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História Just Hold Me - Capítulo II


Escrita por: Alitzel

Notas do Autor


Oi, muito obrigada por todos os favoritos e comentários. Espero que depois desse capítulo vocês na me matem.

Enjoy.

Capítulo 2 - Capítulo II


 

“Cultivar um amor platônico é viver em um mundo de fantasia. A pessoa imagina o que quer. No universo de faz de conta, a pessoa não sofre, mas também não vive.” - Alguém da internet

      Parte III -  Consequência

Era como se o corpo da garota estivesse sendo invadido por milhares de facas, cada pequeno pedaço de seu corpo doía, seu peito parecia que iria se rasgar ao meio. Não gostava de estar se sentindo assim, não estava gostando da dor de ser rejeitada, a garota choramingava baixo enquanto dobrava a esquina, tinha planejado tantas coisas para àquela noite, ela havia se exposto, mostrado seu lado frágil, sua inocência, mostrou em palavras o seu amor, para no fim receber aquilo de volta, ela não merecia. 

Engoliu um soluço.

A garota continuou seguindo seu caminho de volta para casa, levava consigo muito mais que um coração partido, ao seu lado ia o ressentimento, a vergonha, a humilhação e a raiva. Ela estava com tanta raiva, fora humilhada de forma injusta. Ele não tinha o direito de estragar sua noite, de ter estragado seu sonho. Nunca, nem em seus piores pensamentos imaginou que tudo terminaria daquela maneira, a crueldade no rosto do garoto ao encarar os olhos da garota eram de puro ódio, a forma como ele proferiu aquelas palavras havia doído demais, estava doendo demais, as facas estavam sendo enterradas cada vez mais fundo na sua pele.

O garoto não foi malvado com ela, não mesmo. Ele foi cruel.

Suas passadas eram lentas, queria evitar chegar cedo em casa, seu rosto demostraria que não havia sido uma boa noite, sua mãe faria perguntas, não estava no ânimo para responder nenhuma no momento, tudo que queria era ficar sozinha para poder pensar em tudo que havia acontecido nessas últimas horas, estava com ódio do garoto, mas uma parte dentro de si não deixava de se sentir culpada. E se tudo não fosse sua culpa? Poderia ter dito algo que irritou o garoto? Mas onde ela poderia ter errado? Se fez essa pergunta mais duas vezes, nenhuma resposta, não conseguia encontrar nada de errado, a única coisa que estava errada naquele cenário eram os olhos do garoto, tão frios e cruéis.

Toda aquela noite estava se tornando um grande erro. Os pensamentos da garota estavam a mil por hora, queria poder esquecer tudo o que ele disse, trazer as boas lembranças, pensar em um jeito de resolver toda aquela situação, mas sua mente era perversa demais, transformando tudo em um filme de terror, seu coração também não a fazia esquecer, batia descompassado e dolorosamente em seu peito. 

“Tenho nojo de você”. 

-    Não! – a garota exclamou mais alto que pretendia colocando as mãos sobre os ouvidos.

“Esquisita”.

- Para, por favor. – podia sentir lágrimas se formando em seus olhos. Realmente, sua mente era perversa.

Um senhor que passava ao lado, parou e perguntou se estava tudo bem. A garota apenas assentiu que sim, não precisava de ninguém se intrometendo na sua vida, muito menos um completo estranho, tudo o que queria era seguir seu caminho em paz.

Para onde estava indo? Nem a garota mesmo sabia, poderia estar andando em círculos e mesmo assim não se importaria. Estava parecendo uma louca? Provavelmente sim, seu rosto deveria estar inchado de tanto chorar, sua expressão era de completa desolação. 

Trazia consigo apenas o pequeno embrulho, outrora jogado fora pelo garoto. Ela o juntou do chão, estava ali a prova que aquilo tudo não era um pesadelo, realmente tudo aconteceu, o laço dourado agora exibia manchas de sujeira, a garota o apertou entre os dedos, havia passado dias fazendo aquele presente, passado madrugadas acordada analisando cada detalhe. Seu presente havia sido rejeitado, assim como ela.

Se tudo houvesse ocorrido como tinha planejado, era para estarem sentados de mãos dadas encarando um ao outro com olhares apaixonados e proferindo promessas futuras de amor. A dor da rejeição para alguns pode ser passageira, desconfortável, mas para a garota era muito mais que aquilo, era como se sua vida estivesse sendo arrancada do corpo. Dois anos de dedicação e entrega total.

Se dedicou tanto a ele, quantas vezes rejeitou convites para sair com suas amigas para poder passar algumas horas com ele, as horas que passava sentada naquela praça esperando ele chegar da aula de música, tudo isso apenas para ter o privilégio de vê-lo por um momento. Fazia de tudo para estar sempre por perto, queira que ele a notasse, mas não dá forma que notou. Ele havia entendido tudo errado, a garota viu uma luz iluminar seu fim do túnel. Essa era razão para ele ter agido daquela forma? Deveria ter pensado que ela fosse uma stalker louca?

Isso ela não era. Talvez um pouco grudenta? Gostava de vê- lo.

A garota não podia permitir que algumas palavras a fizessem desistir de tudo, onde estaria seu orgulho? Ela provaria para ele que seu amor era mais forte que duras palavras. Ela mostraria o amor para o garoto. Passou a mão no rosto enxugando as lágrimas, tinha que fazer um novo plano, não podia assustar ele novamente, ela agora via o erro, tinha se precipitado. O amor era isso, perdoar todos os erros do outro, pensar primeiramente e exclusivamente nele, estava sendo egoísta e pensando só em si.

Agora tudo seria diferente. 

~☆  ~

- Você anda muito calada nesses últimos dias, mas que o normal. - observou Natália, uma das amiga da garota. - Aconteceu alguma coisa na sua casa? Está tudo bem com sua família?

Elas estavam sentadas em uma mesa afastada do refeitório da escola. A garota tentava olhar discretamente para lados a procura de Yoongi, já fazia dois dias desde todo o ocorrido, desde então ele não apareceu na escola, a garota tinha vontade de passar pela rua de sua casa, tentar espiar alguma coisa, mas estava com medo de ser notada, não queria piorar as coisas para o seu lado.

Deu um forte suspiro desistindo de sua procura e depositou seus olhos em Natália, que a encarava com olhos curiosos, ela era uma garota bonita, com seu cabelo preto e longo, sempre andava exibindo um olhar de arrogância e confiança, mas hoje seus olhos estavam amigáveis, curiosos como notou a poucos instantes. Natália como sempre usava uma peça de roupa azul, a garota não conseguia entender o porque da fixação da outra por tal cor, azul era tão simples, sempre passando o mesmo sentimento. Ao contrário do vermelho, que expressava tudo, e era por isso que a garota adotou essa cor para sua vida, porque significava algo.

Azul era apenas azul.

- Não aconteceu nada. - respondeu dando de ombros. 

Não tinha coragem de contar o que aconteceu entre ela e Yoongi, era vergonhoso demais. Já ouvia piadas por gostar dele escondida diariamente, contar que se declarou e foi rejeitada estava fora de questão. A amizade que tinha com elas era apenas para manter as aparências, Natália e as outras andavam com ela apenas por interesse escolar, é sempre bom ter algum amigo interligente por perto. Já a garota precisava manter as aparências e não parecer uma completa estranha para sua família. Era fácil sair de casa dizendo que iria se encontrar com alguma amiga, responderia menos perguntas e deixaria sua mãe bem mais calma em achar que sua filha era uma completa anti-social.

Nesse jogo todos ganhavam.

~☆~

Uma semana já havia se passado e nada de Yoongi aparecer, a garota até mesmo na noite passada esperou escondida por ele perto da sua escola de música, nenhum sinal, já estava começando a ficar nervosa. O que terá acontecido com ele? 

Não conseguia prestar atenção nas aulas, em casa conversava o mínimo com sua mãe, passava horas trancada dentro do quarto vigiando suas redes sociais a procura de algum sinal do garoto.

 Nada.

Algo estava errado, ele era popular demais para sumir assim do nada, e não ter ido para a aula de música era realmente suspeito. 

A garota não conseguia mais ficar sem notícias dele, já estava começando a imaginar várias besteiras, será que ele havia se arrependido do que lhe disse e fez alguma besteira consigo mesmo?

Olhou para o relógio em sua cabeceira , era quase meia noite, seria muito arriscado sair em um horário como aquele, se sua mãe descobrisse estaria em uma grande encrenca, mas ela precisava saber se ele estava bem, se não fez nenhuma besteira, não conseguiria dormir de tanta preocupação.

Respirando fundo saiu da cama, vestiu um moletom rapidamente, ajeitou alguns travesseiros embaixo das cobertas, torcendo para que sua mãe não tivesse a ideia de ir vê-la dormindo. Abriu a porta vagarosamente, espiou o corredor escuro, parecia seguro passar. Segurou a vontade de ligar a tela do celular para iluminar seu caminho até as escadas, andando nas pontas do pés ela desceu os degraus  tomando cuidado para não tropeçar. Chegou na porta dos fundos ofegante, não tinha percebido até àquele momento estava prendendo à  respiração.

Naquele horário não passaria mais nenhum ônibus, sua única opção era a bicicleta velha esquecida no fundo da garagem, aproveitou que se encontrava ali procurou rapidamente a caixa de ferramentas do seu pai, tirando de lá um pequeno punhal. Nunca se sabe o que poderia encontrar lá fora na escuridão. Guardou o punhal dentro do bolso do moletom e seguiu seu caminho, às  primeiras pedaladas foram difíceis, a bicicleta estralava sob seu peso, estava velha o odor da ferrugem chegando as suas narinas incomodava. O que estava fazendo agora era uma loucura, não acreditava que estava fazendo isso nessa hora da madrugada. Não sabia ainda o que iria fazer quando chegasse lá, tentaria bolar algum plano no caminho, no momento o que importava era pedalar.

A garota estava eufórica por estar fazendo aquilo, nunca antes se arriscou de tal maneira, podia sentir seu sangue esquentando devido as pedaladas e a excitação. Estava se sentindo bem pela primeira vez naquela semana, só tinha sentindo essa emoção uma vez, no dia em que Yoongi a escolherá como par no acampamento.

 

- Esse acampamento vai ser um saco, não sei porque a senhora estar me obrigando à ir. – reclamava a garota enquanto sua mãe arrumava sua mochila. – A professora mesma disse que não era obrigatório nenhum aluno ir, então não entendo porque estou sendo obrigada.

- Lennyta. – começou sua mãe  calmamente. – Não estou obrigando ninguém a fazer nada, apenas comentei que seria bom para você sair um pouco, conhecer novos ares. Além do mais todos os seu amigos estarão lá. 

Amigos? A garota segurou a vontade de bufar e revirar os olhos, se sua mãe soubesse que os “amigos “ falavam da sua filha nunca a deixaria entrar naquele ônibus. Não tinha nenhum amigo na escola, por algum motivo as pessoas ignoravam sua presença, até mesmo quando tinham que fazer algum trabalho em equipe acabava ficando de lado. Era como se ela nem ao menos existisse. 

Então para quê ir? Não mudaria nada na sua vida, só a faria ficar rodeada de pessoas que não queriam sua presença em primeiro lugar. 

A garota olhou de canto para sua mãe, não seria fácil a fazer mudar de ideia, não tinha como escapar do maldito acampamento. A solução era colocar um bom livro na mochila e rezar para que esses dois dias passassem rápido.

- Garanto que não irá se arrepender de ir. – sorriu sua mãe. 

- Disso eu duvido. – reclamou baixo. 

Seguia com sua mãe para a escola, olhava seu reflexo na tela do celular, havia prendido seu cabelo em um coque, o tempo estava quente então vestiu uma blusa de mangas curtas, seu rosto brilhava de suor, sua pele nunca foi muito boa naquela época do ano.

Apertou a mochila contra seu peito, estava um pouco nervosa, nunca tinha ficado fora de casa por mais que meio dia, a ideia de passar dois a fazia estremecer. 

- Realmente não quero ir para esse lugar. – olhou suplicante para a mãe. – Por favor. 

- Me dê um bom motivo para isso. Não entendo porque está agindo assim, não é você mesma que vive dizendo que gostaria de sair em uma aventura? – sua mãe a encarou. Tinham o mesmo formato dos olhos, pequenos e redondos. – Sempre disse que gostaria de ser como uma personagem de livro.

- Isso não se parece com uma história de livro que eu gostaria de viver. – bufou. – Cadê os anjos da história? 

- Cadê o motivo? Não tem nenhum, isso tudo é birra. E quem sabe o anjo não esteja no acampamento esperando por você. 

A olhou de boca aberta, sinceramente sua mãe estava se esforçando.

- Mas...

- Não adianta Lennyta, você vai para esse acampamento sim, fim de história.

A garota lançou a mãe um olhar de raiva antes de pegar o fone de ouvido e o colocar no volume máximo. Quando chegaram em frente a escola  ela desceu do carro sem se despedir, jogou a mochila nas costas e seguiu em direção a fila de alunos para entrar no ônibus.

Que seu pesadelo começasse. 

Passou quase todo o percurso inteiro da viagem lendo um livro, foi obrigada pela professora a tirar o fone de ouvido e guardar, teve que aturar aquele barulho todo, a turma parecia estar em êxtase, falavam alto, contavam piadas que para ela não tinha nenhuma graça, não conseguiu emitir um sorriso, ao contrário de Min Yoongi, o garoto mais popular da escola. Ele sorria abertamente de tudo, seu rosto estava vermelho de tanto dá gargalhadas, não era à toa que todos queriam ser seu amigo, ele irradiava felicidade.

A garota ficou encarando seu sorriso, por alguma razão não conseguia desviar seus olhos dele, o livro permanecia aberto sobre seu colo, mas ele não tinha mais o seu interesse. O garoto notou os olhos que lhe encaravam, olhou para seu amigo dando uma leve piscada, voltou seu olhar para a garota e deu um pequeno sorriso de canto, essa que rapidamente baixou o rosto envergonhada.

O que estava fazendo? Estava agindo como uma boba, ele deveria estar sorrindo para a pessoa logo atrás, porque iria sorrir para ela? Balançou a cabeça para colocar seus pensamento em ordem e voltou sua atenção para o livro, era a melhor coisa para se fazer. Mas logo se pegou distraída pelo sorriso de Yoongi novamente. 

Só percebeu que havia chegado ao acampamento quando viu os alunos se aglomerando para descer, rapidamente guardou o livro na mochila e os seguiu. O local onde estavam era enorme, rodeados de árvores de diversos tamanhos, olhando para o seu lado esquerdo ela podia ver uma ponte de madeira que levava a um gigantesco lago, a sua frente podia ver duas cabanas de tamanho mediano, um dos professores explicava sobre o que fariam naquele lugar no dois dias que se seguisse, a garota não prestava muita atenção, estava focada em observar tudo ao seu redor. Não podia negar que estava maravilhada com aquela paisagem, poderia passar horas lendo o seu livro sossegada em um lugar como aquele.

Respirou fundo absorvendo todo aquele ar puro. 

- As meninas ficaram na cabana 1 e os meninos obviamentente na 2. – disse o professor. – Todos podem entrar e escolher uma cama, organizem suas coisas e estejam aqui novamente dentro de meia hora para conhecer  um pouco o local e darmos início a tarefas.

A cabana era não era muito grande, tinha apenas um único cômodo com várias camas de beliche colocadas enfileiradas lado a lado. Esperou primeiro que as outras escolhessem suas camas, não fazia muita questão de escolher, qualquer uma estaria de bom tamanho, no fim acabou ficando com a beliche de cima mais afastada para o canto, a pessoa que ficaria com a parte de baixo se chamava Natália se não estivesse enganada. Depois que guardou suas coisas, seguiu para fora como o professor havia ordenado. 

- Já estão todos aqui? – perguntou a professora de Biologia, uma senhora curvada e de cabelos crespos. Todos soltaram um sonoro sim, menos a garota. Ela apenas acenou com a cabeça. – Temos que organizar as coisas para fazer o almoço, podem ver que temos um fogão à lenha, então precisamos de madeira, a área a nossa volta é segura e tem diversas trilhas para evitar que alguém se perda, vocês irão se dividir em duplas. – explicava ela. – Enquanto procuram pelas lenhas, peço que façam algumas anotações sobre o que tem a sua volta, os meios de vida encontrado e de sobrevivência da mata. Entenderam?

- SIM. – responderam todos em coro.
A garota se encolheu, estava se preparando para ir sozinha ou com algum professor, ninguém a escolheria. Já estava familiarizada com aquilo.

- Aceita fazer dupla comigo? – a garota piscou algumas vezes antes de perceber que ele estava falando com ela. - Aceita ou não?

Ela olhou a sua volta, todos a encaravam espantados. O garoto que usava estupidamente uma camisa estampada com flores esperava sua resposta, mas não era qualquer garoto, era ele. Min Yoongi! Ele que havia sorrido para ela no ônibus e agora a escolhia para ser seu par.

- Aceito. – disse timidamente.

- Então vamos. – deu o mais belo sorriso que ela virá em toda a sua vida.

Não podia acreditar que aquilo estava acontecendo com ela, um garoto lindo como ele estava lhe dando atenção. Ele poderia ter escolhido qualquer outra pessoa naquele acampamento, mas a escolheu. A garota tentou disfarçar o sorriso de satisfação quando passou pelo os outros alunos, algumas meninas a encaravam com cara feia, estavam com inveja dela. Sim, pela primeira vez em sua vida estava sendo o centro das atenções, até que não era tão ruim assim. A menina com quem dividiria o beliche sorria cordialmente para ela, um grupo de meninos sorriam e davam piscadas para Yoongi.

A garota podia sentir seu rosto esquentar, eram olhares demais sobre si. 

- Podemos ir por aquele lado. – apontou Yoongi em direção as árvores por trás das cabanas. – O professor me passou um mapa caso seja preciso. Temos que levar esses sacos também para pôr as lenhas. Tudo certo? – perguntou com um sorriso.

- Sim, tudo certo. – retribuiu o sorriso.

Ela queria perguntar por que ele a tinha escolhido, mas seria muita idiotice da parte dela, não faria sentido uma pergunta como àquela, preferindo ficar calada e apenas acompanhar os seus passos. Yoongi parecia entender de trilhas, seus cabelos pretos estavam uma bagunça, havia uma folha seca presa neles, a garota segurou a vontade de tirar, optando apenas em admirar o rapaz a sua frente. 

Ele era realmente muito lindo. 

 No fim sua mãe tinha razão, valeu à pena ter vindo. Era preciso o acampamento para o seu anjo ter tido a coragem de falar com ela. Com uma grande sorriso ela o acompanhava. 

 

Os freios da bicicleta não funcionavam mais, obrigando a garota a colocar seu pé no chão para diminuir a velocidade, jogou a bicicleta sobre o gramado bem feito, encontrava-se coberta de suor, podia sentir sua roupa por baixo do moletom grudada contra sua pele lhe causando incômodo. Puxou a respiração algumas vezes, seu ouvido zumbia devido a tensão do seu corpo, dava de escutar as batidas aceleradas do seu coração. Ali encontrava-se ela, de frente para a casa de Yoongi, fazendo a maior loucura da sua vida, não iria demorar muito, tudo que precisa era ter a certeza que ele estava bem.

Andou em volta da bicicleta algumas vezes, precisava criar coragem para o que iria fazer. Engoliu em seco tantas vezes que achava que não tinha mais saliva em sua boca. 

- Ok... Vamos lá. 

Conhecia os arredores da casa de Yoongi muito bem, perdeu as contas das vezes que esteve ali o observando. Sabia perfeitamente que teria uma chave guardada dentro do vaso de flores pendurado perto da porta, olhou a sua volta, não havia ninguém na rua, todas as casas estavam com as luzes apagadas. A garota se esticou sobre a ponta dos pés e tirou a chave. Enfiou na fechadura e com um leve clique abriu a porta.

Torcia para que ninguém estivesse acordado. Não queria nem imaginar o que poderia acontecer se alguém a pegasse, não se deixou pensar muito no assunto. Tudo a sua volta estava em completa escuridão, o quarto de Yoongi ficava no andar de cima. Respirando cautelosamente ela subio às escadas. 

Um passo de cada vez. 

Uma respiração.

Mais um passo.

Só mais um pouco.

Se encontrava de frente à porta de seu quarto.

A excitação invadia todo o seu corpo, não acreditava que estava tão próxima dele, com a leveza de um gato abriu a porta que deu um breve rangido, seu coração parou por alguns segundos. Deu uma breve espiada, silêncio. Empurrou mais um pouco e jogou seu corpo para dentro, uma fresta de luz invadia o quarto vinda da janela. Andou até a cama, um volume sobre ela mostrava que ele estava dormindo todo coberto pelo lençol, iria puxar um pouco , precisava ver ao menos seu rosto antes de ir embora,  já sabia que ao menos ele estava vivo.

Posou delicadamente a mão sob o lençol quando uma forte luz invadiu o quarto de repente. Seu corpo congelou instantaneamente, alguém havia acendido a luz, não tinha coragem de olhar para trás. 

- O que diabos você estar fazendo aqui? – perguntou Yoongi.

A garota girou o corpo ao som da sua voz, Yoongi estava parado a encarando com um copo de água na mão. A garota piscou algumas vezes para se acostumar com a repentina luz e ao fato que ele estava parado a sua frente, fazendo se perguntar então quem era a pessoa que estava dormindo na sua cama.

- Responda! – furiosamente ele jogou o copo no chão.

Assustada com tal ação a garota se bateu contra a cama, a pessoa que dormia acordou de sobressalto devido ao barulho e impacto do seu corpo, a garota sentiu a cor sumir do seu rosto, não podia acreditar na pessoa que via. 

- Natália? – sussurrou seu nome. – O que está fazendo aqui?

- Acho que sou eu devo fazer essa pergunta, não acha? – Yoongi perguntou com os dentes trincados.

Natália encarava a garota confusa de sono, até que se deu conta do que estava acontecendo e levantou da cama apressada, ela vestia apenas uma camiseta de mangas longas. A camiseta dele notou à garota.

- O que está fazendo aqui? – a garota avançou para cima de sua suposta amiga. – Fala alguma coisa. – empurrou seu corpo contra a parede a prendendo. 

- Me solta sua louca. – disse Natália. – Pirou de vez? Invadido propriedade alheia.

- Porque? Por que estava dormindo na cama dele? Porque está usando a camiseta dele? – o quarto girava a sua volta. – Você sabia o tempo todo o que eu sentia, porque fez isso comigo? A quanto tempo? 

- Você é uma idiota Lennyta. – sussurro Natália. 

A garota avançou para cima da outra, sentia suas unhas arranhando o rosto de Natália, não se importava se a estava machucando, como ela pode ter tido a coragem de se deitar com o homem que amava? Esse tempo todo estava caçoando da sua cara. Era por isso que fazia piadinha o tempo todo a seu respeito? As outras garotas sabiam disso? Com certeza sabiam, ela que era idiota demais para perceber algo.

Sorriu contra gosto. 

Natália se debatia por baixo dela, a garota sentiu algo agarrar seus cabelos a puxando com violência para trás. Yoongi a puxava com força, para logo em seguida jogá-la bruscamente no chão. 

- Sabia que você doente? – olhou para o corpo da garota encolhido no chão. – Isso não é comportamento de uma pessoa normal, invadir a casa de alguém, a perseguir por 24 horas, isso são coisas de gente maluca, completamente pirada da cabeça. 

- Não sou maluca, fiz isso porque estava preocupada com você.

Yoongi soltou uma risada sarcástica.

- Preocupada comigo? Ai meu Deus, ouviu isso Natty? Ela estava preocupada comigo. 
Natty? Ele tinha até uma apelido especial para ela? Natália deu uma risada seca. A garota permanecia no chão, não tinha forças para se levantar, a palma da sua mão ardia, tinha caído sobre os cacos de vidro do copo que Yoongi quebrou.

- Eu falei que ela era louca.

A garota fechou suas mãos em punho, estava sendo humilhada mais uma vez. 

- Deveríamos ligar para a polícia. – sugeriu Natália. – Ela invadiu sua casa, é perigoso deixar uma pessoa nesse estado mental solta por ai. – a garota de cabelos longos zombava da outra. 

- Não, eu tenho uma ideia melhor. – disse Yoongi com uma risada. – Algo que ela nunca mais vai esquecer. 
Yoongi avançou na direção da garota a forçando a se levantar, puxou seu braço com força. 

- Vamos, levanta.

Todo o seu corpo tremia, o que ele estava planejando fazer com ela? Não conhecia esse lado dele, como o garoto doce com quem sempre sonhou estava agindo daquela forma? O aperto em seu braço estava machucando, sempre havia sonhado com o dia em que sentiria o toque de Yoongi em sua pele, isso estava acontecendo, mas não como imaginava.

- Vamos dá um pequeno passeio, não era isso o que você sempre quis? Passar algum tempo comigo? – Yoongi puxou a garota para fora do quarto, desceu as escadas às presas, seus pais não deviam estar em casa para ele estar agindo daquela maneira. Natália vinha logo atrás, tinha ao menos colocado uma calça, mas continuava usando a camiseta, para insultar, mostrar que ela tinha conseguido o que garota sempre desejou, ele. 

Sua mente ainda não conseguia processar tudo o que tava acontecendo, não entendia porque diabos Natália estava com Yoongi, ela sempre era a primeira a recriminar a garota por gostar dele, vivia dizendo que não valia à pena. Como havia sido idiota, ela apenas queria ele só para si, aquilo era apenas conversa fiada no fim das contas. 
Yoongi a conduziu até a garagem, mandando que entrasse no carro. A garota desconfiada não podia fazer nada a não ser obedecer. Tentou ignorar o medo em seu peito, ele não faria nenhum mal para ela, só estava zangado por ter tido sua casa invadida. Simplesmente isso. 

- Você fica aqui. – ordenou para Natália. 

- É o que? – perguntou surpresa.

- É surda por acaso? Você fica. – sibilou.

Natália fez a menção de reclamar, mas o olhar de Yoongi a fez desistir. O garoto entrou no carro dando a ré, saindo da garagem bruscamente, a garota pode ver sua bicicleta jogada no chão à sua espera, torcia para que quando voltasse ela permanecesse ali, torcia para que ela voltasse.

- Para onde estar me levando?

- Porque estava na minha casa?- Já disse que estava preocupada com você. – a garota apertava suas mãos fortemente. Queria manter sua voz firme. – Para onde estar me levando? – repetiu a pergunta. 

Ele a ignorou.

Estava no mesmo carro que Min Yoongi, ainda por cima sozinha. Aquilo era assustador e excitante ao mesmo tempo levando em conta todos os acontecimentos dos últimos dias. 

- Fazia mais de uma semana que não aparecia na escola, eu pensei, pensei que tivesse feito algo depois daquele nosso encontro. – não queria ter mencionado o ocorrido da praça, traria um clima ruim. Ainda mais.

Yoongi soltou uma gargalhada. 

- Achou que tivesse me matado ou algo do tipo? Por sua causa? Você é muito louca mesmo. 

Yoongi dirigia sem ligar para as leis de trânsito, não parava em nenhum sinal, continuava sempre avançando com a velocidade máxima. Depois de algum tempo chegaram à uma estrada, a garota logo descobriu para onde ele a estava levando, reconhecia aquele trajeto, passou por ele a dois anos atrás. A placa de aviso do começo da reserva estava cravada no mesmo lugar de sempre. 

Estavam seguindo para o acampamento. Porque? Tinha que esperar chegarem para descobrir. Yoongi permanecia todo o trajeto calado, a garota se perguntava o que estaria se passando por sua cabeça. 

- Porque me trouxe aqui? – questionou ao pararem no conhecido acampamento. Nada a sua volta tinha mudado, podia avistar as duas cabanas em pé bem no meio das árvores, o lago brilhava ao longe, a garota por um instante se perguntou se sua mãe havia notado seu sumiço, fazia horas que havia saído de casa, brevemente ela notaria e a confusão estaria armada.

- Então foi aqui que tudo começou, não foi? – Yoongi olhava ao seu redor. – Foi logo ali que escolhi você como minha parceira. – apontou para a cabana que as meninas ficaram. – Lembro da sua cara de surpresa, como você era boba. 

A garota não falou nada, agora era a vez dele falar. Seus sentimentos estavam um turbilhão dentro de seu peito, não se importava se sua mãe fosse brigar, não se importava mais com nada, naquele momento Yoongi poderia fazer o que quisesse com ela, não teria nenhuma importância. O que importava era aproveitar por breve que fosse aquilo com ele, quando amanhecesse iria cada uma para o seu lado, ele provavelmente tentaria esquecer que tudo aquilo aconteceu, ela guardaria esperanças que um dia Yoongi reconhecesse seu amor. 

Como ele disse, era uma boba. Uma boba apaixonada pelo garoto de cabelos pretos arrogante. 

- Naquele dia eu me segurei várias vezes para não rir da sua cara. – sorriu amargurado. – Deveria ter gritado no fim do dia “te peguei esquisita, era tudo uma aposta”, mas estava engraçado demais para terminar rápido. Era bom zoar contigo, tudo o que eu fazia era motivo de você ficar que nem uma aluada. Sabe, se eu soubesse que você se tornaria essa louca perseguidora nunca teria aceitado aquela aposta, ganhei 50 reais para aturar uma garota como você, me diga, valeu à pena?

O preço da sua humilhação era apenas 50 reais? Realmente não valia mais que aquilo? Deixou a pergunta de Yoongi no ar, seu peito estava apertado, não conseguiria emitir um som sequer. 

- Tudo começou aqui, então tudo vai terminar aqui. – sussurrou Yoongi encarando a garota com olhos vidrados. Deu alguns passos na sua direção, a garota parecia estar hipnotizada pelos olhos negros e frios do rapaz, permanecia parada. Observando o garoto chegar cada vez mais próximo. – Vai ser rápido, você não vai sentir nada. – sua voz era como música aos ouvidos da menina, ele estendeu sua mão,  a garota prontamente entregou a sua. 

Yoongi apertou a mão da garota contra a sua, puxando- a para perto de si.

- Vamos dá uma caminhada.

Naquela noite fria, seu corpo estava pegando fogo. O silêncio da noite ao seu redor fazia com que a fantasia se tornasse mais forte, a garota sabia que aquilo não iria acabar nada bem, mas não tinha forças para tirar sua mão da de Yoongi. Estava vivendo seu sonho acordada, juntos caminharam em direção ao lago, Yoongi puxou a garota para mais próximo de si, ela não precisaria  sofrer até o final. 

O lago brilhava enorme a sua frente, um rei no meio daquelas árvores, lindo e aterrorizante. 
Yoongi foi soltando a mão da garota aos poucos assim que chegaram na ponte, chegou mais perto, a garota podia sentir a respiração de Yoongi contra sua pele, se duvidasse poderia ouvir as batidas do seu coração, estava tão acelerado como o dela, ele posou suas mãos sobre suas costas, subindo vagarosamente até o seu pescoço. A garota sentia que iria explodir a qualquer momento, o toque quente de Yoongi na sua pele fria era demais para suportar. Sentia os dedos ágeis de tocar piano traçando um ritmo em sua pele exposta, massageando.

Suas mãos se fecharam sobre o seu pescoço, apertando delicadamente, a garota arfava com tudo aquilo, estava sendo tocada por ele, era mil vezes melhor do que imaginava, não tinha preço para aquilo. O aperto ia ficando cada vez mais forte, a garota continuava arfando, não por estar excitada, mas pela falta de ar em seus pulmões. Yoongi apertava agora sem piedade o pescoço da pequena, os olhos da mesma se enchiam de lágrimas, sua pele de um tom moreno agora passava para um pálido, seus lábios ganhavam um tom arroxeado, tudo estava se esvaindo.
Ela tentou tirar as mãos dele, lutou para se soltar, mas o aperto era forte demais, estava ficando desesperada já, seus pulmões doíam, sua cabeça girava. Por um impulso de sobrevivência a garota tirou do bolso o pequeno punhal, não iria machucar ele para valer, apenas o assustaria. Apertou o punhal firmemente na sua mão, usando as últimas forças do seu corpo, a garota deu o seu golpe, não sabia onde tinha atacado, pareceu não fazer efeito, Yoongi apertou ainda mais seu pescoço, estava com ódio. 

A garota atacou novamente repetindo o golpe por diversas vezes seguidas, podia sentir o aperto afrouxando, Yoongi soltou o pescoço da garota e deu um passo para trás cambaleante, suas mãos pousavam sob seu abdômen, sangue escorria por entre os seus dedos.  

- Olha o que você me obrigou a fazer. – chorou a garota com dificuldade, sua garganta estava doendo. Sua voz saía por um fio. – Você é um idiota, isso é tudo culpa sua.

A garota jogou o punhal sujo de sangue no chão, foi até Yoongi jogando seu corpo contra o dele, juntos caíram na madeira fria. Rapidamente ela tirou seu moletom, o pressionando contra o abdômen do rapaz, o sangue não parava de escorrer, não sabia quantos golpes havia dado e não tinha coragem para levantar a camisa do rapaz, na hora estava eletrizada pelo medo. A garota jogou seu corpo por cima dele e começou a chorar audivelmente.

- Me desculpa, eu não queria ter machucado você, eu te amo. – suplicava. – Não me deixa, por favor, eu prometo que irei mudar. Deixarei você viver sua vida em paz. 

Yoongi respirava com dificuldade, tentou falar algo, mas apenas um punhado de sangue escorreu da sua boca. 

- Você está sofrendo. 

A garota olhou para o garoto arquejando a sua frente, encarou o punhal a alguns centímetros da sua mão. Precisava parar a dor dele, ele estava sofrendo.

E com um último golpe a garota enterrou o punhal sobre o peito do garoto. Sangue respigou em rosto,  seu colo e seus braços também estavam manchados com o sangue do rapaz. A garota depositou seus lábios brevemente nos lábios de Yoongi, com uma última despedida ela jogou seu corpo no lago, o punhal logo em seguida.

 Foi ali que tudo tinha começado e foi ali que tudo estava acabado. 
 


Notas Finais


Estou chorosa T T não era para ter sido dessa forma, espero que não estejam me odiando.
Em breve o capítulo final será postado.
Teremos a versão de Yoongi para todo o acontecido e o que o levou para esse final trágico :/

Desculpa Natália por usar seu nome sem permissão rsrsrs e cuidado para a Nelly não te bater, afinal você pegou o Yoongi.

Obs ~ qualquer erro me avisem Xxx

~☆


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