História Just The Way You Are - Um estranho modo de proteção

Miguel, irmão mais velho e barrudo de Castiel gritou ao ver seu caçula semi nu de bruços na cama com um alfa em cima dele. O mais velho dos Novak era extremamente conservador, e encontrar um de seus irmãos com outro homem em sua própria casa não ofendia só a ele, mas também sua família que antes moravam ali.

Dean sai de cima do moreno, e o ajuda a fechar sua camisa, o máximo que da já que alguns botões haviam sido arrancados em um distúrbio de luxúria e força que Dean teve a minutos atrás.

— Mi-Miguel, não é nada do que você está pensando, nós não —

— Não é nada do que eu estou pensando Castiel?! Eu chego em casa e vejo você praticamente nu com um alfa no seu quarto e quer que eu pense o que? — o Novak mais velho grita, fazendo com que Cas se encolha e tente cobrir seu corpo com as mãos e comece a procurar um lugar para esconder seu rosto, tentando não ver a expressão raivosa de seu irmão.

— Não grite para Castiel. — Dean ordena, usando sua voz de alfa.

— Quem você pensa que é para me mandar fazer alguma coisa? — Miguel retruca, soltando um rosnado selvagem. Aliás odeiam que outros aliás ordenem algo para eles, principalmente usando seu timbre dominante.

— Eu sou o alfa de Cas e ele é o meu ômega. — O loiro grune, os dois Novaks conseguem sentir o lobo dele assumindo.

— Seu ômega?! Nem ao menos estão acasalados e é assim que chama ele? Ah Cas, típico de uma varia ômega não marcada: iludir um pobre alfa só pra conseguir o dinheiro dele. O próximo passo vai ser o que? A famosa 'gravidez acidental' ou —

Miguel não conseguiu terminar sua sentença pois Dean literalmente pulou em cima dele. O loiro socou o Novak e os dois caíram no chão numa enorme confusão de socos, chutes e urros bestiais. Enquanto isso Castiel lutava contra um ataque de pânico, — problema recorrente desde a morte de sua mãe —sua respiração estava rápida e irregular, suas pupilas dilatadas, seu coração acelerado, as mãos trêmulas e a boca que tentava formar alguma palavra coerente.

Dean percebeu isso, com seu lobo assumido seus sentidos ficavam muito mais aguçados, fazendo ele sentir de imediato o pânico em abundância que seu companheiro exalava. O Winchester solta Miguel e corre até o moreno, o abraçando. Cas não retribui ao abraço, ele ainda está catatônico e em estado de puro medo. Tudo que Dean e seu lobo pensavam era em acalmar Castiel, o companheiro não deve ficar com medo. O loiro apoia a cabeça de Cas em seu ombro e começa a cantar no ouvido dele. Aos poucos, ele sente o moreno amolecer em seus braços e suas pequenas mãos macias apertarem seus ombros largos, retribuindo o abraço quente.

—Companheiro, você esta bem? — Dean pergunta.

— Já estou me sentindo melhor, obrigado alfa.

— Não precisa agradecer, cuidar de você e do seu bem-estar é o meu trabalho como companheiro, ômega. — Cas corou com o que Dean disse, voltando a esconder o rosto no pescoço dele, sentindo o aroma tão familiar que o trazia tamanha paz de espirito.

Porem o momento feliz foi interrompido quando ambos sentiram o cheiro amargo que Miguel emanava. O moreno mais velho se levantava do chão enquanto limpava um pouco de sangue que escorria de seu nariz, local onde Dean havia socado com mais força. Miguel solta um rosnado de pura raiva ao ver o alfa loiro abraçando seu irmão e logo se prepara para atacar novamente. Castiel se encolhe no abraço de Dean, ele podia sentir a mesma sensação de pânico e medo tomando conta dele novamente, o desesperando por completo.

— Pare com isso! — Dean grita, usando toda a potência que sua voz de alfa tinha. —Pare com essa idiotice! Será que não vê o que está fazendo com Cas?!

Miguel parou, olhando para seu irmão mais novo pela primeira vez desde o inicio da briga. Ver o estado vulnerável de Cas o atingira em cheio. O moreno não via seu irmão com tamanho pânico em seus olhos azuis desde sua infância, quando o mais novo tinha frequentes ataques de pânico. Rapidamente seu cheiro mudou, o fedor da raiva deu lugar ao aroma da pura preocupação, aroma esse que Cas não sentia emanar de Miguel desde seus doze ou treze anos, tempo que sua mãe morreu de câncer e o mais velho cuidava dele e de Gabriel.

— Cas... — o moreno sussurra, vendo seu irmão mais novo aterrorizado olhando para si.

— Não Miguel. Só... Só me diga o porquê de você me odiar tanto. Eu não fiz nada pra te desagradar, nunca sai de casa a noite e só voltei de madrugada, nunca tirei notas baixas, nunca me envolvi com coisas ruins e eu sempre te amei, porque acima de tudo você é o meu irmão, Miguel. — Castiel falou rápido, querendo desabafar logo para ver se a dor que sempre esteve instalada em seu coração sobre o seu irmão passasse. Mas ela não passou. O moreno voltou a se esconder no calor de Dean, já sentindo algumas poucas lagrimas escorrerem por seu rosto.

— Eu não te odeio Cas. Na verdade, acho que agora sou eu que me odeio. — ele encolheu suas mãos, mostrando que não estava mais disposto a lutar com Dean. — Será que eu e ele podemos conversar a sós? — Miguel perguntou a Dean.

O loiro olhou para Cas, questionando com o olhar se o seu ômega queria realmente ficar sozinho com aquele alfa. Dean não queria, de modo algum, sair e deixar Cas ali, sua mente protetora demais achava que, se algo desse errado ou que se os dois discordassem de algo, o alfa seria muito capaz de machucar o seu ômega. E ele queria tudo, menos ver seu companheiro machucado. Castiel compartilhava o mesmo pensamento que o loiro, porem ambos sabem que ele precisa falar com Miguel e resolver de vez essa questão. Essa única pedra no caminho deles. Ainda um pouco tremulo o moreno assente de leve com a cabeça, dando um ultimo aperto no loiro e logo o soltando. Dean se levanta enquanto ajuda Cas a fazer o mesmo, ele da um casto beijo em sua bochecha antes de se retirar do quarto – não sem antes dar uma ultima olhado em Miguel, claro. 

— Cas, olha eu sei que sou um completo babaca por viver falando coisas horríveis para você e para Gabe sobre suas formas físicas, mas, por mais incrível e surreal que pareça, eu só quero o bem de vocês. Mesmo que eu não saiba demonstrar isso.

— Querer o nosso bem?! Miguel, que tipo de bem é esse que nos xinga, nos deixa para baixo, me faz chorar quase sempre e faz com que Gabriel fique trancado no quarto?! Depois de tantos anos vivendo com suas piores criticas é difícil acreditar que todas elas foram para o nosso bem.— Castiel fala, usando toda sua coragem para conseguir falar com seu irmão, um alfa, de tal maneira.

— Eu sei Castiel! Eu só estava tentando proteger vocês!

— Nós proteger de que?!

— De nós, Castiel! Alfas estúpidos que dizem coisas estupidas para ômegas inocentes como você só para ter o prazer de vê-los sofrer! — Miguel gritou tão alto que Castiel teve certeza que até a vizinha pode escutar. — Muitos de nós somos superficiais, eles acham que ômegas são feitos apenas para ficarem em casa e serem bonitos, e ainda querem ditar o padrão de beleza deles. — o mais velho se virou para a parede, querendo evitar o olhar de seu irmão. — Alfas podem ser cruéis com aqueles que não os agradam. Eu sei disso por que eu já fui um desses alfas estúpidos.

    Um grande e desconfortável silencio se instalou no quarto. Miguel, atolado em suas memorias amarguradas, não parava de pensar sobre os olhos meio esverdeados que o conquistara há tanto tempo atrás,e que ele deixara partir tão cedo devido a um orgulho bobo. Castiel observava tudo, ainda sem acreditar ao certo no que o irmão lhe falara. Mesmo inocentemente, ele acreditava que tinha um motivo para Miguel lhe falar tais coisas cruéis e pesadas todos os dias, mas não sabia que era algo tão complexamente simples. Porem Castiel sabe que essa é a personalidade de Miguel, ele tem mania de complicar as coisas.

— Cas... Tudo bem se você não acreditar e não me perdoar. Serio. Mas eu posso tentar mudar, tentar voltar a ser o Miguel de antes. — o moreno voltou a encarar o mais novo.

Milhares e milhares de coisas passavam pela mente de Castiel. Ele quer perdoar o irmão, mas sabe que ainda não é a hora. Afinal pode acontecer de hoje ele ser perdoado e amanha já está o criticando de novo, ou talvez até com mais intensidade.

—Miguel, eu quero muito poder te perdoar, mas eu sinto que não posso. Eu não sei dizer que tudo que foi dito aqui foi realmente verdade ou não, eu quero acreditar que sim. Eu vou te perdoar Miguel juro que vou, mas não aqui e não agora. Eu ainda não estou pronto para isso e acho que nem você está. — Castiel levantou o olhar para os olhos de Miguel. O azul quente quase igual ao seu o fitava intensamente.

Miguel foi até ele e tentou o abraçar, porem Cas desviou. Ainda não estava pronto para isso. Ignorando o olhar ferido de seu irmão mais velho, o moreno saiu do quarto batendo a porta com força. Desceu as escadas com pressa para encontrar Dean novamente. Na sala, Dean andava de um lado para o outro com os braços cruzados, ele estava claramente preocupado. Assim que viu o moreno no pé da escada, ele correu até ele e abriu os braços, sentindo que seu companheiro precisava de um abraço. Ele estava certo, tudo que Castiel mais queria nesse momento era entrar nos braços de Dean e se afogar em seu cheiro inebriante até ficar inconsciente.

E assim ele fez.