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História Kizuna - Um evento agitado


Escrita por: MoniLovely

Capítulo 17 - Um evento agitado


O barulho de estática ecoava nos ouvidos de Shikadai, que ainda tentava apertar o botão para falar com a pessoa do outro lado da linha, mas Boruto não respondia de jeito nenhum. E o moreno não parava de gritar.

- Boruto! Boruto! - gritava no aparelho, mas nenhuma resposta, como sempre. - Responda, droga! Não era pra você sair correndo assim! Estragou todo o plano!

Uma mão tocou o ombro de Shikadai, que virou-se para encarar o loiro de olhos azuis claros que sorria para ele calmamente. - Calma, Shikadai. Ele já desligou, não temos mais o que fazer. Não adianta nada você ficar irritado.

O moreno desviou o olhar para o outro lado e soltou um suspiro. Não gostava de ter que fazer um plano e as pessoas não seguirem. Criar uma estratégia dava trabalho, sabia? As pessoas não tinham a menor consideração por aqueles encarregados das coisas que aconteciam por trás dos panos. Percebendo que o maior ainda estava um tanto chateado, Inojin o abraçou por trás, escondendo seu rosto em suas costas. Eles não trocaram palavra alguma durante aquele contato, as bochechas coradas de Shikadai já falavam por si mesmas. Suas mãos tocaram gentilmente as do Yamanaka, entrelaçando seus dedos uns com os outros e fazendo Inojin sorrir.

- Você é a única pessoa que me entende, sabia, Inojin? - murmurou, aumentando o sorriso do loiro.

- Eu sei. - acariciou os dedos do maior com os seus e aconchegou a testa pouco abaixo de sua nuca, aconchegando-se. - Fala sério, Shika, você não seria nada sem mim.

Um sorriso se esticou pelos lábios do Nara, que se virou na direção do loiro, ainda envolvido pelos braços do loirinho. Acariciou os cabelos dourados e lisos, admirando o brilho que tinha em seus olhos. - É, eu não seria mesmo. - deslizou os dedos para as bochechas do menor, sentindo o calor que crescia junto com seu rubor. Puxou rapidamente seu rosto e selou seus lábios em um beijo rápido, mas não menos correspondido por Inojin, que levou suas mãos para os cabelos negros de Shikadai, instintivamente arrancando o elástico que prendia seus cabelos.

- Você fica tão lindo com o cabelo solto, Shika. - acariciou os fios negros e esguios entre os dedos, abrindo um pequeno sorriso. - Podia deixar eles soltos mais vezes.

Shikadai sorriu fraco e negou com a cabeça. Não gostava de deixar os cabelos soltos, achava que ficavam caindo demais em seu rosto e que ele não ficava bem com eles, então preferia deixá-los presos. Claro, ele sabia que assim parecia mais um clone de seu pai, mas ele não se importava. Pelo menos não o fazia se sentir desconfortável. Inojin fez uma careta, achava que o namorado ficava maravilhoso de cabelos soltos e gostaria de poder admirá-los mais vezes.

- Essa minha aparência é só pra você ver. - acariciou a bochecha direita do loiro, tirando-lhe um sorriso de seu rosto, embora contra sua vontade. Entretanto, aqueles olhinhos brilhando em sua direção e aquela mão boba que brincava com a ponta dos fios negros já jogava em sua cara que o menor não desistiria de insistir na ideia tão cedo. Inojin conseguia ter uma determinação incrível quando queria.

- Nunca diga nunca, Shikadai. Lembre-se que muitos achavam que o Nanadaime nunca seria Hokage. - provocou, aproximando seus rostos novamente, fechando-se para o resto do mundo.

Eram apenas os dois ali, juntos como se não tivesse mais ninguém ao redor. A verdade é que os dois, apesar de terem apenas doze anos, já tinham um romance escondido há algum tempo, e apenas seus pais tinham conhecimento do mesmo. Não que eles quisessem esconder de seus amigos seus sentimentos um pelo outro, apenas achavam que seria melhor manter as coisas em um nível mais pessoal antes de contar para os outros. Inojin havia planejado em se confessar antes, mas quem havia tomado o primeiro passo foi o Nara, dando-lhe uma cartinha muito fofa contando sobre como se sentia. Demorou um pouco para que estivessem confortáveis para começar a mostrar afeto um para o outro, mas conseguiram se abrir até que bem fácil se comparado a outros casais. Seus pais foram os primeiros a ficar sabendo de seu relacionamento, pois nunca fariam nada sem a permissão deles. No começo, estavam nervosos e com medo de seus pais rejeitarem sua relação, mas no fim acabaram aceitando de boa e os apoiando em seu relacionamento.

Em sua cultura, a permissão dos pais era algo essencial, principalmente pelo incentivo da tradicionalidade, e ser proibido de ver quem amava era algo de partir o coração. Só não era mais assustador do que o medo de que a pessoa que ame não te ame de volta. A situação pode ficar estranha e você pode perder um amigo, são muitas variáveis. E ninguém quer ter o coração partido.

Ter um coração partido pode ser uma coisa ruim. Sempre é. Quem que não sentiria seu kokoro ser destruído ao saber que a pessoa que mais ama é apaixonada por outra pessoa? É algo capaz de abalar o seu mundo e te deixar na beira de um precipício, pronta para pular num abismo de infelicidade eterna.

Felizmente, Sarada tinha suas duas mães para confortá-la. Passou todo o resto do dia enrolada em cobertores, recebendo chocolate quente, ganhando abraços e beijos e muitas afagadas na cabeça. Como Sakura não tinha muito tempo para passar com a filha por conta do seu trabalho, acabou recebendo pouco carinho dela, mas Karin, ao contrário, ficou o tempo todo ao seu lado, abraçando-a e cantando músicas em seu ouvido, o que a ajudou muito a melhorar o seu humor, embora ainda sentisse as rachaduras em seu kokoro. Ela era como uma verdadeira mãe para a morena, em tão pouco tempo já havia feito mais que seu pai sua vida inteira.

- Está melhor, Sarada? - perguntou a Uzumaki, sentando ao seu lado e dando-a um abraço caloroso. A morena sorriu triste, encostando sua cabeça no peito da ruiva. - Oh, Sarada, eu odeio te ver assim. Você não merecia experienciar essa dor tão cedo. Eu queria poder fazer alguma coisa.

- … Se você ficar do meu lado vai ser legal… Meus pais nunca têm muito tempo pra mim, então seria legal passar um tempo com alguém. - Karin a encarou com certa preocupação.

A ruiva não gostava de saber que Sasuke e Sakura não estavam dando atenção suficiente à filha. Ela mais do que tudo merecia uma infância normal e amor de seus pais, nem que fossem apenas alguns minutinhos. Curvou os lábios em um sorriso caloroso e determinado. - Então eu vou dar à você a melhor tarde que você já teve. Vamos assistir tantos filmes juntas que você vai ficar enjoada de mim! - brincou, fazendo a morena rir. Levantou-se do sofá e acariciou o cabelo da mesma. - Eu vou fazer uma pipoquinha e já começamos a maratona.

Sarada abriu um grande sorriso, finalmente sentia que tinha uma mãe. Sakura passava o dia inteiro trabalhando no hospital e seu pai agora trabalhava ao lado do Nanadaime, além de estar em uma reunião importante em Suna, então era tão bom ter a sensação de seu coração preenchido com uma presença materna.

Parara seus pensamento ao som de uma batida na porta e Karin gritando para que ela atendesse, o que ela fez. Levantou-se de seu sofá e correu até a porta, arregalando os olhos e dando um pequeno passo para trás ao dar de cara com o filho do Nanadaime.

- Boruto? - respirou fundo, tentando controlar a batida de seu coração. - O que você está fazendo aqui?

O loiro coçou a cabeça. - Oi, Sarada. Podemos conversar? - uma pequena gota de suor escorreu por sua testa ao ver a Uchiha cerrando os punhos, mas se aliviou um pouco quando ela saiu da casa e fechou a porta atrás dela.

- Seja rápido.

Boruto engoliu em seco, mas não hesitou. Se recusava a voltar atrás agora que já estava ali. - Olha, Sarada, me desculpe se eu fiz algo de ruim com você. O Mitsuki me contou que você voltou triste pra sala depois do lanche, que foi quando nós estávamos conversando. Eu fiz alguma coisa? - a morena desviou os olhos e abaixou as sobrancelhas, confirmando as suspeitas do loiro. - Eu fiz, não fiz? Por favor, me conta o que aconteceu. Eu quero te ajudar. - colocou a mão em seu ombro, arregalando seus olhos. - Por favor, Sarada.

- Boruto… Eu… - seu coração batia rápido contra seu peito e seu nervosismo crescia. Ele veio todo o caminho de sua casa até ali para se desculpar com ela e ver se ela estava bem, merecia uma resposta. - Boruto, a verdade é que… Eu gosto de você. E não é gostar como amigos, eu gosto de você da mesma forma que você gosta do Mitsuki. Por isso eu não quis ficar depois da aula pra te ajudar. - o loiro abriu a boca para falar alguma coisa, mas ela o interrompeu antes que pudesse. - Eu sinto muito, Boruto. Nunca quis que você achasse que isso que eu estou passando fosse culpa sua. E não pense que só porque eu gosto de você eu seja contra você ficar com o Mitsuki. Na verdade, eu já tinha decidido há muito tempo que te apoiaria mesmo que você não me amasse. E sim, estava óbvio desde o começo que você sentia alguma coisa pelo Mitsuki.

Os olhos azuis desviaram para o chão e suas mãos brincaram uma com a outra, tentando aliviar a tensão e seu nervosismo. - Mas você está bem? - perguntou, ao que Sarada sorriu tristemente.

- Eu vou ficar bem. Pode ser que demore um pouco, mas tudo vai ficar bem. Só preciso de um tempo pra superar. - colocou a mão em seu ombro, encarando-o com olhinhos brilhantes. - Confie em mim, estarei de volta ao normal antes que você perceba.

- Você precisa de alguma coisa? Eu quero poder fazer algo pela minha possível futura irmã. - abriu um grande sorriso e levou a mão à nuca, arrancando um sorriso dos lábios de Sarada.

- Pedir desculpas pro Nanadaime seria legal. - ajeitou os óculos e abriu um sorriso travesso. - Já que seremos irmãos em algum momento do futuro, é meu dever assegurar que você não vai estar de birra e cara virada pro Nanadaime. O que me lembra, você ainda não conheceu meu pai. Seria uma ótima oportunidade para você conhecê-lo, só que tem que abaixar a bola e tentar não brigar com seu pai na frente dele. - cruzou os braços e encarou a expressão confusa do loiro, mas simplesmente ignorou e sorriu. - Enfim, é melhor eu ir. A pipoca já deve estar pronta. - abriu novamente a porta. - Até amanhã, Boruto.

O loiro ficou paralisado na frente da porta da Uchiha, sem saber como responder ou reagir ao que tinha acabado de acontecer. Ele definitivamente não entendia nada sobre garotas.

Já dentro da casa, Sarada soltou um suspiro e encarou a porta por um instante. Já estava resolvido. Ela apoiaria seu amigo para conquistar o coração do garoto que gostava e seguiria em frente de cabeça erguida. Seus pais teriam orgulho de como ela foi madura e a veriam como um grande potencial para levar seu clã pra frente.

- Sarada, você vem ou não? Eu vou comer tudo sozinha. - chamou a ruiva, beliscando um pouco da pipoca.

Os lábios de Sarada se curvaram em um sorriso e o aperto em seu coração desapareceu.

- Estou indo!

(...)

Deve ter sido a maior soneca da tarde que Sasuke já teve. Um segundo atrás eram lá pelas três da tarde e quando acordou já eram quase sete da noite e, obviamente, o festival já havia começado. Mas não é como se ele estava muito preocupado com o horário, o sono ainda estava batendo, junto com uma forte dor de cabeça, e o festival não iria sair de lá.

Acariciou os fios loiros de Naruto e se levantou, indo buscar suas roupas. O bom de usar essas roupas quentes durante a noite em Sunagakure é que não passaria frio, já que a noite lá era bem mais fria do que nas outras nações, claro que não chegando às temperaturas do país da neve, mas ainda assim com temperaturas bem baixas. Ao trocar-se, sentou novamente ao lado do loiro, observando suas feições tranquilas enquanto dormia. Era raro ver Naruto tão calmo, ainda mais depois que conseguiu aquele trabalho tão estressante que era o de Hokage. O Uchiha não entendia direito como o loiro continuava naquele emprego se ele não gostava de trabalhar. O Uzumaki queria se tornar Hokage para que as pessoas o reconhecessem, mas isso não fazia mais sentido, já que já haviam o reconhecido antes mesmo de assumir o posto, então não fazia mais sentido ele continuar naquele lugar que o fazia tão infeliz.

Seus dedos deslizavam pelos fios loiros e os afastavam dos olhos fechados e cansados. Ver o namorado tão relaxado o acalmava também. Ele sofreu tanto durante tanto tempo, sendo abusado por aquelas pessoas horríveis de sua vila desde que eram pequenos, nunca tendo um amigo para lhe acudir quando precisava. Aliviava o coração do moreno saber que tudo isso mudou e que agora o loiro tinha muitas pessoas importantes em sua vida. E ele tinha a honra de ser uma delas. Desceu as mãos para suas bochechas, acariciando-as com ternura e o agitando um pouco.

- Naruto, acorda. Temos que nos arrumar pro festival. - sussurrou em seu ouvido e depositou um beijo sensível em sua testa. - Não vai querer decepcionar o Kazekage, não é?

Os olhos azuis foram lentamente se abrindo, com a visão um tanto desfocada, e procuraram logo as cores ônix dos de Sasuke, onde se fixaram. Levantou-se, ou pelo menos tentou, e caiu com o corpo em cima do moreno, que o segurou e o acomodou em seus braços.

- Eu to com sono, Sasuke. Você me destruiu inteiro.

- Para de manha e troca logo de roupa, vai. Você é forte e tem chakra de cura de uma raposa de nove caudas, vai logo. - empurrou-o para a cama, mas ele não se moveu, ficando parado de cara no travesseiro. O moreno revirou os olhos e cruzou os braços. - Tá bom. Se eu te der uma massagem você levanta?

Recebendo um pequeno aceno como resposta e depois nenhum movimento vindo do loiro, já voltara a dormir. O moreno sentou mais pra baixo, perto da lombar do namorado, colocou as mãos em suas costas e começou a concentrar o chakra na ponta de seus dedos. Era uma técnica que aprendeu durante suas viagens, aquele era um bom jeito de deixar a pessoa que estava recebendo a massagem mais relaxada, tirar o estresse e desatar alguns nós musculares.

E também era bom pra tirar o sono.

- Quem que é o anjo que tá me fazendo massagem? - murmurou contra o travesseiro. - Puta merda, Sasuke, onde você aprendeu isso?

- Numa das minhas viagens. Está bom?

- Se você descer um pouco mais a mão vai ficar ainda melhor. - Sasuke revirou os olhos e continuou a massagem.

Seu chakra penetrava a pele do loiro de um jeito inimaginável, ainda melhor do que chakra curativo. Parecia derretê-lo ali na cama igual a um picolé no verão. O namorado tinha dedos mágicos, não era possível. Suas mãos pálidas corriam por suas costas como beijos de um anjo, tirando toda a tensão que se acumulava ali e melhorando sua postura. Desde seus ombros até sua lombar, aquelas mãos maravilhosas percorriam com tanta suavidade e carinho que conseguiram até arrancar alguns gemidos da boca do loiro.

- Pronto. Agora vai se trocar pra gente descer.

Dito e feito. Naruto já estava em pé como se tivesse tomado um energético. Aquela pequena descarga de chakra em seu sistema já foi o suficiente para o despertar de novo. Não que já não estivesse curado com o chakra da Kyuubi, mas ainda assim era uma sensação maravilhosa.

Em pouco tempo, o Nanadaime já estava pronto para sair. E estava com uma energia do caralho. Agarrou o pulso do moreno e praticamente o arrastou para fora do quarto, ambos correndo escadaria abaixo para onde todos já estavam esperando. Bom, pelo menos Gaara, Lee e Ino estavam.

- Onde vocês estavam? Demoraram pra caralho pra descer! - reclamou Ino, com os braços cruzados e os cenhos franzidos. - Estamos há quase duas horas esperando vocês! A Temari já foi faz meia hora!

Quando Naruto foi se pronunciar, o de vestes esverdeadas o interrompeu. - Ino-chan, não precisa ficar tão desesperada. Eles já chegaram, então não vai adiantar de nada ficar reclamando. Vamos direto para aquele festival aproveitar o resto da nossa juventude! - bradou, fazendo a loira revirar os olhos e o Hokage e o Kazekage darem uma risada baixo.

- Você é casado e tem um filho, e ainda assim não parou com essa história de juventude? Achei que você teria amadurecido, Lee. - disse Temari, se aproximando do grupinho ainda reunido na frente do edifício.

O de cabelos escuros desviou o olhar, mas manteve o sorriso no rosto. - Eu e Tenten nos separamos há mais de um ano, Temari-chan. Você sabe disso. - a de cabelos curtos levou a mão à boca, tinha esquecido do incidente do começo do ano passado. - Não se preocupe, não me ofendeu. Não é uma confusãozinha que vai abalar a minha primavera da juventude!

E em pouco tempo todos estavam sorrindo de novo.

Depois daquele clima pesado, aceleraram o passo até a feirinha perto da praça, não tocando mais no assunto e, ao invés, trazendo algum tópico mais agradável. As luzes do festival logo distraíram seus olhos, trazendo-os de volta ao espírito do evento. Naruto e Sasuke foram os primeiros a disparar em meio à multidão, o último sendo arrastado pelo primeiro. O lugar estava todo decorado com luzes e algumas bandeirinhas, trazendo um ar bem charmoso ao local. Os vendedores simpáticos gritavam anunciando seus produtos e pedindo por clientes, que se alinhavam em frente às lojinhas e barraquinhas, comprando milhares de cacarecos e lembrancinhas. Até mesmo Sasuke comprou um leque com imagens de flores cor-de-rosa para sua filha. Bateu os olhos no produto e achou a cara de Sarada.

- Acha que ela vai gostar? Não sei muito sobre a minha filha. - perguntou ao loiro, que respondeu com um sorriso.

- Ela vai adorar, tenho certeza. Depois que você deu aquela pulseira pra ela, ela não tirou mais. - o moreno sorriu.

O resto do grupo logo alcançou os dois, que dispararam na frente e largaram todo mundo pra trás. - Po! Da próxima vez não larguem a gente assim! - reclamou Ino, já estava de saco cheio das gracinhas do casal. - Decidimos que é melhor ficarmos juntos. Pelo menos assim Gaara pode mostrar as coisas do festival pra gente, já que nós não sabemos de nada disso.

- O que é aquilo ali, então? - perguntou Naruto, apontando para algumas pessoas correndo de um lado para o outro em busca de um parceiro. - O ruivo encarou aquelas pessoas com certa preocupação nos olhos, chamando um pouco a atenção de Naruto. - Gaara? Tá tudo bem?

Saiu rapidamente do transe e encarou o amigo. - Está tudo bem. Aquilo lá é a preparação pra uma dança que vai ter. O festival não é exatamente nosso, é uma tradição da família nobre do nosso país. Só achei que seria uma boa ideia fazermos algo parecido aqui. As pessoas tendo estado muito preocupadas ultimamente, acredito que algo assim seja um bom jeito de relaxar.

- Que ideia boa, Gaara-kun! - elogiou Lee. - Parece ser bem divertido.

Gaara assentiu com a cabeça. - Você entra na roda e escolhe um parceiro. Tem três faixas de pessoas na roda. Na mais externa, as pessoas vão trocando de parceiro, bem como uma roda. A segunda camada ficam os que não querem trocar de parceiro, ficam só com um durante toda a dança. E a mais ao centro é revezado pelos casais. Quem quiser pode entrar e dançar com o parceiro no meio da roda. O mais comum é que alguém seja levantado no ar, mas isso é só durante o ápice da música.

- Que legal! Eu quero tentar! - disse a loira aguada.

- E como vai fazer isso sem o seu marido, esperteza? - provocou Sasuke, ao que ela respondeu com um beicinho e uma empinada de nariz.

- E quem disse que eu preciso de homem pra curtir uma boa dança? Temari, você me daria a honra de dançar comigo? - dramática, curvou-se em frente à loira e estendeu-lhe a mão.

- Certamente, Yamanaka-san. - brincou ela, tomando a mão da de cabelos longos e rumando para a pista ao seu lado.

Nem surpreendeu o ruivo que Naruto e Sasuke não estavam mais lá, só ergueu o olhar e viu os dois na pista de dança, se preparando para dançar na segunda fileira. Ele e o de cabelos negros ficaram em silêncio, apenas observando os outros começarem a dançar, mas quando Gaara ia se retirar, sentiu um chakra familiar próximo de onde estava, despertando uma sensação primitiva dentro de si.

- Hum… Lee, vem pra pista comigo? - não esperou muito por uma resposta, pegou sua mão e logo se pôs na faixa mais externa. Seu rosto estava vermelho e ardendo como fogo, mas naquele momento o que mais importava era se afastar o máximo possível dela.

A música começou. As pessoas e seus pares grudavam uns com os outros na segunda fileira, enquanto na primeira havia apenas um toque de mãos como cumprimento. O som de um violão calmo e o pequeno batuque de um tambor eram a composição da música, simples mas ao mesmo tempo soberba. Gaara não estava prestando muita atenção na dança ou no cenário a sua volta, seus olhos percorriam a multidão, procurando desesperadamente por aquela pessoa.

- Está tudo bem, Gaara-kun? - perguntou o maior, mas o Kazekage não desgrudava os olhos da plateia. Não precisou de muitos neurônios para que Lee percebesse que ele estava procurando por alguém. - Pra quem você tá olhando?

- Matsuri. Minha ex-namorada. - apertou a mão do moreno involuntariamente, franzindo o cenho. - Depois que a Quarta Guerra Ninja acabou, meu conselho me orientou a me casar com alguém, e ela se ofereceu pra ser minha noiva. Eu tentei, mas acabou não dando certo e eu terminei, mas ela continua pegando no meu pé e insistindo que eu me casasse com ela. O problema de conseguir um possível candidato já foi resolvido quando eu adotei uma criança do orfanato, mas ela continua enchendo o saco até hoje! - vendo a expressão de pena no rosto do amigo, o ruivo percebeu que havia falado demais. - Foi mal, não queria jogar meus problemas na sua cara. É que faz tanto tempo que não tenho alguém pra conversar. - disse enquanto seus braços e pernas moviam-se no ritmo da música.

- Sem problemas! É legal ter alguém pra conversar também.

O ruivo sorriu, voltando a apertar o passo conforme a música ia tocando. A dança era bem tradicional, com as pessoas deixando seus braços e pés falarem por elas. Seus braços esquerdos tocavam o de seus parceiro e davam uma volta completa, algo bem do estilo dos senhores feudais, algo que se dançaria em um baile ou pelo menos em um salão. Suas mãos se juntavam acima de suas cabeças e davam mais uma volta completa, o violão acelerado os acompanhando com destreza. Há muito tempo Gaara não dançava, se é que já dançou algum dia. Conhecia os passos por conta das pesquisas e dos livros que leu sobre as tradições de seu país. Não sabia que quando se dançava com alguém podia sentir seus pés deixarem o chão contra sua vontade.

- Você gosta do Naruto-kun, não gosta Gaara-kun? - perguntou o moreno, chamando a atenção do ruivo, que corou em resposta.

- C-como você…?

- Você fica desviando os olhos pra ele. E você e o Naruto-kun continuaram bem próximos depois da guerra. Lutaram muito bem juntos. - sorriu, parecendo bem mais maduro aos olhos de Gaara.

O ruivo desviou o olhar. - É verdade. Eu gosto dele. Mas eu jamais ficaria no caminho da felicidade dele, mesmo que isso signifique que ele acabe ficando com outra pessoa. Eu não poderia fazer isso com meu melhor amigo. - disse, deixando que o maior o girasse à sua frente. - Não quero que ele seja infeliz, entende? Ele já sofreu tanto nessa vida e eu odiaria me tornar mais uma das razões de sua infelicidade.

- Entendo. - tomou a mão do ruivo, colocando-a rente ao seu corpo e dando mais uma volta, a música já entrando no segundo refrão. - É impressão minha ou a música ficou mais rápida?

- É o refrão. Acelera a música pra tornar o momento mais íntimo pras duplas sem chamar muita atenção. E também é a hora em que se muda de parCEIRO. - gritou a última parte involuntariamente ao sentir o parceiro segurar sua mão e jogá-lo para o lado igual um ioiô só para trazê-lo de volta à si depois. - O que você está fazendo?!

- Não falou que era para as duplas ficarem mais íntimas? Só fiz o que todo mundo fez. - justificou com um sorriso que fez o ruivo revirar os olhos antes de ser inclinado para baixo.

Tentava firmar os pés no chão, mas a velocidade da música não deixava. - Só tenta me avisar antes. Quase que eu desmaio aqui! - Lee sorriu e assentiu com a cabeça.

Juntaram suas mãos e ajeitaram-nas, uma no peito e a outra para fora, dando mais uma volta. Gaara já estava ficando tonto com tantos movimentos de 360°, mas estava dando o seu melhor para continuar no ritmo. Acabou que Lee dançava bem pra caramba e tinha pegado rapidamente o ritmo e os passos da dança, se não estivesse só um pouco mais rápido que os outros, estaria perfeito. Os olhos do ruivo não resistiram em dar uma olhada ao redor, rapidamente encontrando a morena de quem estava fugindo dançando com um rapaz qualquer. Ela parecia bem feliz e finalmente distraída com outra coisa, uma preocupação a menos naquela noite.

A música começou a ficar mais lenta, mas não menos agitada. O violão, a bateria o banjo e todos os outros instrumentos tocavam uma melodia viciante e apaixonante que poderia contagiar qualquer um. Todos juntavam as mãos com os parceiros, dando mais uma volta. Os olhos escuros de Lee olhavam freneticamente para os lados, tentando associar os próximos passos com os que deveria fazer, muito embora seus pés estivessem fazendo tudo sozinhos. Não queria acabar desapontando seu amigo ao não saber dançar. As pessoas ao seu redor seguravam as mãos dos acompanhantes com firmeza, passando confiança por meio do calor das mesmas, será que Gaara estava sentindo o mesmo? Esperava não estar estragando tudo.

- Sabe, Lee, - chamou pelo maior, que voltou os olhares para o ruivo. - Você até que dança bem pra uma primeira vez.

O moreno sorriu, sentindo um alívio no peito. Olhou para os lados e então notou algo estranho, fazendo o alívio sumir de repente. - Gaara-kun, não era pra estarmos trocando de parceiro?

O Kazekage não respondeu. Ao invés disso, desviou o olhar e empurrou a si e o parceiro com o pé, movendo-os para a fileira mais adentro. Lee estava confuso pelo comportamento anormal de Gaara, já que ele costumava ser quieto e na dele, não tomava muita atitude a menos que fosse extremamente necessário. Mas então…

A música ficou mais lenta, com apenas o som do violão e a voz da cantora preenchendo o local. A proximidade de seus corpos era gigantesca, quase encostando seus troncos um no outro.

- Quem disse que eu quero trocar de parceiro? - olhou fundo em seus olhos, seu rosto inexpressivo e olhos penetrantes. Lee estava numa perda de palavras imensa, não que precisasse dizer algo, já que foi interrompido pela pronunciação de Gaara. - Além do mais, eu não quero perder essa parte.

Desviou os olhos rapidamente para a esquerda, indicando para que o maior olhasse para o lugar.

E lá estavam os dois. O casalzinho inseparável de Konoha, dançando como se fosse a última coisa que fossem fazer na vida. Não soltavam a mão por um segundo, a menos que fosse para voltar a encarar um ao outro. Não prestavam atenção ao mundo, nem ao que tinha ao seu redor, eram apenas eles dois ali, sem mais ninguém, perdidos nos olhos e nos movimentos um do outro. Naruto só não tinha os pés fora do chão ainda porque ainda estavam nos rodopios e nas encaradas de olho. O loiro rodopiava e era jogado de um lado para o outro como se fosse uma boneca nas mãos de uma criança carente, mas suas mãos continuavam sempre juntas.

E, em pouco tempo, estavam no centro da roda. Trocaram breves sorrisos e voltaram ao ritmo da música acelerada. Sasuke levou as mãos firmes à cintura do loiro e o inclinou para trás, quase deitando-o no chão, só para erguê-lo no ar com toda sua força e suporte. Foi a primeira vez que Naruto sentiu que estava verdadeiramente voando. Ele havia aprendido a voar durante um certo período de tempo na Quarta Guerra Ninja, mas nunca havia se sentido assim, com o coração acelerado, as bochechas travadas de tanto sorrir e o vento balançando rasamente em seus cabelos em crescimento. E nunca havia sentido o apoio do namorado de forma tão física, era como uma corda o puxando para ele e dizendo que, não importa onde ele estivesse ou o quão longe fosse, eles sempre estariam ligados. Jogou os braços para cima e dobrou as pernas, um sorriso mais do que genuíno estendendo-se de orelha à orelha. Não queria que essa sensação passasse nunca.

O moreno desceu-o no chão, firmando os braços em sua cintura e puxando o corpo dele contra o seu, colando-os juntos. Suas mãos subiram para o pescoço do namorado e não resistiram em puxá-lo para um beijo, na frente de todo mundo mesmo. Estava pouco se fodendo para o que iriam pensar dele, só precisava tomar aqueles lábios nos seus antes que morresse por falta de Sasuke. Não levou muito para ter o beijo correspondido, dessa vez de uma forma mais inusitada, com o Uchiha atacando seus lábios com a mesma intensidade a qual o loiro atacou e erguendo-o no ar, literalmente, para segura-lo estilo noiva e aprofundar o beijo. Eles podiam se devorar ali e agora e ainda assim não veriam ninguém ao redor deles. Foi um beijo breve, mas não menos amoroso e, mais uma vez, se perderam nos olhos um do outro, não fazendo nada mais além de se encarar com pequenos sorrisos no rosto.

A música começou a parar, restando apenas o vocal e o violão. Todos começaram a diminuir o passo e aquietar o fôlego. Os olhos de Gaara não deixaram o casal nem por um segundo, seu coração se aquecia como um sol ao ver seu amado sorrindo daquele jeito. Eles eram tão felizes juntos. Queria poder encontrar alguém que olhasse para ele como Naruto olha Sasuke. Suas esperanças estavam altas.

- Gaara-kun. - chamou Lee, tirando o ruivo de seu transe. - As meninas estão chamando a gente pra comprar alguma coisa pra comer.

Seus olhos desviaram uma última vez para o casal Uchiha-Uzumaki e mais uma vez encararam o sorriso lindo e branco que o loiro tinha em seus lábios. Um suspiro teimoso escapou de sua boca.

- É uma excelente ideia.

(...)

- COMO ASSIM “VOCÊ PERDEU”? - gritou Gaara, agarrando os cabelos ruivos com força, ao que o loiro respondeu com mais um grito.

- EU PERDI, OKAY? EU NÃO SEI ONDE FOI PARAR! ACHO QUE ACABEI PERDENDO ENQUANTO EU TAVA DANÇANDO!

Gaara se deu um tapa na testa. Os tempos poderiam ter mudado, mas Naruto continuaria sendo o idiota de sempre. O dia mal havia começado e o loiro já havia estragado tudo dizendo que havia perdido o maldito anel de noivado. Foi logo após terminarem a dança e o resto do grupo havia saído para comer que Naruto resolveu pedir a mão do moreno. Só que, quando foi colocar a mão no bolso, a caixinha não estava mais lá.

- Eu não acredito, Naruto. Como você foi ser tão desleixado? Você é o Hokage, caramba!

- Não fica bravo comigo! Eu não tive culpa se a caixa caiu! - fez bico, fazendo o ruivo revirar os olhos e cruzar os braços. E lá se foi o primeiro passo pelo ralo. - Ano sa, pelo menos você se divertiu bastante ontem. Você dançou bem pra caramba.

O ruivo corou e coçou as mãos. - Arigatou. Você também dançou muito bem. Poderiam fazer algo assim pro seu casamento. Seriam a atenção da festa, com certeza.

- Não sei. Sasuke não é do tipo que gosta de chamar muita atenção. Mas eu vou pensar. - sorriu calorosamente. - Ano, por que você não vem com a gente de volta pra vila, Gaara? Essas últimas semanas você só ficou lidando com diplomacia e cuidou das coisas com a sua vila a distância. Poderia tirar uma folga.

- Não sei não… Estou longe da minha vila por mais de duas semanas, não sei se o conselho vai aprovar minha atitude. - ponderou, recebendo uma olhada de canto do loiro. - Apesar de que, depois que falarmos aquela coisa, não vai ter muito com o que eu vou me preocupar. - levou a mão ao queixo, logo soltando um suspiro. - Talvez se eu conseguir resolver todos os assuntos pendentes por aqui eu consiga dar uma passada por Konoha na próxima semana.

Naruto sorriu e bateu as mãos juntas. - Legal! Vai ser muito bom ter você por lá durante mais um tempo.

O ruivo sorriu e assentiu. Estava ansioso para quando o momento chegasse de ver seus amigos novamente.

Passos apressados caminharam em direção aos dois. Era o resto da turma, todos com aparência de estar caindo aos pedaços. Por conta do festival, ninguém conseguiu dormir direito, passaram quase que a noite toda comendo, jogando e comprando coisas para levar pra casa.

- Vocês demoraram pra caramba! - reclamou o loiro, encarando Ino com um olhar travesso.

- Cala a boca, Naruto! A gente não dormiu nada! - resmungou, apontando para uma Temari sonolenta. - Viu?

- Ino, fica quieta e vamos logo. - disse Sasuke, cruzando os braços e caminhando para o lado do namorado. - Temos muitos assuntos a tratar em Konoha. Ainda mais agora que o sistema está mudando.

A loira desviou o olhar e fez bico. Infelizmente, aquela viagem havia chegado ao fim. Era hora de voltar para sua vida chata de mãe e ninja aposentada. Se reuniram na beira da vila e aproximaram-se de Sasuke, que era quem ia levá-los de volta.

- Foi muito bom recebê-los. - disse o ruivo, sorrindo. - Sempre que quiserem visitar, serão mais do que bem-vindos.

- Arigatou, Gaara. Tenha certeza que vamos. - se virou para o namorado, que já estava usando o rinnegan para fazer um portal para Konoha. - Sayonara!

E pulou no portal, junto de todos, restando apenas o Kazekage e o Uchiha para trás. Os olhos ônix do moreno encaravam o ruivo como se quisessem queimá-lo vivo, apesar de seu rosto mostrar-se inexpressivo. Gaara começou a suar frio, não gostava de não saber o que o Uchiha faria ou o que pensava. Entretanto, sua tensão passou ao ver um pequeno sorriso formar-se nos lábios do mesmo.

- Obrigado por entender. - fez uma pequena reverência e pulou no portal, deixando o ruivo incrivelmente confuso.

Os cinco desceram pouco longe da vila, não mais que alguns metros de distância, mas ainda sim uma boa caminhada, que foi logo preenchida por conversas paralelas de como o festival foi divertido e de quais foram as coisas que compraram para suas famílias. As garotas não paravam de tagarelar, principalmente Ino, que fazia questão de contar com todos os detalhes como tudo que comprou era fabuloso.

- Mas então, Lee, como foi dançar com o meu irmão? - perguntou Temari, encarando o moreno de soslaio. - Eu vi que vocês se jogaram de cabeça na música.

- Foi bem divertido. - coçou a nuca. - Gaara-kun é um excelente dançarino. Agora, quem deu um show mesmo foi você, Naruto-kun. Dava pra sentir seu espírito de juventude de longe! - Temari e Ino reviraram os olhos, enquanto o loiro abria um sorriso torto.

- Eu me diverti bastante, dattebayo. Mas quem salvou a dança mesmo foi o Sasuke. Até perdi a conta de quantas vezes eu pisei no pé dele. - desviou o olhar para o moreno, esperando uma resposta. Entretanto, não recebeu nenhuma. - Sasuke? Tá tudo bem?

Os olhos do moreno deslizavam pelo cenário, escaneando-o com seu sharingan. Não há muito atrás sentiu uma presença, não muito forte, de um chakra desconhecido, e se pôs em alerta na hora.

Com um movimento rápido, Temari sacou seu leque e o abriu, movimentando-o com força na direção das árvores. - Quem está aí? - bradou, levantando pó do chão e arremessando três pessoas para fora de seu esconderijo. Eram ninjas revoltosos.

Os três tiraram kunais dos bolsos e atiraram contra o grupo, sendo facilmente desviadas e ativando o instinto de luta do grupo. Aquele trio era bem inexperiente com lutas, deveriam pertencer à algum grupo novo. Não foi preciso muito para derrotar aqueles três, uma simples combinação de katon e rasengan e a luta já chegou ao fim. Na verdade, bem mais rápido do que o esperado, até para iniciantes como os que os atacaram. Naruto sabia que as combinações de fogo e vento eram muito poderosas, mas não esperava ver tanto potencial com golpes tão simples. O local todo estava literalmente em chamas!

- Acho que vocês foram um pouquinho longe demais. - disso Ino, encarando os três rapazes desmaiados no chão. - Eles parecem bem novos…

- Muitos grupos de revoltosos recorrem à jovens para participar de seus planos. - explicou o moreno de cabelo espetado. - Geralmente pra espionagem e serviços de informação, assim as perdas não são significativas.

O coração da de cabelos longos ficou pesado. - Pobres coitados. Tão jovens e já estão sendo levados pra esse lado… - acariciou o cabelo de um dos caídos. - Espero que o novo sistema ajude.

Sasuke desviou o olhar para Naruto, que estava cabisbaixo. Sabia que o namorado não gostava nem um pouco da ideia de conflitos tirando vidas de pessoas inocentes. Tudo que ele menos queria era que uma nova guerra acontecesse, ainda mais agora que finalmente conseguiram a paz entre as nações, e esse desapontamento era perceptível pelas feições de seu rosto. Entretanto, ele não se mostrou visivelmente abalado.

- Ino, Lee, avisem nossos ANBU disponíveis. Temari, preciso que você faça um relatório e avise o Shikamaru sobre o que acabou de acontecer. - ordenou, ao que os ditos shinobi cumpriram, disparando para a vila. - Ano, Sasuke. - chamou pelo moreno, que lhe encarou de soslaio. - Será que você pode entregar isso pra Hinata e para as crianças pra mim? Com isso que aconteceu agora, provavelmente vou ficar preso por aqui e não queria deixar as coisas deles aqui penduradas comigo.

O moreno sorriu com o canto do lábios e assentiu. - Está bem. - tomou a sacolinha das mãos do loiro. - Mas você pode pelo menos me acompanhar até a entrada da vila. Não vou ter cumprido minha missão até guiar o Hokage com segurança em seu retorno para Konoha. - Naruto sorriu.

- Bakata! Vamos lá, dattebayo! - tomou a mão de Sasuke na sua e caminhou ao seu lado pelo trecho restante até os portões.

Entretanto, assim que os dois sumiram de vista, uma figura encapuzada pisou para fora das sombras, camuflando seu chakra e se aproximou dos corpos caídos. Seus olhos negros encaravam aqueles três inúteis no chão, inutilizados e completamente destruídos. Só não estavam mortos por pura sorte e piedade do Nanadaime e seu acompanhante.

- E depois perguntam por que não deixamos vocês fazerem o trabalho. - debochou, ajoelhando-se ao lado dos corpos e tomando as kunais de suas mãos. - Estão com sorte de ter sido eu quem foi mandado para vigiá-los, pois tenho certeza que Dei-chan acabaria com vocês se soubesse dessa palhaçada. Agradeçam a Rikudou que fui eu quem pegou os anéis. - ergueu um dos corpos e o jogou sobre seus ombros, fuzilando de soslaio um dos que começara a despertar. Seus olhares se cruzaram e o menos experiente não ousou dirigir uma palavra ao que o encarava. - Agora você entende porque precisamos deles separados? Ou quer ficar e receber mais uma bolada de fogo na cara? - negou. - Foi o que eu pensei. Agora levanta e carrega esse imbecil no seu ombro. - jogou a capa sobre o corpo em seu ombro e franziu o cenho. - Parece que teremos que aceitar aquele acordo no final.

(...)

Sasuke segurava a pequena sacola com cuidado, admirando o símbolo do clã Uzumaki estampado no tecido. Era estranho carregar um objeto com esse símbolo. Fazia-o se sentir incluído na família de Naruto, sendo digno o bastante para carregar o símbolo do clã. E, de certo modo, aquela era a primeira vez em que não se incomodava em falar de clãs.

Ao se aproximar da casa de Hinata, encontrou a mesma treinando do lado de fora, acertando diversos golpes no ar com seu Byakugan ativado. A morena imediatamente parou seu treino quando viu o moreno se aproximar.

- Sasuke-kun? O que está fazendo aqui? - ajeitou os cabelos curtos e se aproximou dele, que estendeu a sacolinha.

- Naruto me pediu pra trazer. Ele comprou algumas coisas de presente para as crianças em Sunagakure.

A morena sorriu e tomou a sacola de suas mãos. - Tenho certeza que as crianças vão adorar. Arigatou, Sasuke-kun. - levou o presente rapidamente para dentro e já voltou para falar com o Uchiha. - E então, como foi a viagem? Se divertiram?

Sabia que a Hyuuga estava se referindo à reunião e à viagem em si, mas isso não impediu Sasuke de pensar na tarde que passara com Naruto em seu quarto.

- Sim. Foi bem interessante. E a reunião ocorreu bem. - Hinata suspirou aliviada e colocou o cabelo atrás das orelhas.

- Fico feliz que tudo foi como o esperado. - estralou os pulsos e respirou fundo, encarando o moreno com um sorriso. - Ano, Sasuke-kun, não gostaria de treinar comigo? Quando Naruto-kun está em suas reuniões geralmente demora pra caramba pra ele voltar.

O moreno deu de ombros. - Não vejo porque não. - se aproximou da morena e se colocou em posição de luta. - Vamos lá.

Hinata assentiu e partiu pra cima, já ativando seu byakugan e concentrando seu chakra. Parecia realmente que era uma luta séria. Nenhum dos dois mostrava qualquer expressão no rosto com exceção da determinação e o brilho do doujutsu de Hinata.

A Hyuuga movia seus punhos com avidez, tentando desesperadamente acertar algum golpe no Uchiha, que desviava com facilidade.

Hinata já havia começado a suar. Pelo visto ela ainda estava bem enferrujada. Não conseguia acertar um único golpe! Entretanto, havia de admitir que Sasuke era um adversário formidável e que tinha grande experiência como shinobi. Sequer precisava do sharingan para ver seus movimentos. Ela estava animada.

E só ficou mais quando o Uchiha começou a revidar. Agarrou seus punhos e a arremessou contra uma árvore. Com sorte, Hinata conseguiu agarrar o solo com suas unhas e, por pouco, evitou de chocar suas costas com a planta. E a luta que antes era apenas um deles esquivando dos ataques do outro, tornou-se uma sessão de golpes.

Os dois tentavam de todos os modos atingir um ao outro, nenhum deles realmente conseguindo acertar ao outro, embora a Hyuuga pudesse dizer que Sasuke estava se segurando e não a acertando de propósito, o que só a motivou a acelerar o passo. Disparou contra o Uchiha com tudo o que podia. Não levou muito para Sasuke entender que ela queria que ele lutasse a sério. Queria que ele a atingisse como acontece em lutas normais, não tratá-la como uma princesinha protegida e indefesa.

Ele podia cumprir esse desejo.

Na primeira brecha que encontrou, desviou do soco direto da morena e a acertou com um golpe no pescoço. Não foi forte o bastante para nocauteá-la, mas ela sim acabou de cara no chão. Ele se sentia um tanto mal por fazer isso com ela, ainda parecia estar pegando pesado. Ainda mais que ela já não lutava há muito tempo.

Mas a Hyuuga não se demonstrou uma adversária fraca. Levantou-se do chão e voltou a atacar o Uchiha com um sorriso no rosto. Há séculos não havia sentido essa adrenalina percorrer seu corpo e essa sensação de estar viva. Era até um tanto quanto nostálgico. Continuaram sua série de ataques com vigor e determinação, agora com bem mais força e destreza - e com a Hyuuga sendo acertada mais vezes.

Contudo, o treinamento foi brevemente suspenso ao ver o moreno se afastar dela e agarrar o punho de seu filho mais velho com extrema facilidade. Ela desativou o byakugan e acalmou seu instinto de luta.

- Boruto! O que pensa que está fazendo?! - perguntou, vendo o menor ainda tentando passar o soco pela mão de Sasuke.

- O que você acha? Eu preciso defender a minha mãe! - fez força com os pés, mas não conseguia sair do lugar e Sasuke também não se mexia, encarando o moleque com um olhar neutro.

- Boruto, eu que pedi pra ele lutar comigo! Ele é meu convidado!

O loirinho arregalou os olhos e deu um salto para trás, se livrando da pegada forte do moreno. Encarou-o de cima a baixo, tentando entender porque diabos sua mãe chamaria um Anbu para sua casa. Não tinha como ela já ter superado a separação e encontrado um novo alguém.

- Não achei que fosse esquecer o papai tão fácil, mamãe. - disse com os cenhos franzidos. - Mal terminaram e você já arrumou outro? - Hinata arregalou os olhos e não pôde conter uma risada, tirando a expressão de raiva do rosto do filho quase que no mesmo instante. - … Do que está rindo?

- Ah, meu filho, você entendeu tudo errado. - se aproximou do pequeno e do Uchiha, relaxando um pouco as expressões paradas de seu rosto. Foi a primeira vez que viu o rosto de Sasuke suavizar pessoalmente.

Seu filho conseguia ser tão bobo. Qualquer coisa que via já pulava para a primeira conclusão e não deixava ninguém dizer que ele estava errado. Quem sabe essa experiência não seria boa para o filho aprender a lidar com as mudanças do mundo e que a vida real era diferente de como ele achava que era.

A morena abriu um sorriso singelo e esperançoso.

- Boruto, esse é o pai da Sarada, e namorado do seu pai, Uchiha Sasuke.



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