook, me permite matá-lo?" em sua língua.

No, dison laik ain – Jungkook respondeu com algo que poderia ser traduzido como "Não, esse aqui é meu". Se aproximou do soldado, este que não entendia absolutamente nada da conversa, sem desviar o olhar. – Acontece que eu não vou entrar sem as minhas armas. Então, se estiver realmente incomodado, sugiro que tente tirar alguma de mim.

    O homem nem precisou fazer nada. O rei apareceu na frente deles como se tivesse se materializado. Ele estava sem seu tapa-olho, sendo aquela a primeira vez que Jungkook viu seu olho de vidro e as olheiras que eles carregavam. Seus cabelos negros estavam bagunçados e ele usava apenas uma camisa preta simples e uma calça, muito diferente das coisas que geralmente vestia. Ele parecia mais amedrontador com aquele sorriso no rosto e o olho de vidro parecendo olhar através de sua alma.

— Finalmente resolveu me visitar, Jungkook! – Chung-Hee sorriu, abrindo os braços como se quisesse lhe dar um abraço. Felizmente, nem tentou. – Devo dizer que já estava começando a sentir a sua falta, comandante, mas temo que hoje não tenhamos muito tempo para conversar. Quero te mostrar uma coisa, porém você precisa entrar sozinho.

— Já imaginava isso – Jungkook falou, se controlando muito para não revirar os olhos. A ideia de entrar com ele sozinho era, no mínimo, duvidosa. Por outro lado, ele não tinha escolha, já estavam ali e não queria começar um tumulto. Se virou para seus soldados novamente, rapidamente tomando uma decisão. – Kamp raun hir.

   Os guerreiros assentiram, mesmo que estivessem um pouco desconfiados que o comandante tenha realmente pedido para ir sozinho, dizendo ainda para eles ficarem ali até que ele voltasse, sem sequer montar uma estratégia caso se tratasse de uma armadilha. O rei encarava o mais jovem enquanto eles conversavam, não deixando de pensar que ele ainda descobriria como os Rebeldes haviam montado aquela língua tão estranha. Ele sabia pouquíssimas coisas, até tentou decodificar algumas expressões que eles usavam, mas não descobriu nada de relevante, o que lhes dava uma vantagem gigantesca.

   Ele abriu as portas do castelo, chamando Jungkook com um aceno de cabeça.

O comandante andava pelos corredores olhando qualquer mínimo detalhe, já que só havia entrado no castelo uma vez. Ele queria memorizar cada porta e cada entrada para uso posterior. Se fossem mesmo invadir o Reino e começar a guerra de vez, seria preciso ter um conhecimento elevado sobre todas as passagens que o grande castelo possuía. Esse foi o motivo que o levou a treinar Taehyung, afinal o garoto havia crescido ali, conhecia como ninguém.

  Não pôde deixar de notar, como sempre, a riqueza do lugar. Percebia como a diferença entre a realeza e o povo era gritante. Haviam muitos cômodos, todos eles eram enormes e muito bonitos por dentro, só a porta deles deveria valer mais que todas as casas do Reino.

No castelo, moravam o rei e rainha, suas duas filhas e os criados. Entre os criados, encontravam-se cozinheiros, jardineiros, tratadores de cavalos, comerciantes, soldados, escudeiros, camareiras, cavaleiros, costureiros, carpinteiros e tesoureiros. Jungkook se lembrava de ter falado com algumas pessoas que trabalhavam dentro do castelo, ou nos pátios internos, como Taehyung fazia. Eles diziam que nenhum empregado tinha realmente algum tipo de privacidade. Além de terem pequenas barracas nos pátios internos para chamar de casa, um dos maiores problemas na infraestrutura do castelo era o frio. Como o castelo era feito de pedra, ele era muito gelado e escuro por dentro. As lareiras eram artigos de luxo que apenas a Realeza e a classe alta tinham acesso, então os mais pobres, que geralmente também ficavam com os menores quartos possíveis, nos fundos, passavam frio.

  Em um corredor, havia uma porta aberta. Duas garotas, que Jungkook supôs serem as filhas do rei, colocavam vestidos longos e passavam algo que parecia maquiagem no rosto. Elas pareciam felizes e ficavam tagarelando sobre um tal baile.

— Chegamos – ele abriu as portas do último quarto do corredor, fazendo Jungkook se assustar levemente com a visão. – O sangue está seco, mas ainda dá para ver com clareza.

    Não era um quarto comum. Este era pequeno, não tinha cama ou um guarda-roupas, tinha apenas muitos e muitos vestidos dobrados em prateleiras. Pares de sapato estavam empilhados em caixas e guardados em um armário. Uma mesa pequena de mogno foi posta no meio do cômodo, como se fosse apenas para tomar chá ou comer pequenas porções. Jungkook achava que aquele era o lugar onde a rainha guardava apenas as suas roupas.

    Tinha uma corda ensanguentada pendurada nas estruturas de madeira do teto, amarrada com um nó na ponta. O quarto tinha um cheiro horrível e intoxicante, era como se o corpo da rainha estivesse ficado ali por dias. No chão, a poça de sangue deixava bem claro o quanto Sook sofreu antes de morrer, mas o que mais chamava atenção era a parede da cama...Com o sangue da mulher, Keana escrevera:

Aqui se faz, aqui se paga.

   Jungkook suspirou. Sabia que aquilo tinha alguma coisa a ver com seu irmão, provavelmente foi Sook que ordenou a execução dele. Keana sempre deixou claro que faria de tudo para honrar seu namorado, mesmo depois da morte.

— Quero que veja essas fotos – Chung-Hee passou duas folhas imprimidas para ele. Provavelmente eram impressões de alguma câmera de segurança, outro artigo de luxo que a classe alta tinha acesso.

  A primeira foto era a rainha, pendurada pelo pescoço no ventilador de teto. Ela já estava morta naquela imagem, sua pele completamente nua estava meio acinzentada, seu corpo estava com machucados horríveis que vazavam sangue. Seu cabelo se mostrava preto, provavelmente Keana tirou a sua peruca – o comandante nem sabia que ela usava uma, era milhões de vezes mais fútil do que ele achava –, apenas por diversão. Aquela foto fez Jungkook ficar um pouco enojado. Não que estivesse com pena, ou não tivesse visto coisas como essa antes, apenas não gostava de saber que uma mulher morreu desta forma.

  A segunda foto mostrava seu corpo, ainda com vida, jogado no chão. Ela continuava nua, agora parecendo estar sem tantos machucados, provavelmente aquela imagem foi tirada quando Keana ainda estava "começando" a sessão de tortura. A prima do comandante estava em pé ao lado do corpo acordado de Sook, usando um uniforme de empregada da realeza, com uma faca nas mãos e o rosto pintado, mas não era de tinta como os Rebeldes faziam, era de sangue.

— Suas filhas sabem?

— Não. Nem vão saber – o rei falou, correndo os olhos pelo quarto. – Vou inventar alguma desculpa no baile que vamos dar hoje.

— Olha, eu não mandei Keana fazer isso – ele afirmou, lhe devolvendo as fotos. Estava tão furioso que poderia enfrentar a prima quando voltasse para a base. Como ela foi capaz de fazer algo desse nível sem sequer o consultar? Ele nunca aprovaria uma coisa assim sem ter um plano antes. – Esse ataque não foi meu.

—Mas ela faz parte de seu povo. Você é responsável por qualquer coisa que seu povo faça, estando ciente ou não. Se assumiu essa responsabilidade, Jeon, sabe que não pode fugir – o rei afirmou, se sentando na mesa de jantar que ela tinha no quarto. Era bizarro demais estar onde sua mulher morreu há alguns dias, a forma como ele continuava calmo sobre isso e o modo como sorria... Por que ele estava sorrindo tanto? Se Jungkook estivesse em seu lugar, ele já teria matado todos os Rebeldes. – Eu quero a garota.

— Nem fodendo – Jungkook respondeu, sem hesitar, se sentando na mesa junto com ele. Ele já havia entregado seu irmão, não iria cometer o mesmo erro com a sua prima. Ela podia até ser louca, mas ele também era. Os dois cresceram juntos e ficaram juntos depois de tudo, não seria certo enviá-la para a morte. – Sugiro um outro acordo, porque essa proposta está completamente fora de questão. Posso até exilar Keana, criar um bloqueio entre nossos povos, mas, se depender de mim, você não vai pôr um dedo nela.

  Chung-Hee sorriu daquele jeito bizarro novamente. Eles estavam em uma mesa, com alguns rastros de sangue e com facas sobre, conversando sobre um assunto extremamente delicado. Jungkook odiava estar ali.

— Entendo que esteja transtornado pelo acontecido com a sua esposa, mas...

— Você continua achando que isso aqui é sobre Sook? – ele riu como se aquele pensamento fosse realmente uma piada. – Eu matei meus três irmãos apenas para subir ao trono primeiro, garoto, acha que eu dou a mínima para a minha mulher?

— Eu tenho nojo de você – Jungkook revirou os olhos. – É uma desgraça o que você fez com o seu próprio povo.

— Você é uma criança, Jungkook, só está brincando de mandar. Devo dizer que está andando numa corda bamba, deveria ter mais cuidado – ele avisou. – Com o tempo, você vai entender que o medo é o modo mais eficaz de controlar as massas. Quando chegar o momento, eles vão ter medo de você, Jeon.

— Não vou discutir isso com você, certamente temos instruções diferentes sobre como comandar um povo.

— O problema é que ela matou a minha esposa, comandante. Não que ela fosse a única e eu a amasse de verdade, mas ela ainda era a minha rainha. Deixo minhas filhas e seus príncipes mantidas como segredos, caso eu precise de alguém descartável que vá me representar depois disso – ele falou casualmente, como se se aproveitar das suas próprias filhas para interesses políticos fosse completamente normal. Seu olho de vidro agora parecia ainda mais assustador, enquanto ele sorria e pronunciava a palavra "comandante" com extremo deboche. – Keana tirou a vida da minha rainha...Nada mais justo do que eu tirar a da sua, Jungkook.

— Bem, você está enganado – Jungkook falou, travando o maxilar. Estava com tanto nojo e se sentia tão mal por ainda precisar falar com ele. Odiava aquele homem com todas as suas forças, não podia culpar Keana por planejar uma vingança. Infelizmente, ele não poderia fazer o mesmo, não naquele momento. – Eu não tenho uma rainha.

— Que tal um rei? – ele perguntou, sugestivo. Tinha um sorriso zombeteiro nos lábios – Fiquei sabendo que você anda escolhendo...Como posso dizer? Meios alternativos?

Jungkook nunca ficou com muitos caras na vida. Gostava de ambos os sexos, mas raramente se deitava com homens, preferia usá-los somente para fins do exército e não distrair nenhum de seus soldados com aquilo. Isso não era segredo para ninguém, os Rebeldes sequer se importavam realmente com essa questão tão superficial, a única coisa que o deixou curioso foi: Como o rei sabia disso? Quem teria contado?

— Eu não tenho nada, Chung-Hee. Se tivesse, não seria tão idiota ao ponto de sair mostrando por aí a pessoa com quem eu me relaciono. Você errou em desfilar por aí com ela, fez da sua rainha um alvo para quem quisesse, e sabe disso.

— Só estou dizendo. Você pode se arrepender de deixar ele na minha linha de frente.

— Ele? – Jungkook congelou ao ouvir aquilo. Ele estava falando de Jimin? Não era possível, ele não tinha como saber sobre ele. De repente, o jovem começou a parecer muito paranóico e o rei parecia ter chegado ao ponto que queria. – Ele quem? De quem você está falando?

— Do seu povo. Não é essa a sua maior preocupação, Jungkook? – ele riu, como se soubesse o que estava fazendo com a mente do mais novo. Por um segundo, ele ficou vulnerável demais, tudo o que queria fazer era voltar para a base e prender Jimin em seu quarto para que nada de ruim acontecesse com ele. – Estou dizendo que você pode se arrepender. Eu poderia eliminar cada um de vocês em um passo de mágica, mas, veja, eu não quero ter que ser tão cruel.

  Jungkook sorriu com aquilo. Seu sorriso sempre parecia falso, ele não fazia aquilo com frequência. Resolveu adotar uma postura rígida e séria para todos, afinal, quando as coisas ficam realmente feias, ninguém quer um líder brincalhão e divertido. As pessoas sempre precisam de alguém para se apoiar e era nisso que ele focava desde que assumiu o posto.

— Oh, está falando sério? Você realmente acha que isso é possível? Vamos ver... – ele se levantou da cadeira, andando pelo quarto e se aproximando do rei aos poucos – Você mandou vinte homens para a nossa base. Está certo que eles tiraram três vidas dos nossos, mas apenas um soldado veio te contar isso, não foi? Nós matamos dezenove dos seus homens. Fique a vontade para tentar o próximo ataque.

O comandante saiu do quarto, respirando fundo diversas para conter o seu ódio. Mesmo que demorasse, ele iria destruir o Reino, nem que tirasse pedra por pedra.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...