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História L wanna you - Os persevejos


Escrita por: princesagata

Notas do Autor


Olá, eu só gostaria de agradecer a quem está lendo. Por favor, não se esqueça do comentário, é muito importante para mim :)

Capítulo 1 - Os persevejos


E lá estava eu em mais um horrível dia de trabalho. As paredes nojentas daquele restaurante só não me enojavam mais do que o próprio ar que eu obrigado a respirar naquele lugar. Era como se a gordura daqueles hambúrgueres se desprendesse deles e voassem por todo o estabelecimento.

A clientela também não era de se admirar. Ao invés que gastarem seu tempo absorvendo a cultura refinada do jazz suave estão aqui, se entupindo de um infarto disfarçado de alimento.

Meu chefe também não é lá grande coisa. Na verdade, a única coisa em que ele é grande é na sua extrema ganancia. Uma vez eu o vi quase quebrar o encanamento do banheiro tentando pegar uma moeda que caiu na pia (mas não parou para pensar no prejuízo que daria consertar os canos quebrados, idiota). Além disso ainda tenho que aguentar o “arqui-inimigo” do Siri Cascudo (restaurante onde trabalho). Eu digo arqui-inimigo com aspas porque no fundo ele é só um ex amigo do meu chefe, Eugene Harold Sirigueijo, que fracassou em sua tentativa patética de vender comida (embora a comida do Sirigueijo também seja digna de pena). Seu nome é Alec, mais conhecido por seu apelido dado por Sirigueijo: Plâncton. 

Todos os dias eu tenho que aguentar aquele homem muito, muito baixo tentando roubar a formula secreta dessas porcarias de hambúrgueres. Sinceramente, se ele usasse esse tempo para desenvolver uma fórmula própria com certeza estaria bem melhor.

E como se já não bastasse tudo isso ainda tem o Gerard, mais conhecido com… Bob, é horrível esse apelido, tão infantil. E o pior de tudo é que sou obrigado a conviver com ele dia e noite o tempo todo porque além de sermos vizinhos ainda somos colegas de trabalho.

Meus pensamentos são interrompidos por uma risada alta e escandalosa. Gerard!

-Será que dá para parar com isso?!

-Com isso o que? – Idiota.

-Com essa risada! Mas afinal, o que há de tão engraçado aqui?

-Isso!

Ele me mostrou um rápido vídeo no celular que mostrava uma gaivota bebê dando seus primeiros voos.

-Mas afinal, o que há de tão engraçado nisso?! –Perguntei perdendo a paciência.

-É que antes ele estava no ninho e agora… -soltou uma pequena risada nasal- ELA ESTÁ VOANDO!

Agora ele ria sem parar muito mais alto do que antes. Sinceramente eu nunca vou entender esse senso de humor que ele tem. Não que eu queira realmente entender, o problema é que ele sempre está rindo ou chorando por conta de alguma coisa idiota. Nossa convivência quase me enlouquece por causa disso!

Faço uma expressão de desinteresse e volto ao meu trabalho sem olha-lo novamente, idiota!

As horas vão se arrastando comigo junto quase perdendo a razão até que um pequeno barulho me acorda que minha tortura diária. Meu relógio que indica seis da tarde, horário de saída. Se o dia não fosse tão ruim eu até comemoraria, mas não vou gastar minhas energias nem mais um segundo neste lugar nojento.

O pior é que como eu e o Gerard somos vizinhos ele sempre “me acompanha” para casa. Na verdade, ele chora o caminho inteiro por ter terminado o expediente (bizarro) enquanto caminha ao meu lado me lembrando de cada segundo do dia no restaurante (como se eu não estivesse lá o dia todo):

-Então- dizia ele- eu coloquei a outra metade do pão encima do hambúrguer e fechei. Mas quando estava prestes a entrega-lo ao freguês eu percebi que esqueci de colocar a maionese, então eu…

-Ok, já entendi- disse na porta de casa- é uma história muito emocionante, mas eu preciso mesmo ir.

-Boa noite Lucio!

-…Boa noite.

Fecho a porta e observo minha linda e organizada casa. Ah, como é bom sentir um cheiro de essência de flores tão agradável. Só de pensar no cheiro de gordura que fui obrigado a sentir durante todo o dia quase sinto vontade de vomitar. Mas, bem, agora eu posso desfrutar de uma noite agradável de arte, seguida de uma bela janta e uma boa noite de sono em minha confortável cama.

Tudo parecia ir bem até que me deitei. Ao puxar os lençóis sinto uma pequena fisgada em minha perna, mas não dou muita importância até sentir novamente a mesma dor em meu braço. O que está acontecendo?!

Acendo a luz e olho ao redor, mas não vejo nada. Então quando olho meu corpo percebo que estou cheio de pequenas marcas vermelhas como se fossem picadas de mosquito, mas menores.

Olho novamente por entre os lençóis, mas não encontro nada. Começo a entrar em desespero e, sem me controlar, dou um grito auto:

-LÚCIO, O QUE FOI? O QUE HOUVE?

Ouço o grito do Gerard e corro para abrir a porta:

-GERARD, VOCÊ TEM QUE ME AJUDAR, OLHAR!

Mostrei a ele os pontos vermelhos em meu corpo sem perceber que eu estava usando apenas uma caça. Percebo rapidamente Gerard corar, mas não dou muita atenção, estou muito tenso com o que está acontecendo:

-Fique calmo, eu acho que já sei o que isso, mas preciso ligar para um dedetizador para ter certeza!

-Um dedetizador? Mas para que?

-Fique aqui, eu já volto!

Observei ele entrando em casa apressado. Alguns minutos depois ele volta com algumas roupas dele em mãos:

-Vista isso rápido!

-O que? Mas por que?

-Eu acho que a sua casa está cheia de percevejos. O Patrick- meu outro vizinho insuportável- viajou para o interior na casa de seus primos e acabou trazendo eles para cá. A casa dele foi dedetizada há uns dias enquanto estávamos no trabalho. Ele foi morar com seus pais até poder voltar.

Então é por isso que as coisas têm estado tão calmas ultimamente!

Sinto a raiva subindo por meu corpo. Aquele imbecil! Trouxe bichos imundos para dentro da minha casa. Que raiva!

Olho novamente para Gerard e as roupas que ele segurava:

-Olha aqui, eu não vou-

Minha fala é interrompida por uma van enorme que para repentinamente em frente a nossa casa:

-Não se preocupe Lucio, eu liguei para os dedetizadores, sua casa está inabitável!

-VOCÊ O QUE? SEM MINHA PERMISSÃO?

-Foi preciso Lúcio, foi preciso.

Olho com ódio para ele, mas antes de conseguir gritar um homem toca meu ombro:

-Você é o residente desta casa?

-Sim- falo desinteressado.

-Você não vai poder entrar aqui pelas próximas semanas. Precisaremos dedetizar tudo, cada objeto. Percevejos são muito difíceis de serem vistos à olho nu, portanto se embrenham em todo lugar. Terá de ficar em outro lugar por uns tempos.

-Mas eu não tenho onde ficar!

-Você pode ficar comigo.

Olho para trás e vejo um sorriso tímido nos lábios de Gerard. Fico com mais ódio:

-Se a minha casa tem essas coisas porque a sua não teria também? Somos vizinhos!

-É porque eu tenho usado um veneno para percevejos para o caso de eles quererem entrar na minha casa.

-E PORQUE VOCÊ NÃO ME AVISOU SOBRE ISSO ANTES?!

-Mas eu tentei, você nunca presta atenção em mim. –Olho para ele sem saber o que responder, era verdade- eu te contei sobre isso várias vezes, mas você sempre me ignorou. Eu sinto muito. Mas você ainda pode ficar comigo- ele sorri.

-Gerard- pronuncio sem saber ao certo o que dizer.

-Sinto muito- sou interrompido por um dedetizador- o senhor deve se manter afastado da casa até a dedetização terminar. Percevejos são uma ameaça pública!

 Olho incrédulo para ele e depois para Gerard. Não posso acreditar nisso.

Um dos dedetizadores nos empurra até nos afastarmos da minha casa. Acabo tendo que me trocar no jardim mesmo, e entrego minhas roupas para os homens uniformizados.

Gerard me convida para entrar e, sem escolha, cedo. Olho toda a casa assim que coloco meus pés naquele espaço. Não é tão ruim assim. Os moveis são bem organizados, a decoração não é o que eu chamaria de incrível, mas é aceitável e o cheiro, apesar do veneno para percevejos, é bom, lembra rosas. Deve ter um aromatizante por aqui.

Ando mais um pouco reconhecendo o lugar onde vou ter que passar os próximos dias e um sorriso vai tomando meu rosto. Não parece ser tão ruim.

Mas é claro que algo aconteceria para estragar tudo. Ali, deitado preguiçosamente em cima do sofá, havia uma bola de pelos gigante: Gary, o gato do Gerard.

Ele olhou para mim como quem diz “este território é meu” e logo depois fecha os olhos novamente ignorando completamente minha presença. Que insolente!

Mas antes que eu pudesse fazer qualquer coisa ouço uma voz me chamar ao fundo:

-Lucio, vem aqui, precisamos escolher umas roupas para você!

Gerard sorria como se fosse a coisa mais normal do mundo abrigar um vizinho cuja casa está com uma infestação e ainda lhe emprestar suas próprias roupas. Mas, bem, não posso culpa-lo, até porque ele e aquele lesado do Patrick, nosso outro vizinho e causador da ruina do que deveria ser minha noite perfeita, estão sempre juntos. Acredito que eles devam até trocar suas próprias roupas um com o outro.

Esse pensamento quase me fez vomitar. Usar uma roupa que aquele projeto de estupides aguda possa ter usado também é, no mínimo, nojento. Mas, bem, não tenho escolha de qualquer forma. Vou até o quarto de Gerard subindo as escadas:

-Você pode escolher a que quiser.

Suspiro.

Pego o que parece ser menos antiquado ou idiota e separo. Amanhã mesmo vou fazer umas compras:

-Onde eu vou dormir?

-Você pode ficar no quarto reserva, para visitantes, amanhã. Mas por hoje eu te deixo dormir na minha cama e eu fico no sofá.

Estremeci com aquela fala. Só de pensar nas coisas que ele pode ter feito nessa cama já me dá ânsia de vômito:

-Porque não posso ir para o quarto que visitas hoje mesmo?

-Quase não vem visitas aqui em casa, ele deve estar muito sujo. Amanhã nós podemos limpar e você já dorme lá.

Ouvir isso quase me deixou ainda mais enjoado. Eu sempre achei que o Patrick dormisse no quarto de visitas. Ele sempre passa a noite aqui, mesmo sendo vizinhos. Como eu nunca vi ele dormindo no sofá achei que ele dormisse no quarto de visitas. Mas pelo jeito eles devem dormir…:

-Escuta, eu sou a visita aqui, não precisa se preocupar comigo. Eu durmo no sofá mesmo, não quero incomodar.

-Tem certeza?

-CLARO! … ah… quero dizer, é claro. –Por que estou tão nervoso?

-Ok então, vou te ajudar a levar os cobertores.

Descemos novamente as escadas até a sala onde ele me ajudou a deixar o mais confortável possível. Gary foi levado para a cama dele no quarto do Gerard (felizmente ele não vai passar a noite perto de mim, bichano fedorento).

Assim que Gerard e Gary sobem de volta para o quarto e as luzes são apagadas eu me levanto e volto a olhar minha casa. Vejo os dedetizadores indo embora enquanto deixavam para trás fitas de aviso por toda a extensão da minha casa.

Uma carga emocional de repente passa por meu corpo. Coloco as mãos no rosto e sinto lagrimas escorrerem por meus olhos. Deito novamente no sofá e me cubro. No fim acabei chorando baixinho até dormir. Não acredito que isso pode estar acontecendo comigo. É minha casa.


Notas Finais


Obrigada por ler, se gostou, por favor, comente :)
PS: Desculpe se houver erros de grafia, por favor, me avisem se isso ocorrer.


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