História Just one more drink - Ação e evolução

A visão de Larissa à respeito de tudo

Na maioria das vezes eu não consigo entender o que se passa na cabeça dessas pessoas, ou como a situação da vida delas consegue chegar à um ponto tão louco, em um piscar de olhos.

Quando eu conheci Marjorie, ela parecia uma personagem de filme, sabe aquelas pessoas que tem grandes histórias de superação e muitas coisas para esconder das outras pessoas que as vezes nem param para ver coisas fundamentais como as expressões faciais que entregam muito de boa pessoa? Então, ela é mais ou menos aquelas personagens de fanfic enjoadas que estamos acostumados à ver todos os dias.

Mas depois de entender toda essa parada de banda de rock, de guitarrista, fama, drogas, bebidas, morte, loucuras, pessoas, conflitos e amor, eu comecei à me inserir mais nesse mundo dela, até então muito restrito e foquei no que realmente importava: entender o que lhe mantinha presa ali. E olha, foi difícil, uma série de acontecimentos que mais pareciam uma montanha russa. Em um dia era tudo maravilhoso, no outro dia dava vontade de morrer e foi nesse trem sem freios que eu entrei e passei quatro anos com Zachary James Baker em Tóquio, do outro lado do mundo, não foi fugindo das pessoas ou sentimentos como ele, mas sim fugindo de mim mesma. Eu conheci gente bastante interessante, graças à Deus eu não me apaixonei, e entre essas pessoas que eu conheci a que mais me chamou atenção era o meu colega de apartamento e sua história louca de se apaixonar pela mulher do melhor amigo por tabela.

Mas voltando à realidade, a única coisa que prende minha atenção agora é ter que desmanchar toda a produção que estava sendo feita em torno do segundo casamento do Synyster Gates, e confesso que foi difícil ter que explicar a situação para todos os fornecedores e informar o número da conta para que a devolução do dinheiro fosse feita.

Quando eu finalmente tinha ligado para o último fornecedor de bebidas, parecia que meu trabalho tinha acabado, Marjorie estava deprimida desde o fim do noivado em definitivo, todos nós procurávamos dar apoio à ela mas era difícil ter que negar a loucura que ela havia feito com tantas querendo estar em seu lugar.

Atravessei o corredor do apartamento que levava à seu quarto, bati na porta devagar e como não obtive resposta, abri a porta lentamente. O pôr-do-sol entrava pelas brechas da cortina, no chão estavam espalhadas fotos dos dois em viagens, na formatura, shows, passeios, quando eles se conheceram e até bateu uma nostalgia por ver como nós erámos felizes naquele tempo em uma foto em que Brian segurava o cabelo de Marjorie e ela colocava a língua em meu ouvido, provavelmente estávamos bêbados mas quem ligava para isso? Grande parte dos nossos registros era assim. Em cima da cama estavam as fotos que haviam sido feitas para o casamento, parte no meio de uma floresta à tarde e à noite e em um estúdio que haviam alugado somente para fazer esse ensaio, eu lembro de cada detalhe por que organizei a maioria das coisas, era difícil me desfazer disso embora o casamento não fosse meu, mas eu era madrinhas e adorava o Brian e tenho Marjorie como uma irmã.

Sua sombra estava desenhada na janela, seu contorno era lindo e calmo, banhado pela luz laranja que entrava no local, que mesmo pouco era o suficiente para me permitir ver todos os detalhes.

- E então? Já desfez tudo? – ela se virou para mim e sentou na cama.

- Sim, dei a conta do Brasil de Brian para a devolução do dinheiro mas ele disse que não quer. – Comecei a recolher as fotos espalhadas pelo chão.

- Então o dinheiro vai apodrecer naquela conta. Vem – Ela se levantou da cama – Vamos. – e começou a marchar em direção à saída do quarto.

Estranhei de imediato a reação de Marjorie, ela era do tipo que ficava sofrendo por amor até não poder mais ela caminhava decidida em direção à saída do apartamento, não levava bolsa e não vestia nada extravagante, não me sobrou nenhuma alternativa à não ser segui-la.

- Aonde nós vamos? – ela caminhava rápido e eu tentava acompanhar seu passo.

- Sair, mas se quiser pode voltar para casa e ficar por lá – ela entrou no elevador e quando a porta ia fechando, mudei de ideia e resolvi entrar também.

No longo caminho até o shopping, o silencio virou uma lei, ela não falava nada e eu apenas observava, nunca tinha visto aquela postura nela, parece que a garotinha não estava mais ali.

E a minha surpresa foi ainda maior com a quantidade de coisas que ela havia comprado, Marjorie parecia que havia gasto todo o dinheiro do casamento que Brian havia dito que era para ela em roupas, aquelas compras tinham duas vezes o volume de coisas que havia em seu guarda roupas, e eram peças caras, ousadas, coisas que nunca imaginei no corpo dela, embora não fosse preciso muito esforço para ver isso.

Ao sairmos da última loja, ainda tentando acompanhar seu passo rápido vi Marjorie entrando em um salão de beleza, coisa que ela odiava mas eu achava que era uma boa hora para ela fazer a unha, sentei-me com uma das manicures e parei de me preocupar por que aquele lugar parecia inofensivo, então, eis que duas horas depois que eu fiz uma escova, depilação, hidratação e as unhas, um novo ser humano aparece na minha frente.

Definitivamente aquela não era a pessoa que eu trouxe para cá, ela havia se inspirado na Adele e estava com os cabelos antes pretos agora em um tom de louro champanhe cortado na altura dos ombros, era chique e era lindo, e ela estava pronta para dar a volta por cima. Talvez eu devesse ajudar naquilo.

Zacky POV’S:

Olhando o estacionamento do prédio vi a Larissa descendo do carro de Marjorie, então me animei logo por que eu precisava de alguém para conversar, estava difícil ter que encarar tudo sozinho, mas logo percebi que ela não estava sozinha e uma loira à acompanhava, meu sorriso se desfez e deu lugar à curiosidade conhecia quase todos os amigos de Larissa e aquela moça era muito estranha, tinha algo familiar nela mas nunca à tinha visto.

Cerca de 10 minutos depois Larissa entrou em seu quarto e eu continuava sentado na cama olhando para a janela.

-Olá, que bom te ver, parece que o senhor passa mais tempo aqui do que a dona da casa – e deu uma risada sarcástica, típico.

-Não tenho culpa se a senhora roda mais que roleta em Las Vegas – virei-me para encará-la e não pude deixar de rir de sua cara de nojo, típico também. – mas me diga, quem é a loira que veio dirigindo o carro de Marjorie contigo? – minha expressão facial revelava a dúvida.

Larissa tentava em vão alcançar a mala que ficava no alto de seu armário, levantei-me e tirei o objeto do lugar, colocando-o em cima da cama.

- Ufa, obrigado, uai, não reconheceu? – Larissa fez uma cara como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. – Aquela é a própria Marjorie, o senhor já foi o observador melhor Baker.

- Aquela é quem? – não pude conter o susto.

- Depois te explico essa história, tenho que levar isso e depois leva-la ao aeroporto.

De repente um nó se formou em minha cabeça, por que ela tinha mudado tão drasticamente? E para onde ela iria? O que estava acontecendo? Eram tantas dúvidas que quando dei por mim, Larissa já estava no apartamento em frente, segui pelo mesmo caminho atravessando bruscamente o corredor, ao entrar no apartamento só Deus sabe qual foi a minha surpresa ao ver a nova Marjorie Louise (1) na minha frente, enfiando dezenas de sacolas dentro da imensa mala.

- Mas que merda é essa? – Perguntei sem saber nem o que fazer, nem como reagir e passei a mão pelos cabelos impaciente procurando uma resposta satisfatória. – Cadê a Marjorie? O Que você fez com ela? E para onde você pensa que vai?

Ela veio andando calmamente em minha direção, como se o louco fosse eu, e não ela, como se a pseudo-esquizofrenia dela, de agora querer ser outra pessoa fosse algo totalmente normal. Ela deu um beijo em minha testa.

-Não há merda nenhuma e eu estou definitivamente me retirando daqui, talvez tenha sido um erro tudo isso, ainda bem que está dando tempo para que eu repare tudo. – Então ela voltou a atenção as malas.

Larissa estava em seu quarto e provavelmente tiraria dali o resto de seus objetos pessoais pelos quais tinha um apresso maior.

-Pode me explicar o que é isso? O porquê dessa mudança toda? – sentei-me no sofá e ainda passava as mãos de modo impaciente pelos cabelos – Você acha que mudar e virar outra pessoa vai solucionar tudo?

Ela continuou com a atenção voltada à todas aquelas sacolas, calmamente tirava peça à peça e ia ajeitando tudo.

-Não, virar outra pessoa não muda nada, mas ajuda tudo à ficar mais suportável, eu vou mudar minha vida, reparar coisas que talvez eu tenha deixado de fazer por ter feito tudo muito cedo, eu pulei muitas etapas e agora estou tentando me encontrar. – ela finalmente fechou a mala, olhou para o relógio e colocou alguns papeis que estava na bancada da cozinha dentro de sua bolsa. – Tenho que ir ao aeroporto, vai comigo?

-E eu tenho outra escolha? – Levantei-me do sofá e quando dei por mim, em menos de cinco minutos estávamos no meu carro, sem Larissa dirigindo em direção ao aeroporto.

-Mas para onde você vai? – fora do carro chovia e ela fingia interesse nas gotas de água que escorriam pela janela do veículo. Até que então, virou-se para mim.

-Voltar para o nordeste, aquela história de bom filho à casa torna talvez seja verdade.

Assim a viagem seguiu e meia hora depois, sem olhar para trás e após dar-me um abraço que estralou todos os ossos do meu corpo, Marjorie entrou confiante, ou pelo menos tentava, em um avião direito para Recife. Quando voltava ao estacionamento senti o meu bolso vibrar, olhei o celular e vi que era uma ligação.

Brian.

-Hey dude, what’s up?

-Whered u zee?

-In airport, backing to home.

-Airport?

-Sim vim deixar Marjorie.

-Marjorie foi para onde?

-Ela acabou de entrar em um avião, foi para Recife e segundo ela, não volta mais.