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História Just Another Way - O jantar - Parte I


Escrita por: 4sevendevils

Capítulo 14 - O jantar - Parte I


Fanfic / Fanfiction Just Another Way - O jantar - Parte I

Detesto qualquer tipo de reunião. São sempre os mesmos assuntos: como eu devo me comportar, o que eu deveria escrever nas próximas músicas e até mesmo o que eu deveria vestir no dia seguinte. Com a gravadora é tudo mais difícil porque eles só visam o lucro, a minha opinião quase não importa e o que me deixa mais irritada é que eu não posso fazer nada por questões de contrato.

São quatro horas da tarde, já estou sentada aqui há um bom tempo, balanço os pés debaixo da mesa, passo as mãos em meus cabelos e finjo prestar atenção no que os representantes dizem, mas estou impaciente e com sono. Odeio quando eles tentam impor alguma coisa sobre a minha carreira,  até parece que eu não sei o que é melhor para mim ou para a minha arte... Eu conheço os meus fãs, sei que antes de tudo eles querem ver a minha essência e eu dou o meu melhor para isso em cada música, mas a gravadora não, eles precisam me ver no topo a todo o momento, custe o que custar. 

Bobby percebe que eu estou irritada, ele apoia uma das mãos sobre a minha e me olha com uma expressão dura, parece me repreender pela falta de paciência. Afasto a minha mão da dele e levanto-me, retirando-me da sala, ele me observa e em seguida se volta para a mesa: 

 

− Senhores, eu acho que temos que encerrar a reunião por aqui! − ele se levanta e caminha em minha direção. 

 

Encosto-me a parede ao lado da sala de reuniões, pego o celular em meu bolso e ligo para Mark, ele demora, mas atende depois de algumas tentativas:

− Alo?

− Mark, você está ocupado agora? − questiono-o 

− Não... Por quê?

− Pode passar lá em casa? Estou indo pra lá agora.

− Agora? O combinado não era um jantar? – ele ri.

− Sim, mas eu... Preciso conversar...  Com alguém – falo pausadamente. 

− Ah... Tudo bem, daqui à uma hora mais ou menos a gente... 

 

− Stefani, não pode sair de uma reunião assim! - Bobby me puxa pelo braço interrompendo-nos.

− Eu só estou cansada – desligo o telefone e olho para ele.

− Você estava falando com quem?

− Mark. Ele vai passar em casa para terminarmos uma música – respondo cabisbaixa.

− E o tal jantar que combinamos para comemorar os preparativos para o novo álbum? Vai desistir disso também?

− O jantar é à noite, Bobby!

 

Encaro-o com uma expressão séria e sigo na frente para o estacionamento, Bobby caminha atrás de mim em silêncio, parece entender que agora eu não quero conversar sobre os “negócios” da gravadora. Entramos no carro sem dizer uma se quer palavra, Ashley nos aguardava no banco de trás com os cachorros, ela me joga a chave do carro e levanta os óculos escuros, observando-me:

 

− Aconteceu alguma coisa? Você está com cara de poucos amigos.

− Não! – respondo-a de forma seca.

− Nossa... − ela se afasta de mim.

 

Bobby me encara com uma expressão duvidosa, mas eu o ignoro. Acendo um cigarro, ligo o som do carro e dou partida. Na rádio toca “White Riot” de The Clash:

 

“Enquanto andamos nas ruas muito,

Acovardados para se quer tentar algo.

E todos fazem,

o que são mandados

E ninguém quer ir preso.

Você está no comando,

Ou você está sob comando?

Você está retrocedendo,

Ou você está avançando?”

 

 

É exatamente assim que eu me sinto quando saio dessas reuniões: retrocedendo. Eles querem que eu siga um padrão, algo que eu sempre critiquei e agora eu me sinto obrigada a seguir, tanto por eles, quanto por Bobby. “Escreva hits dançantes, Gaga”, essa foi a frase que eu mais escutei durante as duas horas que passei naquela sala, eles me tratam como se eu fosse uma maquina e o que mais me irrita é não poder falar nada. Eu sempre escrevo sobre o que sinto, sobre as situações da minha vida, amigos, família, amor. Comigo essa coisa de “Faça isso, Faça aquilo”, nunca funcionou e não vai ser agora que vai funcionar.

Piso no acelerador dirigindo a 150 quilômetros por hora, Bobby me observa, parece assustado, olho para ele e lhe peço outro cigarro, mas ele recusa o que me deixa mais irritada ainda. Abro o vidro da janela ao meu lado, olho pelo o retrovisor e diminuo a velocidade bruscamente, parando o carro no acostamento.    

 

− VOCÊ FICOU LOUCA? – Bobby grita.

 

Os pneus do carro deslizam pela estrada, no banco de trás os cachorro latem assustados, Ashley se apoia em meu ombro e me pergunta sobre o que ocorrera, eu permaneço em silêncio, paralisada, com as duas mãos sobre o volante e o pé ainda sobre o freio, desligo o som do carro e apoio a cabeça no banco, minha respiração está ofegante. Olho para Bobby que espera uma resposta para esse meu comportamento:

 

− Não posso fazer isso! – sussurro.

− Isso o que? O que aconteceu? – ele pergunta surpreso.

− Eles querem que eu seja algo que eu não sou nesse momento, eu quero escrever sobre o que eu sinto, quero por pra fora tudo que está aqui dentro, eu não posso...

− Chega disso! – Bobby me interrompe – Está dirigindo igual uma louca só por causa do que escutou naquela sala? Ah faça-me o favor...

− Eu já decidi, eu vou fazer o que eu bem entender – retruco.

− Eu não vou discutir com você nesse estado, está totalmente desequilibrada – Bobby encerra o assunto.

 

Dirijo o caminho todo em silêncio, ao chegarmos em casa, Bobby e Ashley saem  do carro deixando-me sozinha. Estou pensativa, apoio a cabeça sobre o volante e o barulho da buzina ecoa assustando-me, esfrego as mãos em meus olhos e ameaço sair do carro, mas Mark me surpreende apoiando-se sobre a janela do veiculo:

 

− O que foi dessa vez? – ele me questiona.

− Acho que eu estou enlouquecendo, Mark – sorrio para ele.

− De uma forma boa, ou ruim?

− De uma forma péssima – solto uma gargalhada abrindo a porta do carro.

− O que aconteceu?

− A gravadora quer uma coisa totalmente diferente do que eu quero, sabe? Toda reunião é a mesma coisa, eu estou cansada disso tudo... – Acendo um cigarro.

− Você não ia parar de fumar? – Mark me indaga.

− Você também? Eu não posso nem fumar em paz.

− Você está com esse mau humor desde o começo da semana – ele sorri – Desde que Florence decidiu ir para um hotel...

− Você tem falado com ela? – indago-o

− Não muito, mas com certeza ela vem essa noite.

− Você acha?

 

Eu não quero assumir, mas Mark tem toda razão, eu estou chateada, com raiva e confusa ainda pelo ocorrido com Florence. Ela não atende as minhas ligações, nem responde as minhas mensagens, tentei procurá-la em seu hotel e nem assim consegui com que ela falasse comigo. Florence é difícil, foi assim desde o princípio, desde a primeira ligação, mas agora o que me irrita é não fazer a menor ideia do que aconteceu entre nós... Eu queria entender porque ela age com essa indiferença toda, não seria melhor dizer tudo o que sente de uma vez? Mas de hoje não vai passar, se ela vir para o jantar aqui em casa eu vou coloca-la contra parede e exigir uma explicação plausível para isso tudo, se ela não me responde por bem, irá responder por mal.        

 

Caminho até o quarto, preciso ficar sozinha por um tempo. Sento-me na cama e penso no que irei vestir hoje à noite, será um jantar para poucos da equipe, alguns dos meus produtores e o pessoal da gravadora, a ideia disso tudo foi do Bobby, ele acha que talvez assim seja mais fácil tratar dos “negócios” com os representantes. Abaixo-me sobre uma das caixas, revirando as roupas e sapatos sobre ela. Ashley bate na porta e entra em seguida, repreendendo-me:

 

− Ah não! Todo dia eu arrumo as suas coisas, Stefani, e todo dia você me faz o favor de bagunçar tudo.

− Não sei o que vestir – volto-me para cama.

− Como não? – Ash ri – Coloca o que te der vontade, não é sempre assim?

− Cropped?

− Se é o que você quer... De resto, já está quase tudo pronto.

− Ótimo! Eu vou me vestir então

        

         Entro para o meu closet com apenas duas peças de roupa: um short jeans e um cropped branco meio rasgado, não estou afim de me produzir tanto hoje, ultimamente é assim que eu me sinto bem, quando estou simples. Visto-me, sento-me no chão com o violão sobre o colo e por ali fico por um bom tempo revezando entre os acordes e uns tragos no cigarros, desisti de tentar parar de fumar porque é uma das poucas coisas que ainda me acalmam.        

       Ashley bate na porta novamente, avisando-me de que todos os convidados já chegaram, saio do closet rapidamente:

 

       − Já chegaram? −  questiono-a − Mas ainda nem escureceu...

       − Pois é... Estão todos ai.

       − Florence também?

       − Sim! − Ashley ri − estava no jardim agora pouco.

 Encosto-me sobre a janela, apoiando os braços no batente, olho para o jardim e consigo ver Florence entre as árvores. Ela está linda, mais do que a última vez que nos vimos, veste uma calça jeans apertada e uma jaqueta de couro preta que destaca as pontas de seus cabelos ruivos escondidos debaixo de um chapéu marrom. Ela parece irritada e não tira os olhos do celular por nada. Meu coração dispara só de vê-la longe, é engraçado porque há muito tempo eu não sentia isso por alguém e agora é justo por uma pessoa tão complicada como ela.  Retiro o óculos de sol e viro-me para Ashley:

− Ela vai me contar o que aconteceu, Ash. De hoje não passa.  

 



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