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História Lado Negro - Dose de paixão


Escrita por: Semideus4

Capítulo 15 - Dose de paixão


Allyson Angnel

Assim que entrei na sala de álgebra sentei-me na última carteira ao lado da janela, logo atrás de Matt, que  conversava com alguns garotos do time de futebol do colégio. Eu normalmente não me sentava tão no fundo, na área dos “desinteressados”, mas hoje eu não estava nem um pouco a fim de ouvir aquele professor falar, que por sinal, chegava sempre atrasado. Coloquei meus fones de ouvido e escolhi uma música aleatória em meu celular, estava tocando algo clamo que no momento não me recordava qual era.

 Escorei-me na cadeira olhando para a rua, o sol estava tão forte hoje que se você olhasse mesmo por pouco tempo encheria os olhos de lágrimas. Suspirei, e então o vi passando pela porta, como sempre Nathan deixava seus músculos a mostra com as mangas da camisa dobradas. Ele me olhou por um breve instante e se sentou do outro lado, no fundo também. Nós quase havíamos nos beijado anteriormente em seu apartamento, para o qual Jen me arrastou. E sobre o quase beijo, bem, eu acho que teria acontecido se não fossemos interrompidos, não que eu goste dele... Hum... Não, não! Com certeza não gosto dele! Acho que estou enganando a mim mesma, talvez esteja sentindo algo por ele sim. Mesmo que goste de me irritar e me tire do sério às vezes gosto da sua companhia, de alguma maneira sua presença me faz sentir diferente, de um modo bom, mas parece também que estar ao seu lado é como brincar com fogo.

 Balancei minha cabeça levemente, que drogas eu estava usando para pensar assim? Seria possível mesmo gostar de alguém que você pensava que iria odiar? Ele era um bom amigo e parecia gostar de mim, como amiga, claro.

 Já que eu estou pensando em tantas coisas me lembrei de ontem à noite... Eu esperara Peter para indagar sobre aquela sua conversa esquisita com um desconhecido ao celular, porém acabei dormindo no sofá, ele não voltara cedo, isso com toda certeza. Onde será que esteve? Hoje pela manhã acordei em minha cama, ele deve ter me carregado até lá, e o estranho mesmo foi que quando olhei em seu quarto, o mesmo se encontrava dormindo ainda. Ok, uma pessoa dormindo não é estranha, mas meu “tio” sempre fazia o café da manhã para mim e conversávamos sobre os últimos acontecimentos ou o que faríamos pela tarde sentados um ao lado do outro, mas mesmo enquanto dormia ele tinha uma expressão cansada e tensa.

 Fui despertada de meus devaneios por um cutucão em meu braço, tirei um de meus fones e olhei para a pessoa. Matt. Arqueei um pouco as sobrancelhas.

 – Seu aniversário é nesse Sábado, certo? – assenti, porque todo mundo tinha que me lembrar disso? – Vai dar alguma festa?

 – Nem pensar – me ajeitei na cadeira. – Porque comemoraria por algo que não quero que chegue?

 – Caiu da cama hoje? – ironizou.

 – Pior – apoiei meu queixo na palma de minha mão. – Talvez eu até faça alguma coisa, um jantar, não sei... Mas apenas para os mais chegados. Se eu fizer, te aviso, afinal é um dos meus amigos mais antigos.

 – Bom saber que não vou ser excluído dessa, eu me magoaria se não se lembrasse de mim – ele fez bico e ri de canto. – O que quer de presente?

 – Sem presentes – esclareci, ele ia protestar mais foi interrompido por um baque surdo em minha mesa, pernas branquelas em uma minissaia preta... Ergui os olhos e a vi me fitando com um sorrisinho, revirei os olhos. Nicole. Aquela garota estava em todo o canto, juro que a derrubaria dali se não fosse pelo professor que entrava na sala, sem ligar para a bagunça em que se encontrava.

 – Você não vai esquecer-se de mim, vai? – disse sorrindo falsamente enquanto balançava as pernas, os garotos não paravam de encarar seu decote. Uma palavra para isso: patético.

 – Porque esqueceria? – disse sarcasticamente. – Agora saia da minha mesa – mandei sem paciência para aquela sem noção oxigenada.

 – Quanto carinho – ela revirou os olhos ajeitando os cabelos e desceu se sentando então no colo de Matt, passando uma dos braços pelos ombros dele. – E porque você fica falando com ela mesmo?

 Ela disse mesmo aquilo? Ela acha o que, que pode mandar nos outros e estes só podem falar com quem ela deixar? Na verdade, aposto que muitos garotos obedeceriam a suas ordens, alguns até já o fazem. Juntar um livro, passar as respostas das provas, deixa-la copiar o dever de casa, humilhar alguém, aprontar alguma que poderia ferra-la se fosse ela quem executasse...

 – Somos amigos – Matt disse e bagunçou meu cabelo, como se fosse necessário dar satisfações para Nicole, que revirou os olhos e fez um cara de tédio. Deu-lhe um beijo na bochecha e voltou a se sentar em seu lugar, que não tive a mínima vontade de saber onde era.

 – Pelo visto você é a próxima vítima da Barbie – comentei baixinho e ele riu.

 – Ela me ligou esse fim de semana querendo sair – ele fez uma careta e dessa vez eu ri.

 

 Todas as aulas já haviam passado e agora eu seguia para o teatro. Quando entrei me juntei aos outros que estavam sentados nas primeiras poltronas, sentei-me ao lado de Nathan. Fiquei um pouco desconfortável e sem graça, vê-lo me fazia lembrar ainda mais do nosso quase beijo. O olhei pelo canto do olho, ele tinha a expressão indecifrável e parecia distraído olhando para qualquer canto.

 Logo Claire chegou e se posicionou na frente de todos, e a maioria que antes conversavam se aquietaram. Isso que chamava de respeito á um professor, e olha que os que estavam aqui eram os mais indomáveis da escola.

 – Que bom que vieram todos – ela disse sorrindo. - Hoje vocês apresentarão as respectivas cenas de Romeu e Julieta que foram dadas a cada dupla – a mulher ali pareceu animada e todos começaram e falar uns com os outros novamente, murmúrios sobre o tal anuncio tão de repente. – Quietinhos meus lindos! Vamos começar por quem? – analisou-nos e então seu olhar pousou sobre mim e Nathan, seu sorriso se alargou e ela nem precisava dizer quem seriam suas primeiras vítimas. – Espero que já tenham parado de brigar! Em fim, subam ao palco!

 Arregalei os olhos enquanto Nathan se levantava. Não que eu me importasse em subir lá e encenar, já tinha feito outras peças, com isso aqui lotado. Mas mesmo assim, era diferente... Suspirei e fui em direção a escada no canto, subindo-a com minha dupla.

 – Espero que tenha decorado tudo – murmurei para que apenas ele ouvisse.

 – Como se minha vida dependesse disso – sorriu e então nos posicionamos no meio do palco, um de frente para o outro; olhares cruzados.

 – Podem começar gracinhas! – só faltava Claire começar a pular de tanta felicidade. Ela só ode ser bipolar, as vezes está irritada e nos xinga, em outros momentos... Bem... Está desse jeito maluco aí.

 Vi o sorriso de canto de Nathan, aquele que só ele sabia dar. Acabei sorrindo involuntariamente, mas logo voltamos a ficar sérios. E então ele deu início.

 – "Se minha mão profana o relicário em remissão aceito a penitência: meu lábio, peregrino solitário, demonstrará, com sobra, reverência." – ele pegou minha mão, em que momento ele tinha se tornado um ator tão bom? Mas ok, minha vez.

 – "Ofendeis vossa mão, bom peregrino, que se mostrou devota e reverente. Nas mãos dos santos pega o paladino. Esse é o beijo mais santo e conveniente." – olhei em seus olhos, castanhos escuros e profundos, como se escondessem mil segredos.

 – "Os santos e os devotos não têm boca?" – uma expressão brincalhona passou por seu rosto, o que me fez relaxar.

 – "Sim, peregrino, só para orações."

 – "Deixai, então, ó santa! que esta boca mostre o caminho certo aos corações."

 – "Sem se mexer, o santo exalça o voto."

 – "Então fica quietinha: eis o devoto. Em tua boca me limpo dos pecados." – Congelei. Ambos sabíamos que momento era esse. Todos sabiam. O beijo. Ele se aproximou mais de mim. Eu sabia, ele sabia: Não tinha como escapar. Não que eu quisesse, mas me assustava o fato de eu possivelmente estar gostando dele de verdade. Já sofri por um garoto e não desejava isso de novo para mim.

 – Andem com isso – ouvi Claire falar baixo e calmamente.

 Suspirei e esperei por meu "Romeu" que me puxou pela cintura colando nossos corpos e logo me envolveu, coloquei minhas mãos em seus braços e fechei os olhos, e então de repente senti uma sensação maravilhosa. Seus lábios macios encontraram os meus e uma onda de choque percorreu meu corpo, ele pediu passagem para sua língua e eu cedi óbvio. Acho que teria caído se não fosse por ele me apoiando, e me mantendo de pé enquanto nossas línguas exploravam cada canto de nossas bocas. Era um beijo calmo e romântico, como o de Romeu e Julieta deveria ser, porque aposto que se dependesse dele seria algo mais profundo, mais enlouquecedor... Porque eu também queria algo assim. Apertei seus braços tentando jogar essa vontade para longe e me controlar.

 – Vocês já podem parar e continuar – pela voz de Claire ela se divertia com a situação.

 Eu e Nathan separamo-nos com alguns selinhos. Eu ainda estava meio zonza por causa do beijo e ele deve ter percebido, pois me segurou por mais alguns segundos, ou então queria ficar grudado em mim tanto quanto eu queria ficar nele.

 Limpei a garganta voltando a meu lugar e a minha concentração. Dizendo minha próxima fala.

 – "Que passaram, assim, para meus lábios."

 – "Pecados meus? Oh! Quero-os retornados. Devolve-mos."

 Ele enfiou seus dedos em meus cabelos os colocando contra minha nuca e me puxou para mais um beijo, tal como o outro. Coloquei ambas as mãos em seu rosto, aproveitando o pouco tempo que o beijo durou e então falei a última fala da cena:

 – "Beijais tal qual os sábios."

 – Ótimo! Ótimo! – Claire bateu palminhas animadas enquanto descíamos a escada. – Foi perfeito! Ganharão uma boa nota extra, com certeza!

 Sorri para ela e voltamos a nos sentar. Enquanto isso as outras duplas também executavam suas cenas de Romeu e Julieta. Permaneci em silêncio olhando para o palco mais sem realmente prestar atenção, minha mente estava no beijo, meus lábios formigavam, eu queria mais. Queria poder sentir suas mãos percorrendo meu corpo e seus lábios de encontro ao meu, eram tão macios e quentes... Chega Allyson Rose Angnel! Repreendi-me, eu tenho que parar de pensar nessas coisas ou então é capaz de acabar agarrando-o aqui mesmo.

 – O que você disse? – perguntou Nathan e eu o olhei confusa.

 – Eu não disse nada – que eu saiba pelo menos não havia dito.

 

O tempo havia passado e agora eu seguia para minha casa. Estava tendo que ir andando já que pela manhã vim no carro de Jen com ela, e a mesma já havia ido embora, eu não ia obrigá-la a ficar quase uma hora na escola me esperando só pra me dar carona, não sou tão cruel assim.

 Ouvi um barulho que reconheci na hora. A moto de Nathan. Que logo parou no meio fio e eu automaticamente parei de andar, seus cabelos escuros estavam lindamente bagunçados. Ele ergueu o canto direito da boca me olhando, será que ele sabia que aquilo acabava comigo?

 Ele estreitou os olhos e deu um sorrisinho malicioso. Não entendi nada, mas e eu entendo alguma vinda desse garoto?

 – Quer uma carona? – indagou.

 – Porque não? – dei de ombros e subi em sua garupa.

 Envolvi meus braços em sua cintura assim que ele arrancou e senti o vento batendo em meu rosto, ele não devia andar sem capacete por aí do jeito que dirigi. Em alguns minutos já parávamos em frente a minha casa. Desci e fiquei de frente para ele.

 – Obrigada.

 – Então é só dar um beijinho e você já fica toda fofa? – eu sabia que ele havia dito aquilo só para me provocar.

 – Idiota. Estava sendo educada – mostrei a língua para ele.

 – Ata, desculpe. – Disse debochado. – De nada loirinha.

 – Consegue ser menos sarcástico? – cruzei os braços erguendo uma sobrancelha e ele sorriu descendo da moto. Franzi o cenho e o vi se aproximar, ficando frente a frente comigo.

 Mordi o meu lábio inferior discretamente e então seus olhos encontraram os meus, seu olhar exprimia desejo e meu corpo queria entrar em combustão com o seu. Até que ele envolveu minha cintura com os braços e em uma dose de paixão nossos lábios se chocaram, era como se meu corpo não me obedecesse mais, me entreguei ao momento deixando o sentimento crescer em mim. Enfiei meus dedos em meio aos fios de seus cabelos e os puxei de leve, ele pareceu gostar, assim intensificando mais o beijo.

 – Allyson! – rapidamente me separei de Nathan quando ouvi a voz de Peter a alguns poucos metros da porta de entrada. Caralho!


Notas Finais


Espero que tenham gostado, comentem e favoritem *-*


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