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História L wanna you - Um dia no zoológico


Escrita por: princesagata

Notas do Autor


Obrigada a todos que tem me apoiado e comentado nas fics. Espero que todos vocês estejam comigo até o fim :)

Capítulo 4 - Um dia no zoológico


Quando eu e Gerard voltamos do zoológico ele logo foi dormir. Não jantamos. Na verdade, sequer nos falamos depois do que aconteceu. É tão estranho, é como se… se ele realmente precisasse de alguém, mas… ele sempre pareceu tão feliz…

Deito novamente no sofá. Como passamos o dia todo no zoológico não tivemos tempo de terminar de arrumar meu quarto. Mas a essa altura do campeonato nem estou mais me importando.

Tento a todo custo dormir, mas o sono não vem. Não adianta, depois do que aconteceu eu…

Suspiro. Não posso fugir disso, é a primeira vez que vi Gerard daquela forma. De uma forma tão… humana. Como uma pessoa que já está cansada de… (engulo seco) viver.

Tento novamente fechar os olhos, mas dessa vez os permaneço fechados enquanto sou inundado por lembranças. Gradativamente sou levado aos eventos de hoje de manhã. Gerard me acordou cedo para irmos ao zoológico juntos. E por algum motivo concordei.

Acabei por encontrar laminas escondidas no armário do banheiro dele, mas tentei não pensar muito sobre isso enquanto nos dirigíamos ao ponto de ônibus. Mas era quase impossível.

 Era inevitável que meu olhar corresse até seus pulsos e, pela primeira vez, reparei que ele sempre usava luvas independente da temperatura do dia. Parando para pensar, eu nunca de fato vi Gerard sem elas.

Gerard parece animado, não para de falar no quanto está ansioso para entrar naquele zoológico:

-Vamos ver primeiro os leões ok? Eu adoro felinos, é por isso que eu tenho um gato. Eu adotei o Gary quando ainda era adolescente e não consigo mais me desgrudar dele.

-Mas e aquela vez que ele se perdeu de casa?

De repente Gerard para:

-Desculpe, não devia ter dito isso, é que… bom, eu…

Tentei me justificar, mas Gerard apenas me calou com o dedo e continuou andando sem falar mais nada.

O clima ficou de fato pesado. Era como se ele já não estivesse mais confortável com minha presença. Bem, agora não estou mais confortável com a dele também, então…

Andamos e vimos muito animais, plantas exóticas e as algas na parte do aquário. E, mesmo detestando admitir, Gerard tinha razão quanto a esse lugar. E mesmo muito bonito. E parando para pensar eu só vim aqui uma vez quando meu lenço voou até a jaula dos macacos. Tentaram pegar de volta, mas já estava todo babado. Eu só me lembro de ter saído com raiva e ameaçando processar o lugar. Isso é tão estranho. Pela primeira vez sinto que minha vida não passa de um grande vazio. Me pergunto por que nunca me permiti viver mais, ariscar mais… eu sempre fui tão… ranzinza. E sempre coloquei a culpa dos meus fracassos nos outros. Acho que no fim nunca quis admitir para mim mesmo que sou um… perdedor…:

-Lucio, olha!

Novamente Gerard interrompe meus pensamentos. Mas dessa vez ele está apontando para algo. Sigo seu dedo e encontro o motivo de sua felicidade repentina: os tigres.

Os lindos animais parecem ser a paixão de Gerard. Ele os mostrava com animação, nem parece o mesmo garoto cabisbaixo de alguns minutos atrás:

-Sabe… é muito legal ter você aqui. Digo, me fazendo companhia.

-O Patrick não vem aqui?

-Ele veio algumas vezes, mas tem medo da maioria dos animais.

Murmurei um “aquele idiota” bem baixo, mas Gerard pareceu ouvir, pois deu um risinho baixo melancólico:

-Eu não o culpo, mas, ás vezes, é meio solitário vir até aqui sem ninguém com quem conversar.

Olhei para ele um tanto quanto pasmo. Sempre achei que Gerard tivesse muitos amigos. Ele sempre parece estar tão feliz. Feliz até demais…

-O que me diz de vir comigo até os aquários? Não sei porque, mas sempre gostei muito de águas-vivas.

Fiz um leve aceno de cabeça indicando que sim e começamos a andar. É meio estranho dizer isso, mas a companhia dele já não me incomoda mais como antes. É, na verdade, agradável. Eu… estou gostando de passar esse tempo com ele.

Fomos caminhando até chegar aos aquários onde olhamos cada um dos animais. Gerard ficou encantado com as águas-vivas. É, ele não estava brincando quando disse que gostava delas.

Eu também aproveitei bem o passeio. É uma sensação tão nova e ao mesmo tempo tão bem-vinda. Eu já visitei inúmeras galerias de arte e museus, mas sempre foi com aquela máscara de arrogância, como se eu soubesse mais do que os outros. No entanto agora, pela primeira vez na vida, sinto que posso ser eu mesmo. Que posso rir e sorrir sem falsidades. É como se… como se eu fosse ser aceito sendo eu mesmo.

Gerard e eu andamos por todos os lados e tiramos inúmeras fotos com as criaturas marinhas. Teve até um caranguejo que ficava em cima de um pequeno baú do tesouro impedindo que qualquer outra criatura se aproximasse. Quando vi aquilo me lembrei na hora do meu chefe sovina, seu Sirigueijo. Gerard e eu rimos daquilo por vários minutos.

Tudo estava correndo bem quando de repente ouvimos um grito vindo do outro lado do espaço reservado para as criaturas marinhas. Logo depois mais e mais gritos foram ouvidos e várias pessoas começaram a correr desesperadamente em nossa direção. Mas foi só quando uma fumaça começou a se espalhar pelo lugar que entendemos o que estava acontecendo: um incêndio.

Começamos a correr. Se não fossemos mortos pelo fogo, com certeza seriamos afogados se os aquários se quebrassem.

Só haviam duas saídas conhecidas: a entrada do aquário e a saída. Todavia uma delas, a saída, estava inacessível pelo fogo e então começamos a correr em direção ao único lugar que podíamos.

A fumaça começou a se espalhar e a visibilidade ficou cada vez mais comprometida até que sinto Gerard cair. Foi só neste momento que percebi que estávamos de mãos dadas:

-Gerard! Levanta, precisamos ir!

Eu tentava chamá-lo, mas estava cada vez mais difícil vê-lo em meio àquela fumaça:

-Lúcio, por favor, sai daqui. Eu não consigo correr, você vai acabar-

Tapei sua boca bruscamente. Eu não podia deixá-lo.

Segurei sua cintura e o carreguei até uma porta de metal que estava ali. Fiz força até conseguir abri-la e depois a fechei com nós dois dentro. Por ser muito grande e pesada ela talvez nos protegesse até os bombeiros chegarem. Não tem como levar Gerard até a entrada, está muito longe.

A fumaça quase não entrava no ambiente, mas a temperatura subia cada vez mais. Tirei minha camisa e minha calça e as banhei com a agua de um aquário sem peixes que estava ali. Mas quando fui fazer o mesmo com Gerard ele gritou:

-NÃO, POR FAVOR… eu… eu…

Eu não sabia o que fazer, ele estava abalado demais. Quando então, sem aviso nenhum, Gerard me abraça com força de um modo que ninguém nunca me abraçou antes:

-Gerard…

-Por favor… por favor, não me deixe sozinho, eu… não aguento mais…

A última parte foi tão sussurrada que se não estivesse tão perto dele não teria ouvido.

Eu não sabia o que responder. A única coisa que fui capaz de fazer foi abraça-lo de volta com a mesma intensidade. Seu corpo pequeno se aninhava ao meu enquanto suas lágrimas molhavam ainda mais minhas roupas. O calor do ambiente aumentava cada vez mais ao ponto de se tornar quase insuportável. Gerard desmaiou agarrado a mim, mas eu me recusava a deixa-lo. Eu não poderia desmaiar agora.

Quando então ouço um som forte na porta. Parecia que alguém estava tentando abri-la. Meu coração se encheu de esperanças e comecei a gritar desesperadamente assim que ouvi um “tem alguém aqui? ” vindo do outro lado.

Depois disso as lembranças se tornaram vultos. Assim que vi os bombeiros pude finalmente me entregar a escuridão do desmeio, porque agora eu estava seguro. Nós dois estávamos.

Abri meus olhos novamente me encontrando no sofá da casa de Gerard. Olhei o relógio: 3:27 A.M.

Depois que os bombeiros nos resgataram fomos para o hospital onde passamos o resto da tarde em observação. Por conta dos outros feridos o hospital foi liberando pacientes que já apresentavam relativa melhora. Gerard e eu fomos dois desses pacientes porque, apesar de termos inalado fumaça e ficado muito tempo em um ambiente fechado muito quente, nosso quadro não estava tão mal. Voltaríamos se houvesse algum problema.

Gerard voltou muito abalado, não falou nem pareceu ouvir nada. Era como um robô. Eu nunca o vi assim.

Levantei do sofá desistindo de dormir quando, inconscientemente comecei a caminhar em direção ao quarto de Gerard, mas paro antes de entrar. Será que eu deveria?

Gerard sofreu um trauma terrível e não parecia estar lidando tão bem assim com ele. Estava cabisbaixo e calado demais. Chega a ser… doloroso para mim velo assim.

 Estou prestes a dar meia volta quando ouço um lamurio baixo seguido de pequenos soluços contidos. Não, não posso ficar aqui sem fazer nada!

Abro a porta com calma, mas determinação quando vejo uma pequena figura sentada em sua cama olhando para baixo. Ele levantou os olhos assustado ao me ouvir entrando, mas quando percebeu que era eu, voltou a posição inicial.

Não sei ao certo o que me deu, mas algo moveu minhas pernas para perto dele. Sentei ao seu lado na cama e o puxei para que deitássemos juntos enquanto eu afagava sua cabeça ouvindo-o chorar. No fim acabamos dormindo assim, um ao lado do outro, abraçados.

Eu sequer posso dizer quando foi que eu fechei os olhos e me entreguei ao sono, mas uma coisa é certa: nunca dormi tão bem assim antes.


Notas Finais


Obrigada e até o próximo cap.
AVISO IMPORTANTE: Eu não me programo em relação a quando vou postar, então não posso dizer que vai ser todos os dias, uma vez por semana ou a cada quatro ou cinco dias. Eu apenas posto. Peço desculpas por isso, mas vou tentar postar sem que haja muita distancia entre uma postagem e outra ;)
Bjs e até a próxima.


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