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História Juntos Pelo Acaso - XIII - Idas e Vindas.


Escrita por: Bela-Dama

Notas do Autor


Eu sei que disse que ia postar amanhã e tudo mais, só que, como a voz dos leitores é a voz dos deuses, aqui tá, 10k em um cap. Sem falar que eu adorei o que vocês falaram.

Espero que gostem, mais uma vez, sinto muito pela demora.
Bjocas e nos vemos nas notas finais.

Se cuidem, não saiam de casa se não for realmente necessário e lavem as mãos/usem álcool em gel.

Ah, já ia esquecendo, cada vez que encontrarem uma frase em itálico e com um asterisco(*) no final, significa que está em português.

Capítulo 13 - XIII - Idas e Vindas.


Fanfic / Fanfiction Juntos Pelo Acaso - XIII - Idas e Vindas.

 

Que a gente não precise das despedidas para lembrar o quanto gostamos de quem está perto. Que a gente não precise da saudade pra lembrar o quanto gostamos de quem está longe.

 

 

Idiota, canalha, vagabundo desgraçado, sátiro infame.

– Você é um idiota. – grito ao avistar meu alvo em meio aos homens e mulheres no salão principal de Poseidon.

– Annabeth. – engasgar ele enquanto marcho em sua direção – aí meus Deuses, olha, eu sinto mui…

Ainda furiosa levanto o indicador calando-o e viro para o pessoal que parou o que estava fazendo para acompanhar o bate-boca

– Alguém aqui fala português? – algumas pessoas levantam as mãos, pelo canto dos olhos noto Perseu prestes a fazer o mesmo – Você não Jackson. – murmuro fazendo-o descer a mão novamente – Italiano? – mais algumas confirmações – Francês? – ninguém se manifesta – Bom. – viro-me para Perseu novamente – Etes-vous désolé?  Je t'attendais depuis 20 minutes, ton scélérat rattrape à peine Kim en RH.  Je suis plein de choses à faire et je n'ai même pas encore déjeuné. (Você sente muito? Eu te esperei por 20 minutos seu canalha, quase não pego a Kim no RH. Eu tô cheia de coisas para fazer e nem almocei ainda).

– Je sais, je suis désolé, j'étais un connard pour ça. (Eu sei, sinto muito, fui um babaca por isso).

– Non, tu étais beaucoup plus. (Não, você foi muito mais.). – respiro fundo segurando a ponte do nariz entre os olhos – Tu sais quoi?  Ce n'est pas grave, ce stress ne fera que me blesser, il suffit de me parler quand nous irons. (Quer saber? Não importa, esse estresse só vai me fazer mal, só fala comigo quando for para irmos embora). – termino começando a me afastar  o mais rápido que os saltos me permitem.

– Annabeth, attends. (Annabeth espera)

Ele segura meu pulso quando finalmente me alcança no corredor.

– Eu sei que isso não foi legal, principalmente se levarmos em conta nosso histórico. Mas eu juro que não foi por mal. – ele me estende um tablet que não havia notado em suas mãos.

– O que é isso? – pergunta olhando a tela que parece mostrar uma notícia em português.

PETRÓLEO QUE ATINGE MAIS DE 130 PRAIAS DO NORDESTE CHEGA À BAHIA.

As praias dos nove estados da região Nordeste já foram atingidas pelo petróleo que começou a aparecer na costa no início de setembro. De acordo com o Ibama, já são quase 130 praias atingidas em todo o Nordeste em quase 60 municípios.

– Ao que parece um navio descartou petróleo em uma praia da costa brasileira e ele vem se espalhando cada vez mais. Descobrimos isso hoje de manhã, por conta do Oráculo. E desde então, estamos correndo feito loucos para tentar resolver tudo, foi o Eric quem descobriu e já pegou um voo para lá. Assim que tivermos Bandeira Verde partimos também.

Devolvo o tablet para Perseu de modo automático, me sinto um pouco tonta com toda essa informação.

– Ok, nossa. Então... eu vou deixar você voltar ao trabalho. – começo a me afastar em direção a recepção.

– Annabeth espera. – ouço a voz de Perseu chamar quando já estou de já de frente para o elevador, viro e vejo que ele vem correndo em minha direção.

– O que você...

– Posso te acompanhar no almoço? Ainda preciso falar com você. – interrompe ele, ficando de frente para mim.

– Isso é tão importante que não pode nem esperar a hora de irmos embora? – pergunto entrando no elevador vazio.

– Se não fosse o petróleo, sim, mas agora a situação mudou totalmente de figura.

Aperto a ponte do nariz entre os olhos e respiro fundo.

Por favor Atena que não seja a decisão errada.

– Tudo bem Perseu, só não faça eu me arrepender.

Sentencio, Perseu sorriu largamente entrando no elevador.

– Muito obrigado, vai valer a pena, eu juro.

– Tá, só... Para de sorrir assim, parece personagem de filme de terror.

– Sinto muito. – solta ele se encostando em uma das extremidades de metal.

O silêncio me incomodo e a curiosidade também.

– Tá, mas porque precisa da minha ajuda? – questiono sem rodeios, nunca fui muito disso.

– Você sabe o que são dólares de areia?

– Claro, é um experimento fracassado que uns alemães criaram, uma junção de componentes orgânicos e tecnológicos que, em teoria, quando entrasse em contato com a água poluída e ou suja restaurarei a toda a estrutura dando um fim à imundice.

– E se eu te disser que achei uma forma de tirar essa teoria do papel?

– Explique-se Perseu.

– Faz algum tempo que venho estudando, testando e modificando a fórmula, tanto orgânica quanto tecnológica. – chegamos ao térreo – Tanto que isso foi o motivo da minha viagem para as Maldivas. – de frente para o caixa do refeitório levanto a mão para que Perseu pare de falar, enquanto olho o cardápio suspenso.

– Boa tarde Kath. – comprimento a morena de sorriso alegre.

– Boa tarde Annie, chegou tarde hoje. – ela se apoia sobre o balcão – estava afundada no trabalho de novo né.

– Você me conhece. – respondo com um simples dar de ombros – Mas vamos ao que realmente importa, porque eu estou morta de fome. – ela confirma e pega um bloco de anotações no bolso do avental – eu vou querer um sanduíche número 8, mas por favor me salva dos picles, um suco de morango do grande, iogurte e um Blue Velvet.

– Uau. – comenta ela de olhos arregalados terminando de anotar o pedido – Ok, pode sentar que já, já eu levo seu pedido e… – antes que termine ela vira e nota presença de Perseu –Ah, Oi Percy desculpa eu não te vi aí. – ela nos olha, analisando a nossa proximidade – Que milagre, vocês dois juntos e não estão nem rolando no chão, nem aos berros. – ela intercala o olhar entre nós voltando a se apoiar no balcão – O apocalipse se aproxima e eu não fui informada?

– Tipo isso. – respondemos ao mesmo tempo, o que gera um revirar de olhos de ambas as partes.

– Ok. – ela responde com uma risada – Bom Annie, como eu estava dizendo antes pode ir, daqui a pouco apareço com seu pedido e… ai droga, esqueci o resto. – ela dá uma risada constrangida – Que seja não deve ser nada importante mesmo, mas e você Percy, o que vai querer?

– Pra mim? Nada, eu tô de boa.

– Ok, então vou te levar um número 6 e uma Coca.

Responde e vai embora sem nem dar a chance do Jackson falar. Sorrio.

Eu realmente Adoro essa garota.

Caminho para uma das mesas mais afastadas com Perseu em meu encalço. Sento-me em uma das cadeiras e enquanto estico os pés aponto para a da frente.

– Você dizia…

– Claro, bom, o que quero dizer é que eu sinto que tô quase chegando lá, mas parece que na metade do caminho para.

– Tudo bem, isso entendi, mas por que você está falando comigo? Eu não sou uma caçadora de Ártemis, filha de Poseidon ou Apolo… sou da casa de Atena, mas não sou química, bióloga orgânica ou qualquer coisa do tipo.

– Qual é a Annabeth, venhamos e convenhamos você não é da casa de Atena à toa. Não quero desmerecer o trabalho de ninguém, mas caramba. Você lê arquivos científicos por pura diversão, é sem dúvidas a pessoa mais inteligente que já conheci.

Me preparo para responder Perseu, afinal arquivos científicos não tem nada a ver com meu QI, mas antes que sequer abra a boca Kath chega.

– Tá aqui gente. E Annie, sei que não faço ideia sobre o que vocês estão falando, e não tô querendo me meter nem nada do tipo, mas o Percy tem razão, Você é de longe o ser mais inteligente que já pisou aqui. – termina com um sorriso amistoso e vai embora.

Dou uma mordida no meu sanduíche e fecho os olhos deliberando o que responder. Respirou fundo antes de começar.

– Tudo bem, vou passar na sua sala mais tarde, mas isso não é garantia de que vou conseguir resolver o seu problema entendeu. – anuncio encarando o oceano que são os olhos de Perseu.

– Valeu mesmo Annabeth, eu sei que seu orgulho vai te impedir de não dar o seu melhor.

Responde com um sorriso após uma mordida no seu sanduíche. Com o assunto encerrado fico esperando que o Jackson crie bom senso e vá embora, mas ele não se levanta. Mordo outro pedaço do meu sanduíche, enquanto começo, mentalmente, a contagem de Pi para me acalmar.

3,14159265 35897-9323 84626-433 83279…

– Ah, tem mais uma coisa. – ele levanta o olhar – Você tava contando π, né. – não respondo, apenas uma das sobrancelhas. como ele pode saber? – Eu te conheço loirinha. – responde como se, novamente, pudesse ler minha mente – Mas continuando, eu estive pensando no que você disse sobre não nos darmos bem... e achei que talvez seja melhor procurarmos ajuda. – ele me passa um cartão de visita sobre a mesa.

– Uma terapeuta de casais? – a incredulidade em minha voz é palpável.

– Sim, mas ela não se restringe apenas a casais no sentido romântico da palavra, ela também lida com parcerias e amizades.

– Tá, mas você cuida disso. – respondo devolvendo o cartão.

– Certo, então quando voltar de viagem resolvo tudo. – ele se levanta, já terminou sanduíche e está pegando a coca – Acho que é isso, então eu vou subir e... terminar o trabalho.

– Tchau Perseu.

Digo simplesmente ao que ele, finalmente, começa a se afastar. Mas antes que se distancie muito minha estrala.

– Merda. – murmuro levantado – Perseu espera. – chamo indo em sua direção– Já resolvi tudo com a assistente da Ártemis e, caso você já esteja de volta e queira me acompanhar, a consulta está marcada para o fim do mês, dia 29 de outubro.

– Tudo bem, e obrigado Annabeth.

– Você é o pai no fim das contas. – respondo com um dar de ombros e voltando para minha mesa em seguida.

Logo que termino volto para minha sala. Quero trabalhar um pouco na casa antes de ver o Jackson. O quarto do casal está quase pronto e o próximo no qual pretendo trabalhar é o dos bebês. Paro um instante com a ZAP gráfica, estico o braço pegando a carteira de dentro da bolsa sobre a mesa. Abro-a bem na parte que está a imagem de ultrassom.

Meus bebês.

Ainda é um pouco estranho acreditar que estou grávida, principalmente pelo fato de que o Jackson será o pai. E falando nele. Com um suspiro levanto e ando vagarosamente até a ala de Poseidon. Mal piso no salão e já avisto Perseu, ele anda apressadamente com uma garota de traços  asiáticos ao seu lado, parece falar algo importante.

– Perseu? – chamo, próxima o bastante para que me ouça.

Ele para subitamente, tanto de andar quanto de falar, e vira em minha direção.

– Annabeth, oi, ham... você pode esperar, só um minutinho? – dou de ombros, essa tem sido minha resposta para quase tudo nessa última hora, ele volta a falar com a garota – Então até o momento é isso Lori, você fica com Barra de São Miguel, Fred com Barreira do Inferno, Julie com Pontal de Maceió e eu com Porto de Galinhas.

– Ok Percy. – ela fica de frente para mim – senhorita Chase. – Cumprimenta ela, de certo modo. Sua voz é vacilante e ela vai embora antes que eu fale qualquer coisa.

– Você poderia me explicar porque, sei lá, ela parecia estar com medo de mim? – questiono quando ela se afasta o suficiente para não poder escutar. Perseu morde o lábio inferior para, em seguida, abrir um sorriso.

– Ela não está com medo de você, está apavorada por conta de nós.

– Nós?

– Ela é um pouco nova aqui, mas já presenciou muitas das nossas brigas e sabe da história da garagem.

– Qual é, o pessoal pois medo nela com a história da garagem? Meus Deuses foi só uma briguinha... Com facas. Não foi nada demais.

– Annabeth nós lutamos, com espadas.

– Mas nem foi tão gra… – antes que termine ele me interrompe.

– Honestamente, não sei como Atena acreditou quando disse que caiu com a faca, principalmente considerando que ela é um detector de mentiras humano. Mas não foi algo sem importância. – e, para dar ênfase no que diz, ele levanta a camisa, mostrando a cicatriz de espada na costela.

– Ta. – reviro os olhos cruzando os braços – Só vamos logo, quero terminar isso o quanto antes.

– Claro senhorita Chase.– Ele toma a frente indo em direção a última sala do corredor da "casa de Poseidon" – Hora de pôr a mão na massa.

[…]

– Você tem certeza que cabe?

– Claro que sim, e se não, ela vai se adaptar ao tamanho.

– Mas mesmo assim eu tô preocupado de que dê errado por ser grande demais.

– Perseu tá tudo bem se for grande.

– Mas Annabeth… – tenta ele novamente.

– Perseu Heitor Jackson, se você não fizer isso, faço eu. – corto a fala do homem irritante as minhas costas.

– Então seja o que os deuses quiserem.

Murmura após um suspiro dramático, em seguida se põe ao meu lado. Com uma pinça, e muito cuidado, encaixa a placa no circuito.

– Eu avisei.– me vanglorio, virando na cadeira giratória para a direita com uma das sobrancelhas erguidas e encarando-o.

– Prefiro pecar pela cautela do que pelo excesso.– ouço seu sussurrar.

– Mas não foi qualquer pessoa que te assegurou, fui eu, nunca se esqueça Perseu, meus cálculos sempre estão certos.

– Tudo bem senhorita Chase, vamos testar.

Perseu pega placa de vidro com o dólar de areia e o divide em quatro, transfere uma das partes para outra placa de vidro, em seguida despeja-a no balde de ferro com água do Hudson e óleo de motor. Estamos aqui já tem duas, talvez 3 horas, até agora foram 5 tentativas falhas, mas sinto que dessa vez vai dar certo.

Prendo a respiração vendo a água começar a espumar, no que as bolhas se dissipam sinto sorriso crescer. A água se encontra totalmente limpa, Clara e Cristalina.

– Meus Deuses.– ouço Perseu pouco mais a minha frente – Nós conseguimos. Você tem ideia do que isso significa? Nós poderemos resolver o problema das praias e muito pouco tempo, mas não apenas isso, lagos, rios, tudo.

– Isso é realmente incrível Perseu, e se você pedir para Piper ela pode ajudar a resolver a parte jurídica. Implementar os artigos de proteção dos lagos e rios, não só os daqui mas também de outros lugares como com o Rio Citarum, e o Matanza-Riachuelo.– respondo levantando da cadeira e me pondo ao seu lado.

– Muito obrigado Annabeth, sabia que havia feito a escolha certa ao te pedir ajuda.– sou pega totalmente de surpresa quando os braços de Perseu me envolve em um abraço.

– Não foi nada.– respondo simplesmente me afastando.

É um pouco desconcertante o que seu toque me faz sentir.

– Bom, acho que já vou indo, preciso voltar ao trabalho.

– Oh claro, monumentos duradouros e tudo mais. Mais uma vez obrigado.

– Não tem problema, Foi por um bem maior. – afirmo indo embora.

No meio do Corredor, indo para minha sala, sinto o celular vibrar no bolso da saia, pego-o vendo ser uma ligação de Sally.

– Oi tia.– atendo voltando a andar.

– Oi meu amor, como você está?

– To bem, no trabalho e sem queda de pressão.

Que bom, mas eu não atrapalho, certo?

– Não nunca. Mas a senhora não costuma me ligar durante o trabalho, algum motivo especial?

– Bem, sei  que você e Percy não se dão bem, mas soube que estão trabalhando juntos e Lia me contou que ele tá Levando e buscando você. É que eu tô tentando ligar para aquele cabeça oca o dia todo mas ele não atende de modo algum.

–   Então acho que a senhora deu sorte, ele está a algumas salas da minha se quiser posso levar o celular.

Aí, obrigada meu anjo.

Retrocedo do caminho de volta à sala de Perseu. Ele está debruçado sobre a mesa,, completamente concentrado no que faz. Dou três toques na soleira da porta chamando sua atenção. Perseu me olha confuso e, notavelmente, curioso, começo a adentrar a sala, mas antes de entregar o celular ao moreno aviso.

– Tu es tellement foutue, elle a essayé de t'appeler toute la journée et tu n'as pas répondu.. (Você está tão ferrado, ela tentou te ligar o dia todo e você não atendeu).

– Merda. – ele aproxima o celular da orelha – Oi mãe. – não dá para entender o que ela diz, mas é impossível não ouvir os gritos – Eu sei mãe, sinto muito é que eu tô com muita coisa aqui… não é isso mãe é que meu celular tá desligado… Tudo bem… Mas isso é muito sério?… Se eu puder… Espera um pouco mãe. – ele se direciona para mim tampando o microfone do celular – Eu tenho que ir buscar a Estelle no treino de natação hoje, tudo bem sairmos mais cedo? Ou você prefere que eu te busque depois? – dou de ombros em resposta – Tudo bem, mãe, eu posso sair mais cedo. Não, não sem problema. Ok, tchau mãe, também te amo..

Ele desliga e devolve o aparelho, vou embora sem dizer nada ou deixar que ele o faça.

De volta à minha sala em vez de voltar ao projeto da casa, viajo para arquitetura luminotécnica. Acabei de ter uma ideia nova de como devo remodelar o topo do Chrysler para que a luz adapte melhor do que agora.

[…]

Estou terminando os últimos traços do lugar, está ficando Divino, meu melhor trabalho até agora. Quando ouço um tilintar e noto ser meu celular vibrando contra a mesa de vidro.

– Perseu? – Atendo sem tirar os olhos da tela do computador.

– Eu tô terminando de guardar minhas coisas para irmos embora e como sei que sua cabeça às vezes voa um pouco no trabalho. Achei que seria melhor te ligar.

– Ok então nos vemos no elevador – respondo e desligo, faço o último traço e começo a guardar tudo.

– Seria legal se você parasse de desligar na minha cara. – Perseu comenta ao meu lado, de frente as portas de metal.

– Só quando perder a graça.

– Você já faz isso há 10 anos. – seu tom é entediado.

– Pois é, né. – solto com um sorriso, ao que ele responde apenas com um revirar de olhos.

 As portas se abrem e não tardamos a entrar. Chegamos ao térreo estranhamente rápido, acredito que, por que o elevador não parou a cada instante. No caminho até a SUV preta uma melodia que não reconheço começa a nos rodear, em questão de segundos Perseu saca o celular do bolso de trás da calça e atende.

– Oi mãe... Sim, algo de errado? … não, eu posso sem problemas… Tá bom mãe... outro... Annabeth. – Perseu chama minha atenção ao passo que destrava o carro pela porta do motorista, levanto o olhar para ele – minha mãe tá te mandando um beijo.

– Diz que mandei outro. – respondo e abre a porta do passageiro entrando logo em seguida.

Enquanto ataca o cinto de segurança perdeu a ocupação lugar no banco do motorista, o celular já guardado visivelmente no bolso da frente.

– Ok, próxima parada piscina. – é a última coisa que diz antes de dar a partida.

O percurso até o clube em que Estelle faz as aulas de natação em um silêncio realmente reconfortante. Fico olhando meu celular no pouco tempo que passo esperando a volta de Perseu com a Jackson mais nova, no entanto, enquanto checo algumas mensagens sinto um cheiro enjoativo e doce.

Mas que droga.

 Saio às pressas do carro, porém dou apenas alguns passos, até que ponha todo o meu almoço para fora.

– Annabeth? – ouço instantes antes de seguinte o toque de Perseu no meu cabelo.

– Ela está bem? – questiona uma voz feminina vindo da minha esquerda.

– Tá sim. – Perseu responde sem soltar meu cabelo – É só um mal estar.

– Acho que minha pressão caiu. – respondo alto para que a mulher ouça, vendo que já botei tudo que tinha para fora – Não foi nada eu vou ficar bem. – afirmo me apoiando em Perseu.

– Tia Annie tá tudo bem mesmo? – Estelle parece receosa em se aproximar, seus olhos estão baixos e é visível a força que usa para segurar a mochila vermelha.

– Tá tudo bem sim meu anjo. Eu só comi algo que não caiu bem. – respondo com um sorriso mesmo sabendo que minha cara deve estar péssima.

– Tem certeza de que não é melhor eu levar lá o hospital? Ela parece muito branca.

Levanto o olhar, a voz pertence a mesma mulher de antes, uma morena de uns 40 anos, e ao que parece, o perfume açucarado também.

– Não não. – engulo a vontade de pôr o que não tenho no estômago para fora – Tá tudo bem, é que eu sou pálida de natureza mesmo. – solto uma risada sem graça antes de me direcionar a Perseu – Jackson, per gli dei, portami fuori di qui, il profumo di questa donna mi farà esplodere lo stomaco. (Jackson, pelos Deuses, me leva logo daqui, o perfume dessa mulher vai me fazer por o estômago para fora).

– Oh merda, va bene.  Ti porterò in macchina e ti comprerò qualcosa da mangiare prima che ti porti nel tuo appartamento e per favore Annabeth, nessuna obiezione. (Ai merda, tudo bem. Vou te levar para o carro e te comprar algo para comer antes de te levar para seu apartamento e por favor Annabeth, sem objeções). – do modo que me encontro não quero discutir, então apenas confirmo com a cabeça.

A mulher já foi embora quando chegamos ao carro. Fico no banco de trás com Estelle apoiando a cabeça em meu colo.

– Tia Annie, você tá bem mesmo? – pergunta levantando a cabeça e, consequentemente, me fazendo parar o carinho.

– Claro que sim meu amor. – ela levanta o Mindinho da mão direita, com bico nos lábios.

– jura juradinho?

Entrelaço nossos dedos e respondo com um sorriso.

– Eu Juro juradinho que está tudo bem e nada de ruim vai acontecer comigo.

– Tudo bem então.

Diz deitando-se novamente. Sorrio voltando a fazer um cafuné em seu cabelo e começando a cantar baixinho.

–  Ah, porque estou tão sozinha. Ah, porque tudo é tão triste? Ah a beleza que existe, a beleza que não é só minha, que também passa sozinha.*

– Sua voz é bonita tia Annie. – ela vira o rosto me olhando com um biquinho mínimo –  Quer dizer o quê?

– É uma música brasileira, mas tem uma versão em inglês. O que acha de ouvi-la?

– Sim, por favor. – ela sorri e só agora percebo a falta do canino inferior esquerdo.

– Tall and tan and young and lovely.

(Alta e bronzeada, jovem e adorável).

The girl from Ipanema goes walking and.

(A garota de Ipanema vai andando e)

When she passes, each one she passes goes: Aah.

(Quando ela passa, cada um que passa faz: Ah)

When she walks, she's like a samba.

(Quando ela anda, ela é como um samba)

That swings so cool and sways so gentle that.

(Que dança tranquilamente e tão suave balança)

When she passes...

(Que quando ela passa…)

Clack, clack, clack…

Com som das batidas na janela paro de cantar e Estelle se levanta. Desço o vidro notando Perseu do lado de fora, meio vermelho e com uma sacola na mão.

– Tá tudo bem Jackson? – pergunto estranhando seu comportamento tímido.

– Tá sim. – ele balança a cabeça freneticamente – Eu te trouxe isso.

Ele me entrega a sacola e, apressadamente, da volta no carro. Senta no banco do motorista e dá partida, de modo tão rápido que, faria inveja a Alexander Rossi. Viro para Estelle, ela parece tão confusa quanto eu, vamos de ombros e abrimos a sacola vendo o que ele comprou. Um pacote Oreo, uma lata de Pringles, um Trident de menta e uma garrafa d'água. Dou o biscoito para Estelle e ataco as batatinhas.

Com mais da metade do meu pacote devorado e Tele entretida com o joguinho no meu celular chama atenção de Perseu. Ele responde, sem tirar a atenção do trânsito, com simples murmurar.

– O que aconteceu para você ficar assim?* – questiono percebendo que ele não estava envergonhado, e sim, ansioso e um pouco amedrontado.

Nada aconteceu.* – responde rápido.

–  Claro que aconteceu, alguma coisa tem que ter acontecido para você voltar daquele jeito.* – pesquisar suspira de olhos fechados, se aproveitando por termos parado em um sinal vermelho.

Não aconteceu nada enquanto comprava as coisas.* – ele me olha pelo retrovisor – Eu já estava voltando, há poucos centímetros do carro e acabei me distraindo.* – ele desvia o olhar, parece um pouco envergonhado – Quando eu parei de xeretar e voltei a andar, eu a vi do outro lado da rua.*

Quem?*

A senhora Dodds.* – a garrafa de água para a meio caminho da minha boca.

– A benevolente?* – pergunto espantada – E depois de todos esses anos ela ainda está viva?*

Ao que parece sim, e para espanto, ou estudo da Nasa, não mudou nada. Para que você tenha uma ideia, até a jaqueta de couro ela estava usando.*

Deuses.* – gemo sentindo um calafrio subir a espinha.

Pois é.* – é a única coisa que respondi voltando a dirigir.

O resto do caminho até o meu apartamento é silencioso, com persiana no banco da frente concentrado no trânsito e eu no no banco de trás concentrada no joguinho de stele.

– Você não precisa me deixar na garagem. – comento notando Perseu a fazer a última curva antes de entrar na minha rua.

– Tem certeza? Eu posso…

– Jackson, me deixa na frente do prédio.

– Okay…

Ele estaciona na calçada de frente à portaria.

– Tchau meu amor.– me despeço de Estelle com a porta já aberta– Jackson, amanhã no mesmo horário.– aviso e ponho os pés para fora do carro.

– Tia Annie, espera. – Estelle segura a manga do meu sobretudo.

– Qual o problema Telle?

– Deixa eu ficar, por favor. – mordo o lábio inferior.

– Meu amor eu não sei se…

– Por favor tia Annie a gente nunca mais fez noite de filmes. – solto um suspiro após passar a mão no rosto.

– Tudo bem, mas apenas, e apenas, se sua mãe deixar.  – afirmo abrindo a bolsa para pegar o celular, no entanto a voz de Perseu me para.

– Não precisa, ela não vai te entender, mas pode ficar com a Estelle sem problemas.

– Como pode ter certeza? – pergunto lhe direcionando o olhar.

– Houve uma infiltração na doceria, ela só vai chegar em casa lá para às 22h00, e como meu pai tá ajudando ela com essas coisas, a Estelle ia ficar comigo.

– Okay... então eu fico com ela e, como ainda é quinta-feira, lá para às 22h00, 22h30 você vem buscá-la.

– Por mim tudo bem.

– Eba! – ela exclama batendo palmas, rio de seu gesto enquanto desato o seu cinto.

– Tá, se despede do Cabeça de algas para irmos embora. – digo, já do lado de fora do carro.

Ela se posiciona para a frente abraçando o pescoço de Perseu e beijando-o na bochecha logo em seguida.

– Tchau Percy.

– Tchau Telle, e vê se, se comporta hein.

– Eu não sou você. – ela retruca com os braços cruzados e uma carranca assim que desce do carro.

– Ei peixinho. – ele chama quando estou prestes a fechar a porta – Te amo.

Estelle aperta as bochechas fazendo um bico espremido se formar em seus lábios, em seguida começa a mexe-los como se estivesse dando beijinhos de peixe.

Fecho a porta quando ela termina e subimos.

– E então, o que vai ser? – pergunto deixando minhas bolsas na mesa de centro – Nós temos Atlantis, Mulan e Anastasia, ainda para assistir. 

–Os três! – Ela se joga no sofá com mochila e tudo.

– Tudo bem, mas só porque tô de bom humor. Agora vai indo tomar banho que eu vou arrumar as coisas aqui.

– De banheira? – pergunta se levantando com um sorriso.

– Não, de chuveiro.

– Mas por quê? – pergunta com manha.

– Porque da última vez que a mocinha tomou banho de banheira, se tornou uma sereia, molhou todo o meu banheiro e me ensopou. Agora vai Estelle, ou eu juro que não faço aquela pipoca que você gosta.

Estelle solta um som exasperado e em seguida corre para meu quarto. Rio largando meu sobretudo no sofá e indo para a cozinha. Nela prendo o cabelo em um rabo-de-cavalo, separo o que vou precisar, dobro as mangas da blusa e lavo as mãos, entretanto, antes que ligue o fogo ouço a campainha. Atendo a porta dando de cara com uma ruiva enfurecida.

Abro os braços em um convite silencioso. Ariana aperta minhas costelas afundando o rosto no meu ombro. Afago o seu cabelo antes de nos separar.

– Qual o problema Ari? – pergunto, dando espaço para que ela entre.

– Eu tô com tanta raiva, enfurecida, emputecida e embucetada. – seu tom é baixo, mas cansado. Como se ela soubesse que estou com Estelle.

– O que aconteceu?– pergunto trancando a porta e notando a mochila vermelha de bolinhas pretas as suas costas – E qual é a da joaninha?

– Encontrei o Percy quando tava entrando no prédio, ele pediu para entregar, disse que era da irmã.

– Ok, e o motivo da raiva? – pergunto nos conduzindo a cozinha.

– Virgil descobriu que eu Tay somos casados desde os 18.

– O quê? – no mesmo momento paro de despejar o açúcar na panela – Me explica direito essa história.

– Eu e Taylor estávamos no apartamento, estávamos vendo o vídeo e as fotos do nosso casamento. – ela para passando as mãos no rosto – Virgil apareceu de surpresa, pensamos que fosse Vanessa, na hora Taylor tirou o vídeo da TV, mas o idiota do meu irmão acabou vendo o álbum. Nós três começamos a discutir, eu fiquei com raiva, Virgil queria bater no Taylor, eu queria bater no Virgil e no Taylor, cada um tentando se sobrepor aos outros, eu ia acabar quebrando alguma coisa na cabeça deles, então eu peguei a moto e vim para cá.

– Minha nossa. – é a única coisa que me sinto capacitada a falar.

– É, nem me fala.– ela põe o rosto entre as mãos na bancada – Será que eu posso ficar aqui até amanhã, ou pelo menos, até a poeira baixar?

– É claro que sim, você não precisa nem perguntar uma coisa dessas. Eu só não posso te oferecer álcool.

– Tudo bem.– Ela ri se levantando – Agora o que me diz de deixar eu te ajudar?

– Não precisa, eu vou fazer pipoca caramelada.

– E se eu ir adiantando o jantar?

– Ah, aí eu digo que  você é o amor da minha vida.

– É, eu sei que sou perfeita. – se gaba ela.

– Tia Annie! – ouvimos o grito do corredor e, logo em seguida, um serzinho de 1 m e 10 e em roupão de banho, surgir dele – eu não tenho rou…

Logo que Estelle põe os olhos em Ariana ela para, parece hipnotizada.

– Você deve ser a Estela, acertei?

– Como sabe? – Pergunta a menina com olhos arregalados.

– É porque eu sou uma fada, sei de tudo.

– Uma fada? Qual?

Ariana tira o casaco acolchoado revelando o vestido verde.

– De qual você acha que eu sou?

– Uma fada artesã! – exclama minha sobrinha admirada.

– Exatamente pequena.

– Mas o que faz aqui? – com sorriso Ariana inclina o corpo para aproximar mais seu rosto do de Estelle.

– É que meu pozinho mágico acabou, então eu vim na fada mais próxima para pegar mais.

–  Mas só tem a tia Annie aqui.

– E com quem acha que eu vim pegar?

– A tia Annie é uma fada do pozinho?

– Exatamente, mas shhhh. – Ariana põe o indicador nos próprios lábios pedindo silêncio – Você não pode contar para ninguém OK, isso será nosso segredo. Nosso segredo de fadas. – Estelle acena com a cabeça freneticamente – Perfeito, agora o que me diz de me ajudar a fazer o jantar?

– Sim, sim, sim!  – exclama alegre.

– Magnífico.

Ariana pega o avental e, junto a sua mais nova admiradora barra ajudante, começa a pegar os legumes na geladeira.

– Mas antes, a mocinha não está esquecendo de nada não?

Estelle parece confusa, mostro a mochila de joaninha com sua roupa.

– Vá se vestir, e depois pode vir ajudar.

Estelle pega a mochila e, como um foguete, desaparece no corredor.

– Tá vendo o que você fez. – acuso apontando a colher de silicone para a ruiva.

– Deixa a criança. – é tudo que responde com um sorriso, começando a lavar uma cenoura. Reviro os olhos voltando a mexer o milho com açúcar.

– Mas tia Ari. – Estelle chama sentando no sofá.

Assim como ela, já me encontro banhada e no meu pijama, a pipoca já está pronta, em minha mesinha de centro, o filme já vai começar e o bife com legumes já está no forno.

– Por que vocês não são pequenininhas e falam em língua de fada, parecendo um sino, igual a Tinker Bell?

Ariana pega o pote da pipoca e senta do lado esquerdo de Estelle, fazendo com que ela fique entre nós.

– Porque – ela começa pondo o pote de pipoca no colo de Estelle – nós não estamos no mundo das fadas, estamos no mundo dos humanos e para parecermos humanas, nós ficamos grandes e falando na língua deles.

– Ohhh. – os lábios de Estelle se abrem formando um prefeito O, Ariana se aproveita disso e põe uma pipoca na boca dela.

– Agora preguntas só mais tarde que o filme já vai começar.

Com quase uma hora de filme, o timer de tomate na mesinha de centro começa a tilintar. Levanto do sofá pegando o balde de pipoca – que, misteriosamente, se encontra vazio há quase uma hora – e com preguiça caminho rumo a cozinha.

– ANNIE, QUER AJUDA!? – ouço a ruiva gritar da sala.

– NÃO PRECISA SÓ VOU TIRAR A PANELA DO FORNO! – respondo pegando a luva térmica e o pano de prato na pia.

– OK!

Abro o forno sentindo o cheiro da carne assada. Pego a panela e ponho-a no balcão sobre o descanso de silicone. Abro a geladeira vendo as minha possibilidades e acabo por achar algumas laranjas. Pego o espremedor para fazer o suco, com tudo pronto deixo a jarra na geladeira e volto para meu lugar no sofá. Sento bem a tempo de ver a batalha de"aviões".

Assisto o resto do filme com as meninas e logo que os créditos conheçam a subir nos conduzo a cozinha.

– Então, se eu comer tudo, a gente vai poder assistir os dois filmes de uma vez? Mesmo se o Percy vim me buscar, eu vou embora só quando terminar? – Estelle pergunta se sentando a mesa da cozinha.

– Exatamente docinho. – Ariana responde tomando seu lugar, solto uma risada, que acaba chamando sua atenção – Qual a graça filha do Kaos?

– Primeiro, é filha de Atena, a deusa, não Kaos, o titã. E segundo, ela não é só um Jackson, é a irmã mais nova de Perseu, a versão menor daquele buraco sem fundo, você acabou de fazer um trato com ela pedindo algo que ele ia fazer de qualquer jeito. Qual é Ari, isso é engraçado.

– Tanto faz, eu só não tinha a info… – antes que termine, um telefone que só pode ser o seu começa a tocar – O que você quer Virgil?* – atende de "cara amarrada" – Não que seja da sua conta, mas tem uma criança aqui comigo e não quero que ela entenda caso comece a te xingar … você não faz nem ideia, sua sorte é que ela é um doce e eu não quero gritar na frente dela.* – Ariana fecha os olhos e suspira, parece contar para realmente não soltar o vozeirão – Só diz logo porque me ligou, que eu quero comer… Hum… uhum…  ah é? Você é um babaca, idiota, degenerado, que acredita que, só porque sou mais nova que você e, ainda por cima, mulher, tem o direito de mandar e desmandar na minha vida, vai tomar no seu cu, eu tenho vinte e cinco anos, sou formada, tenho meu emprego garantido e em menos de seis meses vou me casar, nada de Ariana, agora você vai me ouvir, você não tem direito algum sobre minha vida, muito menos porque tem 32 anos, a mamãe e o papai nunca, tá me ouvindo? Nunca, se meteram na minha vida como você fez, nem agora, nem quando era mais nova. Então vê se cresce tá legal Virgil… Adeus.*

Ela larga o telefone sobre a mesa e respira fundo passando a mão no cabelo.

– O que ele disse?

– Que o Taylor conseguiu explicar que ele tinha entendido tudo errado e que aquilo foi só um tipo de brincadeira de criança, mas o que me deixou irritada, não, irritada não, mas decepcionada, foi o modo como ele agiu quando viu as fotos, sabe Anna, caramba ele disse coisas horríveis sobre como aquela atitude havia sido infantil e que eu mal tinha saído das fraldas para, não só querer, mas casar de verdade, que eu não tinha nem terminado o colegial para fazer aquilo com a minha vida. Como se eu fosse uma criança que não sabe nada da vida, meu Deus, quantas pessoas não casam com 18 ou até mesmo menos e estão bem hoje.

Algumas lágrimas descem e Ariana às limpa rapidamente com um guardanapo.

– Sinto muito, deve ter sido terrível. – é a única coisa que consigo dizer enquanto seguro sua mão livre sobre a mesa.

– Não fica assim tia Ari, a mamãe disse que meninos são bobos e que isso só melhora quando chegam na idade do papai, e olhe lá. – Estelle levanta da cadeira indo até a ruiva, em seguida abraça sua cintura e continua – Se quiser pode pegar meu golfinho, ele é muito legal e vai te fazer se sentir melhor, foi o Percy que me deu.

– Oh, não precisa meu anjo. – ela beija o topo da cabeça da menina – É só que, às vezes, nós meninas ficamos um pouco sentimental, e acabamos chorando muito e por tudo, mas tá tudo bem.

– Aqueles dias? – pergunto.

– Aqueles dias. – ela confirmar.

– Você tá de MTP?

Estelle parece um misto de surpresa e confusão, o que só influencia mais ainda a risada que surge em nós duas e consequentemente deixa o clima mais leve.

– Tudo bem. – decreto tirando a tampa da panela de carne – Hora de comer, porque eu estou com fome e ainda temos Anastasia e Mulan para assistir.

– Sim! – Estelle e Ariana gritam ao mesmo tempo com punhos cerrados para cima.

 já estamos assistindo Mulan, o último filme da noite e o exército de Shan-yu luta contra avalanche causada pela chinesa. Assim como as meninas estão concentrados no filme quase não ouço a campainha, eu disse quase. Olho o relógio do celular, o bendito marca 21h58, não pode ser o Jackson, faz uma meia hora que eu avisei para ele vir apenas às 22h30. Calço minhas pantufas e vou atender a porta.

Pelo olho mágico veja um cara, ele está de costas então não vejo muito, mas ele é alto e seu cabelo é um tom de castanho claro.

– Posso ajudá-lo? – pergunte chamando sua atenção, ele se vira e logo reconheço o seu traços – Virgil.

– Como você?...

– Eu vou ser direta com você, meu nome é Annabeth, mas você já sabe disso, sou amiga da Ariana e você também já sabe disso. Eu não sei se chegou aqui por que o Taylor te deu meu endereço ou se  porque fuçou nas coisas dela, para o seu bem espero muito que tenha sido a primeira opção. Sim ela está aqui, e está bem magoada com você. Imagino que esteja querendo se desculpar com ela pelo modo infantil e idiota com que agiu, o que venhamos e convenhamos, foi ridículo. Então ouça bem o que vai acontecer. Eu vou permitir que entre na minha casa, porém, se você vai ficar depende apenas dela, se ela disser que quer conversar tudo bem, mas se não e, não tiro a razão dela, eu não medirei esforços para te pôr para fora e não vou me importar de usar a violência.

– Você é um robô ou algo assim?

– Não, apenas tenho um cérebro e sou amiga da sua irmã.

Respondo, deixando que ele entre.

– Ari. – ele chama a atenção da ruiva assim que pisamos na sala.

– O que faz aqui Virgil?*

Eu só quero conversar, tentar resolver as coisas, por favor Nat.*

Não me chama de Nat como se estivesse tudo bem.*

Por favor.* – olho-o de braços cruzados, ele sabe que se receber um não agora não ficará muito mais tempo aqui.

– Tudo bem.* – solta com um suspiro.

– Se quiserem podem ficar a vontade no meu escritório. – aviso sentando ao lado de Estelle no sofá.

– Não precisa Annie, a gente vai ficar no corredor mesmo.

Ela se levanta indo para a entrada da casa e levando o irmão junto. Meus olhos estão na televisão, mas minha atenção real está neles. Sei como é errado ouvir a conversa dos outros, mas Ariana é minha amiga e quero estar atenta caso seja necessária minha intervenção.

Como você chegou aqui?* – sua voz soa ríspida e não é para menos.

–  Taylor me deu o endereço, disse que se estivesse em algum lugar esse seria o último em que pensaria. Olha eu sei que eu fui o maior idiota da face da terra e estou sim me sentindo horrível  por isso, mas eu não sabia como agir.*

E você acha que me atacar verbalmente é a solução?*

Não, não, claro que não. Me desculpa.* – ele p parece desesperado – Só me ouve, por favor.* – ela não responde, mas acho que conformou de alguma forma, considerando que ele volta a falar – Olha sei eu como fui um idiota, eu estava com raiva, assustado, falei coisas sem pensar nas consequências ou em o quanto te machucaria, e eu me odeio por isso, acredite eu queria poder voltar no tempo e desfazer essa merda. Eu to tão assustado Ari.  Meu Deus, até ontem você era minha Cerejinha, a menina que eu pegava na escola e levava na cacunda, que eu jurei proteger junto com os gêmeos. Quando eu vi aquelas fotos eu surtei. Como você mesmo disse, já não é mais uma menininha, é adulta, com diploma, carreira, casa e até um noivo.*

Você precisa entender Virgil, o tempo passa, eu não sou mais a mesma de dez, vinte anos atrás, eu tenho uma vida, a minha vida, para fazer o que bem entender, principalmente para quebrar a cara e dar a volta por cima. Mas só porque eu amadureci, não quer dizer que não te ame mais, você e os gêmeos serão sempre meus irmãos e eu vou sempre amá-los, mesmo que agora eles sejam adolescentes insuportáveis e eu queira matá-los na maior parte do tempo.*

Eu sei, sinto muito mesmo, entendo meu erro e juro que estou resolvendo isso com o doutor Golan, mas ainda é difícil.*

Acho bom mesmo que esteja se esforçando, eu não gosto de brigar com você é sabe disso.*

Então estamos bem?*

Só se você jurar não fazer mais isso.*

– Prometo não surtar e ameaçar pegar minhas facas para fazer do seu namorado de alvo humano.*

Primeiro, é noivo e segundo, você pode até tentar mas o Taylor é bem rápido.*

Tá bom, vem cá pequena. Eu te amo tá.*

Tá, eu também te amo, mas se fizer uma coisa dessas de novo te encho de porrada, e você sabe que não é um blefe.*

Tudo bem, mas e aí, vamo pra casa?*

– O que? Não, tá doido? Tá na melhor parte do filme e eu não saio daqui até ver a vovó Fa dizer para convocarem ela para a guerra.*

Ouço a risada do maior e logo em seguida o som de seus passos se aproximando.

– Tem lugar para mais um? – Virgil pergunta meio sem jeito.

– Claro. – respondo e dou dois tapas na poltrona ao lado do sofá.

Você sabia que é falta de educação ouvir a conversa alheia?* – Ariana comenta voltando a seu lugar à direita de Estelle.

– Sim e sinto muito, não foi por mal, eu só estava preocupada.* – respondo e vejo o queixo de Virgil cair.

– Tudo bem, eu te conheço, sei que foi com boa intenção.*

Espera, ela fala português?* – ele se direciona a mim – Você fala português?*

– Sim e fluentemente.*

– Nossa.

– Pois é, agora cala a boca que é Mulan.

Decreto voltando a prestar atenção no filme.

– Sei, ela traz para casa uma espada. Deveria ter trazido um homem . Mara… – Vovó Fa começa a resmungar.

– Com licença. – General Shang aparece deixando ela e a nora pasmas – Essa é a casa de  fa Mulan? – em choque elas apontam a direção.

– Uh, me convoquem na próxima guerra. – ela diz enquanto ele se afasta e Ariana levanta avisando que vai ao banheiro.

–Annabeth?

A voz de Perseu tira minha atenção do filme.

– Percy! – Estelle pula do sofá para abraçá-lo.

– Oi peixinho. – cumprimenta com um sorriso doce e levantando-se.

– Como?…

– Eu toquei a campainha e bati na porta, mas você não me ouviu, ou apenas ignorou. Então decidi entrar. – responde apontando para o corredor as suas costas.

– Como?…

Ele tira um molho de chaves do bolso da calça, que logo reconheço como sendo os de Lia.

– Ah, claro, eu tinha me esquecido disso.

– Eu tô atrapalhando alguma coisa? – pergunta de cenho franzido após olhar eu, Estelle e Virgil.

– Não. – respondo de modo simplista.

– Okay… – ele se direciona a Virgil – Como eu sei que ela não vai nos apresentar. Prazer Percy Jackson, sou irmão da Estelle.

Virgil se levanta e aperta a mão que o filho de Poseidon lhe estende.

– Virgil Peterson, irmão da Ariana.

– Uou, então você é o cara que a deixou fula da vida.

– Infelizmente, mas já fizemos as pazes e ela me perdoou.

– Legal.

 Neste momento Ariana surge no corredor.

– Percy, olá de novo. – comenta com sorriso ao que ele a recebe de braços abertos.

– Você fica bem, sem todo aquele vermelho. – Perseu comenta apontando para o próprio rosto. Ariana solta uma risada.

– É, eu tenho que concordar. Acho que me cai melhor no cabelo, roupas e boca.

 Ele apenas confirma com um sorriso, os créditos começam a subir na tela e a música toma conta.

– Bom, acho que já está na hora de irmos embora, não é mesmo Telle? – Ele olha para baixo se dirigindo a garota agarrada a sua perna.

– Tá bom, mas espera. – Estelle abraça  a ruiva – Tchau tia Ari.

– Orrevua monamour.

– Tchau tia Annie. – se despede abraçada a meu pescoço, seu rosto entre  meus fios.

– Tchau querida, e eu juro que vou fazer uma nova lista para nós. 

Estelle não responde, apenas levanta o mindinho. Sorrio e faço o mesmo entrelaçando nossos dedos. A menina se afasta e fica de frente para Virgil, em seguida estende a mão para ele se despedindo.

– Tchau moço.

– Tchau menina.

Responde devolvendo o comprimento, no entanto ao invés de se afastar, Estelle puxa sua mão para baixo e ameaça com uma carranca que, venhamos e convenhamos, é bem mais fofa do que assustadora.

– Se magoar a tia Ari de novo, te faço engolir o bolo especial da mamãe.

– Tudo bem. – ele responde sério, mas é notável que se segura para não rir.

 ela confirma com a cabeça e volta a ficar ao lado de Perseu.

– Tudo pronto agora? E onde estão suas coisas? – pergunta levantando-a nos braços.

– Tão no meu quarto, espera que eu já volto. – levanto indo em direção ao cômodo – Aqui. – entrego as mochilas para Perseu já na porta da entrada.

– Até amanhã.

– Não se atrase.

– Você sabe que não vou.

Perseu começa a se afastar e, assim que some da minha vista, Ariana aparece ao meu lado.

– Acho que tá na nossa hora também, eu tenho que trabalhar, você tem que trabalhar e ambas temos que dormir. – sorrio abraçando-a em despedida.

– Tá, mas apareça mais. – comento ao nos afastarmos

– Claro que sim, você me deve uma noite de meninas, você Thalia aliás.

– Com certeza. – respondo sorrindo.

– Foi um prazer conhecê-la, Annabeth. – Virgil se despede com um aperto de mão.

– Digo mesmo, mas faço minhas as palavras de Estelle, se magoar a Ariana de novo, enfio o bolo especial na sua garganta.

– E por que um bolinho me daria medo?

– Eu é que não vou contar, e estragar a surpresa.

– Tudo bem então, tchau senhorita Chase.

– Até mais senhor Peterson.

Ariana começa a se afastar abraçada a seu irmão e eu entro em casa.

– É sério, você deveria ter visto a cara do Nico, eu vi ele, literalmente, tremer na base.

– Nossa Lia que legal. – Murmuro terminando de amarrar o cadarço do sapato, porque sei que, se não responder, ela pensará que parei de prestar atenção.

– Ai Zeus, eu nunca vi o Nico tão branco, por sorte deu tudo certo. – continua ela a narrar suas aventuras da madrugada.

– Que legal, Lia.

– Ô Chase, tem certeza que você tá prestando atenção?

– Sim Thalia, mas eu também tô me arrumando para ir trabalhar.

– Eu liguei em uma hora ruim?

– Você sabe que nunca liga em uma hora ruim, eu só não tô podendo responder muito, mas tô ouvindo. – respondo levantando da chaise.

– Tudo bem, mas agora quem não pode falar sou eu, Nico está me chamando.

– Okay, beijo, se cuida e não esquece, amanhã antes de entrar no avião me liga.

– Tudo bem, e você também se cuida, beijo. – responde e desliga.

Guardo o celular no bolso da calça e dou uma última conferida na roupa e até que não está mal, essa bata branca é bem soltinha então vai ser bem viável quando a barriga começar a crescer. Na cozinha, enquanto o pão tá na torradeira, vou fritando os ovos, Ártemis disse que seria melhor maneirar no café.

– Mas eu bebo tão pouco que não deve ter problema.

Murmuro desligando o fogo. Passo tudo para um prato e fico apenas esperando o café e as torradas ficarem prontas, a geleia já está no balcão e eu estou cogitando devorar tudo de uma vez se aquele pão não pular para fora, no próximo meio segun… Sequer termino o raciocínio e meu desejo se concretiza. Ah se as coisas fossem tão fáceis.

Nego com a cabeça e pego as duas fatias deixando-as no mesmo prato dos ovos. A cafeteira parou então me aproveito disso e encho logo a xícara, deposito tudo sobre o balcão, mas antes de comer lembro dos comprimidos que Artemis indicou. Vou na sala e os tiro de dentro da bolsa, pego um de cada voltando para cozinha. 

Com a última mordida no pão com geleia ouço o celular apitar com um alerta da HB. Sinto o sorriso apenas crescer com a mensagem, Eu sabia. Bem mais animada levanto para escovar os dentes. Termino de enxaguar a boca e vou para a sala, como sempre, quero dar uma última olhada na bolsa para ter certeza de que está tudo certo. 

– Chase. – atendo distraída ao que o celular começa tocar sobre a mesinha de centro.

Já tô na esquina. – ouço a voz do Jackson soar no fone do aparelho.

– Tudo bem. – respondo e desligo já imaginado seu revirar de olhos.

Pego meu sobretudo no braço do sofá e saio trancando a porta. Cumprimento Brian rapidamente no lobby do prédio antes de sair para o gélido frio do outono nova iorquino. O carro de Perseu já se encontra estacionado de frente para a calçada, caminho com rapidez até ele, porém, ao puxar a maçaneta, a porta não abre. Respiro fundo e bato na janela.

– Sim? – indaga o idiota com um sorriso ao descer o vidro.

– Será que dá para você destravar a porcaria do carro?

– Claro, é só você dizer a palavrinha mágica e me chamar de Percy.

– Perseu, se você não abrir essa porra eu vou arrancar suas bolas fora com uma faca de serra e sem anestesia.

– Quanta agressividade Anna, vamos lá, eu sei que você consegue, começa com por e termina com favor.

– Abre logo essa droga ou faço uma chamada compartilhada com Sally, Atena e Thalia.

– Quanta agressividade para uma bela manhã de sexta. – ouço-o resmungar pouco antes de ouvir o click de destravação.

– Estou pouco me lixando. – respondo já dentro do carro e atacando o cinto.

O começo do trajeto é lento e silencioso,  por incrível que pareça Lia não ligou até agora. Estou checando meu novo cronograma para o dia de hoje no celular quando ouço a voz do Jackson.

– Você soube?

– Fui eu quem requeri a investigação e pedi para ser a primeira a ser informada quando achassem algo.

– Por quê?

– Você não notou que tinha algo de estranho com ela? Era sempre tão vaga quanto a si, mas parecia muito atenta a tudo, sem contar que em momento algum eu a vi acompanhada, até Nina tinha seu par, você só não notou que era um dos homens casados de outro círculo de conversa.

– Meus deuses, mas você não disse que foi ela que te contou sobre o convidado importante?

– Santa sabedoria de Atena, presta mais atenção Perseu, ela apenas repassou a notícia, soltou uma informação para poder conseguir outra. Eu senti que tinha algo errado e, para a grande surpresa de absolutamente ninguém, minha intuição não falhou.

– Devo tirar meu chapéu para você senhorita Chase.

É a última coisa que diz e volta a prestar total atenção no tráfego. Chegamos a Half Blood em pouco tempo, assim que descemos no nosso andar fico de frente para o Balcão de Helena.

– Bom dia gente.

– Bom dia Helen. – respondemos ao mesmo tempo, mas estou focada demais para reclamar – Ela já chegou? – pergunto praticamente me jogando no tampo de madeira.

– Está aguardando vocês na sala de interrogatório no 5° andar.

– Oh, obrigada, você é um anjo na minha vida.

– Você sabe que não foi nada Annie. – solto um beijo no ar para ela e começo a me afastar, entretanto sua voz me para – Não se esqueça disso. – avisa pondo uma caixinha de veludo preto sobre o móvel.

– Claro que não.

Afirmo pegando-a, aviso Perseu para guardar suas coisas e nos encontramos na frente do elevador, ele confirma e seguimos nossos caminhos. Até chegarmos ao 5° andar uma eternidade parece ter se passado, não sei se porque o bendito demorou mesmo ou porque me encontro um poço de ansiedade. Paro de frente a porta, já com o relatório sobre ela em mãos, antes de adentrar a sala com calma, assim como Helena disse, ela já se encontra a nossa espera. Sua roupa é igual a de qualquer outra detenta, um conjunto cinza de calça e blusa de manga, junto a sapatilhas brancas.

– Alice Scott? – chamo sua atenção fazendo com que ela nos olhe, parece uma mistura de surpresa e confusão – Ou eu deveria dizer, Janice Snow?

– Katrina, Ivan? Que lugar é esse? O que está acontecendo? Por que eu estou aqui?

– Primeiro, é Annabeth Chase e Perseu Jackson, mas obrigada, soube que ela é muito bela e perspicaz. Segundo, aqui é a da half-blood, sede da agência responsável pela captura do último domingo e o que acontece é que nós sabemos que você não é a mercenária que fez todos acreditarem, e sim uma agente disfarçada e infiltrada  do FBI.

Sento à mesa na cadeira de aço da esquerda, Perseu segue o movimento sentando na da direita. Então folheado o próprio arquivo ele começa:

– Você deu um belo trabalho para nossos amigos. Queimar as digitais, apagar registros online, encobrir o rastro,  basicamente matar a Jenice Snow.

– O nosso pessoal  quase desistiu, mas eles sabem que o certo é certo, e não seria certo te deixar mofando lá, não é mesmo.

Comento de braços cruzados. Ela parece resignada, nos avalia, mas não a julgo, eu faria o mesmo na situação dela. Ponho a caixa de veludo preto sobre a mesa e abro, mostrando o anel. Seus olhos rapidamente capturam a "joia" antes de perguntar:

– O que vocês querem de mim?

– Nada demais, apenas que responda nossas perguntas e nos diga o que conseguiu durante o tempo que esteve lá, soubemos que foi a primeira a chegar, ainda na quinta a noite. – Respondo, ela semicerra os olhos para mim.

– E se eu me recusar?

– Te deixamos ir, tem uma equipe já pronta para lhe fornecer tudo que precisar, roupas, dinheiro, transporte e um formulário assinado que, basicamente, justifica os dias em que não compareceu. – Perseu responde fechando a pasta e eu logo adiciono:

– Se assim desejar, mas Janice, você sabe que aquelas pessoas não eram boas, nós fizemos um bom trabalho, lutamos todos os dias por justiça e você também, então por favor, nos ajude a manter os inocentes a salvo.

– Tudo bem, mas qual é a do anel?

– Apenas protocolo, se quiser posso pô-lo para demonstrar que não há perigo.

Digo retirando o anel da caixa. Mas ela me para, segura minhas mãos e toma o anel.

– Não há necessidade. – informa pondo-o no dedo médio – Mas acredito que seja melhor que se abasteçam com papel e caneta.

– Não se preocupe com isso. – Perseu tira o gravador acoplado na parte de baixo do tampo da mesa e deixa-o sobre ela, já gravando tudo – estamos muito bem abastecidos com fita, ou seja, não precisa se preocupar com quanto deve falar.

– Vocês são cheios de surpresas, mas okay. Tudo começou quando…

[…]

– Thalia e Nico voltam amanhã né?

Sua pergunta repentina me faz desviar o olhar da tela do celular para sua imagem de perfil.

– Sim, por que?

– Recebi a bandeira verde hoje, uns trinta minutos antes de sairmos.

– Uhmm. – volto minha atenção ao aparelho – Não precisa se preocupar Perseu, assim como ontem e anteontem, eu não vou sair nem nada do tipo, seu couro está salvo.

– Ohh – ele respira aliviado, o que chega a ser bem ridículo – Graças aos deuses. – ficamos mais um tempo em silêncio até que ele volte a falar – Então eu acho que é isso. – olho-o com a sobrancelha erguida – Chegamos Annabeth.

Informa e só agora noto que estamos de frente ao meu prédio, nego com a cabeça guardando o celular no bolso da frente do casaco. Pego minhas coisas no banco de trás e saio, todavia, com poucos passos a voz de Perseu me para. Olho-o com o cenho trazido. Será que esqueci algo no carro? Retrocedo alguns passos e assim que fico de frente a janela o Jackson profere:

– Minha mãe pediu para te agradecer.

– Por quê? Ela sabe que é sempre um prazer ficar com a Estelle.

– Na verdade, ela pediu para te agradecer por ter começado a incentivar minha irmã a aprender outras línguas.

– Mas eu não disse nada.

– Alguma coisa deve ter dito, ontem ela chegou em casa dizendo que queria aprender brasileiro.

– Deuses. – solto com uma risada – Mas ok, diga a ela que não foi nada e que é sempre um prazer ajudar.

– Ok, e eu vou voltar antes do dia 29.

– Adeus Perseu, e por favor, vê se não morre, vai ser um saco quando tiver que explicar a gravidez.

– Ok senhorita Chase.

É a última coisa que responde antes de ir embora. Fico um tempo olhando enquanto ele se distancia antes de entrar no prédio. Comprimento Brian e subo para meu apartamento, mas é um pouco estranho porque, durante o percurso no elevador, duas mulheres não muito mais velhas que eu, parecem me saber de algo que não sei.

Tento dar o que acredito ser um sorriso cordial e que provavelmente faz parecer que chupei um limão antes de sair para meu andar. Eu em, garotas estranhas.

Entro no apartamento e, basicamente, corro para o banheiro, tomo meu banho na velocidade da velocidade da luz. Ponho o mesmo pijama de ontem, blusão roxo e calça de estampa xadrez tartan. Tiro o notebook da bolsa, pego o celular e abro o bloco de notas com todas as novas idéias que tive no caminho de casa. Porém antes de abrir o aplicativo de designs do computador paro.

– Você não descansa nunca? – viro o rosto e tenho a visão perfeita da minha melhor amiga na soleira da porta – Quantas vezes eu vou precisar repetir que, você precisa para de trazer trabalho para casa.

– Acho que até eu finalmente entender. – respondo levantando. Thalia começa a se aproximar e eu a envolvo em um abraço – Eu estive tão preocupada. – revelo de olhos fechados.

– Por que? Você sabe que sou a melhor no que faço. – responde ao nos afastarmos, sorrio negando com a cabeça.

– Sim eu sei, mas isso não me impede de me preocupar. Mas, mudando de assunto, e aí como foi lá?

– Amor você não faz nem ideia, mas soube que recebeu visitas ontem também e que foi algo interessante, pode me contar tudo.

– Então acho que devemos preparar a pipoca antes de pôr o assunto em dia realmente.

Termino com um sorriso puxando sua mão para fora do quarto


Notas Finais




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