Faltava agora apenas uma semana para sua primeira batalha. Lagertha aguardava ansiosa, pois nunca estivera em um campo de batalha antes. Ela esteve treinando por anos, e, ainda assim, achava que não era o suficiente; ela queria ser intocável, derrotar todos que entrassem em seu caminho e mais tarde, ao anoitecer, poder comemorar sua vitória e seus atos de bravura numa floresta iluminada por fogueiras e tochas, rodeada por seus amigos de infância que foram recrutados para a batalha enquanto tomam bebidas inebriantes em copos de chifres curvados ao som de flautas. Eram tantas expectativas, que pode-se dizer que este era o seu maior sonho, no qual ela sonhara todas as noites desde que iniciou seus treinamentos. Além de treinar, ela mantinha suas tarefas em casa, como preparar o jantar para sua família, pescar, e, ao pôr do sol pálido escandinavo, sentar-se na areia branca e macia da praia, sentir as ondas geladas do mar pairarem sobre seus delicados pés, e apenas observar toda aquela grandiosa paisagem, rica em montanhas ao fundo, geralmente dominadas pela neve em seus topos; Ah... essa era uma das coisas que Lagertha mais gostava de fazer em seu tempo livre.
Einar partiu para uma batalha ao sul, pois foi recrutado por um rei sueco e ele certamente não perderia essa oportunidade por nada, nem mesmo para ajudar sua irmã; Enquanto Knut decidiu ficar em casa ajudando e preparando Lagertha.
Durante um pôr do sol na praia, Lagertha se sentara com Knut na areia, ainda sem entender toda sua obsessão em mantê-la cada vez mais forte, já que ela estava certa de que podia treinar e se cuidar sozinha.
— Por que você continua aqui? Sinceramente, se eu fosse convocada a essa batalha, eu não rejeitaria só para ajudar minha irmã que eu sei que luta muito bem. — disse Lagertha, rindo.
— Bem, eu não sou invencível, e nem você. Todos nós podemos morrer, e eu não quero que você se vá tão cedo. Quero poder estar vivo até meu envelhecer, acompanhando toda sua jornada, vendo no que você se tornou e ouvindo todas as suas conquistas, e claro, poder conhecer meus sobrinhos. — Knut sorria ao imaginar tudo isso, e queria a todo custo que tudo isso se realizasse e que sua irmã fosse feliz.
— Eu te prometo que tudo isso se realizará. Mas, não garanto nada sobre seus sobrinhos. Você sabe, sou seletiva em relação aos homens, e talvez, nunca acharei um que me faça feliz e não me trate como objeto.
Knut deixou de sorrir, e olhou diretamente nos olhos de Lagertha.
— Você me considera um homem capaz de fazer uma mulher feliz, e que não a trate como um objeto?
— Claro que sim. Você é um bom homem e um grande guerreiro. Certamente o sonho de muitas mulheres..
— Viu. Nem todos os homens são horríveis do jeito que você pensa. Muitos tem um grande coração, mas as mulheres com um coração pequeno os corrompem, e eles acabam se tornando frios e as tratando como objeto, como você diz. Mas, claro que há aqueles que são ruins de verdade. Destes, você deve ficar longe.
Lagertha dera um leve sorriso, e não precisou dizer mais nada. Apenas encarou as calmas ondas do mar enquanto sentia a brisa da água gelada em seu pescoço, e, enquanto encarava a vasta imensidão do horizonte, ela se imaginava ali; navegando em um drakkar com quinhentos guerreiros, sonhando em poder descobrir novos territórios e culturas, e... poder estar ao lado de seu grande amor durante toda essa jornada. Só então, ela percebeu que a vida não se baseava apenas de grandes vitórias nas guerras e conquistas de ouro e prata, mas principalmente, poder amar alguém e se sentir amada, poder ter um grande homem ao seu lado, que possa entrar em harmonia com a sua alma e poder construir uma grande família ao seu lado; ela não exigia que fosse rainha, earl, ou o que pudesse ser... para Lagertha, além de ser uma reconhecida guerreira, poder cuidar da fazenda em que cresceu, ter inúmeros filhos e um marido encantador era o seu maior sonho agora.
Ela agora esfregava a areia em seus dedos, imaginando que um dia tudo isso pudesse dar certo.
Alguns dias antes da batalha, ela percebeu que podia confiar em seus amigos e contar-lhes que estará presente, mas com um disfarce masculino.
Eram em torno de dez meninos que foram convocados, e cientes de que esse era o sonho de Lagertha, prometeram não contar nada a ninguém, e assim poderem comemorar juntos. Eles costumavam se reunir todas as manhãs para treinar, junto com Knut; e por ser um grande guerreiro, todos seguiam seus passos, e Lagertha o admirava orgulhosamente.
Ao fim daquela fria tarde, todos se reuniram em volta de uma fogueira na areia da praia, enquanto bebiam hidromel e ouviam clássicas lendas nórdicas, mas o que mais os chamavam a atenção eram as triunfosas histórias de Knut e suas inúmeras viagens com seu irmão ao lado de outros importantes guerreiros. Lagertha analisava cada um daqueles rostos, e todos pareciam impressionados, afinal, ela não era a única ali que tinha o sonho de ser uma grande e reconhecida guerreira como seus irmãos. A comemoração de vitória não seria apenas dela, mas de todos; ela não orgulharia apenas de si mesma, mas também de todos os seus amigos, pois aquele era o sonho de todos eles e todos estavam igualmente se esforçando.
Infelizmente, ela não poderá levar outras de suas amigas mulheres, mesmo vestidas de homens, pois há um limite de guerreiros na batalha e isso acabaria enchendo demais os barcos. Mas, quem saberá da próxima vez..
Chegou o dia da batalha.
Quando o sol acabara de nascer, Lagertha acordou uma hora antes de irem aos barcos, empolgada e ansiosa. Vestiu as leves armaduras de seus irmãos por cima de outras vestes masculinas; amarrou seus cabelos deixando mais evidente a lateral raspada; e desenhara um Ægishjálmr (elmo do terror, símbolo nórdico que os vikings costumavam usar nas batalhas) em sua testa, junto com o mjolnir de Knut em seu pescoço, para garantir força.
Enquanto amolava sua grande espada, Knut apareceu, e pelo visto fez questão de acordar cedo para ver a partida de sua irmã.
— É, parece que aquela menininha que sonhava em ser uma grande guerreira mas mal tinha disposição para segurar uma espada agora está partindo para sua primeira batalha. Que Thor lhe dê forças, irmãzinha; ou não devo mais te chamar assim?
Lagertha olhou em seus brilhantes olhos azuis e riu, mas ao mesmo tempo, no fundo, pensava que aquela poderia ser a última vez que o veria caso ela não tivesse sorte. Mas ainda sim, se sentia fortemente confiante de que conseguiria sair vitoriosa.
— Talvez eu nunca tenha te agradecido por isso, mas obrigada por me apoiar. Te perdôo pelas vezes em que me humilhou e riu de mim, mas pelo menos você reconheceu que eu tenho potencial para realizar esse sonho. Eu te amo, e eu espero que esta não seja a última vez que nos veremos. — ela agora amolava lentamente sua espada, pensando em mil coisas que poderiam acontecer naquela batalha, como sua própria morte. — Eu prometo que não será. E se tiver que ser, espero te encontrar no grande salão de Valhalla, e estaremos bebendo e lutando com os deuses.
Knut deu um leve sorriso enquanto olhava para o chão.
— Eu espero que consiga cumprir sua promessa. — disse ele, agora olhando fixamente em seus olhos.
No caminho até o rio, Lagertha encontrara seus amigos e todos foram juntos até os barcos.
Lagertha passava maior parte do tempo olhando para baixo, sem deixar que a reconheçam. Olhando em volta, haviam grandes homens barbudos e com os mais variados cortes de cabelos e tatuagens, muitos com os olhos pintados e a testa com símbolos de proteção e força. Tudo parecia normal, e ao ver todos aqueles barcos (eram três drakkars) ela abriu um grande sorriso, cada vez mais ansiosa pela viagem. Mas uma coisa a fez perder seu sorriso. Olhando em volta de algumas barracas onde ficavam as escravas, se deparou com a cena de uma escrava sendo estuprada por um guerreiro, e ao mesmo tempo que ela tinha uma enorme vontade de fazer justiça, ela também tentou se controlar para não chamar a atenção. Mas aqueles sons a perturbavam; poderia ter mil guerreiros gritando, mas os sons de uma mulher indefesa sendo estuprada por um bárbaro era o que mais chamava sua atenção diante de tudo aquilo.
— Lagertha, você está bem? — perguntou Svein, um garoto loiro de dezoito anos com jeito pouco desajeitado, que claramente tinha uma paixão platônica por Lagertha.
Ela não respondera, apenas se focava nos sons de dor daquela escrava, enquanto sua mão pairava sobre uma adaga que estava escondida em seu veste.
— Eu também estou ouvindo, e reconheço seu senso de justiça, mas ignore isso, você vai acabar o matando e trará muitos problemas para você... — abaixou a cabeça, um pouco envergonhado — e para nós. Não quero te perder.
Lagertha apenas o olhou, franzindo as sobrancelhas. Ela realmente nunca teve nenhum interesse amoroso por ele e possivelmente nunca terá, pois ele ainda não é o homem que ela merece e sempre sonhou.
Agora os sons pareciam mais altos, e todos em volta tratavam como algo normal, afinal, era só uma escrava sendo estuprada. Mas não era assim que Lagertha enxergava.
Sem aguentar mais, rapidamente entrou na barraca, e se deparou com um grande homem de costas estuprando uma escrava enquanto a apoiava bruscamente em uma mesa; sem pensar duas vezes, Lagertha puxou sua faca e apontou para seu pescoço, o fazendo sentir o toque gelado da lâmina.
Tentando fazer uma voz masculina, ameaçou:
— Fique longe dela. Ela é minha. Vá embora ou te matarei.
O grande homem riu. Puxou uma faca que estava em cima da mesa em que ele apoiara a escrava, e no momento em que virou para acertar Lagertha, ela o esfaqueou profundamente em seu pescoço, vendo-o cair no chão. A escrava, ainda assustada, agradeceu Lagertha e rapidamente correu. Lagertha o encarava caído no chão, agonizando e tossindo, e pela primeira vez ela matara uma pessoa. Ao mesmo tempo que ela estava um pouco assustada, viu que ele não era nenhum inocente, na verdade, ela sentiu prazer em ter feito aquilo, porque ele mereceu.
Ela saira da barraca de cara fechada, agora sem mais olhar para baixo, não se importando mais com quem a visse naquele momento.
Svein esteve o tempo todo vigiando o feito de Lagertha, e, se antes ele achava que ela era uma incrível e linda mulher, agora ele a via com outros olhos. Ela é muito mais do que tudo isso, e teve coragem suficiente para encarar aquele homem. E sua paixão por ela aumentava cada vez mais..
Finalmente os barcos estavam prontos, e em cada um dos três barcos havia vinte guerreiros, e Lagertha estava em um junto com seus dez amigos. Mas ao embarcar, aquela “cara fechada” agora era um rosto feliz; provavelmente, o maior sorriso que ela abriu em toda sua vida até aquele momento. E ela não deixou de admirar aquele calmo mar em nenhum momento; se manteve de pé a viagem inteira, admirando os pássaros que pairavam pelo barco, os golfinhos no mar... era como se ela estivesse olhando o universo inteiro pela primeira vez, e a sensação de estar boiando naquela imensidão a fez simplesmente fechar os olhos e sentir tudo aquilo ao som das ondas batendo na madeira.
Depois de uma viagem de quatro horas, finalmente podia-se ouvir as gaivotas. Lagertha agora estava ajoelhada, se apoiando no barco, ainda admirando tudo o que via, tanto na água como no céu nublado. Mas era inexplicável sua excitação ao ver a terra ali ao fundo. Era agora questão de minutos para começar a lutar, e para ela, a hora parecia passar cada vez mais devagar diante de tanta ansiedade.
Finalmente pousaram sobre a areia de Arcangel, uma pequena cidade na região oeste da rússia; todos os guerreiros pulavam dos barcos gritando, sedentos por sangue e pela vitória, e Lagertha gritava com eles, feliz e empolgada como nunca esteve antes.
Enquanto metade dos vikings atacavam no interior da cidade matando sua população e roubando riquezas, Lagertha e seus companheiros lutariam com os guerreiros russos em um campo aberto.
Lagertha olhava ao redor e via o grande tumulto da guerra; seus amigos matando outros guerreiros, e os arqueiros russos prestes a atirar flechas contra os vikings. Siefred era um enorme guerreiro viking, o que estava na liderança da batalha; ao ver os arqueiros levantando seus arcos, logo clamou a clássica tática dos vikings nas batalhas:
PAREDE DE ESCUDOS!
Lagertha, sob a proteção de escudos, acertava com sua espada qualquer corpo que aparecia pela frente que tentavam empurrar suas grandes lanças contra os vikings, e uma flecha passou de raspão em sua bochecha, fazendo um grande risco. Então ela pegou um dos arcos dos arqueiros vikings (Lagertha era ótima com flechas) e mirou para o alto, tentando acertar os guerreiros russos, mas a parede de escudos a impedia de vê-los muito bem. E então, deixaram de usar a parede de escudos e partiram para lutar de frente com os russos, clamando por Odin e por Valhalla. Lagertha olhava ao redor, sem saber muito o que fazer, pois aquele era o primeiro campo de batalha que ela esteve... ao seu redor, ela via corpos caídos ao chão, ainda agonizando, e os grandes guerreiros vikings os acertando bruscamente com seus grandes machados.
E de repente, um homem russo vinha por trás de Lagertha, mas ela ouviu sua chegada e rapidamente acertou seu escudo no rosto do homem, depois o enfiando sua espada profundamente em seu peito, de forma que dava para ver sua ponta pelas costas. Alguns de seus amigos que estavam próximos viram a cena, e se impressionaram, pois Lagertha não hesitou em matar aquele homem. Mas para ela, não foi tão frio fazer isso sem grandes razões. Ela estava com os olhos arregalados, olhando o corpo daquele homem simplesmente cair no chão, apenas pensando:
“Eu fiz isso?”
É certo que ela não teve piedade em matar aquele primeiro homem, pois ela teve seus motivos, apesar de ela não ter sido a vítima; Lagertha odeia os homens que maltratam as mulheres, mesmo as escravas, que apesar de não terem poder algum, ainda são humanas. Mas dessa vez, foi o primeiro homem que ela realmente matou, sem razões aparentes; apenas porque era guerra. Ela olhava ao redor, e tudo parecia tão fosco e lento; o som soava oco e demasiadamente baixo...
Lagertha não era uma pessoa fria e nem uma berseker. Cada guerreiro reage de forma diferente ao matar a primeira pessoa, e foi assim que ela se sentiu.
Então ela viu o que era a guerra.
Ela ouvia o som dos corvos, e olhou para o alto, vendo os voar em círculos, e de repente voando cada vez mais para cima; desaparecendo.
“Odin” pensava.
E foi isso que a motivou a ser mais forte. Odin estava olhando por ela, e ela não ia simplesmente jogar fora aqueles anos gastos treinando.
De repente, um russo estava vindo em direção à ela para atacar, mas antes que ela fizesse algo, Svein o matou.
— Eu podia ter feito isso. — disse Lagertha, o fuzilando com os olhos.
— Se essa é a sua forma carinhosa de me agradecer por ter salvado sua vida, então, de nada.
Lagertha revirou os olhos, querendo finalmente poder lutar sem ninguém tendo que dar atenção especial para ela. Se sentindo observada por Odin, Lagertha lutava agora com mais determinação, matando todos que cruzassem seu caminho, com grandiosos golpes e defesas, matando pelo menos dez dos guerreiros russos.
Svein a observava com orgulho, e seu maior sonho era poder se casar com Lagertha; mas Lagertha nunca sentira o mesmo (ela era muita areia pro caminhão dele, diga-se de passagem)
Finalmente os russos se renderam e fugiram, trazendo vitória aos vikings. Morreram aproximadamente nove vikings, sendo dois deles amigos de Lagertha; mas ao mesmo tempo que se entristeceram pelas suas partidas, também comemoraram, pois eles finalmente poderiam ir ao grande salão de Valhalla festejar.
Mais tarde, os vikings foram comemorar sua vitória com uma festa em uma floresta, bebendo cerveja e hidromel ao som de canções medievais. Lagertha tirou sua armadura e ficou apenas com as roupas masculinas que estavam por baixo, e optou por ficar em áreas mais escuras com seus amigos para outros guerreiros não a reconhecerem.
Enquanto todos estavam bêbados e dançando, Lagertha saiu para pegar mais bebidas em meio claridade, mas ainda olhando para o chão e tentando parecer “máscula”. Mas enquanto olhava para o chão, acabou esbarrando em um grande homem de longos cabelos pretos e barba, derramando a bebida que ele estava segurando nele mesmo. E de repente, os que estavam ali em volta, ficaram em silêncio.
— Ah..Desculpe-me. — disse ela, tentando engrossar a voz, e continuou andando rapidamente.
O homem andou em direção a ela, a puxando pelo seu ombro e pegando em seu queixo.
— Da próxima vez, olhe por onde você anda. — dizia ele, a fuzilando com o olhar.
Lagertha aproximou seu rosto do dele, sem medo de o encarar.
— O que vai fazer? Vai me matar porque derramei um copo?
— Bem, se você quer pagar pra ver. Mas muitos homens daqui, fortes ou magros, teriam medo de mim. — dizia ele, confiante.
— Ah, é mesmo? E quem é você? — debochou.
— Me chamo Rollo. Já ouviu falar de mim? Dizem que eu sou um berseker.
— Então, Rollo. Eu nunca ouvi falar de você, então não se sinta tão confiante por isso.
Rollo agora olhava para a sua boca, seu nariz e olhos.
— Espera... esqueça. Não vale a pena lutar com você. — debochava, enquanto analisava o rosto e o corpo de Lagertha.
Lagertha franziu as sobrancelhas, enquanto encarava seus olhos castanhos.
Rollo se aproximou dela, e sussurrou em seu ouvido:
— Porque você é uma mulher.
Lagertha ficou em silêncio, e foi andando de volta para seus amigos, ignorando Rollo.
— O que... — perguntou Svein.
— Cale-se. Preciso ir embora. — disse ela, um pouco assustada.
Lagertha pegou sua faca e foi andando sem rumo em direção a floresta, tentando encontrar os barcos na praia.
Enquanto andava, ouvia sons de galhos se quebrando, e grandes arbustres se mexendo; e bateu de frente com Rollo. Antes de puxar sua faca, Rollo a tirou de suas mãos, e rapidamente Lagertha lhe deu um tapa em seu rosto.
— Calma, eu não quero fazer mal a você. Não contei a ninguém que você é uma mulher. — disse ele, agora com uma voz doce, tentando acalmá-la.
— Saia de perto de mim, Rollo.
Rollo se afastou alguns centímetros, levantando os braços.
— Pode ir, se quiser. Mas o que tenho a dizer pode te agradar.
Lagertha dava alguns passos atrás, sem tirar os olhos de Rollo.
— O que você tem a dizer?
Rollo olhou para baixo, sorrindo.
— Bem, meu avô Siward foi morto pelo rei sueco Freyr. Não vi você agindo em batalha, mas, se está viva até agora é porque você é boa. Eu e meu irmão estamos recrutando o máximo possível de guerreiros para ir a Noruega se vingar. O que acha?
Lagertha deu um leve sorriso.
— Eu vou pensar nisso.
— Que bom — sorriu Rollo — aguardo sua resposta amanhã. E, qual o seu nome mesmo?
— Lagertha.
Rollo sorriu enquanto olhava para o chão, depois levantou sua cabeça e olhou simpaticamente nos olhos de Lagertha.
— Lagertha, nos vemos em breve.
Lagertha o olhava enquanto dava passos pra trás, e novamente ele levantou os braços, provando que não fará nada a ela. Lagertha riu, e foi embora, pensando nessa próxima batalha no caminho todo, e vendo isso como uma nova oportunidade, ainda mais que aparentemente Rollo a aceitou mesmo sendo mulher.
Ao amanhecer, Rollo procurou por Lagertha, e a encontrou sentada na ponta de um lago novamente vestida de roupas masculinas.
— Você não precisa mais se vestir assim. Você não deve ter vergonha de ser uma guerreira.
Lagertha sorriu.
— Enquanto estou aqui, devo ser um homem, se não o Earl poderá me matar.
— Você tem medo dele? Se você matá-lo, a próxima Earl será você. Sabe disso, né?
— Eu estou bem na minha fazenda.
— Humilde. Mas... eu o mataria e preferiria ser um Earl. — disse rindo, mas ao mesmo tempo falava sério.
— Bem, Rollo, parece que somos diferentes. — logo mudou de assunto — já tenho uma resposta.
Rollo sorriu e a esperou dizer.
— Sim. Eu quero participar da batalha.
Rollo se empolgou.
— Que bom, estou muito curioso para ver como é você no campo.
— Mas... — disse ela, como se só fosse com uma condição — também tenho amigas guerreiras, e gostaria de levá-las comigo.
Rollo agora ficara sério, e olhou para o chão.
— Tudo bem, toda ajuda é necessária. — sorriu. — a batalha acontecerá na Noruega daqui a um mês; e.. onde você mora? Irei levar um barco para buscar você e suas amigas.
— Kattegat, na Dinamarca.
— Te vejo daqui a um mês, Lagertha. — disse Rollo, fixando seu olhar nos brilhantes olhos azuis de Lagertha, admirado com sua beleza.
Depois de uma longa manhã de almoço e diversão dos vikings, no meio da tarde decidiram ir embora de volta para Kattegat, levando em seus barcos algumas caixas com riquezas de Arcangel.
Durante sua viagem, Lagertha não deixara de contar a grande novidade aos seus amigos com um grande sorriso em seu rosto.
— Então, ele deixou você e suas amigas lutarem? Isso é uma evolução nas batalhas, Lagertha. Agora mulheres poderão lutar, imagino a sua felicidade. — disse um dos amigos dela, sorrindo.
— É sim, é uma grande evolução — felizmente sorria — Não precisarei mais me vestir como homem, e nem me esconder. Mas.. finjam que fui um homem aqui, entenderam?
Todos acenaram com a cabeça, sorrindo. Lagertha sorriu com eles, olhando para o céu, imaginando tudo que poderia acontecer naquele dia.
"Obrigada, Odin. Graças à você estou viva agora, e com isso virão mais oportunidades, que além de serem grandiosas, também são uma evolução; pois finalmente os homens reconhecerão a bravura de uma mulher. Somos todas devotadas aos deuses, assim como os homens; e juntos, lutaremos sem descanso, à espera de nossa triunfante chegada em Valhalla, e nos juntaremos orgulhosamente à você e aos deuses no tão temido e esperado Ragnarök" sussurrava, apoiada no barco enquanto olhava para os corvos no céu.
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