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História Jovem guerreiro - Planos e conselho


Escrita por: shotosolitario

Notas do Autor


Quem é vivo sempre aparece kkkkkk

Capítulo 77 - Planos e conselho


“Não confie em estrangeiros.”

Tsuyu encarava a carta em sua frente, a frase em que sua tribo é ensinada desde criança não pode evitar de voltar a mente. Quando pequena, não questionou, apenas seguiu os ensinamentos de seu pai.

— Eu disse que trazer aquela coisa para nosso lado causaria problemas. — A anciã, sentada do outro lado da mesa, com as mãos no rosto, resmungou.

Claro que Tsuyu sabia. No início pensou que fosse exagero, que um Midoriya nunca poderia perder o controle. Afinal, assistiu de perto o crescimento de Izuku e praticamente o considerava um amigo antes mesmo de o conhecer. Mas, quando viu de perto, com seus próprios olhos, entendeu o real significado do surto dos Midoriya's.

Planejava contar a história verdadeira da tribo, sobre a família dele, e principalmente da maior regra deles “não confie em estrangeiros” aos poucos. O problema foi o surto, junto da morte de seu pai e o surgimento dos boatos. A raiva dela não era apenas por proteção, mas do quão burra se sentiu por esconder a verdade. Logo, ele voltará e dará de cara com outra tribo. Como diabos explicar? Se pelo menos seu pai não tivesse partido...

— Ele vai nos matar. — A anciã falou fracamente — Eu cansei de dizer. O rei estrangeiro vazou a existência dele, e agora os aliados desse monstro vão recebe-lo como líder. Você entende isso Asui? Nos estamos fadados a morte, por culpa desse moleque. Deveríamos ter deixado ele morrer pacificamente como um escravo.

— Não. — Tsuyu levantou o olhar da carta — Ele seria um general, sem nossa interferência. Quando descobrisse que tem família, uma tribo que causou a morte da mãe dele e de todo o clã, como acha que ele se sentiria? O ódio seria maior.

— Não fale como se tivesse pensado nisso desde o início, foi você quem insistiu que ele era inofensivo. — A anciã desdenhou — Ele seria morto pelo rei estrangeiro quando descobrissem sua anormalidade. Não, talvez o rei estrangeiro saiba de tudo. Apenas não agiu ou fez nada ainda, está usando isso como benefício. Ele não entende ou sabe o quão perigoso aquela coisa é.

— Eu apenas queria paz. — Tsuyu murmurou — Não pensei que a aliança com o reino, e omitir informações de Izuku fosse errado. O objetivo era bom.

— Mande alguém para o outro lado da floresta. — A anciã não poderia apenas repreender, seus conselhos eram necessário para um líder novato. Afinal, esse foi o motivo de ter retornado na capital — Negocie para manterem a boca fechada, você pode começar a contar ao garoto aos poucos. Use o fato dele não ter controle, eles podem acabar cedendo.

O olhar de Tsuyu pousou novamente na carta em frente a ela, as palavras em vermelho, contendo zombaria e insultos, além de ameaças.

“[...] pobre Midoriya, estar aliado e convivendo com escórias como vocês. Irei destroça-la quando vê-la, garotinha sapo. Não se preocupe conosco, cortarei a garganta desse estrangeiro, e irei até você, buscar o que nos pertence. A verdade será revelada, e veremos como nosso amigo reagirá a suas ações. Vamos nos divertir muito no futuro, tudo bem? [...]”

— Eu deveria mandar uma carta ao Midoriya? — Tsuyu ergueu o olhar, cansada.

O maior medo dela não era Izuku querer vingança, e sim ser odiada. Encontrava-se entre o problema de ser uma boa amiga, ou ser um bom líder. Encolhendo ser um líder, poderia ter que deixar sua amizade de lado, talvez se tornar inimiga, e usar tudo ao alcance pelo seu objetivo de paz. Mas, sinceramente, no fundo de sua mente, seu desejo é cuidar de Izuku.

— Contar informações confidenciais assim? — A anciã questionou, achando a sugestão estúpida — A carta pode acabar nas mãos dos estrangeiros, sem falar que ele saber assim, pode causar ainda mais problemas. Você não estabeleceu um laço de amizade? Pois agora sente e espere. Isso pode te salvar, nos salvar, ou causar nossa destruição.

— Eu confio nele. — Tsuyu amassou a carta, os dedos tensos e firmes — Ocultei muita coisa, mas não acho que ele me condenaria. Izuku é gentil e compreensivo.

A risada irônica e cheia de desdém da anciã não pode ser contida. Ela levantou-se para sair, ainda rindo como se tivesse ouvido uma boa piada.

— Não coloque suas esperanças em alguém que não tem controle de si mesmo. Quer tentar ter paz de espírito com essa mentira? Nem você se convence disso. — A anciã parou pouco antes de sair, seu olhar se voltou para trás, com um traço de cansaço — Quer ter a mente tranquila? Esconda sua irmã bem longe de Midoriya, para que não acabe morta como meus filhos foram.

O tom apático da voz da senhora, os olhos cansados e preocupados, enviaram uma onda de arrepios a Tsuyu. Finalmente sozinha, pegou o diário de seu pai, segurando como se fosse um tesouro. Abrindo diretamente na página desejada, acostumada a ler e reler as mesmas palavras, sentiu uma onda de vergonha.

— Lideres tendem a errar, tentando solucionar velhos problemas. — Tsuyu repetiu uma frase muito usada por seu pai, como um mantra.

Os olhos voltados ao diário, leu novamente sobre o dia do massacre. O dia em que os Midoriya's foram drogados por sua própria família, encurralados e mortos sem piedade.

A tribo sapo não costuma admitir sua culpa no caso, alegando que se defenderam de um surto. Mentiras e verdades entrelaçadas. Realmente aconteceu um surto, mas as pessoas deixam de lado o fato de terem envenenado a família inteira. Os sobreviventes apenas reagiram ao instinto, tentando se proteger. Os Midoriya’s causaram muitas mortes injustas e, no final, o verdadeiro inocente foram eles, que foram traídos e dizimados.

“Não sinta culpa por algo que não fez.” A voz de seu pai parecia tranquilizadora em sua mente.

— Como? — Tsuyu agarrou o diário com força anormal — Como não me culpar? Eu não consigo.

Inalando um bocado de ar fresco, recolocou a mente no lugar. No dia que ouviu os boatos, teve certeza do tamanho do problema. Agora, resta apenas confiar em Izuku. Nada mudou, Lagarto bloqueará o povo de Viran por algum tempo, e quando o menino voltar, irá recebe-lo pessoalmente para contar-lhe toda a verdade. Não ajudava ser pessimista, precisa manter a cabeça fria, enfrentando todos os problemas como um bom líder.

— Prometi libertar a tribo! — Tsuyu pronunciou cada palavra com determinação — Eu irei alcançar isso, — cerrou os punhos — só preciso seguir em frente!

...

Com o pincel em mãos, sentado no chão em frente a uma pequena mesa e uma folha, Midoriya praticava sua caligrafia reescrevendo todas as regras militares. A ideia de originou de All Might, sugerindo ser bom para memorizar. Mas, Izuku estava ciente que era uma desculpa para melhorar sua letra horrível e ilegível, ao mesmo tempo que o mantem ocupado.

— Notícias novas do príncipe? — Midoriya perguntou, ainda concentrado em escrever. De suas costas, veio a resposta.

— Não encontraram nenhuma pista. — Shoto virou outra página do livro, sua atenção dividida entre o conto e o garoto praticando — Os soldados supõem ser uma pista falsa, e querem desistir. — O pincel parou, deixando uma marca preta no meio das letras. Shoto notou sua hesitação, mas não disse nada sobre — All Might acha que ele foi embora.

— O que você acha? — Midoriya deixou de lado a folha estragada e recomeçou, com paciência.

— Eu acho que ele se escondeu, esperando por algo... ou alguém. — Todoroki voltou o olhar ao livro, sem realmente ler — É curioso ele estar na cidade prata, existe muitas possibilidades.

— Você acha que ele ficou curioso sobre... um... a fera verde? — Midoriya se referiu a ele mesmo em  terceira pessoa, tentando evitar ser associado ao rumor.

— Definitivamente. — Todoroki encolheu os ombros. Querendo trocar de assunto, fechou o livro e foi até a mesa, se jogando ao lado do menino. Pegou a pilha de folhas prontas, para analisar — Você melhorou muito. É muito talentoso.

— Você acha que ele pode machucar pessoas, para me ameaçar a sair? — Midoriya ignorou sua tentativa de troca de assunto.

— Não sei. — balançando a cabeça em negação — Nem sabemos o motivo dele estar aqui.

— Eu não sei, me parece que ele queria ir embora. — Midoriya continuou a escrever, com a cabeça baixa — Tenho a sensação de... bem... ele veio atrás de algo e conseguiu.

As mãos de Todoroki pararam por alguns segundos.

— Informações? — Murmurou — Você acha que existe um traidor?

— Quem sabe? — Izuku pousou o pincel, suspirando — O reino anunciou guerra, em um banquete. Não acha estranho Viran estar tão quieto? Ele deveria, pelo menos, lançar um ataque as fronteiras para nos atrasar e eliminar um pouco dos guerreiros.

— Você tem razão. — Todoroki concordou, não tendo pensado no inimigo até agora — Ele veio declarar guerra também? É o que você supõe?

— Ele me convidou para um encontro. — Midoriya bateu os dedos de leve na mesa — Acho que é educado aceitar.

— Que diabos? — Todoroki franziu as sobrancelhas.

— Preciso planejar com All Might. — Midoriya o ignorou — Vamos pegar o príncipe com uma simples isca.

— Ele não é idiota. — Todoroki desaprovou, não querendo que o encontro acontecesse — Ninguém cairia nesse truque.

— Suponho que o príncipe também levará aliados. — Izuku mostrou a língua, claramente sem leva-lo a sério — Vamos ter uma boa conversa, não gosto da sensação de ser surpreendido.

— É de Tomura que estamos falando! — Todoroki parecia zangado — O príncipe da morte!

— Sim. — Midoriya concordou, alegre — Eu já disse que ele me chamou para um encontro?

— As vezes eu não te entendo. — Todoroki murmurou triste.

— Todoroki, você raramente entende alguém. — Midoriya brincou, dando de ombros. Desistindo do assunto, resolveu trocar de tópico. Pelo canto dos olhos, notou o livro na mesa — Você está lendo um... romance?

— Que? — Todoroki seguiu o olhar, confuso. Percebendo ser descoberto, as orelhas esquentaram de vergonha, colorindo-as de rosa — Eu.. isso... é...

Midoriya cobriu a boca, tentando conter o riso. As orelhas de Shoto ficaram ainda mais vermelhas.

— É para estudo! — Afirmou, constrangido.

— Claro que é. — Midoriya respondeu tentando soar sério — Eu nunca, em toda minha vida, ousaria supor que o jovem mestre, talentoso comandante de quinhentos homens, Todoroki Shoto, leria romances.

— Você está caçoando da minha cara? — Todoroki protegeu o livro contra o peito, escondendo dos olhos alheios.

— Eu? Não! — Midoriya reprimiu a risada, soando ainda mais falso  — Como eu poderia? Vosso estudo é de extrema importância.

— Eu... eu... — Todoroki cobriu as orelhas, tentando de acalmar — Eu vou treinar!

Correndo como se tivesse em risco de vida, Todoroki sumiu pela porta da biblioteca. A risada alta de Midoriya ao fundo o fez acelerar em retirada, assustando criadas e colocando os soldados em estado de alerta.

— Ele sabe ser fofo. — Midoriya sorriu gentilmente, quebrando totalmente a imagem de jovem frio que tinha em sua mente.

...

A luz vinda da enorme janela, refletida de diversas cores pelos vidros, tornou a enorme, e parcialmente vazia, sala menos sombria. Ao som de passos, o homem aproximando-se da janela, delineou sua crescente sombra no chão de mármore. Parado próximo dos vidros, a luz desenhou perfeitamente sua sombra no piso, agora grandiosa e imponente, dando a impressão de um gigante.

— A devassa ralé, povo imundo, não entende como é ignorante. — Olhando friamente pela janela, torceu os lábios, escondidos por uma máscara da peste em formato de bico, em um típico sorriso de nojo — Mas, eu esperava um pouco mais dos generais. Principalmente dos três pilares do reino.

Próximo a porta, sem ousar entrar na sala, outro homem, com o rosto completamente escondido sobre a máscara da peste, não disse nada. Silenciosamente, concordava com todas as palavras do padre.

— Aizawa não entende o tamanho do problema que causou. — Continuou a falar, com o olhar cada vez mais frio — Homem tolo o suficiente para vir xeretar meus negócios. Mas, apesar de eu odiar muito pessoas intrometidas... sabe qual a coisa que eu mais detesto?

— Não, padre Chisaki. — O homem respondeu — Me ilumine, por favor.

— Incompetência. — Olhando para trás, Chisaki encarou seu subordinado mais inteligente — Mesmo administrando as arenas por anos, sem problemas, vocês foram burros o bastante para dar nosso nome? Quem foi o idiota responsável por isso?!

— Não foi coisa nossa. — O homem abaixou a cabeça, respeitoso — O príncipe Shindo foi o responsável por isso.

— Aquele asno? Quer que eu acredite nessa bobagem?! — A voz de Chisaki se ergueu um pouco, expondo sua ira.

— Pessoas de Viran estão aconselhando o príncipe, um homem deles chegou a ir até o palácio. — O homem continuou a explicar, calmo e respeitoso.

— Viran? — O padre desdenhou — Aquele povo insano e estranho? Vocês deixaram aqueles idiotas passarem a perna em nós? O quão burros vocês realmente são?

— Mas...

— Cale a boca! — O padre ralhou — Sabe o quanto as outras igrejas estão furiosas?! Incompetentes! Nossos planos estão em risco por causa dessa merda, Kurono!

— Me puna, padre. — Kurono ajoelhou-se, totalmente submisso.

— No que isso ajuda?! — Chisaki ladrou, sem paciência — Ao invés de castigo, te darei um serviço. Você vai consertar isso, e livre-se dos intrometidos de Viran.

— Como desejar, padre. — Kurono apoiou a cabeça no chão, prostrado em rendição.

— Noticias da família Uraraka? — Voltando a expiar pela janela, perguntou depois de se acalmar.

— Sim. — Kurono sorriu por trás da máscara — Eles se esconderam na casa do comandante Bakugou.

— O garoto do fogo? — O padre gargalhou — Quando aquele porco me disse que poderia me dar Izuku novamente, eu não pensei que ele agisse imediatamente. Usando justamente o garoto do fogo... ele não é tão idiota.

— Ele ainda não descobriu onde Midoriya está. — Kurono relatou — Nem pistas.

— Tudo ao seu tempo, eu não estou com pressa. — Chisaki relaxou visivelmente — Não podemos nos dar ao luxo de pega-lo agora, de qualquer maneira. Aquela herege sapo deixou bem claro que fará de tudo para protege-lo.

— Podemos dizima-los. — Kurono afirmou.

— Podemos, diácono Kurono. — O padre acenou em concordância — Mas, ainda não podemos deixar o rei saber de nossa força. Esperaremos pela coroação de Momo.

— A princesa tem agido sem nós. — O diácono observou, deixando o padre saber de suas suspeitas.

— Claro que tem, ela foi educada para isso. — Desdenhou, sem se importar — Apenas devemos ter certeza que ela não vacile. Caso saia da linha, mate-a.

— Sim, padre.

— Bem, você pode se levantar. — Chisaki ordenou, sem olhar para trás — Cuide dos problemas causados por sua incompetência, e de a Aizawa algo para fazer, será chato se ele resolver meter o dedo nos assuntos do garoto do fogo também. Não apareça na minha frente sem boas notícias.

— Seguirei suas ordens, padre Chisaki. — Kurono levantou-se, saindo com passos tranquilos, em sua mente, milhares de planos começaram a circular.


Notas Finais


Desculpe pela demora. Eu realmente sinto muito. Fiz uma pausa, férias de aniversário, mas acabei entrando em uma enorme onda de falta de inspiração.

Vamos retornar aos poucos, ok? Paciência comigo.

Bem, agradeço por ainda lerem essa fic, e pelos comentários. Vocês são incríveis. ♥️


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