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História Just friends - Amargo


Escrita por: Oceannn

Notas do Autor


relou

Capítulo 6 - Amargo


Childe

 

Os olhos brilhantes do meu irmão me encaravam, surpreso por me ver em casa tão cedo. Lumine havia me notado, mas ficara ocupada demais observando as suas unhas perfeitamente cortadas para fazer o mesmo que ele. Um leve rubor se apoderava de suas bochechas, e seguro um sorriso de canto. Ela está envergonhada pela festa, isso é um fato.

— Ajax! — meu irmão grita, vindo em minha direção.

Eu o pego no colo e ele ri, apenas feliz por estar perto de mim. É claro que isso também me faz feliz, pois ver a minha família com um sorriso no rosto é tudo que eu preciso. 

— Teucer! — eu o cumprimento de volta, sorrindo.

Nos sentamos no sofá em que Lumine está sentada. Teucer no meio, alheio à tensão que cerca eu e a loira. Seus olhos continuam brilhando de expectativa enquanto me observa animado.

— Podemos fazer algo juntos?

— Claro, o que você quiser. — eu respondo o meu irmão.

Se chego cedo em minha casa eu dedico sempre o meu dia aos meus irmãos, caso eles escolham. É tão bom deixá-los felizes e fazer com que eles tenham uma boa infância… Eu não destruiria essa inocência deles por nada.

— Você não está machucado hoje. — Lumine tece o primeiro comentário dela.

Sua voz parece emburrada, mas sei que é mais uma forma de mesclar a sua vergonha com uma reação um pouco exagerada. Dou de ombros e viro em direção a ela.

— Milagres acontecem, huh?

Talvez seja por Teucer estar entre nós ou porque ela simplesmente está ocupada demais em seu celular, mas ela não briga comigo pelo comentário, como ela sempre faz. Dou uma esgueirada e consigo ver um nome começando com “Da” na sua lista de mensagens e sinto uma irritação aguda se apoderar sobre mim. Aquele cara esquisito havia dado o seu número a ela. E Lumine o respondia.

— Bem, eu vou indo. — ela responde, já se levantando do sofá.

— Mas já? Onii-chan acabou de chegar! — Teucer tenta argumentar.

— É, bem… Eu tenho algumas coisas para fazer! — a voz de Lumine é atrapalhada.

Como se quisesse dar uma desculpa. Estaria ela com vergonha demais de mim ou apenas querendo um espaço para conversar com aquele cara estranho? Uma pontada de culpa cai em minhas costas, já que fui eu quem a instigou a conversar e vê-lo novamente. Lumine não demora a sair de minha casa, apressada para fazer qualquer coisa que não me envolvesse, aparentemente. Teucer me cutuca com uma expressão preocupada.

— Vocês brigaram? Não gosto disso… — ele comenta triste.

— Brigamos? Impossível. — eu respondo com um sorriso no rosto.

O menino fica mais tranquilo, mas eu não. Eu também não gosto disso. Lumine está claramente me evitando e mesmo depois da noite que passamos juntos ela age de forma fugaz e distante, mas não com Dainsleif.

 

❇✳❇

 

— As vezes eu gostaria de arrancar a sua cabeça em vez de apenas deixar um ou dois hematomas. — esse é o primeiro comentário que Scaramouche diz assim que a aula acaba.

É o dia seguinte onde Lumine havia dado uma desculpa qualquer para não ficar no mesmo cômodo do que eu. E isso havia feito com que eu ficasse com um humor um pouco alterado. Dou um sorriso egocêntrico em resposta da sua provocação barata e paro no meio do caminho.

— Quer tentar, pintor de rodapé? — indago.

— Cala a porra da sua… — mas eu paro de escutar o garoto assim que observo uma cena peculiar na frente da escola.

Lumine está parada conversando com um garoto alto e loiro. Aquela postura desarrumada e preguiçosa, um cara desengonçado e com uma tatuagem absurda em torno de um de seus olhos. Aquele só podia ser Dainsleif. Eu o reconheço imediatamente. Ele gesticula animadamente enquanto conversa com Lumine, e a cada milésimo de segundo que passo vendo essa cena o pouco de humor que havia sobrado em mim se dissipa mais rápido.

— … E eu vi que você estudava perto do meu trabalho e então eu decidi vir te visitar. — ele diz, tentando ser casual.

O rosto de Lumine aparenta surpresa; ela não parecia tê-lo convidado a aparecer aqui. Isso não seria um pouco desesperado da parte dele? Vou me aproximando dos dois com os punhos cerrados. Se aquele cara fizer qualquer gracinha...

— Ah, legal. — ela responde.

— Bem, que tal a gente…? — não deixo ele terminar.

Assim que percebo o seu intuito eu trato de chegar ao seu lado e impedir que uma merda aconteça. Com o sangue fervendo, eu faço o mais provável a melhorar com o meu péssimo humor. Eu descarrego tudo no cara, dando um soco no olho onde não há tatuagem alguma. Rá, agora está combinando.

— Childe?! Mas o que você acabou de fazer?! — ela me olha estupefata. — Ei!

Mas o meu humor não volta. Na verdade, ele apenas piora quando vejo o rosto assustado de Lumine. Eu sabia que tinha feito merda. Eu não tinha o direito de bater no cara. Mas eu quis, Deus, como quis. Então fiz. E não me arrependo.

Vou andando o mais rápido possível até chegar no lugar onde geralmente fico com Signora, Scaramouche, Ekaterina e mais algumas pessoas aleatórias que eles trazem juntos consigo. Eu me sento ao lado de La Signora, que fuma um cigarro de palha tranquilamente.

— Faz tempo que você não vem aqui. — ela comenta.

O local é um lote abandonado há muito tempo. Ainda há resquícios de uma casa que já teve nele, com algumas paredes quebradas e um teto nada confiável. Mas ficávamos aqui ainda sim, pois era um lugar onde podíamos fazer o que quiser. Resumidamente: falar merda, brigar com algum idiota, beber ou fumar um cigarro em paz.

— É. O Scaramouche ainda não chegou? — pergunto a ela.

A garota me observa com uma expressão esnobe, com uma de suas sobrancelhas erguidas. Ela dá um trago em seu cigarro antes de me responder.

— Ele estuda na sua escola, não na minha. Você não deveria saber?

— Touché. — respondo sem humor.

Ela ri, debochando da minha resposta. A garota se ajeita no chão e se apoia na parede completamente pichada por nós mesmos. Uma de suas mãos ficam estendidas em minha direção, e é a que continha o cigarro.

— Argh, que humor deplorável e patético. — ela responde com uma voz cheia de deboche. — Quer um pouco?

Pego o cigarro de suas mãos sem nem pensar duas vezes. Eu precisava mesmo de um pouco de nicotina em meu corpo para relaxar, depois de todo o drama na escola com Lumine e Dainsleif.

— Achei que não ia me oferecer.

 

❇✳❇

 

Não chego cedo em minha casa. Já passam das nove horas, e a primeira coisa que faço é ir ao meu quarto, procurando roupas para tomar um banho. Pela primeira vez na minha vida, sinto vontade de fechar a minha porta da varanda que dá ao quarto de Lumine. Não estou com raiva dela, mas apenas ao me lembrar do soco que dei em Dainsleif me faz ficar estressado de novo. E eu realmente não tinha a mínima vontade de conversar sobre isso por um longo tempo. Tomo meu banho sem a mínima pressa, como qualquer coisa que acho na geladeira e percebo que meus irmãos já estão dormindo. Suspiro, um pouco frustrado. Conversar com qualquer um deles sempre melhora o meu humor, ao menos um pouco. Quando vou jogar na lixeira o guardanapo que estava usando em meu lanche percebo que o lixo está cheio, então o amarro e saio de casa para jogá-lo na lixeira da rua.

— Ei! — escuto alguém me chamando.

É ninguém menos que o irmão gêmeo de Lumine. A pessoa que me evita a todo custo, e quando não faz isso é para provocar ou caçar algum tipo de briga. Não que eu não goste de um conflito, mas apenas hoje só quero dormir.

— Aether, que visita inesperada. — falo com uma voz falsa. — Está tarde.

Ele cruza os braços, emburrado. É incômodo ver o quão parecido ele é com Lumine, até mesmo os mais simples gestos como cruzar os braços. Suspiro, tentando não ficar ainda mais irritado.

— Vamos cortar o papo furado. — ele responde. — Eu quero você longe da minha irmã.

Algo dentro de mim borbulha, e forço um sorriso assustadoramente falso em direção a Aether. Que tipo de imposição é essa? Como se ele sequer me desse medo.

— E o que te faz pensar que eu vou obedecer o irmãozinho petulante dela, hm? — eu perguntei, chegando perto dele e com um olhar assustador.

Ele parece um pouco afetado com o que eu faço, e vejo ele engolindo seco, mas depois mudando sua expressão para irritado. Esse maldito ainda vai continuar com essa conversa.

— Você acha que eu sou só um irmão ciumento, é? Você sai sei lá pra onde, volta com cheiro de bebida alcóolica e machucados. Que tipo de influência acha que dá pra ela? — ele indaga.

A única coisa que faço é rir. Como ele pode pensar que Lumine é ingênua e influenciada tão facilmente dessa forma? Ainda que fossemos amigos, ela nunca sequer pensou em ser como eu. E mesmo se pensasse, isso tinha a ver com ela, e não com ele.

— Acho que ela tem idade o suficiente pra escolher os próprios amigos, parceiro. — a minha voz sai firme.

Aether estala a língua, ficando tão irritado quanto eu. Isso começa a ficar perigoso. Não estou no meu melhor dos humores, e Aether é uma pessoa que faz antes de pensar. Se continuarmos com essa conversa, pode ser que ela venha a desencadear uma briga física e não apenas verbal.

— Corta esse papo furado, cara. Você bateu em um “amigo” dela sem o mínimo motivo na frente de toda a escola! — ele exclama, irritado. — Acha que eu não sei qual é a sua? Você não merece a Lumine.

Você não merece a Lumine. Essa frase ecoa em minha cabeça, e fico irritado e frustrado. Porque por mais que eu não morra de paixão por ele, eu sei que é verdade. Lumine é uma pessoa boa demais para mim, e não importa o que eu faça, eu nunca vou chegar aos pés do que ela é.

— Essa escolha é dela. — eu falo, mas minha voz não sai tão confiante assim.

Ele suspira, frustrado.

— Eu sei. E é por isso que eu estou conversando com você. — Aether parece se acalmar um pouco, ficando apenas sério. — Você fez ela chorar, cara. Se você tem um pingo de empatia deveria pensar nisso. E, além do mais, acho que você não foi escolhido mesmo, já que eles foram para algum lugar juntos.

 

❇✳❇

 

— Você está com uma cara péssima. — Tonia comenta assim que apareço na cozinha para tomar um café da manhã.

De fato, sei que ela está correta. Não havia pregado os olhos depois de toda aquela conversa com Aether. Eu não confiava plenamente em tudo que ele tinha dito, mas pensar que eu havia feito ela chorar, além de Lumine ter saído com aquele cara havia feito meu sono dissipar como pó. Mas o cansaço e o humor pobre continuava fixo em mim.

— Eu sei. Não dormi direito. — sou sincero.

Ela me olha preocupada, e me passa uma xícara de café fumegante. Eu pego sem vontade de beber, mas forço a dar um gole de qualquer forma.

— Problemas com a Lumine? — ela indaga, audaz.

Dou uma risada fraca. Tonia ainda é mesmo uma criancinha?

— Tonia… Você é nova demais para pensar em assuntos como esse. — eu alfineto.

Ela franze o cenho e infla as bochechas. Ah, agora sim. Uma criancinha emburrada. Rio de novo, agora com um humor um pouco melhor.

— Eu já tenho doze anos! Eu sei o que é gostar de alguém. — ela rebate.

Isso faz com que apenas eu dispare a rir novamente. Doze anos… Se isso fosse ser velho. Oh céus...

— Hah! Doze anos. — eu comento, debochando.

— Humpf, cale a boca. — ela resmunga. — Mas é sério… Ela não ficou na nossa casa ontem a tarde. Ela… Estava estranha. Quando eu mencionei você, acho que a assustei de vez. Isso tem a ver com você não ter dormido direito, né?

Definitivamente isso não é um raciocínio de uma criança. Eu bagunço os cabelos de Tonia, como sempre costumo fazer quando ela diz algo inteligente demais para a sua idade. Ela continua me olhando com expectativa, esperando a minha resposta.

— Você é sagaz demais pra uma pirralha de doze anos. — é o que eu falo.

— Ei! — ela resmunga.

Mas se até a minha irmã de doze anos reparou no meu humor e no da Lumine significa que está ficando tudo estranho. Decido ter uma conversa franca com ela essa semana, mas apenas depois de eu melhorar esse humor. Eu poderia piorar as coisas caso ela me vesse assim.

— Eu vou conversar com ela, ok? — digo.

— Obrigada.

Mas eu não esperava que assim que eu fosse para a rua, em direção a minha moto para ir a escola, encontrasse Lumine. Ela está encostada na minha motocicleta, também com uma expressão cansada. Seu sorriso é fraco, mas ainda é direcionado a mim.

— Childe... Podemos conversar?

Eu não estava com a mínima vontade de resolver isso tudo agora... Mas não poderia perder a chance.


Notas Finais


depois desse só tem mais um :x

espero que tenham gostado, e lamento por ele ter ficado pequenino ;-;
comentem o que acharam :)

E aí, alguém pegou o venti? Ele foi o meu primeiro lendário, peguei antes da 10a oração hahaha. Agora não oro no baner dele pois eu quero tentar pegar o Tartaglia. Seria meu sonho?


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