História Karma - Capítulo 9

KARMA CAPÍTULO 9

Levamos duas horas para chegar ao local e Kai estava encostado no portão com aquele sorriso de covinhas irresistível e demoníaco

-Sejam muito bem vindos a nossa humilde reunião.

Disse ele enquanto apertava a mão de Kou de forma possessiva.

-Yuu, eu espero que não se importe de eu roubar seu mais novo membro assim que eu terminar de recepcionar a todos.

Kou se virou para mim e me encarou em pânico e eu encarei Kai e disse:

-Vai depender se ele vai querer ir com você Kai.

-Ora Yuu, você sabe que não precisa ficar preocupado. Eu vou só mostrar para ele a casa. Só isso, eu juro.

Kai mordeu o lábio inferior e piscou pra mim, me provocando.

-Kai você...

-Yuu, está tudo bem.

Kou segurou meu braço e não percebi que já tinha avançado alguns passos em direção aquele idiota sorridente. Kai cruzou os braços e deu uma sonora gargalhada.

-Ah Yuu, você sabe que eu jamais faria algo do tipo não sabe? Mas preciso dizer que ele é uma gracinha.

Kai se aproximou de mim e me deu um abraço para disfarçar enquanto sussurrou

-Vou esperar um sim.

Eu me afastei e sorri de forma cínica pra ele e reafirmei

-Vai depender dele.

Kai se aproximou de Kou e disse

-Espero que ele não te monopolize aqui também, querido Kou. Esteja a vontade para me procurar quando se sentir entediado da companhia dele.

E ao se aproximar de Kou ele deu um beijo em seu rosto e me encarou ao dizer

-Estarei sempre por perto.

Controlei o impulso de socar a cara dele naquele minuto pelo simples motivo que eu estava em desvantagem.

“Por que está demorando tanto Akira?”

Kou veio para o meu lado e ele estava mais controlado do que eu na presença de Kai e respondeu para ele.

-Agradeço o convite, mas infelizmente não poderei aceitar sua agradável companhia hoje. - Ele fez uma reverencia e disse -Me desculpe, Tanuki-san.

Kai ficou furioso, e tentou esboçar um sorriso falhando terrivelmente com isso e disse

-Nos veremos novamente Kou-chan, até lá espero que reconsidere sua decisão.

Kouyou me encarou e eu não respondi, Kai veio até mim novamente e pela sua expressão eu pude perceber que ele estava ainda mais interessado em Kou depois de ter sido rejeitado. Infelizmente Kou não sabia que Kai adorava desafios e isso o deixaria ainda mais disposto a tira-lo de mim, Kai deu a volta e colocou as mão em meus ombros e apoiou o queixo em uma delas quando disse

-Sabe Kou-chan, eu sei de histórias muito interessantes sobre o Yuu, não gostaria de ouvi-las?

Antes que Kou respondesse Kai se afastou e foi até o portão receber mais uma família que acabava de chegar.

-Acho que não vai ser fácil fazer ele desistir né?

-Acho que não, mas enquanto Akira e Takanori não chegarem não saia do meu lado Kou, para nada você me ouviu?

-Não tinha mesmo a intenção de te deixar Yuu.

Eu abri meus braços e ele se encaixou entre eles e me abraçou, eu dei um beijo em seu rosto e ele sorriu.

-Você não estará sozinho Kou eu te prometo.

-Eu sei Yuu.

Ele se afastou e nós entramos naquela casa enorme com vários quartos e que já estavam todos ocupados cada um com um chefe da família e eu fui com Kou até o quarto onde eu ficava quando tínhamos essas reuniões. Assim que Kou entrou no quarto ele assoviou enquanto girava no mesmo lugar observando detalhadamente aquele cômodo

-Yuu, eu nunca pensei que entraria em um lugar maior que o quarto que você me deu na sua casa.

Eu sorri com o comentário dele e o beijei, assim que nos afastamos eu o corrigi.

-Nossa casa Kou, meu apartamento também é seu.

-Só o apartamento?

Ele cruzou os braços e fez um bico que me deu vontade de morder.

-O que mais você quer?

-O que mais você pode me dar?

-Meus carros?

Ele me olhou com os olhos tristes e me deu vontade de me socar, ele parecia que ia chorar a qualquer momento.

“Perfeito Shiroyama, olha o que você fez seu idiota”

Fui correndo até ele e o beijei varias vezes com vários pedidos de desculpas e ele disse

-Você acha mesmo que eu me interesso por essas coisas Yuu?  Assim você até me ofende sabia?

-Kou, me perdoe e-eu...

-Olha, enquanto você ainda não chega a difícil conclusão do que eu realmente quero eu vou...

-Você não vai a lugar algum sem mim Kou.

-Eu não vou sair daqui “Chefe” não se preocupe.

-Kou, por favor, me perdoe.

Ele cruzou os braços e se sentou me ignorando completamente literalmente me dando as costas enquanto eu passava a mão no rosto e suspirava

“Akira, Takanori, onde vocês estão?”

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Como ele pode ser tão idiota de pensar que eu estava interessado em ouvir o que o Yuu tinha feito da vida enquanto eu não estava nela? Ele acha mesmo que esse tipo de coisa iria me fazer sair correndo atrás dele? Serio isso?

Fui com Yuu até o quarto que estava separado para ele e deixamos ali as nossas coisas, assim que coloquei a mala no chão eu dei uma volta para observar o lugar  e cheguei a conclusão que pelo menos uns dois cômodos do apartamento do Yuu cabia no lugar, e me peguei pensando quantas vezes o Yuu teria ficado ali?

-Yuu eu nunca pensei que entraria em um lugar maior que o quarto que você me deu na sua casa.

A resposta dele me fez imensamente feliz, eu abri um sorriso enorme quando ele disse “nossa casa” e isso foi o que me levou a perguntar se o que me pertencia era só o apartamento, e foi só ele abrir de novo aquela boca e a resposta que ele me deu acabou na hora com a minha felicidade, não acredito que ele pensa que eu sou esse tipo de pessoa, que só se interessa com bens materiais, eu queria algo mais real do que coisas materiais, não que coisas materiais não sejam reais, mas eu queria que ele dissesse que o que ele me daria era o seu coração, o seu amor, é eu sou bem dramático mesmo.

Me dirigi até a porta com a intenção de ir esfriar a cabeça e quase gelei com o tom autoritário que ele disse ao me impedir de sair, o que me levou ao velho costume de irritá-lo chamando ele de “Chefe”. Eu sou incapaz de ficar irritado com ele por muito tempo, mas farei o meu melhor para que ele sofra pelo que me disse.

“Você me paga Yuu”

Me sentei de costas para ele e percebi quando dei uma olhada discreta o quanto ele estava frustrado e meu coração doeu um pouquinho, mas não ia demonstrar assim tão fácil. Eu sabia que chama-lo de “Chefe” era o suficiente para ele perceber que eu estava chateado.

“Estava tudo correndo tão bem Yuu, como você tem coragem de pensar isso de mim?”

As lágrimas que estavam pesando em meus olhos começaram a correr pelo meu rosto e eu as enxuguei com as costas das mãos e senti o peso do corpo dele quando ele me abraçou por trás, ele virou meu rosto e eu empurrei a mão dele, novamente ele segurou meu queixo com a mão e virou meu rosto quando disse:

-Amor, por favor, me perdoa?

-Você é um idiota Yuu.

-Eu sei, me desculpa, mas não fica chateado comigo, eu não suporto te ver triste e suporto menos ainda saber que fui eu o responsável por suas lágrimas.

Ele me beijou, mas eu não correspondi, ele abaixou o rosto e eu disse:

-Nunca mais repita isso.

Ele levantou o rosto e pude ver que ele estava mesmo magoado eu o abracei e ele me segurou firme em seus braços e voltou a me pedir desculpas

-Isso quer dizer que você me perdoa?

-Dessa vez.

Ele sorriu de canto e eu pude ver que ele sabia que eu o amava bastante pra que essa vez não fosse a única que esse tipo de coisas iria acontecer.

-O que faremos agora?

-Agora nós vamos encarar os monstros.

Levei as mãos ao rosto e ele riu da minha reação

-Kou, você quer ler seu horóscopo? Talvez isso te ajude a se acalmar.

Eu tinha esquecido disso, e de outra coisa bem importante pra mim também.

-Yuu, quero te pedir um favor.

-Qualquer coisa meu amor.

-Quando voltarmos, eu quero ver meu irmão.

-Kou, ele está bem.

-Yuu.

-Tudo bem. Akira e Takanori vão com você até sua casa.

Eu o abracei e assim que nos afastamos ele veio com uma pergunta aboba

-O que acha de tomarmos banho Kou?

-Ah, sim. Ótima ideia, eu vou primeiro.

Fui até a mala e peguei minha toalha e minhas roupas e só quando entrei no banheiro fechando a porta depois de alguns segundos eu me dei conta do que fiz, deixei Yuu plantado do lado de fora com a boca aberta e só então eu entendi que a pergunta era sobre irmos tomar banho juntos. Ri com meu raciocínio lento, fui até a porta e a abri, mas não sei se ele não viu ou se estava esperando uma autorização minha para entrar no banheiro e então eu o chamei.

-Você não vem Aoi?

E em menos de um minuto ele já estava no banheiro junto comigo me empurrando para dentro do box, enquanto arrancava minhas roupas e as jogava em qualquer lugar e eu fazia o mesmo com as dele. Pelo visto íamos demorar um pouco no banho.