King Of The Sea ~ Capítulo 22 -
Luta
Depois de um tempo deitados, me levanto, vendo que Kuroo havia cochilado. Saio com cuidado e coloco a coberta sobre ele. Saio do quarto e encontro uma das empregadas e peço para que ela me leve até “meu quarto”, onde estariam minhas roupas. Sou guiado por vários corredores, até chegar em uma porta de madeira com adornos dourados.
Abro a mesma e nela vejo duas espécies de manequim. Visto uma calça preta e coloco uma camiseta branca confortável, colocando uma bota de couro e analisando as duas opções de roupas. Uma era branca e dourada, cheia de detalhes. A outra era mais simples, torço de couro e um cinto também de couro. Eu preciso falar qual eu escolhi? Coloco o cinto, o apertando e o deixando bem firme, para que não corra perigo de cair durante a batalha. Vejo a capa preta que havia ali, pensando se deveria colocá-la ou não. Eu não tinha nada a perder, e se eu for virar o novo rei, devo mostrar o mínimo de poder e vaidade para o povo. Coloco-a, notando que não era nem muito longa nem muito curta. Perfeita.
Olho para a cama, vendo um escudo prateado e uma espada que me era familiar sobre a mesma. Sua lâmina brilhava em minha direção, como se me chamasse. Seu cabo era azul escuro, como as águas do oceano durante a noite, com a guarda em detalhes prateados e desenhos a enfeitando, seu pomo era vazado, com uma safira tão azul quanto o céu de verão. A espada que minha mãe uma vez me mostrou. A espada que ela usou para se proteger, hoje eu usarei para proteger nosso povo.
Saio do quarto pronto e vou até o hall de entrada, encontrando dezenas de guardas e a minha tripulação lá reunida, junto do rei e do príncipe que usava uma roupa parecida com a minha, porém em tons de vermelho e dourado, sua capa era branca com penas pretas.
- Como imaginei, está usando a roupa preta, pirata. – O rei diz com desdém, me fazendo revirar os olhos. - Você está pronto para a batalha?
- Pelo que vejo, quem está atrasando as coisas por aqui é você, papai. – Digo no mesmo tom que o mais velho.
Ele me encara sério e dá as costas, indo até a porta do castelo, sendo guiado por guardas. As portas são abertas e os guardas guiam a mim, ao rei e ao príncipe até uma praça. Os mesmos fazem um círculo bem grande, delimitando uma área. As pessoas chegam logo, sem demora, para ver a tão aguardada batalha. Vejo minha tripulação nos olhando apreensiva, principalmente Oikawa. Ele se esgueirava entre os guardas, tentando ver tudo.
- SENHORAS E SENHORES! - O rei diz alto. – Estamos aqui reunidos para presenciar a batalha pelo trono, entre meu filho, que a muito foi tirado de mim por sequestradores, e o príncipe Kentaro! - Cínico de merda. - Tudo ou nada! Não há regras, portanto, tirem as crianças daqui mortes podem ocorrer! - Ele fala sorrindo macabro em minha direção. - LUTEM!
Ficamos andando em círculos, esperando o outro dar o primeiro golpe. Desvio meu olhar para Oikawa, vendo o medo em seu olhar. Sou surpreendido pelo alfa que parte para cima de mim, me defendo com meu escudo.
- Não tire os olhos de mim, seu merda! - Ele gira e bate sua espada com tudo em meu escudo, me fazendo dar dois passos para trás. Uso a espada e tento cortá-lo, batendo em seu escudo. Me abaixo, ouvindo o som do vento sendo cortado perto do meu rosto. Uso meu escudo e bato em seu tronco, vendo-o cambalear, uso minha espada para estocá-lo antes que ele pudesse se posicionar novamente.
- Por que apoia ele? - Pergunto para que apenas ele me ouça.
- Não importa! - Ele grita.
Vejo ele correr em minha direção, tentando me acertar novamente com a espada. Uso ambos os braços para segurar o escudo, impedindo que ele me corte. Dou dois passos para trás, afinal, ele ainda é um alfa.
- Eu não entendo! Seu pai é um idiota! - Começamos a trocar golpes com a espada.
- Não fale dele dessa maneira! Ele é um homem bom! - Ele responde.
- Se ele é um homem tão bom assim, então me diga... - Uso meu escudo para prender o escudo do mesmo e jogar ambos no chão, estendendo minha espada em seu pescoço. - Onde está a sua mãe? Onde ESTÁ A RAINHA?! - Digo com raiva.
- Cala a boca! - Ele usa sua espada para tirar a minha de seu pescoço, e começamos a chocar as espadas. Ele parece com raiva, já que seus olhos estavam completamente vermelhos e ficava cada vez mais forte. Sinto um corte em minha coxa, me fazendo ficar de joelhos. - Exatamente. Ajoelhe-se perante o futuro rei! - Ele diz raivoso.
- Sua mãe ficou doente? Morreu por doenças, não é? - Digo de joelhos, levantando levemente minha cabeça para olhá-lo. Ele tranca o maxilar, e a força que segurava a espada aumenta. - A minha também! - Digo com desdém e uso minha perna e derrubo o mais alto, fazendo-o cair com as costas no chão. Apoio meu joelho em seu peito, colocando minha espada em seu pescoço. - Seu tão amado rei matou sua mãe, não vê? Ele não se importa com ninguém além dele mesmo. – Desvio meu olhar para o rei que estava raivoso. – Ele mata quem quer que seja para ter poder e glória! - Corto seu braço com a ponta da espada, vendo o alfa gritar de dor. Volto minha espada para seu pescoço - Ele não se importa com você. Ele fingiu que eu não existia, até que eu fui embora, tudo porque nasci ômega. Mas veja que reviravolta, o tão amado alfa que ele queria, está perdendo para o ômega desprezado.
- Não me mate, por favor. - O alfa pede em um resmungo. Me levanto, vendo que o loiro sorri levemente. Fico completamente ereto e faço um corte em seu peito, vendo-o gritar de dor. Pelo menos agora ele não irá mais tentar me acertar pelas costas. - Ahrg! Eu vou matar essa criança! - Ele grita e eu paro. - Não importa se serei príncipe ou não, essa criança vai morrer!
Me viro para o loiro, andando lentamente em sua direção, vendo o mesmo tentar se mover. Paro ao seu lado, vendo o desespero em seu olhar. Corto ambas as suas mãos fora ouvindo o mais novo gritar ainda mais, começando a chorar. Me abaixo, ficando próximo ao seu ouvido.
- Chegue perto do meu filho e eu não vou ter misericórdia como tive hoje. - Me levanto e volto a andar em direção ao rei. Paro na frente do velho, vendo que o mesmo tremia. - Acho que já temos um vencedor, não? - Digo sorrindo levemente.
- Bastardo. Deveria ter morrido com a sua mãe! - Ele diz raivoso.
- Tem razão, eu deveria. Mas não morri. E agora você vai se arrepender disso. - Pego a gola de sua roupa toda espalhafatosa, jogando-o no meio da “arena” improvisada. - Senhoras e senhores! - Grito alto, para que todos me ouçam. - Durante muitos anos este homem... - Aponto minha espada para o velho que estava caído “de quatro” no chão. - ...maltratou, abusou e negligenciou vocês! Fez vocês passarem fome e sofrerem com roubos! Mas hoje isso acaba! - Grito vendo o povo gritar em apoio. – Eu, príncipe Kozume Kenma, filho da rainha Hana, tomo hoje o trono... - Levanto minha espada. - ...que é meu por direito! - Abaixo o pedaço de metal, degolando o rei.
Ouço gritos de homens e mulheres, exalavam alívio e consolação de um povo que já não aguentava mais injustiças e miséria. Me abaixo e pego a coroa dourada incrustrada com cristais brancos, cheio de adornos e coloco-a lentamente em minha cabeça, vendo o povo vibrar.
Eu consegui, mamãe. Tomei o meu lugar.
Degola ou "Gravata Vermelha" é o corte realizado no pescoço, de um lado ao outro. Foi muito realizado na Revolução Federalista no Rio Grande do Sul. É uma maneira de humilhar ou intimidar o inimigo numa guerra.
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