História Justice (Camila Intersexual) - Sorry

Lauren Jauregui's POV 
- Após apuração dos fatos, declaro o réu Alejandro Cabello culpado pelos crimes de homicídio doloso duplamente qualificado, formação de quadrilha e sonegação de imposto. Cumprirá 23 anos de prisão em regime fechado!  - a juíza disse batendo de sua decisão. 

Após ouvir suas palavras, pude enfim soltar a respiração que estava segurando. Segurando por anos. Senti Dinah apertar meus dedos que estavam entrelaçados com os seus e minha prima Karla soltar um "isso!" baixinho. Eu me sentia plena, finalmente vingada. A justiça foi feita. Foi com uma satisfação imensa que vi Alejandro Cabello ser algemado e levado para a prisão. Porém, quando olhei para o lado e vi Camila, meu coração se partiu um pouquinho. Ela não merecia passar por isso. Camila era boa demais para ter um pai filho da puta desses. Camila olhou para mim e me ofereceu um sorriso fraco, seus olhos estavam marejados.

 
- E-eu... e-eu sinto muito você estar passando por isso. - falei tentando formular uma frase coesa, tentando dizer que sentia muito por ela estar passando por isso. 
- Está tudo bem, é o que ele merece. - ela deu de ombros e olhou para frente. - Vou falar com a minha mãe rapidinho, a gente pode conversar em um local mais privado depois disso? - acenei em concordância e Camila levantou-se, indo até sua mãe. 
- Você vai contar a ela? - Dinah perguntou enquanto íamos em direção a saída do tribunal. 
- Não é como se ela pudesse esconder por muito tempo. - Karla disse. 
- Eu não sei como vou fazer para contá-la, mas será necessário. Não é algo que eu possa esconder. - minha voz não passava de um murmuro. 
- Tudo bem. Vamos para o meu apartamento, tudo já está lá e estaremos te esperando. - Karla disse antes de me abraçar, Dinah fez o mesmo e as duas saíram. Fiquei alguns minutos sozinha esperando Camila, logo ela apareceu com as mãos nos bolsos frontais da calça social, andando com aquela confiança que só ela tinha. 
- Vamos? - disse assim que chegou a minha frente e eu concordei com um leve aceno de cabeça, a acompanhando até seu carro. 

Camila dirigiu por um curto intervalo de tempo até parar em frente á uma cafeteria, descemos e escolhemos uma mesa na parte de fora do estabelecimento, o dia estava fresco, perfeito. Ficamos as duas olhando uma para a outra, Camila ainda tinha um olhar triste e eu quis mais do que tudo que ela voltasse a me dar um dos seus sorrisos. Ela esticou as mãos sobre a mesa, em um pedido mudo para que eu as segurasse e assim eu fiz. 

- Não há palavras para descrever como eu estou me sentindo agora. - ela começou. - Eu me sinto estupida por ter acreditado nas palavras de um assassino. Eu espero que você me perdoe por ter duvidado de você, Lauren. De tudo que o que está acontecendo agora, a única coisa que seria capaz de me destruir seria não ter seu perdão. Você me perdoa? Por favor. - Camila tinha um olhar de suplica de partir o coração, levei minhas mãos até seu rosto e fiz uma leve carícia, ela fechou os olhos. 
- Eu fiquei realmente magoada quando você não acreditou em mim. - comecei com uma voz que não passava de um sussurro. - E apesar de tudo, uma parte de mim pensou como as coisas estavam sendo difíceis para você. - Camila me olhava com aqueles olhos pedindo por perdão. - Você não é seu pai, Camila. Claro que você tem meu perdão. - lhe ofereci um sorriso e ela soltou uma respiração profunda, sorrindo logo em seguida. 

Camila pegou minhas mãos que ainda repousam em seu rosto e as beijou levemente, tirei as mãos de seu rosto e as repousei na mesa, ainda mantendo nossos dedos entrelaçados. 

- Você não entende o quanto isso é importante para mim, o quanto você é importante para mim. - ela disse enquanto mantínhamos nossos olhares presos. - E-eu... Eu estou realmente apaixonada por você, Lauren. - engoli em seco. - Eu sei que disse isso pela primeira vez em um momento inoportuno. Mas eu quero deixar claro que é a verdade, eu estou apaixonada por você. Por tudo sobre você. Eu não consigo parar de pensar em você, falar sobre você, Normani não me aguenta mais falando sobre o quanto você é linda, seu sorriso é perfeito, a forma como sua mente funciona me fascina.  Você tem meu coração e minha mente, Lauren. 
- Eu estou sem palavras, para ser sincera. - falei após um silêncio ter se instalado, Camila abaixou a cabeça. - Ei, não é que eu não sinto o mesmo por você, porque eu sinto. - ela voltou a olhar em meus olhos e eu tentei sorrir, apesar de estar extremamente nervosa com o que iria falar. - Mas eu preciso lhe contar uma coisa. 
- Meu coração não aguenta mais nenhuma forte emoção hoje, Srta Jauregui. - ela disse rindo e eu ri junto.
- Depende do que você chama forte emoção. - mordi o lábio inferior. - Eu estou voltando para Londres hoje. 
- O que? - Camila perguntou com uma expressão de choque e eu respirei fundo. - Como assim? Por que? 
 - Eu vim aqui com um propósito, Camila. Eu nunca teria deixado Londres para trás se não fosse em busca dos... últimos acontecimentos. - suspirei. - Eu fui extremamente sortuda por ter conhecido você no meio do caminho, mas esse lugar, esse país não me traz boas recordações. E Londres sempre me fez bem, eu tenho Dinah lá, meus amigos também estão lá, meu chefe que já disse que minha vaga está intacta me aguardando. Eu tenho uma vida em Londres, aqui eu só tenho recordações não muito boas. 

Camila parecia digerir o que eu havia acabado de falar, ela abria a boca para falar e nada saia, suspirava em impaciência consigo mesma.

 
- E eu, como fico? E nós? - ela perguntou e eu fechei os olhos. 
- Eu não posso te pedir para ir comigo, por mais que eu queira muito.  
- Sim. Eu tenho uma vida aqui. - ela disse. - E eu não posso te pedir para ficar. 

Ficamos as duas nos encarando por um longo tempo, até que Camila se inclinou em minha direção e eu fiz o mesmo, a encontrando no meio do caminho e juntando nosso lábios em um beijo que já tinha gosto de saudades.

Sabe quando você consegue sentir tudo o que palavras não podem descrever apenas com um toque de lábios? Meu coração entrou em festa quando Camila aprofundou o beijo, senti sua língua entrar em contato comigo sempre me causava ótimas sensações. 

- Fica aqui comigo, por favor. - Camila sussurrou quando quebramos o beijo e, apesar de sentir um tom de brincadeira em sua voz, seus olhos diziam outra outra. 
- Vamos comigo, por favor. - usei o mesmo tom de voz e meus olhos tinham a mesma mensagem que os seus. 
- É uma droga isso, sabia? - ela riu fraco e eu a acompanhei. 
- É o que dizem: algumas pessoas foram feitas para se apaixonar, mas não para ficarem juntas. 

E ambas trocados sorrisos tristes após minhas palavras.