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História Kyle, o Sombrio Guardião da Luz - Parte III - Piltover - Servo da Sombra - Parte 2


Escrita por: AshenOne

Notas do Autor


Continuando os acontecimentos do último capítulo, Ezreal descuidou-se e agora pode perder a cabeça a menos que Kyle entregue o Tomo das Sombras a Zed. Mas algo está para acontecer.

O disparo não visto é o mais mortal.

Capítulo 11 - Servo da Sombra - Parte 2


Fanfic / Fanfiction Kyle, o Sombrio Guardião da Luz - Parte III - Piltover - Servo da Sombra - Parte 2

Assim que o jovem encerrou sua fala, ecoou por toda a biblioteca um ensurdecedor barulho do tiro proveniente do tubo, que recuou com o impacto do disparo. Disparo que foi certeiro. A bala de mercúrio projetada e desenvolvida pelo próprio Heimerdinger na Academia Yordle de Ciência e Progresso era fina e cilíndrica na base e afinava-se como um cone elíptico até sua ponta. A pressão exercida pelo impacto da bala era tão grande que a ponta penetrava armaduras e sua base fina permitia que a bala entrasse e saísse do alvo sem dificuldade. O mercúrio agia como material envenenador, pois o metal era tóxico não só ao organismo de um ser humano, mas também ao de animais e outras criaturas de sangue quente. Porém, como a bala era designada para entrar e sair de seu alvo, o envenenamento era apenas breve o suficiente para retardar os sentidos do alvo e, em casos de múltiplos disparos, provocar vômitos e desmaios.

A bala acertou as costas e saiu pelo peito de Zed, quebrando seu osso esterno da caixa torácica, dilacerando alguns nervos e artérias, mas passando exatamente entre os dois pulmões. Por algum milagre, a bala passou muito próxima à orelha direita de Ezreal, deixando o jovem piltovense ileso. A trajetória da bala terminou no escudo de Kyle, que teve o gelo verdadeiro perfurado, mas não a chapa férrica da base, que segurou a bala amortecida pelo corpo de Zed e pelo gelo verdadeiro.

Ezreal desvencilhou-se de Zed e caiu no chão desorientado. O ninja, terrivelmente ferido, mal teve tempo de ver o jovem zaunita saltando contra si e levou uma bordoada no rosto com o escudo, criando um afastamento entre si e Ezreal. Kyle desembainhou a espada com a mão esquerda enquanto fazia uma pirueta no ar e tudo o que Zed pôde fazer foi desaparecer, fazendo Kyle acertar sua sombra com a espada de forma desajeitada. Mas o garoto conhecia os truques do ninja, que sangrava cada vez mais profusamente. O próprio Kyle sabia que jamais acertaria Zed manejando a espada com a mão esquerda, já que era destro. O objetivo era acertar o ponto futuro do ninja, e assim o fez. Girando o escudo pela alça na mão direita, Kyle lançou o escudo na direção oposta em que seus olhos apontavam e acertou a cabeça de Zed, que acabara de reaparecer no local em que o garoto previu. Empapado com o próprio sangue, atordoado e aproveitando-se do fato de ter conseguido se afastar de Kyle, Zed desistiu de vez do Tomo das Sombras e, pondo-se de joelhos, fez uma sequência de sinais com as mãos e os braços, criando um portal negro no chão á sua frente. Temendo perder a espada, Kyle optou por não lançá-la como fizera anteriormente contra Kha’Zix, mas a visão de Caitlyn portando seu robusto rifle branco com detalhes em bronze adentrando o recinto pela porta principal da biblioteca, que fora destrancada por ela mesma, foi o bastante para fazer Zed sentir um frio na espinha ainda maior do que estava sentindo. Encerrando os sinais para a criação do portal, Zed ainda levou um segundo tiro de Caitlyn no ombro direito, estraçalhando sua escápula. O ninja arrastou-se rapidamente pelo portal, desaparecendo do local. Naquele momento, todas as luzes e candelabros da biblioteca se reacenderam.

Kyle ajudou Ezreal a se levantar, mas rapidamente o colocou sentado em uma cadeira, pois o choque causado pela quase morte ainda impactava o jovem piltovense. Ao virar-se para Caitlyn, Kyle esperava encontrar um sorriso de alívio, mas não ocorreu como esperava.

“Pelo visto zaunitas tem o dom de conseguir arrumar problemas e se meter em confusão.”, resmungou Caitlyn.

“Cait, me desculpe. No final das contas ficou tudo bem...”, dizia Kyle, sendo interrompido pela xerife.

“Não, Kyle. Não ficou tudo bem... E sabe por quê? Porque você ainda está aqui! Desde que você chegou eu tive um atentado contra minha vida, a fuga da delinquente mais caçada dessa cidade, o caos causado na rua mais movimentada de Piltover por um monstro alienígena e que quase matou a pessoa em quem mais confio nessa merda, e agora um ninja das trevas quase mata Ezreal! E tudo isso no mesmo dia que nem sequer mal anoiteceu! Que merda, Kyle!”, esbravejou Caitlyn.

A xerife bufava, mas não perdia a compostura e esperava por uma resposta do garoto. Kyle percebeu que estava errado e que contra argumentar Caitlyn estava fora de cogitação. O garoto zaunita abaixou a cabeça, triste e abatido, e lentamente caminhou até seu escudo que estava caído em um canto da biblioteca próximo a onde Zed esteve pela última vez. Ezreal e Caitlyn trocaram olhares nesse meio tempo e passou pela cabeça da bela xerife de cabelos negros a possibilidade de ter sido muito rude com o garoto que há alguma horas havia salvado sua vida. Porém, ao mesmo tempo sabia que era uma autoridade em Piltover temida por muitos e respeitada por todos, e esse estigma precisava ser mantido, mesmo que isso significasse lutar contra Kyle.

“E o que deseja fazer, xerife? Se tudo o que faço é atrair o caos, então que medida irá tomar?”, perguntou Kyle, olhando de forma extremamente séria para Caitlyn, um olhar que a xerife deveria temer.

“Não posso prendê-lo, até porque você não cometeu crime algum e não posso provar que você colaborou com a fuga de Jinx. Tudo o que posso te pedir, como alguém que deseja que você prospere em sua vida, é que deixe minha cidade.”, disse Caitlyn, abandonando seu rifle sobre a mesa.

Kyle perdeu seu olhar no piso escuro da biblioteca, seus pensamentos viajaram para longe e um sorriso tomou conta de seu semblante de forma involuntária.

“Entendo. Assim como também não posso dizer que sou isento de culpa por tudo o que aconteceu hoje. Enfim, você tem uma cidade para proteger e eu tenho um passado para revelar.”, disse Kyle, puxando do bolso de sua calça o pequeno livro negro, o Tomo das Sombras.

O jovem zaunita caminhou até Ezreal e o chacoalhou, de forma que o trouxesse de volta de algum jeito.

“O que sabe sobre esse livro, Ezreal?!”, perguntou Kyle, revelando raiva em sua voz.

Ezreal olhou para Caitlyn, como se buscasse na xerife algum refúgio, porém, tudo o que a piltovense limitou-se a fazer foi dar carta branca á Kyle.

“Responda a pergunta, Ez.”, disse Caitlyn, sentando-se sobre o tampo da mesa, tomando cuidado para o corpete não revelar mais do que desejava de suas coxas.

Engolindo a seco, o jovem piltovense não tinha muita escolha e pediu a Kyle que pudesse ver algumas páginas do Tomo das Sombras. Kyle consentiu e Ezreal apontava alguns desenhos e descobria coisas novas com tudo aquilo.

“O fato de sua marca estar em um Tomo das Sombras significa que você foi amaldiçoado por algum conhecedor da magia negra proveniente dos primórdios das Guerras Rúnicas, quando Runeterra teve seu primeiro contato com a magia.”, disse Ezreal.

“E o que isso diferencia das outras magias negras?”, perguntou Kyle.

“Isso quer dizer que não tem nenhum feiticeiro nesse mundo capaz de combater tais feitiços, como a necromancia mental, por exemplo. Você mesmo a citou, quer dizer que foi afetado por ela?”, perguntou Ezreal.

“Exato, minha mente é uma bagunça.”, disse Kyle.

“Ezreal, esse livro diz exatamente o que significa a marca dele?”, perguntou Caitlyn, intrigada.

“Deixe-me ver... Sim, está aqui. A marca do Servo da Sombra.”, disse Ezreal.

“Servo da Sombra... O que raios isso significa? Zed me chamou por esse nome.”, disse Kyle, perturbado com a situação.

“Espere... Aqui diz que é um tipo de maldição de sangue que só pode ser conjurada sobre alguém desprovido de laços familiares e que o sangue dos genitores do amaldiçoado tenha sido derramado pelo mesmo autor da maldição. Aqui também diz que esse tipo de maldição não possui forma alguma de anulação ou revogação conhecida, nem pelo próprio autor da maldição.”, dizia Ezreal.

Kyle estremecia conforme Ezreal descrevia sua maldição e o garoto lentamente se sentava no chão próximo á mesa em que estavam Ezreal e Caitlyn. O piltovense continuou.

“A maldição atrela o seu autor ao amaldiçoado e assim será até o fim da vida de uma das duas partes. Se o autor vier a morrer, a maldição consumirá a vítima e o autor tomará sua forma, prolongando sua vida. Merda...”, interrompeu-se Ezreal.

“O que houve? Tem como piorar?!”, perguntou Kyle, com muita raiva a ponto de não conseguir chorar.

“Notas do autor: Maldição criada pelo próprio Lorde das Trevas e desenvolvida ao longo das eras em planos que vieram a se intersectar com Runeterra durante as Guerras Rúnicas, considerada magia negra e abolida em todo o mundo, caiu no esquecimento e sua complexidade requer um conhecimento que não pode ser encontrado atualmente. Não há histórico de embasamento que comprove a veracidade de seus efeitos... Espere! Tem uma nota final: Teorias sugerem que a maldição pode ser quebrada por um encanto encontrado em contos de fada, o Ritual dos Quatro Corações, porém o fato de não existir mais ninguém com tal maldição torna tal teoria ser impossível de comprovar. Histórico da maldição sugere que, em casos raríssimos onde o amaldiçoado se volta contra o autor, a maldição pode ter desfechos desconhecidos e distintos do pretendido.

“Hmm... Quem escreveu isso?”, perguntou Kyle.

“Nunca se saberá, o simples fato de escrever sobre magia negra é o bastante para levar o autor desse livro para o cadafalso.”, disse Ezreal.

“Preciso encontrar o autor.”, disse Kyle, erguendo-se e completando. “Descobrir quem fez isso comigo e acabar com tudo de uma vez por todas. Posso ficar com o tomo?”, perguntou Kyle.

“Eu iria implorar para que levasse isso daqui. Não quero ver um desses nunca mais.”, disse Ezreal.

“Obrigado. Desculpe por tê-lo feito passar pelas coisas que passou, espero um dia poder retribuir a ajuda.”, disse Kyle, reverenciando o jovem piltovense que nada respondeu e virou-se para Caitlyn, que recolheu seu rifle de volta.

A xerife e o zaunita retiraram-se da biblioteca e pararam em frente á mesma, como se tivessem algo para conversar, mas o silêncio imperou, até que Kyle resolveu dizer algo.

“Eu gostaria de saber se eu ao menos poderia passar a noite aqui. Partirei para Bilgewater ao amanhecer.”

“Ah sim, você vai ajudar a Marai. Boa sorte com isso, garoto. Pode pernoitar aqui”, disse Caitlyn, evitando olhar para o garoto.

Cansado de reprimir pensamentos, Kyle resolveu ser mais direto.

“Você me odeia?”, perguntou Kyle, buscando o olhar de Caitlyn, que dessa vez não conseguiu fugir.

“Se eu disser que te odeio estaria mentindo, mas também procuro não criar uma afeição por você, garoto.”, disse a mulher piltovense.

“Por quê? Para manter aparências?”, perguntou Kyle, irritado.

“Quando se está na posição em que eu estou, é preciso sacrificar certas coisas para colocar a segurança dos outros á frente da sua. As únicas vezes em que eu quebrei essa regra foram nos momentos em que perdoei Vi para que combatesse o crime ao meu lado e quando dei a você uma chance de servir a essa cidade. Estive muito errado quanto á você.”, disse Caitlyn, com um semblante sereno.

“Errada quanto á mim? O que pensava que eu fosse quando tomamos um trago juntos? Que eu fosse uma segunda Vi?”, perguntou Kyle.

“Achei que você fosse um tipo parecido com o dela... Um andarilho buscando pela próxima aventura mais perigosa que pudesse conseguir. Mas você tem um coração nobre, você se importa com quem fica a seu lado, protege com seu escudo aqueles que são indefesos e ataca impiedosamente aqueles que merecem punição pelos seus atos, não porque você luta pelo desejo de lutar, mas por um bem maior, por um motivo que poucos seriam capazes de compreender. Talvez aquilo que há dentro de você o impeça de ser mais do que é, ou mais próximo do que deseja.”, disse Caitlyn, esboçando um sorriso.

As palavras de Caitlyn desarmaram o coração contrito de Kyle, que finalmente conseguiu chorar. A xerife novamente tomou o garoto em um carinhoso abraço, mas, dessa vez, Kyle não queria deixar Caitlyn. O vento provocado pela noite que caía esvoaçava os fios negros e loiros dos cabelos da dupla e o violeta do corpete da xerife misturava-se ao verde escuro da camisa de Kyle. Depois de alguns segundos, Caitlyn foi capaz de entender o drama do garoto. A xerife possuía um passado que pouquíssimas pessoas conheciam e Kyle não seria uma exceção naquele momento, apesar de seu coração ter lhe tentado a fazer tal revelação. Caitlyn afastou o rosto de Kyle de seu ombro e enxugou suas lágrimas, olhando em seus olhos que exprimiam um semblante pesado e cansado.

“Quanto mais a gente vive, mais a gente sofre. A única forma de continuar vivendo sem desistir de nossos sonhos é aprendendo a encontrar sentido no sofrimento. E quanto mais sofremos, mais teremos que lutar, e isso é algo que você faz melhor do que muitos que já passaram pela minha vida. Até melhor do que Vi. Talvez um dia você passe por tudo isso, retorne à esta cidade um homem novo com muitas histórias pra contar e no final possa tirar boas risadas, e quando esse momento chegar, quero muito estar aqui para olhar em seus olhos como o estou fazendo agora. Não pra dizer ‘eu avisei’, mas pra fazer por você tudo aquilo que jamais fui capaz de fazê-lo hoje.”, disse Caitlyn, impressionando Kyle com o fato de não estar chorando após seu discurso.

“Obrigado, Caitlyn... Por tudo. Mesmo.”, disse Kyle, recuando dois passos e encerrando o árduo trabalho de secar suas lágrimas.

“Nos despedimos aqui, zaunita. Não espere que eu esteja nas docas para dizer adeus, prefiro simplesmente tirar minha cartola e dizer um singelo ‘até logo’.”, disse Caitlyn, aguardando uma resposta de Kyle.

“Até logo, Caitlyn.”, disse Kyle, finalmente capaz de sorrir novamente.

“Até logo, Kyle.”, disse Caitlyn, reverenciando o garoto com pompa, tirando brevemente sua cartola e dando ao garoto uma última chance de observar a graciosa xerife com seus cabelos negros serem livremente moldados pelo vento lateral.

Kyle não se virou. Aguardou pacientemente Caitlyn encerrar sua reverência e partir para a delegacia, na direção oposta da qual o garoto desejava ir. Porém, a xerife ainda tinha mais algo a dizer.

“Ah! Passei na estalagem... Talvez você queira muito ir até o subúrbio, mais especificamente em uma casa de aparência desleixada na Quinta Rua.”, disse Caitlyn, sem dar a oportunidade de Kyle dizer mais algo.

O garoto inicialmente pensou em perguntar do que se tratava, mas buscando algo em seus pensamentos, concluiu estar certo sobre o que Caitlyn havia dito. E para a Quinta Rua o zaunita rapidamente se dirigiu, enquanto o sol desaparecia por completo a oeste, dando lugar ás estrelas e uma tímida lua crescente que alumiava o céu noturno da Cidade do Progresso.


Notas Finais


E na Quinta Rua eles se encontraram. Um encontro que faria até mesmo a escuridão de Kyle ser abalada. Para os fãs de um bom romance, o próximo capítulo será para vocês um prato cheio!

Próximo capítulo: Amor Zaunita (Zaunite Love)


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