1. Spirit Fanfics >
  2. Keep Close >
  3. Capítulo XII

História Keep Close - Capítulo XII


Escrita por: MimizCherry

Capítulo 12 - Capítulo XII


Estava no sul da Inglaterra, perto dos campos abertos, em uma pequena e simples casa que eu havia construído com o tempo. Era isolado, calmo e um ótimo ponto para descanso após o trabalho. Décadas e mais décadas haviam passado desde aquele infortúnio e eu já havia conquistado os olhos da majestade. Diaval, começou a demonstrar interesse em mim e, assim como eu, ele adorava o jeito que eu via as coisas e isso, de uma forma ou outra, acabava trazendo mais almas puras para o inferno.

Em meio a uma caminhada para clarear a mente, observei um grupo de homens montados em seus vistosos cavalos vagarem pelos campos e pelas clareiras mais adiante. Já era tarde e aquela movimentação só poderia indicar que eram viajantes. Mais para trás um senhor tossia incessante e sangue escorria por seus lábios. Pouco a pouco, cada vez mais afastado do grupo, ele parou para seus últimos suspiros. Seus companheiros acamparam um pouco mais longe. Talvez estivessem suspeitando apenas espreitando e esperando a morte chegar.

A noite não tardou em chegar e logo aquele homem, talvez por volta dos seus trinta e cinco anos, o que era considerado velho e de muita sorte, se deitou perto de uma das árvores e dali não sairia mais. Cautelosa, me aproximei para expressar meus sentimentos, mas logo fui surpreendida por um jovem de fios prateados e algumas cicatrizes pelo corpo. Segurava uma bela foice entre as mãos e se vestia com um formidável smoking. Seus olhos me cativaram como nenhum outro havia o feito.

- Veio roubar a alma? – Seus lábios delicados me questionaram com extrema calma.

- Não sou desse tipo. Ela é toda sua. – Digo ao me erguer e dar espaço a ele para que possa fazer seu trabalho.

- Você é um demônio. Como poderia confiar? – Mais uma vez sua calma me surpreende enquanto o vejo ceifar o homem e toda sua vida passar por entre nossos olhos.

- Não pedi para me tornar o que sou hoje. Também prefiro ter um pouco de significado no que faço. Um pouco de justiça e acalento.

Seus olhos passearam por mim enquanto o via classificar a alma com cautela. Ele me analisava. Analisava cada centímetro do meu ser. Eu não poderia deixar de fazer o mesmo e me recordar das histórias dos filhos da Dama de Cinza. Ele só podia ser um de seus filhos. Nunca havia visto outro shinigami com seus fios.

- Você é o lendário, não é?

- E você é a humana que vem fazendo história no inferno. Ouvi falar de você.

- Espero que tenha sido bem...

- Gostaria de saber o motivo do assassinato da sua família?

- Como...? – Suspiro e engulo as palavras em seguida. – Vocês sabem de tudo. Eu esqueço disso. – Aperto os lábios e o encaro. – Não sei se vale a pena depois de tanto tempo.

- Fui eu que levei sua família. Acredito que você mereça saber.

Ele me deu um tempo. Deixou que eu pensasse e digerisse tudo que ele estava me oferecendo. Nesse meio tempo eu o vi acender uma fogueira e se sentar. Seus olhos me observavam com atenção e esperavam minha resposta. Por fim, vencida pela curiosidade e pela paz que eu teria depois de saber a verdade, assenti e me sentei para ouvir sua história.

Banal e cheio de ganância e inveja. Tudo por causa de nossa casa, nossas posses e nossa prosperidade.

- Sou Adrian. Adrian Crevan.

- Susan, mas você já deve saber. – Sorrio.

O tempo nos aproximou e nos fez confidentes. Nossa parceria ultrapassou qualquer limite existente entre os dois mundos e isso fez com que isso se tornasse arriscado e efetivo. Tínhamos segredos, confidencias e nossas regras. Com ele, pude fazer justiça e mudar o destino de muitas pessoas que estavam confinadas a morte por motivos egocêntricos e narcisistas.

A lista apenas foi um bônus que fez com que eu me destacasse ainda mais. Cada vez mais perfeccionista, consistente e exigente. Comecei a ditar as regras e isso fez com que um novo cargo surgisse naquele mundo putrificado: inspetora e anuladora de contratos ou melhor dizendo, a supervisora do diabo.

Assumir esse papel tornou tudo mais divertido e eficiente. Ninguém poderia me questionar e o tempo me mostrou que Diaval sabia como eu havia conquistado tudo aquilo. Ao menos parte da história. Claro que seu silêncio demonstrava sua confiança em mim e aquele segredo morreria com ele. Assumir esse papel me trouxe o prazer de punir cada um que passou por cima de mim e ter o prazer de ter favores devidos independente de classe. Eu era respeitada e temida e só tinha Diaval acima de mim.

 

 

- Está com tempo? – Era Adrian ao pé da porta. Eu estava fazendo tricô em cima da cama quando ele adentrou minha casa. – Pensei em aproveitarmos um pouco.

- Queria acreditar nisso que dizes, mas eu sei que veio recolher uma pobre alma de um humano que morreu de frio em meio a essa nevasca.

- Delicada como sempre. – Ele riu. – Ainda tem alguma vítima em vista? Tenho alguns nomes novos.

- Acabei com a última vítima ontem. – Suspiro. – Você está perdendo o jeito. Os humanos estão ficando fáceis demais de manipular.

- Ou talvez você esteja ficando exigente demais... – Ele diz ao se sentar nos fundos da cama e começar a massagear meus pés. – Vai querer a lista?

- Acho melhor esperar um pouco. – Eu vejo Adrian se aproximar e logo largo o tricô para o abraçar forte. – Eu fecho os olhos todas as noites e vejo a realidade distorcida... eu não queria sentir que eles estivessem vivos... não quero sentir essa dor de novo...

- Os pesadelos de novo, não é?

Apenas assenti o abraçando mais forte. As lágrimas escorriam sem cerimonias e molhavam o smoking de Adrian. Eu já não estava mais suportando. Estava descontando no trabalho para não ter que fechar os olhos. Para não ter que sonhar. Estava em pedaços. Com ódio de mim e com ódio de ter perdido minha paz. Minha morte. Eu havia perdido tudo.

- Susan...?

- Eu não aguento mais... eu não aguento mais fechar os olhos e ver tudo de novo. Não aguento mais sozinha... Adrian... eu...

Ele me calou com um beijo. Um beijo que nunca havia experimentado. Suas mãos envolveram meu rosto com carinho, seu corpo se colou ao meu e eu pude jurar sentir seu coração bater. Mesmo com os olhos cheios de lágrimas, encontrei os seus e vi um sorriso se formar em seus lábios. Seus polegares limparam minhas lágrimas e um movimento rápido me colocou em seus braços e em seu colo. Adrian me surpreendeu, me acalmou com seus toques e zelou pelo meu sono.

Quando acordei não o vi ao meu lado. A casa estava quente, a lareira acesa e eu embrulhada em mantas bem grossas. Estava trocada, com minha camisola predileta e com o cheiro de Adrian tomando conta da minha cama. Levantei ainda vendo a escuridão matinal se apoderar no lado de fora, caminhei até a cozinha e vi um belo café da manhã preparado em cima da mesa. O leite ainda estava bem quente, lanches com uma apresentação de dar água na boca e junto um bilhete:

Espero que goste. Preparei sua geleia favorita. Fique bem e descanse.

A lista está em cima do criado-mudo. Se divirta com mais contratos.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...