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História Kauê e os filhos da Amazônia - O Sangue da Caipora - Iracema, a cartomante mais falsa que a grávida de Taubaté


Escrita por: Josuel888

Capítulo 12 - Iracema, a cartomante mais falsa que a grávida de Taubaté


—Kauê? Querido? Está aí? — dizia ela e estou tão chocado que as palavras não saem de minha boca. Olha a encrenca que eu estou me metendo. — Coaf! Coaf! Coaf! Aí essa tosse está me matando, não devia ter tomado chuva ontem. 

Demorei mais um tempo pra responder, com certeza meu cérebro está demorando pra absorver essa bomba nuclear! 

—Estou, estou que bom que está feliz. — respondi rapidamente Robert entrou pela porta alguns papéis brancos em mãos. Ele sorriu e fez uma careta para mim. — Vó, depois conversamos. Eu te ligo, Pamela está me chamando. 

Robert riu de algo, espero que não seja de mim. 

—Tudo bem, beijo, querido. — respondeu ela. — E rapaz! Juízo! Sou muito nova pra ser bisavó! Essa relação tem que ser baseada nos mandamentos de Deus! Entendeu?! 

—Totalmente. — respondi tirando o pensamento idiota da minha mente. 

Ela mandou um milhão de beijos, parte de mim queria receber eles pessoalmente. Me sinto mal por estar mentindo assim, mas não tem jeito... 

—Deus te abençoe muito. — diz ela por fim. 

— Você também. — respondi desligando o celular e o joguei na cama. Robert há ia colocado um tipo de quadro branco de pintura perto da cama dele. Em suas mãos havia alguns pincéis. Em cima de sua cama havia um quadro, um quadro de um índio enorme, já vi esse cara antes. Ele se parece com um dos quadros que tem na parede da escola. 

—Espero que não se incomode, um dos meus passatempos é dar uma de Leonardo da Vinci. — Ele ri. — Tudo que falta é o talento. Como está o primeiro dia? Ainda traumatizado pela nossa entrada no refeitório? 

—Bem e estressante. — acho que essas são as palavras certas. — Mas é impressionante, digo, tudo isso. 

—E só vai melhorar. — responde ele pegando um pincel e pincelando na tinta vermelha. — Logo você será enviado para missões e possivelmente será morto ou ferido por algum monstro folclórico. 

— Obrigado pelo apoio motivador. — respondi com uma careta. — É o que mais preciso nesse momento. 

—Vejo que já ganhou seu papagaio correio. — disse ele olhando para o ovo que estava perto da minha cama. — Faz muito tempo que não vejo novos semideuses com um papagaio desde o início, praticamente. Não tinha nenhum crescido pra você?

—Digamos que meu nome circulou na roda de fofoca deles e você pode imaginar o resto. — dei de ombros e olhei para os quadros feitos por ele. — Quem não tem talento sou, seus quadros são lindos. Este aqui é igual a um que tem no mural da escola. 

—Gentileza sua. — ele sorri. — Esse aqui é o quadro do antigo Cacique, Shishima, o mais poderoso e sábio que já tiveram. Queria tanto ter conhecido ele.

É ele que Yancy falou mais cedo, ele era irmão gêmeo do Pajécique e desapareceu sem mais nem menos a uns 25 anos atrás. 

—Yancy só me contou que ele desapareceu anos atrás. — respondi. 

—Sim, Ágata disse que ele estava em uma missão diplomática com alguns representantes dos deuses africanos na Bahia, um acordo foi feito. Ele partiu dois dias depois e desapareceu totalmente, nem mesmo os deuses sabem dizer o que aconteceu com ele. Sempre será um mistério, morto ele não está, senão a deusa da morte, Catxuréu teria encontrado sua alma e seu corpo. — respondeu ele com o olhar carregado de tristeza. — Eu fiz esses quadros como um tipo de homenagem pra ele e todos que o respeitam, não o conheci, mas todos dizem que ele era o melhor líder que já tiveram. Em fim, esse quadro não ficou tão bom quanto o outro que fiz que está lá na escola, preciso de mais instrução. 

Ele coloca o pincel na boca e vai até seu armário, ele pegou algum tipo de controle remoto feito de madeira com botões verdes e pega também uma bola enorme toda branca, parece ser de vidro. Robert a coloca em cima da mesa ao lado de sua cama.

—Essa é a nossa TV. — diz ele. — Muitos semideuses não conseguem viver sem a tecnologia para as frustração dos anciões, seria um tanto difícil colocar uma televisão para todos, ainda mais usando energia elétrica. Então os irmãos de Ágata transformaram suas velhas bolas de cristal em um tipo de televisão com magia, passa qualquer tipo de canal por aqui, tem até Netflix. O melhor de tudo é que todos os filmes que estão no cinema, são automaticamente mandados para cá com um feitiço. Bem maneiro não é? Eu que controlo magia, jamais pensei numa coisa dessas. 

Maneiro? Isso é incrível! Em todos os sentidos! 

—E através dela que estou tendo aulas de artes a distância. — disse ele pegando o controle e apertando um botão. Uma imagem holográfico saiu da bola, ficando parada no ar com uma imagem retangular. Ele tornou a apertar outro botão. 

WTF!! 

Pelas penas do Rajada! Eu dei um pulo de susto! A bola de vidro ligou no mesmo instante e a primeira imagem foi uma cena de pornografia!

Ele apertou rapidamente um botão e a cena da bola de cristal se mudou para alguma coisa com naves espaciais atirando lasers, o que é aquilo? Uma espada azul? 

—Desculpe. — Ele ri, nervoso. — Eu emprestei ela para os filhos do deus da música, aquelas pestes disseram que queriam assistir uma ópera.  Agora sei bem qual opera é aquela. 

Ele foi trocando se canal, poxa vida. Tem todos os canais da TC, HBO, Nickelodeon, Disney, Rá—Tim—Bum e muitos mais... eu já tive esses canais em casa, mas todos estavam fechados. Minha avó havia comprado o pacote inteiro, mas mandou substituir todos os canais de entretenimento por canais cristãos evangélicos. 

—Pronto! — disse ele parando em um canal educativo com uma mulher loira levando um pincel com tinta até uma tela branca. — Se depois de estudar ou depois do jantar você quiser assistir algo, tem permissão viu. Essa bola de cristal é para todos que dormem nessa oca.

—Sério? Obrigado. — agradeci, bem animado. Finalmente!

—De nada, menos as sextas feiras. Nelas Ágata e eu assistimos algo juntos. — diz ele colocando o controle na cama. — Ela está fazendo maratona de um anime chamado Naruto desde o ano passado, nem sei quantos episódios já foram, mas é legal até, já assistiu?

Claro que não, só ouvi falar mesmo e vi um pedaço do jogo de vídeo game. Nunca assisti nenhuma dessas coisas japonesas na minha vida. 

— Não, nunca assisti. — declarei. 

—Se quiser ver com a gente. — ele sorri. 

—Obrigado. — respondi. — Vai ser divertido.

Como se segurar vela fosse divertido... bom, não seria a primeira vez. Uma vez eu fiquei de vela com duas pessoas... e uma delas era quem eu gostava... nada melhor para melhorar o dia do que ver quem você gosta beijando outra pessoa. 

—Vou voltar a estudar. — bufei. — Tainá disse pra mim levar isso a sério.

—E ela está certa, se quiser, eu posso pintar depois e deixar você se concentrar em paz — disse ele. 

— Não, claro não. Estou acostumado a estudar com barulho, minha avó vivia escutando rádio, orações no canal evangélico ou então cantava sozinha. Algo que desconheço nessa vida é silêncio. — respondi. 

—Tudo bem. — sorriu ele voltando a pintar e eu retornei aos livros... preciso tentar, pelo menos. 

...

Se eu estudei alguma coisa? Não consegui, é informação demais pra mim. Essas criaturas e esses deuses tem nomes muito complicados, fiz o impossível para prestar atenção, mas assistir a aula de arte de Robert parecia muito mais interessante e foi isso que eu fiz. O assunto do meu namoro com Pamela ainda martelada minha cabeça sem ter qualquer tipo de cessar fogo. Mas isso até que pode ser algo bom... quero dizer... ela parece gostar mesmo de mim e... argh! É incrível como problemas me perseguem. 

Nesse momento eu conclui que azar existe mesmo, e eu sou sua personificação! Não é possível uma coisa dessas! A minha cópia com certeza ficou louca! Eu fui até Ágata depois de tentar estudar um pouco. Contei para ela a minha situação, na verdade eu surtei. Ela me levou até dentro de sua oca e usando sua bola de cristal que é sua TV, ela me mostrou o que minha cópia estava fazendo. Eu quase desabei no chão! E eu vi pior filme de terror das minha vida, minha cópia estava aos beijos melosos com Pamela, parecia um vídeo pornô! Meu Deus! Que tipo de evangélica é essa?! Fiquei até com medo de ter alzaimher um dia e só essa imagem restar na minha mente! 

Ágata me explicou que ela temia que isso pudesse acontecer, por causa do meu incidente com a marca e o cão do inferno, o feitiço que me liga a minha cópia foi alterado e ela agora ao invés de agir exatamente como eu agiria perto de Pamela e sua família, ou seja, fingindo estar gostando de estar com eles, o meu clone esta fazendo tudo ao contrario! Eu não podia de forma alguma deixar as coisas assim, mas Ágata disse que ela não pode fazer nada no atual momento, pois pra desfazer o feitiço, nós precisamos estar perto do meu clone maluco e isso não pode acontecer agora... em outras palavras, me tornei oficialmente namorado de Pamela Silva e Silva. Robert disse que não é tão ruim, logo eu voltarei e posso terminar o namoro, mas ele não conhece Pamela e sua família... muito menos minha avó... 

Tentei não ficar pensando muito nisso, não a nada que eu possa fazer agora. Pelo menos o feitiço ainda funciona... minha avó pensa que eu estou lá e isso é bom, odiaria preocupar ela com meus atuais problemas divinos. 

Agora estou aqui sentado no refeitório para o jantar com um arrependimento corrosivo e tentando ignorar mais uma vez meu nome sendo sussurrado nas mesas dos outros semideuses que chegavam e se sentavam. 

Curupira e a Caipora estavam sentados nos mesmos lugares de antes, só que desta vez tem mais assentos, ouvi alguns comentarem que os anciões iriam jantar com todos nós. Agora que minha memória refrescou, o Pajécique disse que faria um tipo de e pronunciamento no jantar. Espero que ele tenha alguma notícia sobre meus problemas, assim espero...

Olhei no cardápio desta noite. De comida diferente terá arroz, feijão, carne moída, filé de peixe com suco de laranja natural. E a comida tradicional será peixe assado, com cozido de verduras, mandioca e carne de coelho e suco natural de abacaxi com limão. Sobremesa são frutas, mel e chocolate derretido com sorvete de leite condensado. Meu Deus, esse com certeza é o melhor lugar de Eldorado. 

Antes que eu pudesse começar a orar para agradecer pela comida, o Curupira me parou e pediu para esperar até que todos estejam aqui, inclusive os anciões. Logo todos estavam chegando, Ágata e Tainá entraram com seus irmãos, Yancy entrou logo depois com Iracema... a filha do deus do amor. Victor chegou com os irmãos dele, não havia nenhum sinal de Robert. Da última vez que o vi, ele ainda pintava em nossa Oca. Raoni chegou com a cara fechada junto de seus brutamontes, ele olhou para mim com desprezo e se sentou. John chegou com os irmãos e irmãs dele, imagino, eles estavam usando um tipo de elmo negro na cabeça. Todos que entravam se sentavam em mesas bem distantes da minha, isso até Yancy se sentar na minha frente. Seu cabelo está molhado, assim como sua camisa vermelha. 

Iracema olhava pra cá com a cara emburrada furiosa. 

— Oi, Kauê, como foi seu dia? — perguntou ele. — Te esperei pra aula de arco, mas você não apareceu. 

—Desculpe, fiquei ocupado demais indo até a escola, estudar, ir atrás do meu papagaio. — respondi. 

— Não se desculpe, logo você terá que ter essas aulas mesmo. Amanhã a tarde, com toda certeza. Espero que seja eu sei instrutor. — ele sorri colocando os braços na mesa. — Não terei misericórdia.

—Você é bom, eu te vi ensinando de longe a aquela garota. — disse olhando para Iracema que ainda nos encarava. 

— Não sou bom, falta muito ainda. Precisei de muito treino, ainda mais com minha condição visual. — responde ele. — Os filhos de Rudá são os melhores. 

Bem modesto da parte dele, mas eu vi com meus próprios olhos ele atirar aquela flecha de uma enorme distância e acertar bem no centro. Se isso não é ser bom, eu não sei então o que é.

No centro do refeitório, onde ficaria o trono de Capiora, agora tem um tipo de poço de concreto. Diversas pessoas estão jogando pedaços de madeira dentro dele, isso até um rapaz fazer aparecer uma chama em sua mão e a lançar no poço, incendiando a madeira e erguendo uma chama enorme no centro do refeitório. 

Todos que estavam ao redor se ajoelharam e murmuravam, será que devo fazer isso também?! Ameacei me levantar, mas fui impedido por Yancy. 

— Não levante. — disse ele. — Não até eles terminarem de orar. 

—A gente também não deveria estar ali? — questionei. 

— Não, não somos candidatos a Pajés. — respondeu Yancy. — Aquilo é um ritual, Kauê. É através daquele fogo que fazemos sacrifícios para os deuses para que eles atendam nossas orações e nos iluminem. Aqueles rezando são oradores, a missão dos oradores é durante todo jantar pegar a melhor madeira, orar de maneira adequada com a própria alma para agradar os deuses. E aquele que se destacar irá se tornar o próximo Pajé, um dia. 

Eles param de orar e se levantam. 

— Que tipo de sacrifício? — perguntei, curioso. 

—Geralmente usamos comida ou ouro. — respondeu ele. — Deve ser feito de coração, só assim pra ter algum tipo de resposta.

—Por que ouro? — questionei. 

—Não a nada mais tentador do que a ganância, se algum semideus não conseguir sacrificar o ouro em suas mãos ou a melhor comida na sua frente, isso só prova que ele não está preparado para a vida que está por vir. — responde ele. — Sem dizer que os deuses ficaram feridos, sabe, eles são um pouco sensíveis. 

Não custa tentar não é? Vou pedir para meu pai aparecer e me ajudar de alguma forma, mas... que tipo de sacrifício eu faço? 

—Podemos sentar com vocês? — perguntaram as vozes de Tainá e Ágata. 

—Estava esperando. — respondeu Yancy. 

—Vocês não tem que ficar com seus irmãos? — perguntei. 

— Não é sempre e queríamos muito sentar com você. — sorriu Tainá. — Yancy, eu queria mesmo falar com você. Meus irmãos precisam de uma aula extra sobre o controle do vento, pode ensinar? 

—Vou checar na minha agenda. — ele ri. 

—Quer que marquemos hora com sua secretária? — perguntou Ágata olhando para Iracema. 

— Ela está irritada, consigo sentir sua respiração pesada daqui. — respondeu ele dando de ombros. 

- O que você fez? — perguntou Tainá com um sorriso divertido. 

—Nada, ela é filha do deus do amor, tudo que ela quer é a atenção do mundo pra ela. — disse ele. 

— Ela não é tonta, Yancy. Você é o futuro Cacique. Um perfeito partido. — respondeu Ágata. 

Yancy não respondeu, ele se limitou a ficar parado sem exibir qualquer expressão. Talvez seja impressão minha, mas parece que ele não gostou de algo que ela falou. Eu também não gostei, então ela da em cima dele por causa do cargo que um dia ele vai ocupar? Isso é patético... quero dizer é errado. 

— Isso também e sem dizer que os feitiços dela não dão certo com você. — disse Tainá. — Ela deve estar louca da vida. 

—Feitiços? — perguntei. 

— Os filhos do deus do amor podem controlar emoções e sentimentos, praticamente eles podem fazer quase qualquer pessoa se apaixonar por eles, claro, pessoas com mentes fracas. — respondeu Yancy. — Está vendo aqueles dois semideuses ali? 

Eu olhei para dois semideuses com símbolos do sol nos braços, são filhos de Guaraci. Ele estavam segurando algumas coisas para Iracema. 

— Eles foram enfeitiçados pelos encantos dela. — disse Yancy. — Fazem tudo o que ela manda. 

— Isso me irrita profundamente. — bufou Tainá. — Não se pode controlar as pessoas assim. Não sei como ela não é penalizada por isso. 

— Não tem como ela ser penalizada, ela apenas está usando os poderes dela, é o mesmo que quererem impedir a gente de usar o vento. — respondeu Yancy. 

—Mesmo assim, ficaram sabendo que ela e alguns de seus irmãos fazem quando estão lá fora? — sussurrou Ágata. 

Tainá negou, eu também, menos Yancy. 

—Há boatos que ela e seus irmãos usam seus poderes para benefício próprio. Fazem amarrações amorosas para seduzir pessoas que estão com o coração entristecido e com a mente fraca. Como por exemplo por término de namoro, casamento ou traição. Essa pessoa é iludida e paga uma certa quantia e tem como serviço o amor de qualquer pessoa que ela desejar, dizem que casamentos foram destruídos por causa disso e diversas outras coisas também. — disse Ágata por fim. 

— Você acredita nisso? — perguntou Tainá. — Ela sabe que é proibido, todos nós sabemos que é proibido usar nossas habilidades pra desejos mesquinhos. 

Ágata deu de ombros. 

—Foi o que ouvi falar, não tenho certeza, mas não duvido que isso possa estar acontecendo. — respondeu ela. — Nós conhecemos muito bem ela e seus joguinhos. 

Meu estômago roncou igual uma máquina de lavar roupa. Aí estamos esperando o quê?! Muitos começaram a entrar e os últimos a chegarem quase junto com os anciões foram os outros filhos de Xandoré que se sentaram perto de Raoni. Raoni ainda está com a cara fechada e furiosa, ele continua encarando minha mesa, mas não sei quem ele está encarando, se sou eu ou Yancy, mas algo me diz sou eu. Pelo jeito o jantar não será nenhum pouco tranquilo...

 



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