História Keep in secret - Elevator

Não te abras com teu amigo, que ele, outro amigo tem. E o amigo do teu amigo, possui amigos também.

- Mario Quintana

 

 

- Os caras estão vindo pra cá. Acho que chegamos cedo demais. - Sammy resmungou e se jogou na cama.

- Quem seriam "os caras"? - Dianna perguntou, sentada no chão.

- A maior parte dos quartos desse andar e do andar de baixo está reservado para a galera da Digitour, só um no andar de baixo que não conseguiram, porque estava indisponível. - Nate explicou.

- A melhor parte de vir pra Vegas definitivamente é o calor. - Johnson entrou no quarto, sem camisa.

- Pra sua infelicidade, sua namoradinha não vem. - Gilinsky brincou com Sammy. - Andrea vai para a BeautyCon.

- Corta essa, já disse que não tenho nada com ela. - Deu de ombros.

- Quem vem? - Dianna deitou no chão, de forma a ficar debaixo do ventilador.

- Carter, Matthew, Dillon, Tez, Nash, Hayes, John, Foushee e acho que o Cameron. - Johnson contou nos dedos.

- Sinta-se a rainha do Nilo, só você de mulher. - Wilkinson brincou, bagunçando o cabelo de Dianna,

- Explosão de testosterona! - Gilinsky gargalhou.

- Estou lisonjeada! - debochou ela. - Precisamos ir para alguma festa aqui.

- Vamos ver um filme no quarto hoje, e amanhã vamos para um festa que vai rolar aqui perto. - Sugeriu Nate. - Até porque o pessoal chega hoje à noite e vão estar cansados.

- Tem razão. - Disse o Jack loiro. - Vamos pra piscina? Estou fritando aqui dentro.

- Agora! - Gilinsky levantou da cama e bateu no ombro de Sammy o convidando.

- Vão indo, só vou me vestir. - Nate falou e os demais apenas concordaram com a cabeça.

 

"Entediante. Estou passeando de carro com Annabel." - Zoe finalmente havia respondido sua mensagem.

- Mulheres. - Disse baixo para si mesmo e entrou no banheiro para trocar de roupa.
 

 

[...]

 

 

Já passara das seis da tarde, o céu estava escurecendo.

Próximo ao hotel, num salão de esquina, Annabel e Zoe estavam sentadas esperando sua vez de serem atendidas. Os olhos estavam pesados, e mais alguns minutos naquela posição as faria cair no sono.

Annabel insistira em ir para o hotel mas Zoe dissera que só entraria no lugar após a tal mudança radical.

 

- Venham. - Uma senhorita, morena de cabelos presos num penteado exuberante e enormes unhas pintadas de esmalte berrante, chamou as duas amigas. - Qual das duas vai primeiro?

- Na verdade é só a loirinha. - Annabel explicou.

- E o que você quer fazer querida?

- Na verdade eu não sei. Queria mudar radicalmente. Nunca fiz nada no cabelo. - Zoe sentou-se na cadeira, vestiu o avental e encarou seu reflexo no espelho, que aliás a espantou considerando que parecia que ela não dormia a dias.

- Cabelo virgem? O sonho de todo cabeleireiro! - A mulher sorriu.

- Só por favor, eu imploro, não corta! Eu demorei tanto pra deixar ele desse tamanho, e odiaria vê-lo curto. - Ela segurou suas mechas.

- Eu acho uma boa você virar ela de costas, assim vai ser uma surpresa até pra ela. - A ruiva sugeriu.

- Nada de diminuir o comprimento. Ok - A mulher fez sinal de positivo e virou a cadeira de costas.

- Isso vai ser demais. - A amiga tomou o celular nas mãos e fotografou a expressão de medo de Zoe.

 

Algumas poucas mechas ao chão, fez Zoe entrar em pânico total já que ela havia pedido encarecidamente para não diminuir o comprimento, Annabel a acalmou, dizendo que tudo continuava lindo, grande e em perfeito estado.

Nate mandara mas algumas mensagens para Zoe, mas como parte do plano de Annabel, ela não respondera nenhuma.

O cabelo de Zoe havia sido tingido, ela sabia, mas não pôde sequer ver a cor, já que sua cadeira estava de costas para o espelho. 

A moça estava terminando de secar os cabelos de Zoe, enquanto Annabel cochilava no banco.

 

- Acabei! - Disse a moça animada, e cutucou Annabel para que a mesma despertasse.

- Ah meu Deus! - Exclamou ao abrir os olhos.

- Tá feio? - Perguntou Zoe num choramingo.

- Pode virar! - A cabeleireira disse, e se afastou, para a menina ver.

 

Zoe ficou chocada com o que viu. Seu cabelo ainda estava comprido, mas agora, estava em camadas, o que havia dado um certo volume ao cabelo, que só o deixara mais bonito. A mudança mais radical havia sido o cor. Seu loiro natural agora havia se tornado um castanho num tom chocolate, o que chamara mais a atenção para seu rosto. 

 

- Se ele não te pegar assim, eu pego! - Annabel brincou. 

- Ficou um arraso! Só acertar tudo na recepção e espero que seu namorado goste! - A mulher a cumprimentou com um abraço e as guiou até a recepcionista.

 

As amigas acertaram o pagamento enquanto Annabel não parava de resmungar o quanto estava cansada, o que para Zoe era novidade considerando que a resmungona da dupla sempre era ela. 

Annabel parou o carro, alugado por elas, na porta do hotel e pediu que a amiga conferisse as reservas e pegasse a chave dos quartos, enquanto ela estacionava e pegava as malas.

 

- Oi! Boa noite, reserva no nome de Annabel Walsh e Zoella Newman. - Disse, simpática à moça da recepção.

- Posso algum documento de identificação? - A jovem pediu, e Zoe a entregou a identidade e a carteira de habilitação de Annabel. - Quarto 912! Tenha uma ótima estadia. - Ela entregou um par de cartões magnéticos à garota e sorriu de forma forçado, como se fizesse aquilo o dia todo.

- Sabe o que eu mais gosto nesse hotéis chiques? - Annabel se aproximou, assustando Zoe. - É que sempre tem alguém pra buscar as malas no carro e levar para o elevador. - Gargalhou sozinha. - Quer comer alguma coisa?

- Não acha melhor subirmos pra dormir como você tanto queria? - Rolou os olhos.

- Queria, mas agora a fome é maior que o sono. - Ela sacudiu a amiga pelos ombros. - O que acha de seguir o carregador bonitinho até o elevador, guardar nossas malas enquanto eu vou no restaurante desse lugar e peço alguma coisa pra viagem?

- Vê se não demora. - Disse baixo, vendo a garota comemorar.

 

Zoe se arrastou até o elevador, enquanto um garoto alto, de porte médio a esperava com o carrinho de malas, ele olhava em volta, a procura de alguém. Annabel.

 

- Ela foi no restaurante. - Zoe riu da expressão que o garoto a olhou.

- O que? Como assim? - Ele parecia preocupado. - Onde eu vou deixar isso?

- Relaxa. - riu novamente. - Eu sou amiga dela, estou hospedada no mesmo quarto. Aqui ó. - Ela mostrou uma foto em seu telefone em que estava com Annabel. - Só colocar no elevador pra mim que eu levo.

- Obrigada e desculpa. - Ele sorriu, sem graça.

- Zoe. - Ela o cumprimentou.

- Marcos. 

 

Nesse momento a porta do elevador abriu, e o jovem calmamente empurrou o carrinho até o interior do lugar.

 

- Boa estadia! - Marcos acenou.

- Bom trabalho. - Disse antes da porta se fechar.

 

Dentro do elevador, sozinha, Zoe abriu com delicadeza sua mala e tirou de lá um livro, em seguida sentou-se nas malas para esperar seu andar.

Ao chegar ao terceiro andar, o elevador parou, deduziu ela que alguém o havia chamado.

Para sua surpresa e desespero, Sammy entrou sem camisa no mesmo.

Imediatamente ela jogou o livro sobre o rosto e tentou ao máximo se esconder atrás de suas malas, na esperança de não ser reconhecida, o que pareceu funcionar.

Um silêncio para ela, ensurdecedor, tomou conta do lugar por alguns segundos. Ela só torcia para o nono andar chegar logo para que ela pudesse correr dali.

 

- Quente, não é? - Ele tentou puxar assunto mas ela o ignorou. - Você deve ter vindo de alguma cidade fria, está toda agasalhada. - ela continuou a ignorá-lo. - Tímida? - Ele riu.

 

Zoe suplicava a Deus para chegar logo a seu andar e pode ir ao quarto, mas cada segundo ali dentro pareciam horas. Ela conseguia ouvir as batidas de seu coração, cada vez mais fortes, como se fossem quebrar suas costelas a qualquer momento.

De repente, entre o sétimo e o oitavo andar, o elevador parou e suas luzes se apagaram, fazendo a garota gritar, logo as luzes retornaram, mas eles ainda estavam parados.

Zoe deixara o livro cair e rapidamente se virou de costas para que Sammy não visse seu rosto. 

 

- Calma, deve ser algum problema elétrico. - Ele disse se aproximando.

- EU TO CALMA! - Gritou, nervosa.

- Eu conheço essa voz. - Sammy tocou no ombro dela e à virou rápido. - NEWMAN? - Gritou surpreso.

- Corta essa, parece até que nunca me viu. - Ela respirou fundo, se acalmando enquanto o garoto a encarava perplexo.

- Você tá aqui em... Em...em - Ele gaguejava.

- Em Vegas, é! - Ela ergueu as mãos. - Meu Santo Deus, por favor me ajuda.

- Você mudou o cabelo. - Sammy delicadamente pegou numa mecha do cabelo dela.

- É. - Zoe estava vermelha, dessa vez por timidez.

- Eu gostei. Ficou mais bonita. - Eles estavam a centímetros de distância. o garoto apoiou uma mão na parede e a outra colocou uma mecha do cabelo da garota atrás da orelha. Suas respirações se misturavam, um estava perdido no olhar do outro. Sammy se aproximou ainda mais e fechou os olhos, pronto para beijar Zoe que não parecia querer fazer nada para interromper aquilo.

- Alguém ai? - Uma voz veio do pequeno rádio no elevador. A garota se afastou de Sammy rapidamente, suspirando aliviada por não ter acontecido nada e se lamentando ao mesmo tempo.

- Sim, são duas pessoas e algumas bagagens. - Ela respondeu a voz.

- Peço desculpas pelo ocorrido. - A voz parecia preocupada. - Fiquem calmos que já enviamos o técnico e logo logo tudo estará resolvido. 

- Tudo bem. - A garota respondeu.

- O que você está fazendo aqui? - Ele perguntou tentando puxar assunto.

- Eu tive uma ideia. O que acha de não nos falarmos enquanto estivermos aqui? - Ela sentou-se em suas malas novamente e apoio a cabeça sobre aos mãos.

 

Cerca de 5 minutos já haviam se passado, e por mais que detestasse admitir, aquele silêncio todo já a estava incomodando. Mas ela se recusava a puxar assunto com ele.

- Espero que não demore muito. - Ele disse, esperançoso que dessa vez não fosse ignorado.

- Eu também. - Respondeu. - Respondendo sua pergunta, eu e Annabel economizamos por alguns meses para viajar pra cá e quando e soubemos que vocês também viriam, decidimos fazer uma surpresa.

- Então o Nate não sabe? 

- Ninguém além de você. 

- E isso ai? - Ele apontou para o cabelo dela.

- Há algumas horas atrás. Aliás, só pra você saber, agora a Annabel esta ruiva e de cabelo curto. -Ela riu, lembrando-se de como ficou ao ver o cabelo novo da amiga.

 

No primeiro andar, Annabel desfilava com um pacote branco, contendo dois sanduíches e latas de refrigerante que comprara para dividir com a amiga.

Ela sorria, olhando em volta e feliz por estar ali. Ao se aproximar do elevador, percebeu um certo movimento e parou para perguntar o que havia acontecido. Reconheceu Matthew e Carter no meio das pessoas.

 

- O que houve? - Ela perguntou a Matthew, que ainda estava de costas pra ela.

- Pelo que eu entendi tem um casal preso no elevador e... - Ele se virou, e a encarou surpreso. - Uou! Gostei do cabelo, combinou com você! - Ele passou as mãos nas madeixas dela e Carter se virou.

- Não sei se estou mais surpreso por te ver ruiva, ou por te ver em Vegas. - Brincou, a cumprimentando. - Tá fazendo o que aqui?

- Longa história. Mas então, quem está preso? - Insistiu na pergunta.

- A gente não sabe. Estamos tentando descobrir. Todo mundo já subiu pelo outro elevador. - Carter explicou.

- Mas a gente é fofoqueiro e ainda estamos aqui. - Riu.

- Fofoqueiros não, curiosos. - Ambos riram.

- Bom, como eu ia te dizendo, pelo que eu sei é um casal, e já estão lá faz uns 5 minutos. O carregador disse que a menina entrou sozinha, e em algum outro andar o menino deve ter entrado e agora estão presos. - Matthew explicou e Annabel arregalou os olhos.

- Puta merda! - Ela exclamou.

- O que foi? - Carter perguntou, curioso.

- Onde eles estão presos?

- No sétimo ou oitavo, mas o que foi?

- Segura isso aqui pra mim! - Annabel aturou as sacolas em Matthew e saiu correndo em direção à porta que dava para as escadas de emergência.

 

Carter e Matthew sem entender nada, se encararam e em seguida correram a seguindo, desesperados.

Ao chegar ao quinto andar, Annabel sentia os pulmões queimarem e parou por alguns minutos sentada no degrau, para recuperar o fôlego, quando ouviu resmungos e se virou para olhar o andar de baixo, se deparando com Carter e Matthew rastejando até onde ela estava.

 

- Você é maluca? - Perguntou o asiático, apoiando aos mãos sobre o joelho.

- Por que saiu correndo? - o loiro continuou o interrogatório.

- É a idiota da Zoe que tá presa lá. - Justificou.

- Novo plano, vamos sair nesse andar e pegar o elevador até oitavo andar.

- Carter, você é um gênio! - Matthew abraçou o amigo.

 

Annabel ignorou a cena é atravessou as grossas portas de incêndio, correndo em direção ao elevador com o pouco de fôlego que a restava. Os meninos apenas a seguiram, ainda com a sacola nas mãos.

Assim que o elevador parou no andar, algumas poucas pessoas saíram e somente o trio permaneceu no lugar. 

No momento em que a porta abriu, a ruiva correu para fora, e assim como no primeiro andar um pequeno grupo de pessoas próximo ao poço, tentando ver quem estava ali, dessa vez, também havia um homem ali, tentando concertar.

 

- NEWMAN! TÁ ME OUVINDO? - Gritou se aproximando, e pondo o rosto no poço, pouco antes de um dos seguranças do local a afastar. - Calma ai grandão, é minha mulher que está aí!

- TÔ! - Um grito foi ouvido e o segurança soltou os braços da garota.

- TÁ TUDO BEM? - Ela perguntou.

- NA VERDADE NÃO. EU TO FAMINTA. - Elas gargalharam.

- QUEM ESTÁ COM VOCÊ?

- WILKINSON. - Ela gritou e Annabel automaticamente rolou os olhos. - Ai fofoqueiros, agora vocês podem ir contar pro resto dos seus amigos que o Samuel tá preso no elevador. - Disse ela para Carter e Matthew que gargalharam do amigo e depois correram pelo corredor.

- VAI DEMORAR? - A voz de Sammy foi ouvida.

- NA VERDADE VAMOS SUBIR O ELEVADOR AGORA. - O técnico gritou. - Será que pode se afastar? - Perguntou a Annabel, que concordou, e caminhou para trás. Em seguida o homem reiniciou o sistema do elevador, o que fez com que ele se movesse. Logo a porta abriu e Zoe correu para os braços da amiga. - Prontinho.

- Obrigada! - Ela abraçou o técnico e aos poucos os curiosos foram se afastando.

- Oi Wilkinson! - Annabel o cumprimentou.

- Devo admitir que você está bem mais bonita ruiva! - Ele riu.

- Eu sei! - Ela jogou o cabelo, rindo. - Pega suas malas, vamos de escada e rápido.

- Por que rápido?

- Longa história, no quarto eu explico. - Ela entrou no elevador, arrastando mala dela e da amiga, enquanto Zoe pegava seu violão.

 

Com dificuldade elas correram para a porta de incêndio sob o olhar confuso de Sammy que não se pronunciou. Elas batiam as bagagens nos degraus sem se preocupar.

Zoe não conseguia parar de rir, das expressões que Annabel fazia cada vez que sua enorme mala cor de rosa batia forte no degrau.

 

- Anda molenga! - Annabel resmungou, abrindo a porta do andar e correndo desengonçada até o final do corredor.

- To indo! - Zoe respondeu, e ambas pararam na frente do quarto, para que Zoe abrisse a porta com seu cartão magnético! 

- Ei! - Alguém no final do corredor gritou.

 

Annabel pensou rápido, atirou as malas para dentro do quarto e empurrou Zoe, entrando logo em seguida e batendo a porta com força.