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História Kidnapped - Its Over


Escrita por: DeluxeEdition

Capítulo 28 - Its Over


Justin P.o.V

A viagem até Los Angeles foi tranquila, algumas horas das quais eu passei dormindo. Ao acordar eu me sentia renovado. Atacaríamos depois de amanhã. Tudo se resolveria naquela madrugada.

Agora o assunto era sério. Nós passamos todo aquele dia na casa onde o equipamento estava. Repassamos o plano para os outros caras e eles pareciam prontos para a ação.

Quando a noite chegou, eu sabia que estávamos muito perto. Naquela mesma hora, no dia seguinte, eu estaria cara a cara com Erik, o homem que arruinou minha vida mais de uma vez.

Devia ser umas cinco da tarde no dia seguinte, eu não conseguia comer nada. Estava me sentindo nervoso demais para até um copo d’agua. Tentei fazer alguma coisa descer pela minha garganta, mas ela só se fechou mais ainda.

-Você precisa comer, cara – Chaz falou, enquanto nós terminávamos de arrumar os carros até a casa de Erik.

-Eu já tentei, Chaz - eu disse, terminando de colocar o colete a prova de balas.

-Por que não toma um pouco de vitamina? – ele disse, vestindo uma camiseta por sobre o colete, assim como eu. Pensei no assunto enquanto calçava minhas botas. Havia aberto mão das Supras, ela são caras, não vou desperdiça-las com Erik – vai te fazer bem.

-Quem sabe?

-Então, vá lá na cozinha – eu assenti, me levantando para ir até lá – e se eu for até aí e você não tiver tomado, eu enfio pela sua garganta – ele ameaçou, aumentando o tom de voz para que eu ouvisse devido à distância.

-Falo, mamãe! – eu gritei de volta. Chaz se calou e eu revirei a cozinha atrás daquela coisa. Esse era o problema de ter muitas casas: quando você se acostuma com uma, você nunca sabe os as coisas ficam em outra.

Meia hora depois, eu, Chaz e Kenny estávamos no hall de entrada. Os outros já estavam em movimento até a mansão de Erik. Jack havia ligado novamente e dito em que casa ele estava. Com várias respirações profundas, eu entrei no carro.

Estava nervoso. Nervoso mesmo. Sentia a adrenalina no meu sangue. Sentia a excitação tomando conta de mim. Tínhamos todas as informações necessárias sobre o que estaria acontecendo no momento do ataque.

Nós ficaríamos esperando, havíamos cercado a casa, escondidos até a madrugada. Segundo Jack, Erik fica chapado durante toda a madrugada, então vai ser o momento perfeito.

Alguns dos meus homens se infiltraram como seguranças e vão ajudar a acabar com os outros homens até que possamos entrar pela porta da frente, como verdadeiros convidados.

Havíamos conseguido uma cópia da planta da mansão e eu havia decorado cada corredor, cada porta, cada passagem. Sabia onde ele poderia estar, então iria direto ao ponto.

 Com minha arma em mãos, dessa vez uma bem maior, eu e os caras tomamos posição. Com todo o cuidado e silêncio, nós tomamos nossas posições, tomando cuidado com os seguranças. Ainda não havia escurecido e a visão ainda estava clara.

 Conseguimos nos estabelecer sem problemas, nos escondendo, camuflando com o jardim ao redor. Mais ou menos uma hora depois, um dos seguranças foi fazer uma ronda e foi pego por Ryan, que quebrou o pescoço dele.

 Como o homem não voltaria, nós escolhemos o mais parecido entre nós e o cara vestiu a roupa do segurança morto, voltando ao posto de onde ele havia saído. Respirando fundo mais uma vez, voltei a pensar que tudo daria certo.

 Sem problemas até agora, tudo certo.

 Ficamos na mesma posição por mais umas cinco horas. Sentia cada músculo do meu corpo clamar por um pouco de ácido lático, mas eu me mantinha calmo, impedindo minha produção de adrenalina.

 Até que faróis apareceram na entrada da casa. Nos abaixamos mais ainda quando o carro fez a curva, passando bem perto de nós. Quando ouvi o som do motor ser desligado, arrisquei olhar para cima.

 O nojo me atingiu quando eu reconheci meu alvo. Com a mira da arma, eu dei uma espiada mais de perto. Erik, com um enorme casaco devido ao frio, trazia duas garotas com ele. As vadias tremiam pelo frio, vestindo aquelas roupas minúsculas e eu fiquei com pena delas.

 Seria tão simples. Ele estava na minha mira. Era só apertar o gatilho e tudo estaria acabado. Mas eu queria mais. Quero olhar nos olhos dele quando atirasse. Daria a ele a honra de saber quem o matou.

 Erik, com seu charuto cubano, entrou na casa. Outros homens entraram, deixando o carro no lado de fora. A porta foi fechada e nenhum de nossos homens foi reconhecido.

 -São duas da manhã. Atacamos em uma hora?

 ­Ouvi a voz de Kenny pelo dispositivo no meu ouvido. Ele estava há uns dez metros de distância. Eu parei para pensar. Jack havia dito que ele usava drogas e fodia as mulheres pela madrugada. Se eu fosse Erik, o que graças à Deus eu não sou, eu não deixaria uma viagem saturar meu vicio.

 -Yep

 Eu respondi, repassando a resposta para todos. Ficamos em alerta, prontos para qualquer mudança de planos. Nada. A casa tinha várias luzes acesas no primeiro andar, mas o andar de cima estava escuro e silencioso.

 Se eu aguçasse os ouvidos, poderia ouvir até a respiração de Chaz, há alguns metros de distância. Não ouvíamos um ruído. Com tranquilidade, a hora se passou.

  Com um Timing perfeito, faltavam dois minutos para o ataque quando uma luz no andar de cima se ascendeu. De onde eu estava, pude reconhecer Erik e as duas garotas pela janela enorme de vidro.

 Sinalizando para que meus homens na porta da casa entrassem em ação, eu só tive que dar cinco minutos para que todos os seguranças de Erik tivessem sido apagados.

 Eu, devagar, me levantei. Sendo seguido pelos outros, eu me dirigi até a porta de entrada. Parando por um segundo, eu me virei para Chaz, Kenny, Ryan, Mike e Marco.

 -Vou subir para encontrar Erik – eu sussurrei.

 -Vamos acabar com qualquer um no primeiro andar – Ryan e Mike sussurraram de volta.

 -Vou revisar o jardim e as câmeras de segurança – Chaz engatilhou a arma para dar ênfase às suas palavras.

 -Vamos cuidar da sua retaguarda – Marco e Kenny disseram.

 Assentindo, eu abri a porta, deixando Ryan e Mike entrarem primeiro. Eles tinham silenciadores mais poderosos e rapidamente eu captei oito corpos no chão. Eles eram rápidos, já haviam limpado o primeiro andar.

 Vi Chaz atravessar a porta dos fundos, e ouvi um tiro ser disparado. Minutos depois tudo ficou no mais repleto silencio de novo. Eu fiz sinal para Kenny e Marco, sinalizando a escada. Com eles no meu encalço, eu subi degrau por degrau, lentamente.

 Uma vez no andar de cima, nós nos separamos. Revisamos todos os cômodos no mais perfeito silêncio. Cobrimos o corredor rapidamente, chegando até a porta do quarto onde eu o havia visto.

 O mais nojento, é que mesmo com a porta fechada eu sabia que ele já estava sob o efeito das drogas. Podia ouvir seus risos, suas palavras desconexas. As duas mulheres também riam altamente, talvez ele tivesse feito elas usarem as drogas.

 Kenny e Marco ladearam a porta com seus corpos. Estávamos prontos para entrar. Ali seria o fim de todo o meu sofrimento. Era como se o tempo tivesse desacelerado. Lentamente eu vi a mão de Marco se estender até o trinco da porta.

 Não pude evitar pensar em Sam naquele milésimo de segundo. Faria aquilo por ela. Por nós dois. Assim que isso aqui acabar, eu vou ligar para Michael. Mas nesse momento, meu único objetivo era matar Erik.

 Assenti quando a mão de Marco segurava firmemente a maçaneta. Ele escancarou a porta e eu fui o primeiro a entrar, com três alvos na minha frente até que meus olhos pousaram em Erik.

 Com ele no ponto certo, sua cabeça não saia do meu campo de visão. Aí eu me dei conta da cena na minha frente.

 Erik, com seu charuto, estava nu em um sofá no cômodo, com suas calças arriadas nos tornozelos. Seus olhos estavam vermelhos e parecia que ele estava com muito calor.

 Ou muito excitado. Uma das mulheres estava sentada no colo dele e era daí que vinham as palavras desconexas. A mulher cavalgava para ele sem parar, até que nós entramos.

 A outra mulher estava deitada no chão. Pelo o que eu consegui entender, Erik havia mandado ela se tocar na frente dele. Com um piscar rápido de olhos, eu voltei a olhar para a cena grotesca na minha frente.

 -Vocês duas – minha voz saiu rouca e fria, fazendo as duas mulheres pularem pelo medo evidente em seus olhos – fora.

 A mulher no chão pegou suas roupas e foi a primeira a sair, sem olhar para trás. Já a outra tentou levantar, mas uma mão de Erik a impediu.

 Com a raiva crescendo dentro de mim, eu mirei no seu braço, o mesmo que segurava a cintura da mulher e atirei. Erik gritou pela dor, mas não conseguiu se mover graças ao efeito da cocaína. A mulher gritou de medo, mas logo seus olhos pousaram em mim.

 -Deixe ela ir – minha voz saiu em um tom de ordem, uma ordem explicita, que logo foi obedecida pela mulher, que pegou o casaco de Erik do chão e saiu, ainda o vestindo.

 Vi Kenny chutar a porta para que ela fechasse.

 -Boa noite, Erik – eu o cumprimentei, sabendo que ele ainda não havia se dado conta de que era eu.

 -Seria uma boa noite se você não tivesse tirado minhas garotas daqui – ele levou o charuto a boca, sem se dar conta de que o mesmo já havia apagado.

 -Bem, lamento afirmar que meus negócios só interessam você – eu me aproximei, deixando a luz da lua iluminar meu rosto. Sem abaixar a arma um centímetro, vi a compreensão atingir seu rosto. Seus olhos se arregalaram quando ele me analisou de cima abaixo, engolindo o fato de que eu estava ali.

 -B-bieber?

 -Eu mesmo – rapidamente os olhos de Erik voltaram ao normal, ele olhava para mim como se adagas caíssem dos seus olhos – estava na hora de nos reencontrarmos.

 -Pois é – ele suspirou – é uma pena que eu não tenha tido sucesso com o meu plano contra sua namoradinha gostosa.

 -Não ouse trazer ela para isso – eu disse, meus dedos apertando com força o punhal da arma.

 -Que seja – ele bufou – sei que você não tem coragem de me matar, garoto. Por que é isso que você é: um garoto. Você não sabe nada sobre o mundo lá fora, não sabe nada sobre você mesmo...

 -Se ele não tem coragem, eu tenho – Kenny se pronunciou, arrancando um sorriso dos meus lábios.

-Sabe, você me ensinou a sempre ter alguém na retaguarda – eu indiquei Kenny e Marco – acho que o feitiço virou contra o feiticeiro – eu acabei zombando dele, com um sorriso no rosto.

-Achei que eu tivesse ensinado você melhor do que isso – em um segundo, o braço de Erik que não estava ferido se mexeu. Eu sabia o que ele estava fazendo. Erik trazia uma arma na cintura, a apontando para mim.

-E ensinou – eu sorri ameaçadoramente para ele.

Sem hesitar, Erik puxou o gatilho.

Mas nenhum som propagou pela sala.

Com as sobrancelhas franzidas pela surpresa, Erik expeliu o pente da arma, o encontrando vazio. Quando ele ergueu a cabeça para me olhar, a única coisa que ele encontrou foi a ponta da minha bota, devido ao belo chute que eu dei nas fuças dele.

Assim que ambos os meus pés estavam de volta no chão, eu atirei contra ele. Um tiro no abdome, nada que o fosse matar. Por enquanto.

-Sabe que sensação é essa? – eu imitei suas palavras, assim como ele tinha me dito no dia em que levou Sam de mim – você foi traído, seu monte de merda – eu o soquei com força no rosto – você mexeu comigo – eu o acertei mais uma vez – mexeu com a minha garota – eu apertei o local onde a bala havia perfurado sua pele – você tirou tudo o que eu tinha...

Eu chutei as bolas de Erik, vendo ele se curvar na minha frente.

-... agora, o mínimo que você pode fazer para arrumar todas as merdas que você fez – eu o puxei pelo cabelo até que seus olhos negros olhassem fundo nos meus – é morrer.

-Fale o quanto quiser, garoto – ele praticamente cuspiu no meu rosto, tamanha a proximidade entre nós – acha mesmo que eu não sei da traição de Jack?

Tudo bem, não esperava por aquilo.

Com um chute, Erik me fez soltá-lo. Atingindo minha costela, ele se mexeu rápido demais para alguém chapado.

Aí eu juntei os pontos. Era tudo encenação. Erik sabia de tudo.

O filho da puta me deixou fazer tudo aquilo. Ele não sabia da arma vazia, mas ele achou uma brecha para voltar a ficar no mesmo pé que eu.

Kenny atirou, mas a bala passou perto demais de mim. Eu precisava me afastar para que eles tivessem a chance de mata-lo. Minha arma estava longe demais agora.

Erik acertou minha cabeça com algo que eu não consegui identificar, me causando uma dor aguda. Com várias piscadas, eu tentei fazer a dor sumir. Mas demorei demais, ele continuou a acertar chutes e socos pelo meu corpo, sem dar uma brecha para Kenny ou Marco.

Eu consegui erguer uma perna e tirá-lo de perto, mas infelizmente ele caiu para perto da minha arma, logo a pegando e mirando em mim. Erik era ótimo atirador, não tinha como eu escapar dele.

Encarnado minha morte iminente, eu fiz a única coisa que eu poderia naquele momento.

-ATIREM! – eu gritei para Kenny e Marco. Eu podia imaginar a cara deles nesse momento, mas não havia espaço para emoções agora.

-Justin, você...

-ATIRA AGORA! – eu gritei. As últimas duas coisas que eu ouvi foram dois disparos e som do meu corpo caindo no chão.

Se uma das balas me atingiu? Disso eu não tinha certeza. Eu tentava abrir meus olhos, mas eu não conseguia. A vontade de dormir era mais forte que eu.

Eu deixei que meus olhos se fechassem, aproveitando da calma que estava se apoderando de mim. Senti movimentação ao meu redor, mas eu já havia mergulhado fundo demais naquela calma.

-Justin! – eu ouvi vozes lá longe – fique comigo, Justin!

Sam P.o.V

­-JUSTIN! – acordei sobre saltada. Com uma mão sobre o peito, percebi o quanto eu estava suando. Fechando os olhos, me dei conta de que era só um sonho. Um mero e inofensivo pesadelo.

-Você está bem? – Michael e John entrarem apressados no quarto, suas expressões tomadas pela preocupação.

-Estou... – eu ainda arfava muito, me sentando na cama -... só tive um sonho ruim. Não quis acordar vocês – eu vi que eles estavam meio vestidos, provavelmente haviam vestido a primeira coisa que viram pela frente.

-Não tem problema, estávamos na sala de estar.

-Ainda?

-Somos homens da noite, digamos assim – Michael falou com um sorriso no rosto.

Eu sorri de lado.

-Que horas são? – eu perguntei, sentindo minha respiração voltar ao normal.

-São quatro e meia – Michael olhou no seu relógio.

-Volte a dormir – John tocou meu ombro – ainda é cedo.

-Vou tentar – vi os dois saírem do quarto. Deitei minha cabeça no travesseiro mais uma vez só para sentir a umidade nele.

Eu precisava de um banho. E rápido. Me livrando das minhas roupas, eu entrei rapidamente embaixo da água, sentindo o contato e imediatamente relaxando. Deixei que meu cabelo soltasse do pequeno coque que eu havia feito, sendo molhado pela água.

Não me importei. Fechando o registro, eu me sequei com calma, deixando um sorriso escapar quando o tecido felpudo da toalha tocou a pele da minha barriga. Mas não pude deixar de me lembrar da sensação horrível que eu havia sentido quando acordei.

Não me lembrava do sonho, e ainda não sei se isso era bom ou não. Mas sabia que tinha a ver com Justin e não era nada bom, afinal eu acordei gritando seu nome. Minha cabeça me dizia que tudo estava bem, que era só meu cérebro cansado se aproveitando da minha saudade, mas meu coração se comprimia toda vez que eu pensava no assunto.

Sacudi a cabeça para tentar afugentar os pensamentos, mas não deu muito certo. Alguma coisa dentro me dizia que algo havia acontecido com Justin.

Justin P.o.V

Dois dias depois...

É, agora eu tinha certeza de que eu havia sido atingido.

Ainda meio grogue, eu tentei abrir meus olhos. Onde quer eu estivesse, era muito claro. As luzes me incomodaram no instante em que eu abri meus olhos minimamente.

Franzindo o cenho, eu tentei mover meus pulsos e braços, mas descobri que havia alguma coisa me impedindo. Agora eu precisava abrir os olhos. Esperava ver uma algema, mas o que vi foi uma agulha no meu braço esquerdo.

Com confusão, senti uma mão tocar meu ombro. Olhando naquela direção, vi uma pessoa desconhecida.

-Deite – a pessoa disse, mas eu não ouvi – você precisa deitar!

Outras pessoas entraram no quarto e essas eu conhecia. Kenny e Marco entraram correndo, logo chegando ao meu lado. Senti mãos fortes me deitarem na cama. Com o movimento brusco, senti uma enorme dor no flanco direito.

-Deite, Justin – reconheci a voz grossa de Kenny.

-Onde raios eu estou? – eu perguntei, mas pareceu grego para mim. Meus ouvidos se revelaram doloridos e minha garganta muito seca. Avistei um copo com água e vi Marco o alcançar para mim.

 Com um cotovelo contra a cama, eu me esforcei para aguentar a dor, mandando toda a água para dentro.

 -Está no hospital – Marco respondeu.

 -Fazendo o que aqui? – minha voz saiu mais firme agora, mas saiu mais fria do que eu gostaria.

 -Você foi atingido – Kenny disse. Eu estava sentindo alguma coisa me incomodar no meu rosto. Ao tocar, eu senti um tipo de cano entrando no meu nariz. Ergui a mão para tirar aquilo, mas uma enfermeira deu um tapa na minha mão.

 -Não pode tirar – ela disse, firme.

 -O que você ainda está fazendo aqui? – eu reduzi minha voz para um sussurro, olhando fundo nos olhos negros da mulher na minha frente. Ela hesitou, mas rapidamente saiu do quarto.

 Eu cai deitado na cama de novo.

 -O que aconteceu?

 -Bem, até onde você lembra? – Kenny perguntou. Eu vasculhei minha mente até que eu voltei ao momento em que eu estava cara a cara com Erik.

 -Lembro de estar perto dele e mandar vocês atirarem.

 -Bem, nós fizemos – Kenny respondeu, mas quando meus olhos pousaram em Marco, ele não me olhava.

 -A bala que eu disparei acertou você – Marco disse com uma voz baixa, mas clara o suficiente.

 O silêncio caiu sobre o quarto. Meus olhos analisavam a postura de Marco, que trazia os ombros encolhidos, parecia acuado. Provavelmente estava.

 -Você quis me acertar? – eu consegui pronunciar.

 -O que? – Marco ergueu o rosto, seus olhos rapidamente encontrando os meus, suas sobrancelhas franzidas.

 -Você quis me atingir? – eu perguntei, já perdendo a paciência.

 -Claro que não! – ele ergueu minimamente o tom de voz, parecia me olhar com incredulidade.

 -Então, tá tranquilo.

 -Você podia ter morrido! – Marco gritou.

 -Mas não morri! – eu rebati – eu não ia deixar uma bala me derrubar, por favor – eu zombei, tentando sentar na cama.

 -É, mas você chegou bem perto – Kenny se pronunciou – Erik tinha você na mira.

 -Por falar no desgraçado, que fim ele teve?

 Silencio ao invés de uma resposta.

 -Vocês vão abrir o bico ou o que? – eu perguntei, finalmente me ajeitando naquela droga de cama e cruzando os braços na frente do peito.

 -Você quer a história inteira ou a resumida? – Kenny perguntou após um suspiro.

 -Tanto faz – eu disse, abanando uma mão despreocupadamente.

 -Quando você saiu da minha mira – Kenny parecia procurar as palavras certas – eu acertei Erik – minhas sobrancelhas se arquearam – Marco foi até você e eu fui verificar se Erik ainda estava vivo... – ele fez uma pausa.

 -E...? – eu o encorajei a continuar, tentando manter um tom neutro na minha voz.

 -E eu tive que dar outro tiro, parecia que o demônio não morria! – ele fez uma piada, me arrancando uma risada, o que me fez tossir logo depois.

 -Mas você o matou, certo? - eu falei com dificuldade.

 -Certo – ele respondeu depois que parou de rir e respirou fundo – eu mesmo o matei e garanti que ele fosse enterrado.

Meu sorriso desapareceu.

-Como assim ‘enterrado’? – meus olhos voavam de Kenny para Marco e de volta para Kenny – quanto tempo faz que ele morreu?

Eu já estava ficando histérico. Eles não me respondiam e eu já podia sentir as batidas aceleradas do meu coração ressoando nos meus ouvidos. Eu já estava quase voando no pescoço de um deles, sentindo uma dor forte onde a bala havia me atingido.

-Faz dois dias – Kenny respondeu.

Senti como se um peso tivesse sido jogado contra mim sem que eu tivesse como segurar. Já tinha muita coisa. Claro, sem Erik agora tudo ficaria bem. Mas já tinha se passado tudo isso?

-Dois dias? – meus dedos se ergueram sem minha permissão. Eles assentiram – eu preciso sair daqui, preciso ir atrás da Sam! – eu comecei a tirar aquelas coisas de mim, e uma das máquinas começou a fazer barulho.

-Justin, calma – Marco falou, mas nada que eles dissessem agora surtiria algum efeito sobre mim.

-Não me mande ficar calmo – eu apontei um dedo para seu peito – não foi você que teve ficar nos meus sapatos. Não teve que ver sua família ser tirada de você. Agora, vocês querendo ou não, eu vou atrás dela – eu falei com uma voz bem compreensiva.

-Entendo que queira ir atrás dela, Justin – Kenny tocou meu ombro – mas você precisa aceitar que você é humano e você foi baleado.

-Eu estou bem – eu vi uma mala com coisas minhas em cima do sofá que havia no quarto – Kenny, sei que quer o meu bem, mas minha mulher e meu filho são o melhor remédio para mim agora.

-Eu sei, garoto – ele me deu tapinhas nas costas – se troque, vou convencer a enfermeira gostosa a te dar alta.

 Eu ri pelo nariz. Ele nunca mudaria.

Com minhas roupas em mãos, eu aproveitei que havia um chuveiro ali e tomei um rápido banho, tirando aquele cheiro de hospital de mim. Graças à Deus aquela era minha mala e todos os meus produtos de higiene estavam ali dentro.

Uma vez de banho tomado, cheiroso e quase vestido. Eu mesmo fiz um curativo, vendo a marca da bala. Pelo o que eu conhecia de tiros, eu sabia que a bala havia atravessado meu corpo, então não era nada grave.

Mas que doía, doía.

Agora completamente pronto, eu saí do banheiro. Marco e eu saímos do quarto e vimos Kenny no fim do corredor, paquerando a enfermeira. Vi ela passar um papel para ele, imaginei que fosse o seu telefone, mas depois eu reconheci como sendo minha alta.

Kenny se despediu da mulher, vindo até nós.

-Cadê o meu celular? – eu perguntei.

-No bolso da mala, mas a bateria já deve ter acabado nessa altura do campeonato – eu assenti.

-Verdade – eu ergui minha cabeça para olhá-los – me empresta um celular.

Marco me estendeu seu iPhone e eu digitei o número de Michael. Era hora de pegar minha garota de volta.

-Marco? – ouvi uma voz atender do outro lado, provavelmente surpresa pelo número na tela.

-Sou eu, Justin – antes que ele falasse alguma coisa, eu o cortei – não fala nada – ouvi ele prender a respiração – Sam está por perto?

-Está...

-Então não diga nada que a faça entender que sou eu.

-Tudo bem.

-Quero que você se retire de onde está – ouvi ele se levantando do que me pareceu um sofá, já que eu pude ouvir o que me pareceu ser John por perto.

-Pode falar – ele voltou a falar depois de uns segundos. Kenny havia me guiado até o carro. Eu entrei no banco do carona, sem cabeça para dirigir. Kenny jamais me deixaria, não nesse estado.

-Ótimo – eu respirei fundo – onde vocês estão?

-Você matou Erik?! – ele se apressou em perguntar.

-Sim – eu respondi. Podia até vê-lo sorrindo – agora responde.

-Estamos no seu apartamento em Salt Lake City – eu sorri ao receber a notícia.

-Tudo bem, o plano é o seguinte – eu disse, relaxado no banco – quero que amanhã vocês deixem Sam no apartamento sozinha bem cedo. Vou pegar o meu avião imediatamente – eu olhei para Kenny, que assentiu ainda olhando para frente – e vou chegar aí amanhã bem cedo.

-Tudo bem, podemos fazer isso.

-Não diga nada a ela, quero fazer uma surpresa para ela – eu sorri mais abertamente – se algum dos caras perguntar, diga que era...

-Eu arranjo uma desculpa.

-Isso – eu suspirei – falo, cara.

-Falo, chefe.

Eu desliguei, devolvendo o aparelho para Marco.

-Para onde eles foram?

-Utah.

-Há! – Marco gritou, me assustando – eu disse! – vi Kenny fazer uma careta, tirando sua carteira do bolso e, com muita má vontade colocar uma nota de cinquenta na mão de Marco.

-Vocês apostaram? – eu perguntei ainda sem acreditar.

-Ué, não fomos os únicos – ele deu de ombros.

Eu ri apenas, feliz demais para achar aquilo errado. Encostando minha cabeça contra a janela do carro, eu sorri ao imaginar que dali a poucas horas eu teria a mulher que eu mais amava de volta nos meus braços.

Sam P.o.V

Eu acordei tranquila hoje, depois de uma boa noite de sono. Olhando no relógio que eu havia comprado para o quarto, percebi que era cedo, 7 AM.

Alongando cada músculo das minhas costas, eu tomei um bom banho, vestindo uma roupa quentinha. Ao sair do quarto, eu me deparei com algo muito estranho.

Na verdade eu não me deparei com nada. O apartamento estava vazio. Isso, vazio. Dando de ombros, eu caminhei lentamente pela sala em direção à cozinha, imaginando que os caras fossem pular dos seus esconderijos e assustar a merda de mim.

Mas não houve nada. Nem um pio. Estranhando, eu me questionei se eles haviam mesmo me deixado sozinha. O mais entranho ainda é que meu café da manhã estava sobre o balcão da cozinha, ou seja, eles não voltariam tão cedo.

Comi mesmo assim, estava com fome. De volta ao quarto, eu escovei os dentes. Ainda com passos vagarosos, eu sentei no sofá da sala. Descobri que se era entediante com os caras, era seis vezes pior sem eles.

Eu deixei que minha cabeça pendesse no encosto do sofá, fechando os olhos. Até que uma batida na porta me fez pular no lugar.

Quem raios poderia ser?

Os caras não tocariam na campainha, eles tem a chav...

Acho que eu estava errada. Havia uma chave na fechadura. Por que eles sairiam e me deixariam com a chave? Não fazia sentido. Pensei em ignorar, era melhor não atender.

Mas a pessoa continuou a insistir. Eu já estava de pé, caminhando até a porta quando me dei conta. Será que era certo? Eu estava bem perto quando a pessoa tocou mais uma vez.

Girando a chave lentamente, eu toquei o gelado trinco, o abaixando mais lentamente ainda. Abri a porta e meus olhos não poderiam acreditar na pessoa que estava na minha frente, com aquele sorriso lindo.

-Justin?


Notas Finais


Espero que gostem!
XoXo


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