História Lágrimas de um Tesouro (hiatus temporário) - "Deverias"

Shigaraki abriu a blusa de Bakugou se deparando com diversos machucados e cortes, o azulado mudou seu semblante para um mais sério e pegou o loiro em seu colo com cuidado passando pelos tripulantes e indo em direção ao quarto, a preocupação do azulado era visivel a metros de distância.

— Oque aconteceu? — Mina perguntou para Todoroki que mantinha seu olhar na porta pela qual Shigaraki passou.

— O príncipe daquele castelo... Ele pegou o capitão e... — Mina com essas poucas palavras já havia entendido. — ...eu vi o Blasty.

A expressão de Mina se tornou assustada e preocupada, a morena abraçou Todoroki o reconfortando, ela sabia que sempre que Blasty aparecia a visão não era das melhores e que provavelmente o bicolor estava traumatizado com oque seja que tenha acontecido.

P.O.V Dabi

Eu o olhei espantado, ele estava ali em minha frente, Shoto, porém ele estava diferente, não parecia a mesma criança mas eu mesmo já não sou mais o mesmo.

A coisa que mais me chamou atenção foi a cicatriz em seu olho, como aquilo havia acontecido? Não sei mas acho que o olhei demais porque agora estamos nós escarando e ele não está com um rosto muito amigável, talvez ele esteja sendo maltratado por esses piratas, essa teoria existiu em minha mente por alguns segundos até os tripulantes do navio daquele loiro abraçarem Todoroki quase aos choros, eu quis ir o abraçar porém ele me lançou um olhar irritado oque fez com que eu me afastasse.

Andei sorrateiramente pelo navio olhando as coisas até achar um aquário bem grande, então eles realmente haviam o visto com sua cauda mas porque ele ainda está andando livremente agora?

— Oque está fazendo aqui? — eu o olhei de relance, Shoto me olhava aparentemente bravo. — porquê esta andando por Catharina como se fosse seu barco?

— Desde quando ficou tão afiado assim? — ele se aproximou de mim com o peito erguido, ele realmente mudou.

— Você não me conhece e nem tem direito de fazer essas perguntas, saia daqui por favor. — agora que ele estava mais perto eu pude observar melhor a cicatriz.

— seu olho... sua tripulação fez isso? — eu disse em um jeito automático porém a raiva dele no olhar foi claro.

— Eles nunca fariam isso... isso e culpa de uma pessoa que me deixou a anos atrás. — eu fiquei estático o olhando, ergui meu braço e cocei minha nuca.

— Eu entendo, família é uma coisa difícil as vezes, meu pai era meio complicado as vezes. — falei olhando ele nos olhos, pude ver um certo brilho de compreensão.

— Eu te entendo, o meu... Não fez mal só a mim... — ele colocou a mão sobre a cicatriz. — ...ele fez mal a todos ao redor dele, inclusive minha mãe.

Ele suspirou e logo em seguida sorriu, andou até o aquário e passou os braços na borda com um sorriso bobo em seus labios, eu o ouvi balbuciar aquela antiga música do nosso povo e isso me motivou a cantarolar

— Vamos no Jardim lá tem algo esperando, de ponta cabeça onde colocou...— ele me olhou surpreso e quando iria abrir a boca para falar algo aquela morena com cabelos rosas chegou na porta.

— Roki o Bakugou acordou. — eu estranhei a intimidade mas ao ver a felicidade de Shoto ao ouvir que aquele loiro havia acordado, ele saiu correndo de lá como se não tivesse nem notado que eu estava ali. Realmente, Shoto cresceu.

P.O.V Shoto Todoroki.

Eu corri junto de Mina até o quarto onde Bakugou estava, ao chegar lá o vi na cama, seu tórax estava péssimo, aquilo doeu em mim, afinal era minha culpa porquê se eu tivesse saído do lago mais cedo teria encontrado sua máscara antes ou até mesmo o encontrado antes. Quando nossos olhos se encontraram eu sorri mas ele virou o olhar para Shigaraki que estava ao seu lado e disse alguma coisa a qual eu não consegui ouvir, o garoto azulado veio até mim e pediu que eu saísse do quarto, aquilo me deixou bastante triste porém eu entendia o lado de Bakugou, ele devia estar bravo comigo pela minha estupidez de não ir atrás dele, eu apenas me virei e sai do quarto, de relance pude ver o conforto no olhar de Bakugou ao me ver sair, era como se eu o assustasse ou até um sentimento pior, eu merecia aquilo afinal eu fui bobo de ficar o esperando por tanto tempo. Andei até o corrimão, ao longe vi uma garotinha pequena de cabelos longos e platinados ao lado de um homen loiro que dormia, me aproximei com cautela e sentei ao lado dela que me olhou tentando mostrar confiança mas eu vi no fundo de seus olhos o medo que ela sentia, o tempo de convivência com Bakugou me ensinou que nem sempre oque uma pessoa demonstra e o que ela estava sentido realmente.

— Olá, como se chama pequena? — Eu disse tentando parecer o mais amigável possivel.

— Eu... meu nome é Eri, eu sou uma bruxa, ou ao menos Aizawa diz que que sou. — eu vi ela olhando o chão pensando alto, afinal ouvi ela balbuciar alguns nomes.

— Aizawa? É seu pai? E esse homen ao seu lado quem é ? — ela me olhou confusa, ok não foi uma boa ideia fazer tantas perguntas a ela porém ela olhou o loiro ao seu lado e voltou a olhar pra mim.

— Aizawa cuida de mim desde que ele me achou e esse e o Hizashi mas todos de onde nós viemos o chamam de Mic. — ela abraçou o homen que dormia profundamente ao seu lado e voltou a me olhar.

— Oque ele é? Parece uma fada pelas asas mas o grito que ele deu foi realmente alto. — Eu disse estendendo minhas mãos para tocar as asas do homen mas a menina me olhou e fez careta oque fez com que eu me afastasse para não irritala.

— Ele é um Banshees, um tipo de fada com o grito mortal, alguns as chamam de mensageiras da morte. — arregalei meus olhos e a olhei sorrindo, incrível, nunca tinha visto essas criaturas só lendas. Acho que ela notou minha curiosidade pela minha reação e continuou falando.

— Eu também não sou normal sabia, sou um tritão. — Ela sorriu para mim e ssim começamos a conversar.

[...]

Depois de um tempo conversando com a menina descobri que ela é de um lugar para longe ao norte, com ajuda de Mina eu consegui direcionar o navio para lá e agora a menina está animada olhando para o mar.

Não demorou muito para chegarmos perto de uma ilha realmente muito bela, havia vinhas marinhas pela extensão dela e diversas árvores de hinos, eu nunca havia visto uma dessas porém são tão bonitas quanto as gravuras nos livros mostram, quando chegamos mais perto pude constatar que elas realmente tocavam melodias de suas folhas, nós livros diziam que as árvores hinos cantavam uma melodia mais velha que a própria terra e isso é incrivelmente bonito e harmonioso.

Estavamos quase parando perto da ilha quando reparei em uma criatura de cabelos negros e levemente longos até os ombros que nos olhava na entrada do porto da ilha, assim que paramos o barco Eri correu até aquele homen eo abraçou, em segundos o homen sombrio emitiu um próprio brilho paternal ao se abaixar e abraçar Eri, o abraçou durou segundos até ouvirmos o homen de forma preocupada e levemente desesperada perguntar para garota sobre o tal de Mic.

— Onde está o Mic !? — o homen olhou para os lados e parou sua visão no ser loiro que saia do barco em passos lentos, Mic como o mesmo pediu que eu o chamasse estava andando com dificuldade por usar bastante de seu poder, ele nós contou que para achar o castelo teve que voar por muito tempo e que isso o cansava extremamente. Assim que homen que eu imagino ser Aizawa se aproximou do loiro pude ver a expressão de calma dele se tornar raivosa.

— seu inútil, você demorou sabia como você é estupidamente ridículos e - — o loiro parou as palavras do outro selando seus lábios e mesmo de longe foi possivel ver o rubor do moreno.

— eu estou bem, eu sei que te deixei preocupado porém eu voltei como prometi, voltei com Eri. — foi estranhamente fofo de ver o moreno acalmar sua feição raivosa e abraçar Mic escondendo seus rosto na curvatura do pescoço do loiro

[...]

P.O.V autora on:

logo após o reencontro de Hizashi e Aizawa os tripulantes tanto de Bakugou quanto de Shigaraki a passarem uma noite em sua ilha, oque foi aceito pelo loiro para o descanso de seus tripulantes assim atracando Catharina a ilha, quando todos desceram foram levados por um caminho de pedras roxas que emitiam um certo brilho quando o sol as atingiam e isso atraio a atenção de Todoroki que olhava encantado. Oque o bicolor não notou foi o olhar de um certo loiro que naquele momento tinha os pensamentos bem distantes, ele pensava em tudo, em sua família, tanto os tripulantes quanto seus pais e irmã, pensava em seus sentimentos, vergonha, medo e insegurança mas principalmente pensava em um certo bicolor que também estava com a mente conturbada.

P.O.V Bakugou

Eu olhei as árvores sonoras que haviam lá e realmente elas eram belas e harmoniosas como minha mãe contava para mim em suas historias de ninar para que eu — uma criança demasiada agitada fosse dormir. — enquanto caminhava pensei um pouco, pensei em todas as vezes que dei trabalho para alguém, Shigaraki, Mina, Denki, Sero e Mineta. Eu sempre dei problemas as pessoas que me cercaram e isso é estremamente irritante, afinal eu vivo a sombra de minha irmã, saber que não estou perto de nem chegar aos seus pés me mágoa, por muitas vezes pensei que isso era uma paranóia minha e que eu não deveria me preocupar sobre correr contra o tempo porém também penso que quanto mais eu correr mais tempo terei no final.

Em meio a esses pensamentos veio-me a mente Todoroki, no momento que pensei nele eu senti nojo mas não dele, jamais, senti nojo de mim mesmo, eu fui extremamente nojento naquele momento com Shinso e ele me viu naquela merda de estado, sinto que ele esta com nojo de mim quase mais que eu mesmo sinto ao lembrar do momento porém oque mais me deixa aflito é que eu não lembro de nada que aconteceu logo após eu ser solto, apenas lembro-me vagamente de olhar Shinso e querer chorar, logo após isso veio a escuridão e o frio, ele só se foi quando eu já estava no corredor, foi como seu outra pessoa assumisse meu corpo porém eu quero acreditar que foi apenas uma ação automática do meu corpo.

Enquanto penso nisso acho que estou certo, pensando bem a única coisa que Todoroki poderia pensar de mim são coisas ruins, afinal ele é um prisioneiro nosso, no primeiro dia dele eu tive medo de ele ser mais forte que o esperado e que ele poderia machucar minha familia e por isso fui tão grosseiro e sádico. Eu penso que talvez Mina estava certa naquele dia "ele não parece mal", olhando agora eu gostaria de tê-lo tratado bem, ao menos o fiz conhecer 10% do mundo terrestre. Sinto-me um tolo afinal Todoroki me ouviu algumas vezes, soube ouvir meus medos sem me questionar e soube perguntar as coisas certas nas horas certas, eu por outro lado não o ouvi em nenhuma vez, naquela noite que o ouvi cantar não fui sentar ao seu lado, o medo falou mais alto, medo do bicolor me achar intrometido porém eu deveria ter ido.

Minha vida esta cheia de "deverias", na noite da morte se meus pais eu deveria ter ficado ao lado deles, na noite que tive minha primeira vez com Mineta eu deveria ter o dito que era minha primeira vez porém fiquei com vergonha, quando Shigaraki se declarou para mim eu deveria ter o dito a verdade "estou confuso sobre meus sentimentos" porém eu estava carente por amor e atenção que o respondi fingindo ter um amor tão grande quanto o seu. Quando Shinso revelou suas tristezas mesmo que mínimas eu deveria ter o aconselhado direito e não o abandonado e finalmente no dia que raptei Todoroki eu deveria ter o tratado bem. Minha vida está repleta de "deverias" e eu deveria parar com eles porém aparentemente a vida de Bakugou Katsuki é um enorme "deveria".

Quando me dei conta já haviamos chegado nas barracas que dormiriamos, assim me senti mais calmo sabendo que teriamos uma noite de paz, logo todos os tripulantes tanto meus quanto de Shigaraki se acolheram em barracas para descansar. Eu andei lentamente pelas dores no corpo até um lago perto das barracas, o lago como todo o resto do lugar parecia tranquilo e belo, toquei suavemente meus dedos sobre a água e senti um arrepio bom passar por meu corpo, um sorriso espontâneo surgiu em meus lábios.…