— Se você quer a coisa bem feita, tem que fazer pessoalmente! — Exclamou Hadou, pegando o celular de dentro da minha bolsa. Em seguida, abriu a sua, retirando uma tigela decorada contendo bombons ainda mais decorados.
— O-O que vai fazer? N-Não faça nada que eu não faria! — Eu pedi, nervoso, esfregando as palmas das minhas mãos umas nas outras.
— Ah, tá. Se for assim eu não vou fazer nada. Já é a 5ª vez que eu sugiro momentos pra você falar com ele e você sempre amarela!
— É-É que eu tenho medo! Quando saímos, Tamaki nunca fala muita coisa, tenho medo de estar sendo um incômodo e—
— Ah, Togata, por favor. Amajiki fala três palavras por dia, e olhe lá. Em um encontro, então, ele não vai falar. Mas, hoje, uma voz dentro de você vai dizer beije o Tamaki. Se não o fizer, eu vou la e amarro vocês dois juntos até que isso aconteça.
— Mas e se ele não quiser? Tamaki é difícil de decifrar, eu nem sei se ele realmente gosta de mim…
Ela soltou um longo suspiro, revirando os olhos.
— Olha, é verdade que você gosta dele como vê, mas talvez ele goste de você. Sei lá, você é o único com quem ele realmente conversa. A cada cinco palavras dele, três são “Mirio”.
— E como eu pergunto isso pra ele?
— Não pergunte. Você só vai demonstrar… Se você o beijar.
Sem perder tempo, ela abriu a conversa com Tamaki em meu celular, digitando um simples “Me encontre aqui no pátio. Beijos <3”. Não demorou para que um “Ok” fosse enviado como resposta.
Até hoje eu não sei dizer se o fato de você se apaixonar pelo seu melhor amigo é algo bom ou ruim. Digo, tem toda a parte de ser alguém em quem você confia e que sabe tudo sobre você, ao mesmo tempo que, se der errado, são anos de amizade jogados no lixo. E perder o Tamaki é a última coisa que quero na minha vida! Mas, não posso negar que Hadou tem razão: eu sempre peço ajuda pra ela, e eu sempre amarelava e terminava falando pro Tamaki que o perfume dele era ótimo ou algo do tipo. Fim.
Mas, agora, sei que ela realmente é capaz de me amarrar se eu tentar fugir. Então, é… Minha hora chegou.
Estávamos na época das cerejeiras, então, o cenário estava realmente bonito. Hadou ainda juntava umas pétalas do chão e jogava ao meu redor. Não sei se precisava de tanto, mas não vou nem questionar.
— As cerejeiras ainda estão tão floridas… Veja só que hora boa, não perca essa chance — Ela me entregou a tigela. Os bombons tinham decoração de polvo, sol, um pacman e o número “1000000”. Hadou realmente é criativa, não vou negar.
De longe, avistei Tamaki se aproximando. Minha postura logo mudou por completo, deixando bem nítida a minha tensão. Hadou segurou minha mão uma última vez, apertando-a e dizendo, com um sorriso
— Vai com fé… Não me desaponte! Você tem que beijar. — Piscou para mim antes de, por fim, se esconder atrás da enorme árvore que tinha por perto.
Poucos segundos depois, Tamaki parou diante de mim, olhando para os lados, aparentemente confuso.
— Hadou-san estava aqui? Jurei ter visto ela.
— N-Não, foi ilusão, haha — Cocei minha nuca na tentativa de disfarçar o nervosismo.
— Entendo… Hm, então…
— … Sim?
— Por que me chamou?
— Eu te…? Ah, sim, claro, te chamei, eu mesmo, o Mirio! — O dia de hoje só me fez ter certeza de que eu era um desastre em assuntos amorosos — Eu… Queria dividir isso com você — Estendi a tigela para ele. Seus olhos demonstravam surpresa… E eu amava esse olhar!
— Foi você quem fez?
— Eu? Haha, não, não — Ele sabia que eu era um desastre na cozinha. Porém, eu também não queria dizer que era coisa da Hadou — Eu… Mandei fazer. Achei que seria legal ter um lanche com você.
— Hm… Obrigado — Pelo fato dele ser mais baixo que eu, era difícil ver sua expressão quando sua cabeça estava abaixada. Porém, eu tinha quase certeza de que ele tinha corado! Digo, não é como se fosse difícil ver Tamaki corando, mas… Argh, ele fica tão fofo assim!
Ok, Mirio, já deu pra perceber que você está completamente apaixonado. Mas, como sempre, Tamaki não falava muito, o que me deixava cada vez mais inseguro.
“Ele não vai falar se você não o beijar”
Tamaki pegou o bombom de sol, dando uma mordida. Um sorriso surgiu em seu rosto… Lindo, como sempre.
— Mirio, isso está delicioso!
“Beija, beija”
— Heh, que bom que gostou.
“Beije ele”
— Quer um pedaço? — Estendeu o doce para mim.
“Beije ele”
— Eu… — Respirei fundo, me aproximando dele.
“Beija, beija”
— M-Mirio? — Ele gaguejou assim que colei meu corpo no dele.
“Beije-o”
— N-Não é nada… — Desviei o olhar
“Beije ele”
— Na verdade… — Finalmente, encarei-o nos olhos — Se eu pedisse um beijo… Você me daria?
“Ele não vai falar”
E não falou. Primeiramente, me olhou completamente espantado. Desviou o olhar várias vezes, tentando evitar contato visual. Porém, ele não correu. Não me bateu, não pisou no meu pé, nada disso. Após respirar fundo, Tamaki fechou a tigela, deixando-a no chão ao lado de sua bolsa. Ao se levantar — com o rosto extremamente vermelho —, fechou os olhos, deixando as mãos em meu peitoral.
Hadou estava certa. Ele nunca ia falar, porque palavras em momentos como esse não são necessárias.
Pra ser feliz, fiz o que Hadou disse,
E o beijei.
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