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História Just Another Way - Celebração


Escrita por: 4sevendevils

Capítulo 84 - Celebração


Fanfic / Fanfiction Just Another Way - Celebração

Meus pais estão voltando para Nova York agora no fim da tarde, depois de um mês em minha casa. Papai tem o restaurante para gerenciar e a minha mãe precisa tomar conta das coisas de minha fundação, então não podem ficar muito tempo longe sem se programar. Foi bom tê-los por perto esses dias, a casa estava sempre tão cheia que foi quase impossível sentir aquela sensação de solidão que vez ou outra aparece. Ter o apoio familiar nesses momentos difíceis da vida é imprescindível e eu tenho sorte por todo esse amor que eles me dão, mas eu confesso que chega uma hora que sufoca um pouco; principalmente a minha mãe. Ela tem esse excesso de cuidado comigo, como se eu ainda fosse uma criança assustada e talvez eu me comporte mesmo como uma em algumas situações.

Já o meu pai não tem tanta preocupação, é mais cautela. Ele confia em mim, sabe que eu consigo me virar bem, mas vira e mexe me pergunta se estou fumando, bebendo, como anda o meu estado emocional, como vai a minha carreira, o meu namoro, acho que são coisas de pai... Apenas Natali ficou aqui na cidade, ela e o namorado irão trabalhar comigo nos preparativos para a minha turnê. Ela desenhou as minhas roupas para o show e já está confeccionando-as; já Alex é um bom fotografo, Ruth e Andrea gostam das fotos que ele faz, então eu o coloquei em minha equipe.

Agora estamos nós duas à frente de meu portão, observando o carro de nossos pais tomar distância na estrada.

– Finalmente sozinhas! – Natali diz erguendo os braços – Mamãe disse para eu ficar de olho em você...

– Ah que ótimo – falo num tom irônico – Mais uma no meu pé.

– Estou brincando – ela ri – Não pretendo ficar aqui não... Alex alugou um apartamento no centro de Los Angeles, vou vir aqui somente para trabalhar.

– Por que não fica todo mundo aqui? Tem quarto suficiente para todo mundo, ainda mais depois que mamãe e papai esvaziaram um.

– Ah não... De jeito nenhum – ela me encara com uma expressão de deboche – Você tem sorte que mamãe tem sono pesado...

– Por que?

– Um dia desses... – Natali diz aos risos – Alex veio me trazer aqui em casa, já estava tarde, mas como eu estava sem sono eu sugeri para que sentássemos na varanda enquanto comíamos algo. Só que a janela do seu quarto estava aberta e nós ouvimos tudo que você e a Florence... Aquela gritaria toda.

– Está falando sério? – dou risada – Tinha mais alguém com vocês?

– Não, estávamos só nós dois. Mas ele ficou super sem graça...

– Nossa... Eu imagino – levo as mãos ao rosto envergonhada – Mas Nat, por favor não comenta isso com ninguém, muito menos com a Florence. Se ela souber disso, não vai mais querer encostar em mim aqui em casa.

– Obvio que não vou dizer – ela continua a rir – Mas fechem as janelas para abafar o som da próxima vez.

– Quem é que estava gritando? – indago-a – Era ela?

– E eu vou saber? Nós não fomos lá olhar.

– Deveria ser eu... – mordo o lábio – Ela não é muito escandalosa, mas é tão...

– Stefani eu não quero saber não – ela se afasta entrando de volta para casa – Definitivamente... Onde ela está? Não a vi desde cedo.

– Foi as compras – respondo-a – Ela pediu para decorar tudo aqui e eu deixei...

 

Daremos uma festa hoje, uma espécie de celebração à vida; era o que Sonja queria que fizéssemos... Que ouvíssemos as músicas que ela gostava, que bebêssemos o seu vinho favorito e fizéssemos um brinde a sua vida e é isso que vamos fazer. Convidei amigos mais próximos dela e os meus também, quero dividir esse momento com todos eles. Quando olho para trás e vejo tudo o que aconteceu na minha vida, do ano passado para cá, penso que tive tantos momentos felizes... Eu lancei um álbum bem sucedido, cantei no Super Bowl, gravei um filme em Hollywood e agora estou há poucos meses de entrar em uma turnê mundial. Isso é tão gratificante. Depois da turbulência pela qual minha carreira passou, encerrar o primeiro semestre do ano desse jeito era tudo o que eu precisava.

Por isso que Florence foi as compras. Tivemos a ideia no início da semana e decidimos que a festa seria domingo, para que ficasse bom para todos e desde então é só nisso que ela fala. Quis decorar a minha casa, me ajudou a convidar as pessoas, acho que ela gosta de festas, o que é algo peculiar, já que ela é tão tímida. Nos vimos todos os dias dessa semana. Ela costuma aparecer depois do jantar para que eu a ensine algumas coisas de piano, seu novo passatempo. Apesar de ter um pouco de ter dificuldade ela está se saindo bem; lhe falta um pouco de coordenação ainda, mas suas mãos são firmes e precisas então aos poucos ela está pegando jeito.

Às vezes eu enrolo durante as suas aulas, somente para que fique tarde e ela decida passar a noite. Gosto de chegar em casa e poder descansar ao lado dela, depois de um dia exaustivo de ensaios. Geralmente eu faço um drama, digo que estou mais cansada do que verdadeiramente estou, só para que Florence me mime. Ela nunca mede esforços, me faz massagens, me dá carinho... Menos quando está lendo, ou escrevendo algo, competir com seus livros é um verdadeiro desafio e algumas vezes eu chego a dormir esperando que ela termine a leitura.

            Sua viagem de volta já está agendada para daqui alguns dias, ela está pensando num projeto musical novo e quer conversar com o seu amigo produtor. Eu não vou mentir e dizer que não, porque se fosse para escolher por minha vontade, queria que ela ficasse aqui do meu lado, que trabalhasse em minha casa, como ela está fazendo com o livro; aqui tem tanto espaço e eu tenho certeza de que não seria problema para ninguém de minha equipe, mas eu jamais sugeriria isso para ela porque ela acharia absurdo e diria que não tem nenhum cabimento. E na verdade não tem mesmo. A vida dela é em Londres, é lá que ela mora, é lá que estão os familiares dela, eu não posso exigir nada, tenho que controlar a minha carência e respeitar as decisões dela, até porque nós já havíamos conversado sobre isso.

 

            Entro-me em casa com Natali e vou até a cozinha, onde Ashley está preparando algo sob o fogão.

 

            – Que cheiro bom! – reparo nas panelas – O que é isso?

            – Chocolate! Estou fazendo cupcakes – ela aponta para o forno – Usei a receita da Sonja, espero que preste.

            – Hm... – observo a massa crescer pelo vidro – Esse remédio que eu estou tomando, me causa uma vontade incontrolável de comer doce e tomar café...

            – Não me fale em café – ela fecha os olhos, cerrando-os – Estou tentando parar de fumar pela decima vez e quando eu ouço essa palavra “café”, me sobe aquele cheiro...

            – Eu te entendo! – olho para ela – Mas está fazendo isso por que? Por Isa?

            – Não, Isabella não liga para isso – ela sorri – Mas Sonja me fez prometer que tentaria de novo, e de novo e quantas vezes fosse preciso. 

           

            Somos interrompidas por Florence e Isa, que chegam animadas e cheias de sacolas em mãos. Ajudo-as, colocando as coisas em cima da mesa e dou uma olhada no que elas trouxeram.

            – Para que serve essas fitas?

            – Nós vamos colar no teto – Florence diz com empolgação – Isa vai me ajudar, você tem uma escada aqui?

            – Tenho – continuo olhando as sacolas e depois a encaro – Você comprou glitter, balões e... Confetes?

            – Estavam na promoção porque sobraram do feriado de 4 de julho – ela justifica – Não me olhe assim, você disse que eu poderia comprar o que eu quisesse.

            – Ela queria trazer fogos de artifícios – Isa entra na conversa aos risos – Eu que não deixei...

            – Meu Deus, para que tudo isso? – solto uma gargalhada alta – É só uma social para nossos amigos, Florence, nada de mais.

            – Eu sei! – ela coça a testa – Mas eu achei legal... Olha isso daqui, é um lança serpentina, abre para você ver o que acontece...

            – Na cozinha não! – Ashley a interrompe puxando o objeto de minha mão – Vão brincar com isso lá fora.

            – E isso na sua mão? – reparo no objto – O que é?  

– Ah isso é... Nada! Eu vou arrumar a sala! – Florence pega uma das sacolas – Você vem Isa?

           

            Isabella faz que sim com a cabeça e ela deixa a sala numa felicidade contagiante.

 

            – Eu não sabia que ela iria ficar tão feliz por conta de uma festa – olho para Isa – É sempre assim?

            – As vezes... – ela continua a rir – Digamos que ela gosta de uma bagunça de vez em quando. Uma vez demos uma festa na casa dela e um dos convidados trouxe a mangueira do jardim para dentro, acredita? Quando nós acordamos a sala estava completamente inundada. Até hoje eu não sei se foi alguém de fora ou se não foi ela mesma.

            – Definitivamente Florence não tem muito juízo – sorrio – Eu vou manter ela longe do jardim então... O que tem mais nessas sacolas?

            – Ah claro, eu já ia me esquecendo – ela puxa um pendrive do bolso – Todas as músicas que você pediu estão aí, eu fiz uma playlist.

            – Ótimo!

            – Nós passamos no mercado e trouxemos nachos e... – ela abre a caixa maior da sacola e diz num tom engraçados – Brownies especiais.

            – Não brinca? – observo-os – São de maconha?

            – Sim! – ela ri – Só tem que ter cuidado na hora de comer...

            – Sonja ia achar isso o maior barato – Ashley se apoia nos ombros de Isa e olha para mim – Você convidou o Andre?

            – Sim, eu chamei todo mundo: Andre, Mark, Michael, Kevin, o pessoal da equipe... Chamei até o Bradley, mas ele não deu certeza.

– Mariah vai trazer os petiscos e Bobby a bebida. 

– Ah, então eu vou tomar um banho... antes do pessoal chegar – digo a elas – Já volto!

 

Deixo a cozinha e vou para o meu quarto. Estranhamente Florence está lá, fuçando uma das gavetas de meu criado mudo. Aproximo-me e a indago: 

 

– Ué, você não ia decorar a sala? O que está fazendo aqui? 

– Nossa, que susto! – ela fecha a gaveta e se vira rapidamente – Eu vim deixar umas coisas que comprei...

– Que coisas? 

– Ai Stefani – ela ri – Papel, tinta, essas coisas...

– Ah – tiro a roupa – Eu vou me molhar, se alguém chegar você me avisa.

– Tudo bem! – ela me dá um beijo rápido na boca – Vou lá arrumar a sala. 

 

Eu a espero sair como quem não quer nada e mexo na mesma gaveta em que ela estava, mas não encontro nada de importante. Essa semana ela tem agido desse jeito esquisito, as vezes parece querer esconder alguma coisa, as vezes não me deixa ler o que ela escreve, acho que ela não gosta muito de compartilhar os poemas muito pessoais comigo e isso me deixa curiosa. Eu adoro ler as coisas que ela escreve, é tudo tão bonito e com uma sensibilidade tão grande que até impressiona quando ela os diz de maneira espontânea. Eu confesso que vez ou outra eu leio alguns escondidos, geralmente ela os guarda em um diário debaixo do travesseiro de seu lado da cama e eu acabo por não resistir e dou uma espiada quando posso. 

 

Tomo um banho rápido, me visto e ajeito os cabelos. Bobby trouxe alguns acessórios mais cedo, para que eu experimentasse, sento-me na penteadeira e observo as joias e óculos, colocando-os. Demoro para fazer a minha maquiagem e quando noto já são quase oito da noite. Dou uma última olhada no espelho e deixo o quarto com direção a sala. Do corredor já é possível ouvir a música que vem de lá de fora. Encontro algumas pessoas de minha equipe já sentadas no sofá, eu as cumprimento e reparo no cômodo. Florence mudou as cortinas, colocou balões coloridos em todos os cantos e prendeu as fitas no teto. Agora ela está olhando a mesa de petiscos num dos cantos da paredes e parece querer arrumar o lugar exato para cada um deles. Chego perto, abraçando-a por trás. 

 

– A decoração está linda! Você leva jeito para a coisa...

– Você acha? – ela ri e aponta – Olha só, Mariah trouxe uns docinhos, parecem bons, não?

– Parecem sim, você comeu algum?

– Não... Depois que nós estamos juntas, toda vez que eu venho para Los Angeles eu devo engordar uns 10 quilos.

– 10 quilos? – dou risada – Não seja exagerada, Florence. E vai dizer que você não gosta de um doce?

– Gosto! – ela pega um deles – Mas eu fico desacostumada, saio da minha rotina de vegetais e...

– Não seja tão neurótica, meu amor – lhe entrego um dos cupcakes – Precisa comer esse daqui, é uma receita da Sonja.

– Parece ótimo! – ela passa a língua nos lábios – Mas eu preciso trocar de roupa, olha só o meu estado...

 

De fato, Florence está toda suja de tinta e confete, sem falar nos pés, parece que ela caminhou o dia todo descalça pelo jardim, minha mãe ficaria louca se visse isso. Ela se afasta e eu decido ir lá fora, olhar a movimentação. Andre acaba de chegar, ele passa por mim, me cumprimenta e me mostra o que trouxe: duas garrafas de Pinot Grigio, o vinho que Sonja e eu costumávamos beber juntas. O lugar está bem iluminado e a maioria de minha equipe está ao redor da piscina. Há alguns balões e fitas em volta da mesa de som, onde Isabella alterna entre dances dos anos 80 e hits das Spice Girls, o que tira altas gargalhadas de Ashley que está sentada numa das cadeiras reclináveis.

 

 – Não sabia que você curtia esse tipo de música, Isa – dou risada, aproximando-me – Ashley queria ser a Ginger Spice, mas nunca conseguimos acertar a cor do cabelo.  

– Ela me contou essa história – Isa olha para mim – Eu nunca quis ser uma Spice...

– E quem você queria ser?

– Uma gangster! – ela ri – Tipo o 2pac, Snoop Dog, ou um dos Beastie Boys... Quando eu tinha 15 anos eu morava em Whitechapel, um bairro periférico de Londres e quase sempre eu fugia da escola para fumar maconha e ouvir hip-hop.

– Eu nunca imaginei – olho para ela com uma expressão de espanto – O que você faz com a Florence é totalmente diferente.

– É que naquela época era um estilo muito marginalizado – ela conta – Então quando eu comecei a me envolver com música procurei as bandas de rock da região porque era mais fácil e foi assim que eu a conheci, por amigos em comum e...

– E depois vem toda aquela história de Dog Days – complemento – Ela sempre me conta sobre isso, acho que ela ama essa música.

– É o nosso maior sucesso... – ela parece se orgulhar – Mas sabe que Florence também curte um hip-hop? Não sei se ela te disse, mas ela era apaixonada pelo Usher e nós já tocamos com o Drake.

– Disso eu não sabia – sorrio – Vocês têm um gosto interessante...  Mas eu estou curiosa para comer o...

 

– Stef, Bradley chegou – Ashley me avisa.

– Ok, estou indo!

 

Encontro Brad e Irina, sua mulher, próximo ao portão. Ele está despojado, mas ela muito elegante como sempre. Conversamos por algum tempo e eu mostro a ela algumas coisas de minha casa até que Florence volta e se junta a nós, próximo do jardim.

 

– Flo, essa é Irina Shayk – apresento-as – Esposa do Bradley. 

– Oi, é um prazer! – ela a cumprimenta – Você é linda... Eu adorei o seu vestido.

– É da Liberty London! – Irina a responde, passando a mão sobre o tecido – Mas o seu também é uma graça.   

– Ah esse não é de nenhuma marca importante, agora o seu... – Florence admira – Eu sou de Londres, mas acho que nunca passei por essa loja.

– Eles estão com uma coleção nova de lingerie – Irina diz puxando o celular da bolsa –Eu vou te mostrar.

 

As duas engatam uma conversa entusiasmada sobre lojas e roupas de marca, enquanto eu me afasto com Bradley e nos servimos com um copo de whisky. 

 

– Parece que as coisas melhoraram desde o último dia em que nos vimos – Bradley diz- Por telefone nós não tivemos tempo de conversar sobre, mas vocês resolveram tudo, não resolveram? 

– Naquele dia mesmo no hotel, eu não aguente – conto a ele – Você tinha razão... Ela é tão doce... Não consigo mais ficar sem.

– Não vale a pena, não é? – ele ri – Uma vez que a gente se apaixona já era.

– É verdade... Depois nós viajamos, quando você me ligou eu estava em San Luis, passamos uns dias lá e foi ótimo...  Mas e a edição do filme? – indago-o – Mark está para chegar, ele é um dos responsáveis por uma das letras e pela pré-produção, quero que você o conheça.

– "The Shallow"?

– Sim...

– Claro! Será um prazer!

 

Sirvo-me com mais um copo de whisky e peço licença ao Brad para falar com os outros convidados. Agora a casa está cheia e todos parecem muito bem acomodados tanto na sala quanto na área de lazer. Mariah trouxe o marido, Bobby o assessor de Bradley; acho que eles estão juntos porque não se desgrudam. Ashley também não desgruda de Isa; ela havia me contado que elas vinham tendo algumas desavenças sobre as questões do tipo de relacionamento que tem. As vezes eu me preocupo com isso, Ash é o tipo de pessoa que constrói raízes, enquanto Isabella parece mais agitada, gosta de viver um dia de cada vez... Só espero que ela não se magoe.

 

Kevin e Michael já chegaram e estão sentados próximo ao estúdio, caminho até eles, mas vejo Mark atravessar o portão e paro para espera-lo. Nós cumprimentamos e ele faz sinal para que os garotos nos acompanhem. É bom ter todos eles aqui de volta, me dá uma boa sensação de nostalgia quando recordo-me do dia em que gravamos Perfect Illusion. Convido-os para ir até a área de lazer e apresento Mark a Bradley, deixando-os falar sobre a trilha sonora de nosso filme. Eu reparo nas pessoas por um instante, todos parecem tão bem e felizes, se servem, dançam, bebem... Peço um minuto de atenção e decido dizer algumas palavras: 

 

– Eu sou muito grata por ter todos vocês aqui. Eu adoro ver a minha casa cheia... cheia de gente que eu amo, meus amigos, minha equipe. Sonja deve estar muito feliz nos olhando lá de cima. Ela havia pedido para que celebrássemos depois de sua partida, que nos bebêssemos de seu vinho favorito e agora eu proponho um brinde; a ela e a nós também! 

 

Todos levantam as taças e Andre me entrega uma das garrafas de pinot, oferecendo-me um gole. Eu tomo pouco, não estou podendo exagerar por causa dos remédios. Florence e Irina ainda conversam quando Bradley as interromper e vem até mim despedindo-se.

 

– Gaga, nós já vamos!

– Já? Por que? – pergunto-o – Fiquem mais um pouco, está cedo.

– Não para quem tem um bebê esperando em casa – Irina ergue as sobrancelhas – Só viemos dar uma passadinha, eu realmente preciso voltar.

– Ah vocês tem um bebê, Stefani me contou – Florence sorri para ela – Quantos meses?

– 7! Já passou daquela fase de chorar a todo instante, mas ainda mama no peito, sabe? Não posso ficar longe por muito tempo... Mas me passe o seu telefone, Florence, eu posso te mandar o endereço daquela loja.

– Claro, eu passo sim! 

 

Despeço-me de Bradley e os acompanho até o portão. Na volta me junto a Florence que está de frente a janela, olhando-se através do reflexo.

 

– O que você está fazendo? – viro o seu rosto e solto uma gargalhada – Está cheia de glitter... você bebeu alguma coisa? 

– Nao, eu não estou bebendo- ela continua a passar em volta do olho – Não posso beber essa noite.

– Por que? 

– Por que não! – ela ri – Depois eu te conto. 

– Você anda misteriosa demais...

– Eu? Não... É impressão sua, amor! – ela puxa a minha mão- Vem, vamos sentar com os meninos...  

 

Ela me leva até o sofá na área de lazer onde estão os outros. Assim que nos sentamos vemos Ash e Andre numa corrida desesperada até a piscina, Isabella corre atrás deles com um saco enorme de confete e despeja em suas cabeças, já dentro da água, de roupa e tudo. Ashley grita, pula nas costas de André e os três parecem se divertir pois não param de gargalhar sem nenhum motivo aparente. Florence acha a situação peculiar como eu, e pergunta aos gritos: 

 

– QUAL É O PROBLEMA DE VOCÊS? ESTÃO BEM?

– BROWNIES ESPECIAIS! – Andre a responde de maneira engraçada – Ainda tem na cozinha!

 

Ao ouvir, Mark não perde tempo e vai até o cômodo com Kevin. Florence se aproxima da piscina e se senta na beira, até que Isa a convence de entrar, de vestido mesmo. Eu fico por aqui, numa conversa sobre a turnê com Ruth e Andrea, que parecem as únicas sóbrias do lugar. Mark não demora muito, mas volta com uma expressão de desapontamento no rosto, ele se senta no chão ao lado de Michael e olha para mim, dizendo-me num tom triste:

 

– Poxa... Não tinha mais nenhum Brownie da felicidade na caixa.

– Como não tinha? – olho para ele – Impossível eles terem comido tudo, tinha bastante...

– Sei lá, vai ver os convidados comeram...

– Vamos fazer do jeito clássico então – sento-me no meio deles, acendo um cigarro de maconha, puxo um trago e o entrego – Você conversou com o Brad? O que achou dele?

– Parece um cara bacana – ele também traga – Por que eles foram embora tão cedo?

– Eles têm um filho, precisavam ir...

– Ah... Vida de casado – Mark balança a cabeça – É mesmo uma droga!

– Não seja dramático – Michael olha para ele –  Casamento deve ser legal, tem sexo todo dia, quantas vezes quiser.

– Sexo todo dia? – Mark se levanta soltando uma gargalhada alta e se senta no sofá da frente, ao lado de Mariah – O que menos se tem num casamento é sexo!

– Ainda mais depois dos filhos – Mariah complementa – Ai você não tem nem sexo e muito menos vida.

– Vocês me dão vontade de desistir do meu noivado – Michael os encara – Prefiro ser solteiro e continuar transando do que o contrário.

– Não pense assim – olho para ele – Sexo não é tão importante assim...

– Ah vai dizer que você não gosta?

– Claro que eu... Eu gosto sim, eu acho fundamental, mas...

– Parece que eu cheguei numa hora boa! – Bobby se senta num dos sofás com uma lata de cerveja em mãos – O assunto está quente.

– Estamos falando sobre frequência sexual! – Mark explica – Qual é a sua Bobby?

– Depende do meu estado de espirito, mas eu me considero um homem sexualmente ativo... No que diz respeito a frequência, para ser mais claro.

– No meu caso já faz muito tempo que eu me resolvo sozinha – Ruth entra na conversa – Ando traumatizada com os homens desde a minha última vez.

– Era pequeno? – Mark volta a rir – Desculpa, mas eu preciso saber se essa coisa de que tamanho é documento é real.

– Obvio que não é real! – olho para ele – Quando se sabe usar o que tem, tamanho não é documento nenhum.

– Mas Gaga você é suspeita a dizer isso – Andrea aponta para mim – O tamanho da mulher que você tem... Não deve ser brincadeira...

 

Minha irmã e meu cunhado surgem dos fundos e também se juntam a nós. Nat se senta ao lado de Andrea, com certa dificuldade, e acaba soltando o que eu menos queria:

 

– Olha, pelos gritos que eu escutei outro dia... não deve ser... brincadeira mesmo – ela ri dizendo de maneira embaraçosa – Quer mais traumatizante do que escutar a sua irmã trans...

– NATALI! – a repreendo – Por favor!

 

Todos ficam em silêncio e se seguram para não cair na gargalhada. Que situação constrangedora. Natali está rindo à toa, feito boba, parece alta demais e precisa da ajuda de Alex para não se estatelar no chão. Acho a cena esquisita, uma vez que ela não é de beber, ao menos não assim até cair. Quando todos voltam a conversar, eu me aproximo dos dois e a questiono.

 

– Nat, você ficou doida?

– Me desculpa – ela solta um riso – Eu não segurei.

 

E volta a rir, de maneira descontrolada.

 

– Jesus! Qual é o seu problema? – seguro o rosto dela e volto-me para Alex – Ela bebeu tanto assim?

– Não... Eu tenho certeza que não – ele parece confuso – Ela só tomou uma taça de vinho e depois fomos até a cozinha e ela comeu uns Brownies da caixa que...

– Ah meu Deus! – levo as mãos para o rosto – Ela comeu os Brownies? Quantos?

– Sei lá, uns três, por que?

– Eram de maconha – dou risada – Ela está muito mais do que chapada... Se a minha mãe sonhar com isso, ela me mata!

– Eu não fazia ideia! – ele a segura – Nat? Amor? Stef, ela vai ficar bem?

– Vai! Ela só não está acostumada, o efeito é muito mais forte quando a gente come... Mas ela só precisa dormir, vai passar...

– Eu não quero que passe – Natali arregala os olhos e cai no riso outra vez – Promete que não vai passar?

– Alex, por que a gente não a leva para o quarto? – sugiro – Ela precisa descansar.

 

Nós a levamos e eu a coloco na cama depois de ajuda-la no banheiro enquanto ela despejava tudo no vaso. Minha irmã nunca usou maconha, quer dizer, não que eu saiba. Ao menos é algo natural. Essa é a justificativa que irei usar se a minha mãe descobrir. Volto para a festa com Alex depois que ela pega no sono. Agora estão todos na piscina, menos Florence que descansa na borda com um de meus roupões. Tiro os meus sapatos e me sento atrás dela, encaixando-a em meu corpo e também coloco os pés na água.

 

– O que houve? – ela olha para mim – Você sumiu...

– A minha irmã comeu maconha – sorrio – Nada de mais.

– Nossa, mas ela está bem? – ela me indaga com uma expressão preocupada – Eu disse a Isa que era melhor não trazer aquilo

– Ah que isso, eu queria muito ter provado um, pena que ela comeu o que sobrou... – dou risada – Mas não se preocupe, ela só está chapada, amanhã vai amanhecer melhor.

 

Ficamos em silêncio por um tempo até que ela volta a dizer:

– Stef, não é maravilhoso tudo isso? Essa noite... Que horas são?

– Madrugada, mais de duas da manhã.

– Você quer entrar na água? – ela brinca balançando os pés sobre os meus – Está gelada.

– Não... Eu estou bem... Acho que eu vou me sentar ali no sofá e olhar vocês.

– Quer companhia? – ela abre um sorriso – Eu só vou tomar um banho e me sento lá com você!

 

Me levanto e ela também. Eu me acomodo no estofado e fico olhando para os meus amigos que se divertem em minha piscina. Andre segura Ash nos ombros, Mark segura Isa e as duas se derrubam incontáveis vezes na água, parece legal. Sonja deve estar se divertindo acompanhando tudo de onde estiver, tenho certeza que ela adoraria provar um dos brownies que Isabella trouxe... Eu ainda sinto falta dela, acho que nunca vou deixar de sentir, mas agora eu tenho uma leveza dentro de mim, é uma saudade boa, que me traz boas recordações e paz de espirito porque eu sei que ela está comigo.

 

Quase três da manhã quando Florence volta. Ela já está de pijama, trouxe travesseiros e um lençol. Ela se deita no meu colo e nos cobrimos. Ainda tem glitter em seu rosto, o que me faz achar graça. Depois de trocarmos alguns beijos, ela se deita em meu tronco e tira um cochilo enquanto eu acaricio os seus cabelos. Está uma noite linda. O céu tem algumas estrelas, a lua nos ilumina, venta pouco e nós estamos abraçadas sob o relento. Com o passar das horas a piscina vai ficando vazia. Os garotos se acomodam nas cadeiras reclináveis, Ash e Isa no sofá da frente e o resto se espalha pela casa para esperar amanhecer. Quando o silêncio toma conta eu também acabo pegando no sono.

 

Sou acordada por Florence, pela manhã, com uma chuva de beijos no meu rosto. Abro os olhos com dificuldade e enrolo-me no lençol, pois agora faz um certo frio.

 

– Somos as primeiras a acordar – ela diz animada – Quer dar uma volta comigo?

– Detesto essa sua disposição em acordar cedo – bocejo e olho no visor de meu celular – Não são nem sete horas da manhã.

– Eu sei, por isso que eu acordei você! – ela segura a minha mão – Quero que venha comigo.

 

Florence está tão feliz que me faz ceder, mesmo caindo de sono. Minha casa está uma baderna, há copos espalhados por todos os cantos e a piscina está lotada de confete. Ela me arrasta para longe, depois da horta, onde ficam os animais e finalmente paramos no cercado dos cavalos, quase no fim de minha propriedade.

 

– Você lembra desse lugar? – ela solta um suspiro – É o meu lugar favorito.

– Claro que lembro – esfrego os olhos – Foi onde você me beijou pela primeira vez.

– Foi VOCÊ quem me beijou...

– Eu não!

– Foi sim! – ela se encosta na cerca – Você ficou me rondando, se aproveitando das minhas fraquezas.

– E você bem que gostou – apoio as mãos à madeira, próximo a cintura dela – Ou vai dizer que não?

– Stef... Tem um motivo que... Eu não bebi nada ontem porque eu fiquei procurando o momento certo para... Eu te trouxe aqui porque eu quero te dizer uma coisa.

– O que foi? – pergunto assustada – Tem a ver com o que você anda escondendo, não tem? Eu sabia que você estava esquisita com essa...

– Shhhhh – ela tapa a minha boca – Será que eu posso falar?

– Pode, claro, fala logo!

– Não me apressa! – ela fica sem graça – Para de me encarar assim, eu fico nervosa.

– Quer que eu feche os olhos, ou o que?

– Não... Não precisa – ela puxa uma folha de um dos bolsos do pijama – Você sabe que eu não sou muito boa em dizer as coisas... Então eu achei melhor escrever.

 

Meio sem jeito ela me entrega o papel. Desembrulho-o e o leio:

 

Eu estava pensando em te dizer algumas coisas; coisas que eu guardo no coração. Mas estas parecem impossíveis de serem ditas. Depois eu procurei em minhas músicas, nos livros que leio, mas nada, nenhuma palavra, nenhuma estrofe, nem o mais bonito verso poderia estar à altura do que eu sinto por você. Então eu decidi escrever palavras simples, do meu jeito mesmo.

 

Você me conhece. Eu tenho essa sensação desde aquela primeira ligação, acredita? Eu tenho essa tendência ridícula de ignorar os meus problemas e de algum modo você sabia porque insistiu naquela ligação o dia inteiro... E como insistiu. Eu não acreditei quando soube que era você de primeira, em seguida eu me culpei por não ter atendido mais cedo, mas logo depois fui tomada por uma euforia incontrolável que me fazia pensar interruptas vezes: “É ela!”. E realmente era você. Ainda é você e acho que vai ser você para sempre.

 

Eu te admiro desde muito antes de nos conhecermos, mas eu nunca tive coragem de me aproximar de você, é que eu sou muito tímida, você sabe, eu estou tentando lidar com isso ainda...  Mas eu acho que tinha que ser desse jeito mesmo e agora eu vejo que valeu a pena esperar. Trabalhar com você foi um sonho. Nunca foi assim, com mais ninguém... E o mais engraçado é que somos o oposto uma da outra, em quase tudo na vida. Mas se há alguma coisa da qual concordamos é em quão forte é esse amor que a gente sente uma pela outra. Ah a primeira vez que a gente se amou naquele hotel... Difícil explicar o que eu senti naquele dia. E depois veio a segunda noite, a terceira, a quarta... Um pedido de namoro.

 

Você errou. Eu também. A gente vive um aprendizado. Mas eu nunca fui tão feliz em toda minha vida. Eu poderia dizer que te amo, mas você já sabe disso. Quando você olhou nos meus olhos e disse: “Ei garota, você pode me ouvir?”, eu tive a certeza de que podia ouvir e sentir tudo isso. Sabe, você estava certa, tudo fica melhor quando a gente se ajuda, quando nós estamos juntas... E por isso eu arrumei um jeito de estar com você para sempre.

 

Termino a leitura já com lágrimas nos olhos. Eu a encaro e ela ri de maneira inocente puxando o meu braço.

 

– Me dá a sua mão! – ela retira uma pequena caixa amarrada com fitas do outro bolso – Você sabia que eu existe uma veia em cada dedo que liga direto ao coração? Por isso eu quero que você use isso e pense em mim toda vez que olhar para ele.

 

Ela encaixa um anel em meu dedo anelar da mão direita e volta a dizer:

 

– Eu o comprei em Pismo Beach. Não é muito valioso, na verdade não é nada valioso e nem tem vários diamantes... Mas tem as inicias dos nossos nomes... E você aceita pensar em mim toda vez que olhar para ele?

– Claro que eu aceito – aproximo o meu do dela com um sorriso de orelha a orelha – Tem coisa que o dinheiro não compra...  Isso aqui, por exemplo, nada é mais valioso do que o nosso amor.

 

A cena se repete e como da primeira vez, ela passa as mãos ao redor de meu pescoço e acaricia o meu maxilar, eu fico na ponta dos pés e inclino o meu corpo, até que nos beijamos depois de uma troca de olhares no cercado. O beijo dela ainda é tão bom quanto daquela vez, a língua ainda tem a mesma textura e sua boca tem a mesma reciprocidade daquele primeiro instante.

 

–  Isso é um anel de compromisso? – interrompo o beijo e seguro a mão dela – Você tem que usar um também, não tem?

– Claro! – ela me entrega para que eu coloque em sua mão –  Esse é o meu!

– Meu deus! – olho para as nossas mãos ainda sem acreditar – A gente tem que tirar uma foto... Eu posso postar?

– Ai Stefani, não sei como você consegue postar essas coisas – ela fica séria – 18 milhões de seguidores, eu ficaria apavorada.

– Eu sei! – dou risada abraçando-a – Não me lembra disso, por favor...

 

Nos beijamos outra vez e ela se senta no cercado encaixando-me entre suas pernas. De longe conseguimos ver a movimentação, eu me controlo, mas não vejo a hora de poder mostrar para todo mundo o que Florence me dera. Sorrio feito boba a observar as nossas mãos juntas, tamanha a minha felicidade, acho que nem nos meus sonhos mais bonitos eu poderia imaginar que esse seria o resultado daquela ligação.       

 

      

           

 

  

   

             

           

           

 

           

 

 

              


Notas Finais


Gente chegamos ao fim!
Como o prometido aqui está o novo link, é lá que irei postar na semana que vem, ok?

https://www.spiritfanfiction.com/historia/just-another-way--segunda-temporada-13828193


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