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História Kingdom Of Starshine - A Princesa Perdida - Capítulo IV - Mérope


Escrita por: reverie49

Capítulo 4 - Capítulo IV - Mérope


Fanfic / Fanfiction Kingdom Of Starshine - A Princesa Perdida - Capítulo IV - Mérope

Depois de nos deliciarmos com a comida maravilhosa que mamãe havia preparado, eu e Nashira tomamos conta do serviço da cozinha, papai voltaria ao trabalho e mamãe merecia um pouco de descanso.

Nashira ainda exalava felicidade pela notícia de que iria trabalhar, mal sabe ela que vai ter que aturar o projeto de megera em pleno dia de seu aniversário.

Era estranho que as duas fizessem aniversário no mesmo dia; elas eram as únicas em todo o reino a fazerem parte de tal acontecimento.

Nashira falava coisas meio sem sentido sobre conhecer o castelo, ajudar no dia da festa e blá blá blá

Eu só pensava em uma coisa: liberdade

Não que eu não goste de Starshine, na verdade esse é um ótimo lugar pra se viver, o único problema é que eu não me encaixo aqui. Às vezes acho que Nashira pensa igual, mas nunca paro pra perguntá-la sobre isso. A única coisa que sei é que ela concordou quando falei do meu plano de fuga.

Assim como todo reino, Starshine também tem suas regras, e talvez fosse esse o maior problema do meu ponto de vista. Ter que seguir regras. Eu nunca gostei de receber ordens, de ter alguém observando tudo o que faço, talvez por ironia do destino eu tenha conseguido o emprego no castelo de Garnen Star.

Durante todos os anos que vivi em Starshine eu nunca me senti tão sufocada quanto nesse ano, tudo ao meu redor parece tão rotineiro, monótono, sem cor. Talvez minha única alegria fosse Nashira, que sempre dava um jeito de fazer algo novo e me surpreender, era por ela que eu continuava ali, mesmo sabendo que de alguma forma ela também se sentia entediada naquele lugar.

Sei que mamãe e papai se sentiriam decepcionados se eu fugisse e seria ainda pior se Nashira fosse comigo, mas não há saída, nós vamos embora.

- Nosso plano ainda está de pé? - pergunto batendo de leve em seu ombro, cochichando e olhando ao redor, me certificando que ninguém nos ouça.

- Com toda certeza. - Nashira cochicha de volta e esboça um sorriso.

- Com essa noite de trabalho no castelo, vamos conseguir uma graninha, vai ajudar bastante pra nossa fuga. - pisco pra ela que sorri mais abertamente e volta a se concentrar na louça.

Devo admitir que sentirei falta de casa, da comida da mamãe, dos passeios à cavalo com papai, mas eu tenho um espírito livre e não posso passar o resto da vida presa em Starshine, sem conhecer todas as coisas maravilhosas que o mundo tem a oferecer. Era como se houvesse algo além das barreiras do reino, chamando meu nome e junto com isso, algo dentro de mim, clamando por novas vivências.

Já fazia um tempo que eu havia conseguido um emprego no castelo, mas eu não era muito fã daquele lugar, muito menos da princesa; pra mim ela sempre foi uma grande menina mimada que tinha medo de por a mão na massa. Adhara e Deneb recebem treinamento para futuros rei e rainha desde que eu me entendo por gente, mas sempre achei Deneb muito mais capacitado que Adhara, ele certamente saberia o que fazer nas situações mais difíceis, enquanto Adhara me parece muitas vezes insegura de suas decisões. Mas não cabe à mim decidir coisa alguma, isso é apenas a minhas opinião e ela não tem o menor valor.

Essa é uma das desvantagens de morar em Starshine, ainda mais sendo plebéia. Nada que falamos ou opinamos pode ser considerado algo importante para a realeza, muitas vezes somos tratados como meros súditos, e isso é algo que eu odeio.

Eu tenho sede de conhecimento e não posso ficar mais tempo nesse reino, sendo reprimida, tratada como uma leiga. Eu quero conhecer o mundo, saber a fundo como é formado o corpo humano, saber como funciona a cadeia alimentar, entender por que os planetas são redondos, saber quem está correto sobre o começo do mundo: ciência ou religião e principalmente, entender porque as estrelas são tão belas e porque o céu à noite parece mais bonito.

Sempre tive um encanto por estrelas, me sinto bem quando encaro o céu estrelado, as respostas para os meus problemas parecem surgir mais rapidamente quando admiro as estrelas, é como se cada estrela fosse uma pequena alma bondosa me ajudando a vencer um pouco mais na vida ou apenas várias almas bondosas me incentivando a seguir em frente.

Acho que foi por isso que não caí até hoje, sempre que percebo tudo dando errado eu espero a noite cair, espero até que todos durmam pra que eu possa me deixar ser guiada por todas as coisinhas minúsculas e brilhantes presentes no céu.

Lembro vagamente da época que Nashira se fez presente aqui em casa, não sei ao certo como tudo aconteceu, eu era apenas um bebê, mas lembro de ter acolhido ela, como muito mais que uma irmã, desde sempre, Nashira sempre teve seu lugar guardado dentro do meu coração, lembro-me da primeira vez que ela se sentiu triste, eu não tinha muito que fazer para consolá-la, então apenas a abracei e daquele dia em diante sentia que tinha o dever de protegê-la, seja qual for o problema. E desde então eu tenho buscado conhecimento, algo em mim começou a despertar, a vontade de viver ao invés de apenas existir, o desejo de conhecer e a determinação de tentar outra vez.

Muitos no reino me chamam de intrometida, curiosa. Eu me considero uma aprendiz, uma eterna aprendiz, sempre com vontade de saber mais, sempre disposta a tentar fazer dar certo, mesmo quando todos acreditam que vai dar errado; talvez eu fosse mesmo curiosa.

Curiosa pra saber do que é feito o arco-íris, se a lua tem gosto de queijo, porque a chuva é gelada, porque a grama é verde e porque o céu é azul. Curiosa pra descobrir de onde surgem as bactérias, quantos vírus existem no mundo, porque a morte é temida, porque bebês choram quando nascem, porque pessoas egoístas existem, porque há desigualdade no mundo.

Disposta a ir atrás de conhecimento, pouco me importa do que vão me chamar: louca, gênia, filósofa, desocupada, alienígena.

Espera!

É isso, eu sou uma alienígena, deve ser essa explicação pra eu não me encaixar nessa sociedade maluca em que eu vim parar. Eu bem que acredito que existe vida em outro planeta.

- Alôôô - Nashira passava a mão em frente ao meu rosto. - Terra chamando Mérope.

Pisquei algumas vezes até perceber que ainda estava em casa, na vila, no reino

Soltei um grunhido em desaprovação e assoprei um pequeno cacho que impedia minha visão.

- Tá tudo bem com você? - Nashira perguntou acertando um amendoim na minha bochecha.

- Ai! Isso machuca. - mostrei a língua pra ela massageando o local dolorido.

- Você estava olhando pela janela, encarando o céu com uma cara do tipo "Eu sabia!" no que estava pensando?

- Aliens! - fiz um movimento com os dedos, com um sorriso macabro no rosto, semelhante ao de uma bruxa.

- Como assim, aliens? - ela fez careta, claramente sem entender nada.

- Sempre achei que eles existissem - dei de ombros - estava pensando que sou um deles

- Você está bem? - ela coloca a mão na minha testa

- Eu estou bem - suspiro - vou estar melhor ainda quando estivermos bem longe daqui.

Nashira encara os próprios pés e parece estar triste.

- O que foi?

- Não acha que mamãe e papai vão ficar decepcionados se a gente for embora?

- Não precisa ir comigo se não quiser Nashira, você sabe que eu nunca vou te forçar a nada.

- Não disse que não quero ir - ela olha através da janela - é só que, eles já fizeram tanto por nós, seria bem injusto não é?

- E você acha justo passar o resto da vida aqui, vivendo sempre na mesma vida, sem nenhuma chance de evolução? Sendo sempre submissa à realeza? Qual é Nashira, nós somos maiores que isso. Nós podemos ter nosso próprio reino, com nossas próprias regras, vivendo nossas vidas, conquistando nossas coisas. Ninguém merece ser submisso. Eu não quero ser só isso. - sinto meus olhos marejados.

- Mérope, não é isso...

- Esquece Nashira.

Saio o mais rápido possível e ouço Nashira gritar meu nome. Corro o máximo que posso, esbarro em algumas pessoas durante o trajeto, mas não ligo, eu só quero estar longe de tudo e de todos.

Nenhuma dessas pessoas me compreende, nenhuma dessas pessoas sequer tenta me ajudar, me sinto sufocada perto de todos.

Entrei na floresta, logo encontrando o caminho mais que conhecido por mim. As lágrimas já se faziam presentes em meu rosto e meu coração doía, eu sempre me senti perdida em Starshine, mas não quero mais me sentir desse jeito. Eu quero encontrar meu lugar no mundo, quero saber quem sou eu, quero me descobrir, quero que o mundo me descubra, não posso ficar o resto da vida aqui, sendo uma ninguém.

Talvez esse seja o maior problema de Starshine, se você é da realeza você sempre vai ser o centro das atenções, sempre terá as melhores oportunidades, mas se você nasce plebeu você nunca será notado, nunca terá chance de crescer na vida. Tudo bem que a realeza faz muito por nós, isso é verdade, mas os plebeus também são importantes, afinal, a realeza não é capaz de fazer tudo só. É como um conjunto, mas não há essa compreensão, parece que eu sou a única capaz de entender isso.

Eu seria hipócrita se continuasse vivendo aqui, eu não posso aguentar por mais tempo, eu preciso sair daqui na primeira oportunidade que eu encontrar, independente de Nashira vir comigo ou não.

Cheguei ao meu destino, as folhas pareciam ter caído mais, o lago estava mais calmo do que o normal, o lugar parecia muito mais acolhedor do que antes, como se soubesse que eu precisava de paz.

Sentei no chão e fiquei descalça, deixando meus pés em contato com a água fria do lago, sem dúvidas, esse é o melhor lugar de Starshine, esse lugar tem cheiro de tranquilidade e faz qualquer um se acalmar o vento se fez presente fazendo minhas narinas se encher com cheiro da natureza. Eu realmente gosto desse lugar, sempre venho aqui quando quero ficar sozinha, acho que só eu sei da existência desse pequeno pedaço de paraíso, pois nunca vi mais ninguém vindo aqui.

Encarei a água, vendo meu reflexo, as lágrimas estavam mais intensas e meus olhos começavam a ficar vermelhos, eu só queria deixar toda a minha angústia ir embora, e foi o que eu fiz, deitei no chão e encarei o céu vendo as árvores balançarem, observei o sol indo embora, deixando o céu num tom alaranjado lindo que me fez querer ficar ali por horas, eu não estava preocupada que os outros viessem me procurar, eles teriam bastante trabalho até me achar, então relaxei meu corpo e deixei as lágrimas fazerem seu trabalho.

É tão triste saber que em breve terei que deixar tudo isso de lado, mas é por um bem maior, é como eu disse pra Nashira, eu não quero ser uma mera plebeia pro resto da vida, eu tenho sede de conhecimento, não posso simplesmente ficar parada vendo a vida passar diante dos meus olhos, eu tenho que correr atrás daquilo que eu quero ou serei sempre submissa e ser submissa vai contra os meus princípios, meu espírito é completamente livre e eu quero ser capaz de viver essa liberdade, quero aproveitar cada fase, cada dia, antes que meu tempo se esgote, afinal, todos temos um tempo.

Vai ser difícil ir embora, porque apesar de não gostar tanto assim de Starshine, apesar de achar que o pessoal da realeza não liga pra nenhum de nós; esse é o lugar que eu nasci, foi aqui que eu cresci, foi aqui que eu aprendi tudo que eu sei. Vai ser complicado deixar pra trás tantas pessoas, tudo o que eu conheço...

Começar uma vida nova, encontrar uma nova casa, um novo emprego fazer amizades, mas enfim vou conseguir tudo que eu sempre sonhei. Sei que mamãe e papai ficarão tristes, mas eu posso voltar para buscá-los quando conseguir minha estabilidade e ainda tem Nashira, ela claramente não se decidiu sobre ir ou não comigo, então existe uma possibilidade de ela fique com eles.

Eu só tenho certeza de uma única coisa nisso tudo: Eu quero conhecer o mundo e tudo o que ele tem a me oferecer.


Notas Finais


Peço desculpas pelo atraso do capítulo, infelizmente não tive como postar ontem (dia previsto para a publicação do capítulo) pois tive problemas com a internet, garanto que isso não vai se repetir!

Espero que tenham gostado do capítulo :)

~Kah


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