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História Knocked out (K.O.) - Knocked out.


Escrita por: K_Jumbie

Notas do Autor


Hey... Senta que a lista de avisos e desculpas vai ser longa.

Primeiro, antes de tudo, desculpa pela demora. Karma está me lembrando que existe esses dias, eu não tô pronta pra desapegar dessa história e achei extremamente necessário postar apenas qndo estivesse 100% como eu desejava.

Esse é o último capítulo oficial da fanfic, mas ainda teremos pelo menos 3 capítulos bônus, que são os lemons/explicações de situações e desfecho para outras personagens.

O trailer não foi postado pq eu sou uma incompetente que fiquei de ajudar @puriruriru a finalizar e não ajudei ainda.

Esse capítulo é totalmente dedicado à @whoisviu. Feliz aniversário, amorzinho. Vc merecia totalmente algo melhor que isso (sério, um dia aquela one sai), e merece inclusive coisa bem melhor do que alguém fodida da cabeça. Espero mesmo que vc goste (e me perdoe por tudo <3)
@puriruriru, @barmygo , @nunaanatolli , @arainhadasfadas obrigada por tudo, princesas <3
@nanahope fez essa capa maravilhosa (não estranhem o rodízio de capas, é que minhas capistas são fodas e eu não consigo decidir por uma só), obrigada mesmo, anjinho <3
@leitoresnovosquedeixamcomentárioslindosemefazemchorar I see you <3 cada comentário é um infarto diferente <3

Com isso, boa leitura <3

Capítulo 20 - Knocked out.


Fanfic / Fanfiction Knocked out (K.O.) - Knocked out.

 

 

“Estarei aí daqui a pouco.”

 

Infelizmente o jeito era seguir o conselho do irmão, então meia hora após a ligação o garoto já estava na rua, na companhia da Noona, vendo as cores do céu mudarem conforme a tarde ia avançando. Viu a menina sorrir para uma fachada de algum café aleatório e sorriu junto, mesmo sem entender o motivo. Ela tinha esse tipo de efeito contagiante.

 

“Vem, vamos achar um táxi.” Pararam em uma calçada ativando um aplicativo no celular para chamar um, uma vez que já estavam fora do próprio bairro, que os taxistas normalmente evitavam pela má fama (infundada) e reparou como a menina continuava a sorrir, desta vez para o celular.

 

 “Vai me contar sem eu precisar implorar primeiro?” Tentou espiar por cima do ombro dela, mas levou um chega pra lá e uma ameaça antes de conseguir.

 

“Quem sabe um dia, Kook.” Guardou o celular no bolso, mexendo nos cabelos daquele jeito típico e mandando um beijinho para o dongsaeng, quando dois rapazes que passavam pareceram se ofender pelo ato.

 

“Vocês não tem vergonha?” Um deles comentou, embora sem muita  agressividade, logo recebendo ajuda do amigo.

 

“Ajam como homens.” Encarou Jimin, em uma covardia imensa ao tentar intimidá-la já que era menor. Jungkook já começava a avançar para colocar um pouco de respeito na cabeça deles na forma de soco, quando a baixinha resolveu falar, assustando o dongsaeng ao segurá-lo pela cintura e puxá-lo para perto, sorrindo inocente para os rapazes antes de começar a beijar o maxilar do maior, engrossando a voz o quanto podia antes de perguntar se eles queriam ficar pra assistir o showzinho.

 

Não era necessário nem convidar duas vezes, pois estes sumiram o mais rápido possível, revoltados e surpresos pela afronta.

 

“Você sempre faz isso?” Jungkook perguntou, desacreditado da coragem dela.

“Sempre que possível.” Ela deu de ombros. Aquilo deveria ser horrível para a menina.

 

 Ser confundida com homem quando sua intenção era o contrário deveria machucar muito. “Imagina se eu vou estragar minhas unhas batendo em uns lixos desses.”

 

“Mas e se eles avançarem em você?” Era realmente preocupante, sabia que ela era forte mas não aguentaria dois homens vindo pra cima.

 

“Aí eu corro, né bebê…” Alisou as coxas musculosas com um sorriso safado. “Essas aqui não servem só pra vocês ficarem babando quanto eu tô de shortinho, não.”

 

 Jungkook caiu na risada, logo se assustando com o táxi parando à frente dos dois, o taxista lá dentro com cara de desconfiança.

 

“Boa tarde.” Jungkook cumprimentou, dando o endereço e puxando a loirinha pra perto de si, usando as mãos pequenas para aquecerem as suas que tremiam enquanto suavam gelado. Ainda não havia caído a ficha que iria pra casa.

 

“Se acalma, anjinho, eu tô aqui.” Riu da frase, esquecendo do motorista e se aproximando da mais velha, beijando a bochecha desta em um gesto de afeto. Tinha muita sorte de tê-la. Ouviu o homem pigarrear e sentiu necessidade de explicar. “É minha irmã.” Mentiu, e passou a corrida toda tentando manter o disfarce, enquanto Jimin tornava a tarefa difícil, fazendo graça de propósito, tentando fazê-lo esquecer do que aconteceria.

 

“Será que ele expulsa a gente se eu ficar de joelhos e tirar sua ansiedade na base da chupada?” Ela questionou séria demais, apenas para cair na gargalhada quando Jungkook se escandalizou, logo transformando o banco de trás em um cenário de risadas escandalosas.

 

“Ótimo, ele deve achar que somos incestuosos.” Concluiu quando chegaram ao destino, observando a calçada com certo receio até Jungkook começar a andar, pela primeira vez na vida tocando a campainha da casa, mesmo que estivesse com as chaves no bolso.

 

As paredes claras, o canteiro com flores bem cuidadas, a cerca branca que Seokjin havia pintado. Tudo naquele lugar lembrava um sonho, como um cenário fictício que alguém acharia em um livro, como se Jungkook não estivesse acostumado a passar as tardes naquele jardim quando criança, brincando com o irmão e com os vizinhos.

 

Foi uma espera longa demais, e Jungkook só respirou aliviado quando Seokjin abriu a porta, as roupas casuais tão destoantes do estilo que normalmente usava.

 

“Kookie!” O abraço que  o envolveu assustou Jungkook, que não estava acostumado com aquelas demonstrações vindas do irmão, mas devolveu o carinho, respirando fundo ao sentir o perfume deste. Seokjin tinha cheiro de infância e de dias melhores, o mesmo perfume que Jungkook sentia em sua cama quando o irmão demorava pra chegar quando eram crianças e o caçula dormia em sua cama o esperando. Onde foi que aquela relação havia mudado? “Eu tive tanto medo de você não voltar!” Confessou, e o dongsaeng se pegou chorando junto com o hyung, enquanto Jimin dava tudo de si pra não chorar também. Finalmente foi lembrada ao sentir as mãos do amigo a puxando pra perto e a apresentando, mesmo que já houvessem se visto na academia. Era hora de esclarecer as coisas.

 

“Hyung, essa é a minha Noona, Jimin.” A menina se curvou e foi imitada pelo rapaz, logo se surpreendendo quando estendeu a mão e corando totalmente ao tê-la beijada ao invés de balançada.

 

“Noona, esse é-”

 

“Um deus grego, eu tô vendo.” Ela respondeu e o hyung sorriu deliciado.

 

“Eu já gosto dela.”

 

Entraram em silêncio porque Jungkook simplesmente não conseguia falar além do nó em sua garganta. Sentia falta daquele lugar, muito mais do que imaginara um dia.

Negou tudo que o irmão oferecia, o gosto amargo de ser hóspede na casa em que crescera fazendo seus olhos encherem d'água, e esses transbordaram completamente simplesmente ao ouvir passos na escada. Reconhecia o andar da sua mãe.

 

“Eu quero voltar, noona.” Implorou, abraçando a menina e desabando, mas Jimin o segurou firme, o mantendo no lugar e o impedindo de fugir. “É sua mãe, querido. Não foge.” Quase ordenou, e o rapaz permaneceu parado, a mão de Seokjin no seu ombro, enquanto via passo a passo, a mulher chegar à sala e estacar ao ver quem estava ali.

 

Jungkook não conseguia encarar. Abaixou a cabeça e se curvou em respeito, a ouvindo depositar a caixa que carregava sobre a mesa de centro e seus passos se aproximando.

 

“Olha pra mim.” Ela mandou, e o menino ergueu a cabeça, embora não pudesse abrir os olhos. “Jungkook, olha pra mim.” Jungkook sentia Jimin respirando pesado atrás de si, sabia que aquilo também era difícil para a menina, e finalmente obedeceu. Sentiu o próprio corpo convulsionar com choro, e só piorou ao ser abraçado pela mãe, que também já não podia conter seu pranto. “Você é meu filho, Jungkook.” Ela disse, tão baixo que só ele podia ouvir. “Independente do que eles fizeram com a gente, antes de tudo, você é meu.” Abraçou com ainda mais força o corpo frágil, sentindo as mãos correndo suas costas e ombros, como se quisesse reconhecer cada parte do filho, sentir que este ainda era o mesmo, que ainda era seu garotinho. “Eu não me importo com quem você ama… eu não me importo que seja...ele…” Era nítido que ela ainda não conseguia falar o nome de Yoongi. “Só não engane ninguém, filho. Não prejudique ninguém por isso.” Pensou em dizer que não era Jung-sik, mas ela, acima de todos, sabia disso. “E não desapareça assim!” Ela exclamou meio irritada, beliscando o braço forte e o soltando para olhá-lo nos olhos, segurando o rosto do rapaz e sorrindo ainda emocionada para o que via. “Você está tão lindo…um homem… eu não quero te ver sofrer mais.”

 

“Perdão, omma.” Ele tentou se curvar novamente, desta vez até o chão, mas ela não permitiu, o beliscando de novo e mandando todo mundo parar de chorar. Jimin, que ainda sentia-se estranha perto da mulher depois de tudo que presenciara no passado, se assustou quando esta a chamou para a cozinha, avisando a Jungkook que suas coisas estavam em seu quarto, e que ele podia subir pra pegá-las enquanto Seokjin recolhia o que faltava nos outros cômodos.

 

Um tanto preocupado, beijou a testa da amiga, seguindo o irmão e a deixando para trás, enquanto esta tremia por completo, imaginando mil desfechos. Jimin não tinha medo de quase ninguém, mas por motivos lógicos, tinha pavor de mães.

 

Viu a mulher andar até si sem nenhuma expressão, e já ergueu suas mãos para se defender, esperando uma agressão e ganhando ao invés disso um abraço.

 

“Eu sei que você tem todo o direito de me bater, Jimin, mas eu não quero mais brigar.” Jimin continuou paralisada, mãos caídas ao lado do corpo. “Eu sei que eu não fui a única mulher a sofrer na mãos deles, acho que está na hora da gente se unir.” A garota não tinha a mínima ideia sequer de quando passara a ser vista como mulher pela outra, mas nada disso importava, porque sua mente traiçoeira sequer conseguia focar no pedido de trégua, ao invés disso, imaginando que os braços a sua volta não pertenciam a mãe de outra pessoa.

Abraçou finalmente de volta, e o choro que irrompeu naquele local assustou a senhora, que não entendeu a reação exagerada, mas mesmo assim a acalmou. Jimin não sentia aquilo desde aquela noite onde sentara no banco da academia vigiando a porta por horas, e embora a mulher não tivesse nada a ver com aquilo, era impossível não sentir simpatia pela menina.

 

O coração de ambas parecia um pouquinho mais  leve a cada minuto preparando chá e compensando o tempo perdido ao conhecerem melhor a outra depois de tanto tempo em uma guerra causada por outras pessoas, mas infelizmente, o sentimento não se estendia aos outros naquela casa, principalmente quando Jungkook se separou do irmão, entrando no próprio quarto para pegar seus pertences e se assustando ao dar de cara com seu pai, sentado na sua antiga cama enquanto mantinha nas mãos um álbum de fotos. O homem parecia completamente diferente da figura imponente que Jungkook tivera como herói na infância, e já recuava para o corredor quando este, de olheiras fundas e barba por fazer, se pronunciou.

 

“Você voltou, afinal.” Sentia o cheiro de álcool emanar dele, e fechou os punhos em guerra consigo mesmo. Porque não conseguia reunir todo ódio que nutriu pelo homem durante meses quando o enxergava assim? Seria a aparência deplorável?

 

“O que você tá fazendo aqui?” Manteve distância ainda desconfiado.

 

“Esta é a minha casa.” Ele depositou o álbum em cima do colchão, levantando meio sem equilíbrio. “É a sua também.”

 

“Não mais.” O garoto andou para o outro lado do quarto, agoniado com as cicatrizes no rosto e cabeça do homem, agoniado com a própria fraqueza de ainda sentir pena dele, arrependimento. Não havia sido criado para não agir com o coração.

 

“Eu vejo.” O homem o cercou contra uma parede, dando espaço para que o filho fugisse se quisesse, mas usando a pouca distância para prestar atenção nos detalhes.  “Você é um homem feito agora… vejo que já cometeu os mesmos erros que o seu velho.” Riu um tanto amargo, usando uma mão para indicar o pescoço do garoto, que colocou imediatamente as suas no local, protegendo-o e lembrando das marcas ali.

 

“Não é um erro pra mim.” Retrucou na defensiva, sentindo o sangue ferver ao lembrar do porque daquela briga.

 

“Sabe, Jungkook, eu também já amei ele.” Via a verdade nos olhos do pai, e doía saber que aquilo fora real. “Por mais que você ou ele duvidem, foi exatamente isso: amor.” Ele tentava se justificar, e Jungkook queria deixá-lo falando sozinho, queria se poupar daquela dor, mas parecia estar grudado no chão. “Era o que me fazia escapar depois do trabalho pra deitar na cama dele, nem que fosse só pra colocar ele pra dormir…” Tinha que sair dali, não podia escutar aquilo, não depois de tudo. “E era amor também que me fazia voltar, amor por você, pelo seu irmão, amor pela sua mãe.” A fúria que fazia suas mãos tremerem não passava despercebida pelo homem. “Você pode me bater de novo, Jungkook, pode até me matar dessa vez, mas isso não vai mudar o fato de que eu fui o primeiro homem dele e de que sempre vou estar em algum lugar da mente do Yoongi.” Sorriu quase maníaco, como se o pensamento fosse prazeroso. “Mesmo que ele negue, eu sempre vou estar lá… quando ele te beija, quando se declara… quando faz isso em você.” Apontou o pescoço do filho e Jungkook esfregou os olhos desesperado, em uma imagem desconfortável para Jung-sik. O garoto ainda parecia uma criança em certos momentos. “E você tá enganado se acreditou na imagem que ele fez de mim.” Sabia que era mentira, sabia que ele estava jogando com a sua cabeça. “Ele sabia muito bem, quando me encurralava no vestiário ou no quarto dele, que o homem que ele desejava tinha alguém esperando por ele em casa.”

 

“Pára…”

 

“Sabia que ele não era o único que me chamava de daddy…”

 

“Sai de perto de mim… Sai…”

 

“Sabia que os meus fins de semana nunca eram dele, simplesmente porque eram seus…” O homem agora sorria malicioso, uma figura que nunca enxergara no seu pai antes. “E você não tem noção de como ele odiava vocês dois… como ele dizia seu nome com desprezo quando eu avisava que não ia poder mais fazer isso. Você tem noção de como você era jovem quando ele desejava que você não existisse? Ele achava que você era o que separava nós dois.”

 

“Eu não quero te ouvir…” Jungkook tapou as orelhas como se isso ajudasse, mas Jung-sik segurou suas mãos, se aproveitando de quão frágil estava o coração do filho.

 

“Ele nunca entendeu o porquê do meu sumiço.” O tom de nostalgia embrulhava o estômago do adolescente e as mãos do pai sobre si o enojavam. “Achei que você entenderia, filho.”

 

“Você não é meu pai… você é um monstro…”

 

“Eu sou, Jungkook. Eu sou seu pai e não vai ser ele que vai mudar isso. Nós nunca devíamos ter brigado… ele é o doente. Ele que acha certo seduzir um homem casado e depois seduzir o filho dele também, filho que ele via as fotos na minha carteira quando era só um bebê. Eu fico surpreso dele não ter tentado nada com o Jin. Foi toda minha culpa ter te levado pra lá, mas ainda dá tempo de consertar, Kookie, dá tempo de esquecer tudo isso e voltar pra casa. Aquele garoto, sabe? Taehyung o nome. Ele te perdoou. Ele até veio até mim pedir seu número, quem sabe vocês não se dão bem, hein? Eu entendi o porquê você bateu nele, ele me contou. Você é meu garoto de ouro, o herdeiro de tudo que eu trabalhei pra conquistar. Eu te amo…”

 

“Você não sabe o significado dessas palavras, Jung-sik.”

 

A voz da mulher pareceu cortar o transe de Jungkook, que tremia como um menininho assustado segurando a si mesmo no canto enquanto ouvia o pai despedaçar, sem um pingo de piedade, todo seu ser. Felizmente, dentro daquela casa onde sempre quem teve a palavra foi o patriarca, as coisas estavam prestes a mudar. Conversar com Jimin foi tudo que ela precisava pra lembrar do seu valor.

 

“As mil e uma ligações e e-mails que eu achei, Kook, ainda naquela época, mostravam bem quem insistia, quem perseguia e não era o Yoongi.”

 

O silêncio no quarto pareceu servir de combustível pra ela.

 

“Ele tentava parar, pedia para seu pai pensar no que estava fazendo, pra tomar uma decisão antes de continuar me traindo, e seu pai continuava prometendo que terminaria, inventando desculpas. O Yoongi nunca odiou seu irmão e nem você, inclusive, ele pediu desculpas muitas vezes a mim pelo que aconteceu, mas eu fui muito orgulhosa pra aceitar.” Entrou na frente do ex-marido, com um olhar de leoa protegendo a cria que fez o homem recuar. “E se Jung-sik parou de ir atrás dele, não foi por que se arrependeu, e sim porque eu avisei que pediria divórcio e não permitiria de forma alguma que ele visse os filhos se não parasse. Que eu contaria aos seus avôs… e eu nem precisava de provas, já que ele mesmo tatuou o nome do Yoongi, como um adolescente apaixonado.” Zombou, e o homem se enfureceu, ameaçando ir para cima dela, mas esta sequer piscou. “Ele sempre teve pavor que os pais soubessem que o filho deles casou por obrigação… que mal sabia o que fazer com uma mulher.”

 

O primeiro punho no ar transformou o clima pesado em guerra.

 

Antes que conseguisse atingir a mulher, Jungkook se colocou na frente, empurrando Jung-sik com força o suficiente para mandá-lo cambaleando direto pro chão, e já preparava para repetir a dose do que fizera com o pai não muitos meses antes, quando mãos fortes o puxaram para trás, e a voz que aprendeu a seguir e obedecer o travou no lugar.

 

“Não vale a pena, amor.”

 

Jungkook viu, completamente em choque, o pai levantar e encarar Yoongi, que ainda suava do quanto correra para chegar ali quando descobriu onde Jungkook e Jimin haviam ido, e embora soasse ridículo, o maknae sentia-se exatamente como uma donzela sendo protegida, quando o tatuado o tirou do caminho e encarou o ex-amante com uma fúria ainda maior do que a do último encontro.

 

“Você não soube ser um bom esposo, um bom pai e sequer um bom companheiro, Jung-sik. Eu me arrependo do dia em que fui idiota de sequer cogitar ficar com você.” As palavras pareciam cortar o mais velho, como se a voz de Yoongi fosse uma lâmina das mais afiadas. Jungkook podia estar sonhando, mas jurava estar vendo lágrimas nos olhos do pai. “Você nunca se importou com ninguém, desde que você pudesse realizar seus fetiches, não é?” Riu com escárnio, embora seu coração batesse furiosamente. “Eu podia te bater, te matar, mas eu não vou, sabe? Isso seria fácil demais. Eu vou te deixar viver pra ver a minha felicidade. Eu vou tratar o Jungkook do jeito que ele merece, vou levar ele pra um altar um dia. E você vai morrer daqui há muito tempo, velho e amargo e sozinho, porque você mesmo acabou com a sua família e isso é o que você merece.” Terminou, cruzando os braços antes de falar com o dongsaeng. “Pega suas coisas, Kook  e dá um beijo na sua mãe. Nós vamos embora.” Decretou, acenando para a mulher e sendo correspondido com um olhar carinhoso, se encostando na parede para esperar pelo menino e se surpreendendo ao ouvir a voz dela.

 

“Cuida bem do meu menino.”

 

“Eu vou sim, Sook.”

 

Yoongi realmente nunca desejou ter que olhar pra cara de Jung-sik depois de tudo que ele havia causado, mas não podia mentir, ao voltar pra casa com Jimin e Jungkook, em um táxi lotado de tudo que era importante para o dongsaeng, que as lágrimas do homem haviam sido combustível para o seu bom humor.

 

“Você falou sério sobre aquele lance de altar?” Jungkook sussurrou encabulado na curva do seu pescoço enquanto Jimin não desgrudava os olhos do próprio celular, metade pra dar privacidade ao casal, metade por outro motivo.

 

“E se eu falei?” Sorriu enviesado, embora suas bochechas também estivessem coradas. O hyung era adorável. Jungkook beijou a pele colorida enquanto tentava segurar melhor a sua caixa de cds no colo, apenas para não ter que responder. Queria gritar histericamente. “Faz assim… promete pra mim que vai voltar pra escola, que a gente conversa sobre isso quando você se formar.”

 

“Mas isso vai demorar demais!” O bico de reclamação fez o boxeador usar o livro em sua mão para cobrir seus rostos e beijar o dongsaeng, mesmo que isso pouco adiantasse para se protegerem dos olhares do motorista. Jimin pigarreou nada discreta. “Eu quero ser seu antes de ter cabelo branco. Ai!” Protegeu a cintura, indignado pelo beliscão e encarou o hyung.

 

“Primeiro, obrigado por lembrar que eu já tenho alguns. Segundo, você já é meu.” Explicou, e a careta do mais novo derreteu na hora. “Que tal a gente ir devagar?” Outro beijo, outra revirada de olho de Jimin. “A gente chega hoje em casa e eu te peço em namoro se você for bonzinho.”

 

“Eu sou sempre bonzinho.”

 

“Questionável.” Jimin interferiu.

 

“Sempre que são bonzinhos comigo.” Se defendeu.

 

“Tanto faz, só me avisem antes pra eu comprar meu vestido de madrinha.”

 

“E quem disse que eu vou te chamar?” Deu língua pra noona, e ela espremeu os olhos, usando o outro ombro de Yoongi pra deitar e dizer, baixo o suficiente pra não chamar atenção, alto o suficiente pra Jungkook ouvir.

 

“Educa esse teu bebê seu, ou eu vou ser obrigada a te ajudar a economizar na lua de mel, porque na próxima grosseria eu vou arrancar o piupiu dele fora.”

 

“Sobra atrás, Noona.” Jungkook respondeu, mas Yoongi fez questão de enfiar um livro na boca do rapaz, levando a sério a ameaça.

 

“Deixa o piupiu dele quieto, eu ainda nem usei.”

 

Jungkook deu uma leve tremida com a indireta, mas não continuou com o papo. Estava grato pela tentativa dos dois de distraí-lo do que havia acontecido, caso contrário estaria provavelmente chorando a viagem inteira, se pensasse em tudo que ouvira de Jung-sik.

 

Naquele carro, cercado de seus bens e pessoas mais preciosos, sentia-se o garoto mais sortudo do mundo, mesmo que estes não fossem perfeitos.

 

Havia entrado na vida de Yoongi para aprender disciplina e autocontrole, mas a ironia é que o hyung, depois de conhecê-lo, havia desaprendido o sentido de ambas palavras.

 

O amor no final das contas havia se provado exatamente como numa luta de boxe: haviam apanhado, caído e levantado diversas vezes, e mesmo assim não desistiram daquilo até alcançar o que desejavam. No final das contas, o prêmio era grande demais para que desistissem e sequer a derrota de um nocaute os assustavam.

 

Era simples assim.

 

“Gostar de alguém é tipo isso mesmo, Kook.” Seok explicou, anos mais tarde, com um sorriso no rosto enquanto amarrava um cordão de capoeira na cintura do dongsaeng e permitia que o mesmo amarrasse uma faixa de taekwondo na sua. A academia estava precisando mesmo de mais uma categoria para as competições. “Você encara ele achando que vai escapar ileso…” Gingou daquele jeito natural seu, esquivando de um soco e acertando um bem no nariz do mais novo. “mas daí é 3...2...1…” Ainda não seria a aquele dia em que mandaria Seok pra lona. “K.O.!

Aquela era uma batalha que Jungkook estava grato em perder.

 


Notas Finais


<3


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