História L'Amore per Caso - 33

Mikoto estava sendo amparada no sofá pelo seu esposo. Hinata e seus amigos estavam na cozinha preparando um chá. Ela nunca imaginou que Mikoto fosse do tipo de mãe que bateria em seus filhos, e com certeza não era. A mulher estava tão abalada que quando finalmente saiu de seu choque ela correu atras do caçula, que já partira a minutos. 

--Hina. - Kiba chamou baixo e começou a cochichar. --Eles são sempre assim? 

--Não. Na verdade, eu não sei. A dona Mikoto parece ser louca pelos filhos. - Ela sussurrou de volta. 

--O que você acha que vai acontecer? - Shino entrou no meio, mantendo a voz baixa. 

--Não faço a mínima ideia. Talvez, Sasuke volte pra casa. - No momento essa era a única que poderia acontecer. 

Depois de recuperados, Hinata voltou ao hotel com Mikoto e Fugaku, e já tinha marcado um encontro com os rapazes em um restaurante próximo ao porto. Lidar com as emoções era cansativo, assim que finalmente estava em seu quarto, atirou suas roupas para longe e foi tomar um banho revigorante. 

Sasuke ainda estava deitado em sua cama, a mala intacta e a mesma roupa do dia anterior. Ainda não conseguia acreditar que sua mãe o tinha dado um tapa, era impossível Mikoto levantar a mão para um de seus filhos, mas lá estava ele sentindo o ardor do golpe. Itachi sempre respeitou seu espaço e não o importunou na viagem de volta, diferente de Ino que o enchia de perguntas e buscava uma justificativa para o ocorrido. 

Ele estava a um bom tempo inerte e foi despertado com batidas suaves na porta. Lento ele foi atender. Hinata estava parada a sua porta, com um vestido lilás e um bolero de renda branco. 

--Posso entrar? 

--Sim. - Ele se afastou e percebeu que a mesma estava de volta com a muleta. --Está de muleta novamente. 

Ela sorriu como uma criança culpada. 

--O sangue esfriou e meu corpo fez questão de lembrar que não posso força certas partes. 

--Sente-se. 

Ela caminhou até a poltrona e um pouco tímida ela sentou. 

--Seu vestido é bonito. - Ele puxou uma cadeira e ficou de frente a ela. 

--Obrigada. - Ela suspirou. --Como você está? 

Ele baixou a cabeça e depois a encarou. Segurou uma mão de Hinata, ele se sentia seguro. Renovado. 

--Estou bem. Antes de você chegar já tinha muita coisa acontecendo. 

--Entendo. 

Sasuke e Hinata ficaram em silencio, olhando para as mãos entrelaçadas, brincando e acariciando. Aos poucos a mão dele foi subindo por seu braço, ela sentia um arrepio gelado passando por onde ele tocava, a outra mão dele voltou a segurar a sua. Ela olhou para seu rosto, Sasuke mantinha sua atenção por onde sua mão passeava e brincava no braço dela. 

Ela apertou a mão dele e seus olhos foram de encontro aos dela, a mão livre de Sasuke foi de encontro ao rosto da mais nova. Hinata mordiscou seu lábio inferior, sua respiração estava pesada, ele se aproximou mais. Queria beija-la mais uma vez, sentir seus lábios macios e o doce sabor que dela emanava, estavam mais próximos quando a campainha ressoou. Como se estivessem em transe, ambos soltaram as mãos e se afastaram rapidamente. 

--Posso usar seu banheiro? - Perguntou nervosa. 

--Sim. É logo ali. - Ele apontou para o lugar errado, mas ela sabia onde ficava, já que a planta dos quartos era igual e ela estava vizinha a ele. 

Hinata entrou no banheiro, mas não trancou a porta. Ela preferiu se esconder do que mostrar o rosto que exibia agora, vermelho com olhos desejosos. Seja quem fosse, iria interpreta aquela cena distorcida, ou trazer mais confusão a família Uchiha. 

Sasuke abriu a porta e ficou surpreso ao ver sua mãe. Mikoto estava sempre impecável, mas seu rosto choroso mostrava a sua fragilidade, sem dizerem nada, Sasuke deu passagem para a matriarca. Ela andou pelo quarto do jovem, olhando tudo ao redor sem de fato prestar atenção ao local, estava reunindo forças. Ser mãe não era uma tarefa fácil, principalmente para o tipo mãe coruja que se recusa a deixar os filhos saírem do ninho. 

--Mãe, sente-se. Por favor. - Sasuke tinha pegado uma garrafa de água e estendeu a ela. 

Mikoto sentou na poltrona e pegou a garrafa, estava nervosa e não conseguia abrir. O caçula se aproximou e delicadamente ele tirou a garrafa das mãos dela, abriu e voltou a entrega-la. Sua mãe tentava conter suas lagrimas, mas sempre que olha para seus filhos e via o quanto eles cresceram isso deixava seu coração apertado. Seus meninos não eram mais os bebezinhos lindos e gorduchos a qual ela jurou defender do mundo. 

--Filho. - Foi o que conseguiu dizer. Sasuke a abraçou apertado, sua mãe ainda chorava baixinho. 

--Não precisa dizer nada, mãe. Sou eu quem tem que pedir desculpas. Cometi muitos erros porque queria crescer o mais rápido possível, crescer para tentar retornar tudo que a senhora e o papai fizeram e ainda fazem, por mim e Itachi. 

--Jamais você merece apanhar. Eu nunca bati em vocês, eu perdi o controle. Me perdoe filho. 

--Deve ser muito estressante cuidar de um filho problemático. 

--Shhhh! - Segurou o rosto dele e o puxou mais para si. Ela fungava. --Nunca, nunca diga isso de novo. Você não é problemático, você é meu pequeno milagre. 

Ele sentou-se aos seus pés e recostou sua cabeça em seu colo. Mikoto acalentou o filho como fazia na infância. Sasuke não se lembrava quando foi a última vez que sua mãe passou as mãos em seu cabelo, cantarolando baixinho, ele sentiu saudades de uma época que viver parecia ser tão simples. 

--Mãe, eu me arrependo de não ter lhe dado ouvidos. A senhora sempre me avisa das coisas, sobre as minhas escolhas erradas, e mesmo assim sempre quebrei a cara. 

--Eu é que peço desculpas, de não ter parado um pouco minha rotina e me dedicar mais a você e seu irmão. Eu não pude te ensinar sobre relacionamentos, ou sobre as pessoas. Muitas vezes um suposto amigo ou namorada, sempre parecia bom pra você. 

Sua mãe tentou avisar para ter cuidado com certas pessoas, mas ele sempre achava que por conta da profissão dela, ela passou a ser muito desconfiada de todos. Mas a verdade é que Mikoto aprendeu a ler as pessoas, e com isso ela sabia quem poderia ou não confiar. 

Hinata estava sentada no chão do banheiro, próximo a porta com a luz apagada. Ela teria saído no primeiro momento, mas não teve coragem de interromper a conversa. Ela sentia falta da sua mãe e imaginava como seria o reencontro entre Mikoto e Hikari. A última vez que viu sua mãe, ela estava enjoada devida a gravidez recém descoberta. 

Ela e Hanabi faziam planos sobre o novo irmão que estava por vir, dividindo tarefas e uma lista com nomes. Mesmo enjoada, Hinata teve um pesadelo e Hikari acolheu a filha em seus braços, aquelas lembranças felizes eram tão dolorosas. 

--Ainda estou apaixonado pela Sakura. Sinto falta dela e não consigo acreditar que ela me traiu. Se fosse apenas um, só um, mãe. Eu teria a perdoado e recomeçado nosso casamento, sem ninguém precisar saber de nada. 

--Sakura não é o tipo de mulher que se entrega as emoções. Ela nunca teve ninguém para ensina-la sobre isso. Se continuasse com ela, seria sua ruina filho. 

Hinata estava atenta a cada palavra. Ele ainda gostava da ex-esposa e ela não entendia porque isso a estava deixando irritada. 

--Eu sei. Eu sei. Só não sei explicar essa paixão que bate dentro de mim toda vez que lembro dela. É tão irracional que parece doentio. 

Mikoto delicadamente fez Sasuke a olhar, lhe deu um beijo na testa e sorriu. 

--Pode demorar, mas vai conseguir superar essa emoção. Vai doer e muito, mas sei que vai conseguir. A paixão é um sentimento perigoso, não deixe que isso te destrua. 

Sasuke abraçou a mulher e se entregou ao choro. Hinata abraçava as próprias pernas, chorando em silencio. Nunca tinha sentindo tanta falta da sua mãe como sente agora.