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História La Guerre pour toi - Sobre o que pensar e o que fazer


Escrita por: Elis_Giuliacci

Notas do Autor


Capítulo de transição com alguns diálogos-chave

Atenção às notas finais

Boa leitura!

Capítulo 6 - Sobre o que pensar e o que fazer


Despertei com uma leveza que não sentia há tempos. Quanto tempo havia adormecido ali naquele divã com Regina abraçada tão próxima a mim eu não saberia dizer. Porém, a sensação daquela situação proporcionava a mim era da mais pura tranquilidade - tinha uma mulher linda, misteriosa e perigosa dormindo sobre meu peito. O perfume de seus cabelos trazia-me paz e ouvi-la ressonar deixava-me mais próxima do céu.

O jogo de perseguição daquela tarde havia acabado da melhor forma possível. Será mesmo que eu deveria considerar como melhor? Estava trancada em um almoxarifado de um cabaret depois de fazer sexo com uma francesa judia e lá fora todo o alto exército da SS assistia dançarinos de tango.

Como eu sairia dali? Olhei ao redor de todo o cômodo e quanto coisa acumulada ali - eu poderia me disfarçar com alguma das fantasias. Sem janelas baixas para pular e o barulho do corredor era maior agora, parecia que o espetáculo havia feito uma pausa. E se tentassem entrar? Suspirei um pouco mais forte, fechei os olhos e comecei a tatear as costas de Regina com as pontas dos dedos. Subia e descia sentindo o veludo de sua pele.

- Se parar eu juro que acabo com você! - aquela voz rouca fez meu coração disparar e ela riu quando percebeu - Emma? Você está bem?

- Sim. - não, eu não estava. Ela moveu o corpo para olhar-me nos olhos e senti seus seios roçando na minha pele deixando-me mais perturbada além da pergunta que fez - Você tem alguém na Alemanha?

- Não... - hesitei - ... Quer dizer, ela é uma amiga de infância e nos envolvemos há algum tempo, mas depois que começamos a servir nos distanciamos.

- E como ela é? Qual o nome dela?

- Elsa... E ela não é uma pessoa que você gostaria de conhecer, Regina. - minha voz saiu um pouco embargada, não tinha certeza do que pensar naquela hora, mas não queria falar sobre Elsa. Era a última pessoa que gostaria de me lembrar. Regina deitou-se novamente e ficou em silêncio um tempo, eu não deixara de acariciar seu corpo, ela suspirou.

- Elsa Königin. - levantei um pouco a cabeça assustada com o nome que ela pronunciara.

- Conhece Elsa?! - Regina foi-se movendo para longe de mim e sentou-se no divã ao meu lado olhando-me com um ar triste e preocupante.

- Todos na resistência conhecem Elsa Königin, Emma. Sabemos o que ela faz e como gosta de fazer... - tocou meu rosto passando os dedos pelos meus cabelos indo parar no meu ombro - Por isso vocês deixaram de se encontrar?

- Também por isso... - me virei um pouco e segurei sua mão brincando com seus dedos. Por algum motivo eu estava à vontade ali naquele divã, nua, a ponto de iniciar uma conversa sobre minhas dúvidas quanto ao movimento que eu servia com uma judia que era espiã da resistência francesa - Na verdade foi por isso... - Regina sorriu e apertou minha mão.

- Você é uma mulher fascinante, Emma Swan. Veio até a França para espionar insurgentes ao projeto do seu próprio Führer, mas não sabe se o que está fazendo é correto. - Regina era uma mulher fascinante. Conseguiu resumir todas as minhas dúvidas em poucas palavras. Fiquei um bom tempo observando seu rosto tristonho imaginando o que ela teria dentro da cabeça além de suposições exatas sobre mim - O que vamos fazer agora?

- Por que está fazendo essa pergunta? - eu percebi que a morena tinha tantas dúvidas quanto eu.

- Nós, Emma. Sua missão era espionar a minha família e a minha missão era espionar você. - eu não estava preparada para ouvir aquilo, ela sabia qual era a minha missão antes mesmo de mim, mas seu tom era conclusivo, como se nossas missões tivessem fracassado - Consegui que você fosse afastada da missão, mas não sei quem a substituirá. A minha tarefa acabou, mas quero continuar perseguindo você... - ela sorriu - Você ainda quer me prender?

Sentei-me no divã e abracei Regina por trás colocando meu queixo sobre seu ombro.

- Sabe o quanto é difícil para mim? Eu não preciso dizer minha posição e de quem eu sou filha, você deve ter uma pasta enorme com toda a minha vida...

- Assim como você também tem uma minha, não é?!

- ... Regina, o que eu posso fazer? - estava confusa. A voz, o cheiro, o corpo de Regina deixavam-me mais confusa. Eu queria continuar servindo a SS, mas não queria me afastar dela - Como eu vou saber se não está me enganando de novo? - aquela pergunta a fez sair dos meus braços e começou a vestir-se. isso encorajou-me a fazer o mesmo, precisávamos sair dali, não poderíamos passar a noite simplesmente conversando trancadas em um almoxarifado.

- Emma, eu também estou confusa. E não estou enganando você, não dessa vez. Mas não posso abandonar o que faço, não vou deixar meus compatriotas lutarem sozinhos, eu vou enfrentar o seu exército de qualquer maneira, mas também penso em você e o quanto me envolvi.

- Você sabe quem é o contato da resistência dentro da SS? - essa pergunta estava sufocando-me e eu precisava da confirmação se havia um espião dentro da Gestapo, era a única explicação para que Regina tivesse tantas informações sobre mim - Regina, eu preciso saber quem é.

- E o que importa isso, Emma? Da mesma forma que dentro no nosso grupo existe um traidor. - ela aproximou-se e olhou fixamente nos meus olhos - Emma, você não percebe o que está acontecendo conosco? Isso é o mais importante e preocupante agora. - segurei-a pelos braços com força e retribui o olhar direto.

- Importa mais do que o que sentimos uma pela outra. Você não entende? Estamos sendo observadas, Regina. Eu não quero perder você! - ela segurou meu rosto e calou meus lábios com um beijo apaixonado.

Ouvimos batidas ocas na madeira e não vinham da porta. Afastamos assustadas, mas a morena parecia saber o que estava acontecendo. Fez um sinal para que eu ficasse quieta e foi até os fundos do cômodo. Dali veio um barulho arrastado também de madeira no piso cimentado, estava escuro, mas quando percebi um jovem de boina e cachecol seguis Regina até onde eu estava.

- Demorei? - perguntou ele à morena.

- Não, chegou bem na hora. Podemos ir? - olhou para mim sorrindo - Emma, este é Henry e vai nos levar em segurança para casa.

O mesmo rapaz que me sorriu quando perseguia Regina até o Moulin Rouge. Aquele rosto eu havia marcado, sorriso fácil, olhos apertados e semblante vivo. Ele retirou a boina e estendeu-me a mão. Eu o cumprimentei e não fazia questão de esconder meu receio.

- Não se preocupe, senhorita Emma, eu sabia o que estava fazendo quando passou por mim.

Franceses arrogantes. Eu estava conhecendo a parte de Paris que era mais esperta que os alemães. Saímos dali pela portinhola de madeira, uma passagem secreta dentro do Moulin Rouge. Até então não conhecíamos as peculiaridades daquele cabaret que não fosse divertimento para os soldados da Gestapo. A saída dava em um beco escuro e teríamos que andar depressa escondendo-nos nas sombras cada vez que ouvíamos passos ou vozes ao longe. Mas o que eu estava fazendo? Eu não precisava daquilo. Minha posição garantia minha integridade àquelas horas pelas ruas parisienses. Regina e Henry caminhavam mais à frente quando eu parei.

- O que foi, Emma? - a morena estava irritada com o meu comportamento, mas eu não poderia segui-los como se fosse parte da resistência esgueirando-me por becos.

- Vão... Eu vou ficar bem. - Henry olhou para Regina assustado e ao mesmo tempo ouvimos passos aproximando-se. Ele segurou a mão dela e puxou.

- Não podemos ficar aqui. - Regina ainda olhou-me com aquele ar tristonho mais uma vez e seguiu o rapaz. Eu caminhei em direção contrária procurando iluminação para voltar para casa.

Fazer todo aquele longo caminho de volta à Place des Victoires dava-me tempo para pensar e acalmar o tufão que passava pela minha mente. Antes eu tinha sede de apanhar Regina e entregá-la para meus superiores, agora eu pensava numa forma de manter a integridade do meu posto na SS e manter a segurança daquela morena. Alguns soldados passaram por mim observando-me com cuidado, sorri e disse "Gute nacht!" caminhando mais depressa. Olhava para trás como se estivesse sendo seguida e àquelas horas não havia muitas pessoas transitando pelas ruas, apenas nossos soldados fazendo rondas e a própria polícia francesa, de forma tímida, mas presente ao longo do caminho.

Pensava em quem espionava a Gestapo de dentro, nosso traidor. O que ele estava repassando aos franceses além das missões dos espiões alemães ou que grau de acesso ele teria às nossas ações com relação à França? Outra dúvida deixava-me mais apreensiva - eu deveria repassar isso para o general Swan? Certamente deveria explicar como eu tinha essa informação e logo chegariam até Regina. Não. Não poderia colocá-la em risco de ser presa. Desejei não tê-la conhecido, isso pouparia minha agonia, porém se não tivesse entrado naquele banheiro do Hôtel de Ville jamais teria experimentado o gosto tão doce e apaixonante daquela francesa.

Logo todas as dúvidas e expectativas sobre Regina e o aconteceria dali em diante foram sendo engolidas por medo. Medo. Kristoff estava parado na porta do meu prédio ao lado de um carro da Gestapo. Olhei para Luis XIV buscando respostas - o Rei Sol mais uma vez ignorou meus apelos. Caminhei devagar pela praça até o major.

- Boa noite, Kristoff. Aconteceu alguma coisa?

- Seu pai pediu que a levasse até a sede da Gestapo. - meu coração disparava mais uma vez. Talvez o espião tivesse descoberto onde eu havia passado as últimas horas da minha noite - Interceptamos uma mensagem vinda de Londres e precisamos de você para traduzi-la. - entramos no carro enquanto ele dizia aquilo deixando-me menos tensa, suspirei. O motorista acelerou, todos os três mantivemos nossas bocas fechadas e em poucos minutos chegávamos ao número 11 da Rue des Saussaies. Kristoff desceu rápido e esperou que eu chegasse até as escadas do prédio. Entramos juntos.

Eu fiquei espantada com o que vi. Aquela noite fora agitada. Já passava de uma da manhã e o vai-e-vem nos corredores era intenso - soldados levando franceses presos - ouvi gritos, vozes alteradas, palavrões em alemão e choro francês. Se pudesse teria tapado meus ouvidos, mas estava prestes a entrar na sala do general, então mantive-me firme.

- Major. - meu pai era um homem frio e não sorriu ao me ver - Esta é a mensagem. - atirou-me uma folha sobre a mesa e esperou que eu a examinasse - Precisamos dessa tradução o quanto antes. Parece que a resistência está planejando algum ataque e talvez queiram fazê-lo na próxima semana.

- Queda da Bastilha? - perguntei automaticamente enquanto observava os sinais naquela folha. O dia 14 de julho estava próximo e era uma data muito simbólica para os franceses. Porém os gritos e falatório vindos de fora da sala estavam tirando minha atenção - Posso fazer isso no meu apartamento? Eu não posso concentrar-me com todo esse barulho!

- Ah, minha querida, não sabe o que aconteceu? - major Hook entrava na sala para deixar meus nervos mais tensionados - Resolvemos mudar a tática de ronda essa noite e, para nossa surpresa, conseguimos apanhar um número considerável de franceses rastejando pelos becos da cidade.

Regina! Será que conseguiram chegar seguros em algum lugar? Eu me arrependi de não tê-los seguido, eu e meu orgulho alemão idiota! As pessoas naquela sala perceberam minha perturbação.

- Está bem, Emma?

- Sim, pai, estou. Só preciso de um lugar tranquilo para transcrever. - ele recostou-se na cadeira e respirou fundo.

- Está bem. - olhou para Hook - Essa mensagem tem que estar aqui ao amanhecer! - o major e eu batemos continência ao general - Dispensada, major. Hook, ainda precisamos tratar de outro assunto. Pode ir, Emma.

Até que meu pai não estava com o humor em baixa ou teria negado meu pedido. Quando dei as costas e levei a mão na maçaneta da porta ele ainda chamou mais uma vez.

- Sabe quem está vindo para a França na próxima semana, Emma? - eu não me movi, apenas virei a cabeça para ouvi-lo e algo dentro de mim sabia que eram más notícias - Elsa estará em Paris daqui uns dias e ocupará a chefia das instalações de Lyon. Virei e sorri um pouco desanimada. Saí. Não eram boas notícias, sem dúvida. Elsa liderar um comando inteiro em Lyon denunciava que coisas muito ruins seriam feitas por lá. Eu tive medo. Não queria encontrá-la ou, pelo menos, faria de tudo para evitar qualquer contato.

Kristoff esperava-me de fora da sala e caminhamos para a saída do prédio. Dois soldados alemães entraram subitamente pela porta arrastando um rapaz pelo casaco. Ele usava boina e cachecol. Engoli seco e senti que pararia de respirar. Era Henry. Ignorei a presença de Kristoff e dirigi-me aos soldados.

- O que ele fez?

- Apanhamos este em um beco na saída do Palácio de Luxemburgo, major.

- Ele vem comigo.

Eu não sei de onde saíram aquelas palavras, mas eram as únicas que consegui pronunciar, mesmo Kristoff atrás de mim e talvez pronto para correr até o general e relatar que eu estaria intervindo em uma prisão. Os dois soldados estacaram na minha frente com Henry no meio deles, o garoto parecia machucado, mas o corpo estava inclinado para frente e não pude avaliar nada naquele momento.

- Tem certeza, senhora? - enchi o peito de ar e firmei minha voz diante da pergunta do soldado.

- Vai questionar uma ordem minha, soldado? - eles olharam para mim ainda assustados e voltaram-se para Kristoff. O major continuou ali parado a observar a cena. Eu tornei a ele - Preciso levá-lo daqui. É um dos artistas que estou seguindo.

- O carro está esperando, major. Vamos levá-lo daqui. - Kristoff sorriu de forma enigmática. Ele inteiro era um enigma, eu não conseguia decodificar suas expressões, que eram poucas, mas nada levava à uma conclusão sobre o que se passava na cabeça daquele alemão de queixo quadrado. Eu ignorei essas questões e mandei logo que os soldados levassem Henry para o carro que estava esperando por nós.

Dentro do veículo levantei seu queixo. Tinha um corte na testa, mas não estava desmaiado, apenas um pouco zonzo. Não perguntei nada a ele. O garoto percebeu que era eu que estava ali e também não disse uma só palavra, mas eu vi seus olhos apertarem num sorriso escondido entre as dobras do seu cachecol. Da mesma forma que o carro veio até à Gestapo, voltou para a Place des Victoires - rápido e em silêncio.

Kristoff e eu subimos levando Henry com dificuldade até o meu apartamento. Colocamos o rapaz deitado no sofá e, enfim, pude fazer a pergunta que rondava minha cabeça desde que saímos do outro prédio.

- Não vai me questionar sobre isso? - apontei para onde Henry estava. De novo o sorriso enigmático apareceu nos lábios de Kristoff.

- Major, eu não posso fazer isso. Temos tarefas distintas e não vou me meter nos seus procedimentos. - ele caminhou até a porta - Caso precise de ajuda sabe onde me encontrar. - saiu fechando a porta.

Eu demorei para entender. Ou Kristoff estava me enganando e reportaria aquilo tudo ao comando ou eu poderia confiar nele. Pensaria nisso mais tarde, o mais importante naquela instante era cuidar do ferimento do garoto e saber se Regina estava bem.


Notas Finais


- A dificuldade para encontrar o sobrenome da Elsa me fez colocar Königin que quer dizer "rainha" em alemão;
- "Gute nacht!" - "Boa noite!"
- Elsa assume nessa fic o posto que Klaus Barbie teve em Lyon durante a guerra, ele era chamado de "o carniceiro de Lyon" por causa dos experimentos médicos e procedimentos de tortura que fazia com os judeus.

Obrigada por acompanharem e até o próximo! Bjusss


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