História Laranja Fugaz - Conhecendo o inimigo

JIMIN

Um jantar! 

Foi com um jantar que encerramos nossa noite entre amigos. Jungkook e eu não fizemos muitas coisas depois daquilo, além de ficarmos coladinhos o dia todo, assim como eu estava com Taehyung antes.

Geralmente, se eu passava por algum garoto e esse mesmo garoto ficasse me encarando, eu flertaria com ele sem pudor algum. Sem vergonha. Mas bem, como eu fiz um acordo com Jungkook, naquele dia, eu nem mesmo ousei depositar meu olhar para outro lado que não fosse onde o moreno estava.

Eu estava sim com raiva por ele ter feito tantas exigências, mas não dava muito a mínima por isso, já que no momento, eu não queria muita coisa com outra pessoa que não fosse ele.

— Vejo você mais tarde? — Jeon deixou um beijinho sorrateiro em meus lábios, depois que Yoongi tinha saído de nosso lado para ir até seu carro.

Eu não pude conter um riso e também de revirar os olhos. Depois ele fala que isso não é ser um emocionado. O garoto até mesmo me beijava para se despedir.

— Não… — suspirei, agarrando ao mais novo pela gola do suéter e desci com uma das mãos até sua cintura, fazendo que nossas intimidades se tocassem com o pouco contato — vejo você amanhã na faculdade.

Jeon queria que eu fosse para sua casa naquela noite, queria que corrêssemos outra vez perigo. Ele estava querendo transar ou apenas me fazer passar mais algumas horas tediosas ao seu lado?

— Poxa, Jimin... — inspirou fundo, meio decepcionado por minha fala. — só amanhã?

— Só amanhã! — tornei a repetir. 

Eu sempre era um zangado com tudo, mas confesso que esse lado mimadinho e infantil de Jungkook acabavam sempre por me fazer segurar minha vontade de gargalhar da cara dele. Ou, achá-lo um esquisitão e fofo ‘pra caralho.

— Mas eu prometo recompensar. Podemos fazer algo só entre nós dois pela tarde, hoje estou cansado. 

Dei uma tocadela em minha pélvis, como se dissesse que ainda estava afetado pelos toques de Taehyung e pela sequência de espasmos que ele fizera meu corpo sentir.

— Pode ser… — resmungando, ele disse, não muito contente. — não vá fazer nada que não deva durante essa noite. — arqueou a sobrancelha, dando uma espreitada para o lado onde Yoongi-hyung estava, questionando se eu iria me atrever a ir até a casa do loiro. — lembre-se que temos um trato!

— Eu não vou, Jungkook, relaxa. — eu sei que o lado que eu demonstrei a esse garoto seria que eu fazia de tudo por sexo, mas eu não era assim de verdade. Só queria provocá-lo, às vezes.

Transar com o moreno era tudo que eu precisava para me livrar logo dele, mas estou ciente de que ele não iria facilitar as coisas para mim.

— Jungkook-ah, você vai demorar muito? — foi a voz de SeokJin que gritou, enquanto esperava a Jungkook perto de sua Mercedes cara e preta.

— Eu já vou. — desgrudou nossos dedos lentamente, e eu coloquei meu capacete e fechei o zíper de minha jaqueta, já que estava começando
a esfriar um pouco. 

— Até amanhã! — subi na moto e acenei para meus amigos, dando um tchauzinho.

Acelerei dali coisa de dois segundos mais tarde, partindo em direção a minha tediosa casa.

Jungkook, como explicar a Jungkook? Deveras, devo dizer que ele é ousado, já que quando nos encontramos depois que as aulas acabaram ele não se desgrudou de mim um só segundo.

— Vamos sair hoje? — Yoongi sugeriu, revirando os olhos ao ver o moreno sentado ao meu colo, na nossa típica posição de costume. Eu com os braços por sua cintura.

— Já saímos todos juntos ontem... acho que vou tirar o dia de hoje para estudar um pouco. — Jin disse, afinal, estava chegando à época dessa coisa toda de entregar trabalhos e, conhecendo a ele e Hoseok do jeito que eu conheço, eles provavelmente vão começar a ficar mais focados nos estudos.

— Certo. Então, vamos eu e você, Ji? — Guinho olhou-me. No fundo, sabia que ele estava apenas querendo que eu saísse de perto do Jeon, como sempre, tentava me convencer a fazer outra coisa com ele.

— Ah, hyung… foi mal, não vai dar. Eu combinei de fazer outras coisas hoje. — transar com Jungkook não seria ruim, por isso eu estava empolgado. Afinal, o que mais faríamos se não sexo naquela tarde? 

Imediatamente eu dei alguns cutucões na costa de JK, indicando para que ele se levantasse. Já tínhamos terminado de assistir as aulas e não precisávamos fazer mais nada naquela escola, só estávamos enrolando.

— Você já quer ir? — ao levantar-se e ficarmos cara a cara, o tirano me perguntou, ciciado.

— Sim! Você já pensou em algo legal? — agora, não muito empolgado, eu coloquei o capacete que levava comigo, logo tirando a chave da moto de meu pescoço.

— Bem, eu estava pensando sobre isso... Que tal irmos para sua casa hoje?

O que? Na minha casa? Eu realmente nunca transei com ninguém lá, por isso que, não deixei de ficar um pouco acuado sobre isso.

Lá não era um ambiente legal, eu não gostava de levar visitas até ali, era raro quando Yoongi-hyung ia para lá. Geralmente, não ficávamos juntos lá nem mesmo por cinco minutos, já que só passávamos para pegar alguma coisa que eu precisava.

— Minha casa? Tem certeza disso? — eu não iria realmente recusar, já que tinha a intenção de finalmente me pegar com ele. Se Jungkook quisesse fazer isso lá, então tudo bem... Eu só não me sentia muito confortável.

— Sim, sua casa. Você já ficou um dia inteiro comigo na minha, acho que não tem nada demais irmos para a sua agora. — o menor me olhava um pouco confuso, como se perguntasse o porquê de eu ter mudado meu humor drasticamente de uma hora para a outra.

— Tudo bem, te vejo lá. — coloquei meu capacete, sem muito pensar. Se ele queria ir para aquele lugar, então iríamos.

Não disse mais nada antes de acelerar dali. Jeon sabia onde a área ficava, então não seria necessário que eu o guiasse.

Por estar de moto, obviamente eu cheguei primeiro que si e por sorte, não havia ninguém por ali além de mim. Geralmente os empregados não costumavam trabalhar em casa todos os dias. Já que, éramos em poucas pessoas e a casa quase não ficava suja, eles vinham três vezes na semana.

Hoje, seríamos apenas eu e Jungkook ali.

Coisa de cinco minutos mais tarde eu já ouvia a campainha tocando, e bem, já sabendo muito bem quem era, acabei por revirar os olhos ao atender.

— Você demorou! — Ele não havia demorado tanto, mas cinco minutos era o ápice para que me estressasse. 

Já não sou muito de ter paciência, e com o moreno era raro. Ele precisava, assim como sua enrolação, de apenas cinco minutos para torrá-la toda.

— Desculpe. — foi tudo que disse quando eu dei espaço para que ele entrasse.

Guiei ao mais novo até a cozinha, já que queria ao menos dar-lhe algo de comer e beber antes, assim como ele havia feito comigo.

Depois de termos feito pelo menos uns dois sanduíches cada, eu decidi que estava na hora de apresentar meu quarto a Jungkook. Subi as escadas, desanimado e sendo seguido por ele. Acabo por soltar um suspiro ao abrir a porta.

— Não liga para as paredes. — disse, o que obviamente o fez reparar mais. — sinta-se à vontade. 

Pintar as paredes de meu quarto de cinza fora praticamente como um surto que tive. Decidi isso de uma hora para outra, por isso não havia ficado muito bom e algumas partes ainda dava-se para ver um pouco do azul por baixo.

— Não é tão ruim assim. — Jungkook deu de ombros, olhando a sua volta e sentou-se em minha cama, que por sinal, era tão enorme quanto à dele — a tinta só está falhada em algumas partes, mas não está mal. Posso te ajudar com isso algum dia, se quiser. — ora, por que Jungkook se oferece para meter seu bico onde nem sequer fora chamado?

— E por que logo você me ajudaria com isso? — eu não gostava que ninguém estivesse ali, até mesmo Yoongi. Então, por que deixaria que o Jeon voltasse aqui mais vezes?

Digo, estamos aqui hoje porque esse foi o lugar que ele escolheu, certo? Iríamos transar ali. Era claro, por que o moreno teria escolhido a minha casa se não fosse para sexo?

Tínhamos um acordo, subitamente peguei-me pensando sobre isso e acho que, assim como eu, o pirralho provavelmente quer acabar com ele logo para ser livre outra vez.

— Porque sim, ué. Não é só porque somos praticamente rivais que não podemos nos ajudar em algo... Veja, estamos nos ajudando com sexo. — ele acabou por rir com a fala, puxando meus pulsos e me fez sentar em seu colo.

Estávamos tão sedentos pelo corpo um do outro que iríamos nos ajudar a acabar com isso mais rápido. Fora isso que ele quis dizer.

— Também não precisamos voltar a sermos dois idiotas um com o outro quanto isso acabar... — totalizou, contornando os braços por minha cintura fina.

Impus minhas duas mãos sobre o rosto de Jungkook, segurando-o de forma que seus lumes não desviassem dos meus. 

Eu odiava estar perto de alguém, detestava pegar-me admirando a alguém, mas de uma hora para outra, parece que Jungkook começou a ficar mais bonito. Talvez fosse porque eu tinha desejo dele agora e não o via mais só como alguém idiota e irritante.

Pouco a pouco, nossos narizes de rasparam e finalmente, unificamos nossos lábios, onde em meio ao ósculo que sempre ficava presente, eu desci com meus dígitos até seus ombros e embolava o tecido de suas roupas em meio a eles.

Começamos uma pegação gostosa, me remexia em cima da cintura do menor. As mãos de Jungkook desceram até minhas nádegas, onde ele espalmou-as e dera um aperto forte, fazendo minha carne arder entre seus dedos.

Puxando, chupando e mordendo os lábios finos e afáveis do garoto, deixando que muitos barulhinhos fossem ouvidos pelo quarto, eu me remexia em cima dele, desesperadamente.

— Jiminie… — sua voz rouca chamou-me, deixando uma marca ardida em meu pescoço quando nos separamos ainda ofegantes e em busca de oxigênio. — vamos parar enquanto eu ainda estou em sã consciência. — embora pedisse por arrego, as mãos apertavam minhas nádegas, cravando os dígitos ali como se não quisesse realmente ser afastado de mim.

— Por que? — confuso, perguntei. Afastei meu rosto do menor, já que ainda estava próximo a si dando-lhe alguns selares em seu lábio. — por que parar? Você não veio aqui para isso? — acabei por dar uma reboladinha provocativa em cima de sua virilha, fazendo seu caralho esfregar contra mim.

— Ah! Ruivo! — ele mordeu os lábios, sensível com meus toques. Tive certeza que fora bom quando sua voz saiu quase como um gemido rouco.

Os movimentos que eu fazia nele foi o suficiente para lhe incentivar, era como se ele estivesse sendo masturbado por minha bunda.

— Por favor… — levou os dedos de volta a minha cintura, apertando-a de forma como se a segurasse, tentando me fazer ficar imóvel. — hoje não! — suspirou desejoso, estava quase se deixando levar por meus atos.

Embora eu ainda estivesse um pouco preguiçoso e com o corpo meio mole para sexo, faria com ele se o mesmo quisesse, pois acima de tudo, eu ficaria excitado fácil. Não era difícil de se conseguir que eu ficasse duro. Se Jungkook me deixasse roçar mais um pouco em si, logo estaria daquele jeito.

Mas ele não deixou e o pior de tudo, foi quando puxou minha cintura, me jogando para o lado dele. O garoto me fez cair deitado na cama.

Não havia colocado força para fazer isso, mas inevitavelmente, eu fui obrigado a me sentir chateado. Jeon fez aquilo com pressa, foi sua única opção para conseguir se controlar antes que eu o deixasse mais frágil com meus atos.

— Ok. Você não quer? Por mim tudo bem! — cruzei os braços, virando-me de costas para si, emburrado.

Não ousei tornar a depositar minha atenção nele e, como minha cama ficava encostada a parede, fiquei virado totalmente para ela. Deitado isoladamente no cantinho da mesma.

Quem aquele pirralho pensava que era para me fazer algo assim? Recusou-me uma vez em sua casa, me recusou na festa e está me recusando agora. Fala sério, isso só me faz pensar que ele ainda não foi capaz de superar nosso ódio mútuo.

Digo, eu também não gostava muito do mesmo ainda, mas sabia deixar a raiva de lado para momentos assim. Parece que o Jeon é mesmo um pirralho, no fim das contas.

— Não fica assim, Park... eu só fiz isso porque se não iria acabar não resistindo! — com a voz ainda um pouco agitada pela nossa pegação recente Jeon pediu, ficando por cima de meu corpo e tentou me fazer olhar para si, mas eu neguei e ainda continuei com os braços cruzados — foi sem querer, eu juro.

— Sem querer, Jungkook? O que tem de mais em acabar não resistindo? Nós não fizemos um acordo para transarmos? Não tem problema se você não conseguir se controlar. — afinal, ele não precisava ter cuidados comigo. Ele fez um trato porque quer sexo, não é? 

— Jimin... — meio impaciente, ele chamou-me outra vez, agora, puxando meu corpo com brutalidade, o que me fez ficar de barriga para cima.

Visto que daquela forma eu teria que encará-lo, preferi virar meu rosto, porém Jeon segurou meu maxilar com uma única mão, não me permitindo fugir de seu olhar pesaroso.

— Realmente me decepciona o fato de sempre eu ter que explicar cada coisinha que eu quero fazer para você — suspirou de novo, espreitando os luzeiros para mim — Jimin, desde que fiz esse acordo, é porque eu queria passar mais tempo com você. E não precisamos gastar esse tempo exatamente apenas para fazer sexo… — sua voz calma, me fez relaxar um pouco meus músculos e eu descruzei os braços.

Raramente alguém queria passar tempo perto de mim a não ser para transar. O único com quem eu me reunia para beber e apenas fazer coisas aleatórias, era Yoongi-hyung.

Até mesmo ele, que não era sempre que me queria por perto apenas para sexo, ultimamente estava desejando mais apenas isso.

— Passar tempo comigo, Jungkook? E por que você faria isso? — desconfiado, eu questionei. O que faria ao meu maior rival querer estar perto de mim por outra coisa?

— Você é muito desconfiado, Park. Que merda! Relaxa, não é como se eu quisesse sequestrar você ou roubar sua casa... — acabou deixando um sorrisinho escapar de seus lábios finos e bonitinhos. 

Sim, eu era mesmo desconfiado e tinha motivos para isso. Ora, não é todo dia que alguém vem em minha casa por livre e espontânea vontade e fica aqui, apenas apreciando o momento. 

— Mesmo? — eu sabia que ele falava sério, mas não sei o porquê, acabei por olhá-lo ainda mais desconfiado. Queria irritá-lo.

— Mesmo! — ainda segurando meu maxilar, Jungkook espremeu minhas bochechas, fazendo que um bico formasse nos lábios fartos e ainda vermelhinhos que eu levava.

Abaixou-se mais um pouco e aproximou seu rosto do meu, dando uma leve bitoquinha neles. A cena, que não deveria ser nem mesmo sensual, já que o moreno não queria nada, acabou por se tornar fofa.

Argh, eu odeio coisas fofas, mas essa eu irei deixar passar, porque o beijo do Jeon se tornou algo gostoso ao que seus lábios afáveis se encaixaram nos meus e aprofundamo-los em um ósculo suculento e cheio de vida.

Era uma osculação calma, não tão calorenta e apressada. Até mesmo diria que se parecia a um beijo cheio de romance, aqueles de filmes mesmo, sem outras intenções além de duas bocas famintas se conectando.

— Bem, então... o que deveríamos fazer, já que não será sexo? — eu não era acostumado a estar perto de alguém como Jungkook. 

Estar com ele poderia se tornar tedioso, visto que em minha residência e habitação não tinha muita coisa legal além de um computador no cantinho, uma porta que dava ao banheiro, um guarda-roupa idiota e a imensa cama onde estávamos deitados agora.

Não tinha guitarra, nem mesmo quadros, como o do Jeon. Havia realmente pouca coisa que poderia nos entreter além de nossos celulares.

— Eu não sei... — ele jogou seu corpo para o lado, saindo finalmente de cima de mim. Estava absorto, concentrado em seus próprios pensamentos. — poderíamos jogar conversa fora.

— Tudo bem, mas sobre o que? — eu não tinha muita coisa que gostaria de falar com Jungkook, o assunto que eu conversava com outras pessoas, não poderia ser falado para ele. 

Além do mais, os assuntos de Jeon raramente são interessantes e eu fico entediado com apenas ouvi-lo.

— Sobre a faculdade, ou qualquer coisa que seja.. — “chatooo”. Era tudo que ressoava em minha mente.

Não tinha pior assunto do que a faculdade, mas eu não me importaria em deixá-lo falar por horas sobre aquilo fingindo prestar atenção. Isso só o faria parecer ainda mais um palhaço e seria engraçado.

— Começamos por algo muito importante, diabinho. Está claro até mesmo para quem não possa ver que você não tem interesse algum no que está cursando. Por quê? — ah não, tudo menos interrogações sobre essas coisas. Odeio levar sermões sobre isso e provavelmente Jungkook não seria diferente.

Certamente ele me consideraria um idiota ao saber que eu estou sendo forçado a cursar algo que eu detesto. Mas mesmo assim, não acho que a opinião dele seja tão importante. De qualquer forma, não muito interessado no assunto, eu o responderia com sinceridade.

— Porque eu detesto engenharia civil! — suspirei, apoiando minhas palmas sobre o acolchoado para me levantar e fiquei sentado, com as pernas dobradas e encarando ao mais novo.

— E por que continua cursando?

— Porque eu não posso simplesmente recusar… — acabei por deixar outro suspiro escapar por meus lábios, agora, ciciando para ele minhas palavras. 

Aquilo não era um suspirar qualquer, eu estava me subjugando quando o disse. Eu queria mais que tudo largar a faculdade, mas não era tão fácil assim.

— E por que não? Veja bem, eu não quero ter você longe de mim e deixar de te ver na faculdade seria péssimo, mas... você não consegue fazer outro curso a não ser engenharia? — Jungkook ficou sentado também, olhando bem no fundo dos meus lumes. 

Seu olhar era sincero, estava realmente curioso sobre aquilo e não estava me perguntando sobre apenas para me julgar, assim como eu pensava que seria. 

— Jimin, eu estou sendo sincero com você, pode confiar em mim. Não é ruim falar sobre as coisas que nos perturbam às vezes.

O que esse pirralho queria? Eu trago-o a minha casa e ele já vem achando que está cheio de intimidade? 

Jungkook não era um deus ao qual se eu clamasse por compadecimento iria atender-me e me ajudar. Meus problemas eram tão engraçados que nem eu mesmo poderia consertá-los. Todavia, porque não sei onde está a imperfeição que há em mim.

— O meu padrasto, minha mãe e meu pai querem que eu continue... — outro suspirar, agora mais alto. — é o meu padrasto quem paga a mensalidade, e foi ele quem escolheu isso para mim. — sim, quando mais novo, lembro-me que esses não eram meus projetos.

— Você não consegue pegar o dinheiro e ao contrário de pagar para o curso de engenharia, ingressar em outro? — Jungkook, com um sorriso penoso e apoiando-se em suas palmas, se colocou perto de mim. 

Com um toque suave, ele impôs suas mãos em minha perna, passeando-a por ali com cuidado, como se quisesse me transmitir conforto.

— Não! Ele não dá o dinheiro na minha mão para que eu pague! — observando os atos do moreno, relaxei um pouco minha musculatura sobre o acolchoado, deixando a tensão de lado — ele deposita ou vai até a escola, ele mesmo é quem faz questão de pagar. Com isso, ele confere quantas faltas eu tenho e se estou realmente indo. Já brigamos muito porque os números de faltas chegam a ser maiores do que os em que estou presente.

Algumas cenas de discussões com ele e minha mãe passaram por minha cabeça, onde o homem dizia que eu era muito irresponsável. Falava coisas como: “você deve levar sua juventude a sério, ou no futuro terá problemas sobre isso”.

— Que droga! — bufou, cruzando os braços. 

É, no fim, eu não esperava que Jungkook dissesse menos ou mais que isso. A coisa era uma merda mesmo, mas não para tanto. 

— É, é um saco mesmo, mas eu estou bem com isso. Não dou a mínima para o que ele diz, desde o dia em que ele decidiu colocar seus planos a frente dos meus. — ri perverso, olhando nos olhos do garoto que agora, parecia ter pegado minha tensão para si — no fim, eu não ligo e continuo faltando o tanto de vezes que eu quero. 

— Sim, Jimin… eu entendo o seu lado, mas o seu padrasto tem um ponto. — o moreno passou a mão por sua nuca. 

Quando me viu olhá-lo com os olhos em sinal de surpresa e com raiva, por ele ter dito aquilo na minha cara e apoiado minha família de merda, Jungkook acabou por dar um sorriso sem graça e repensou sua fala.

— Eu não acho justo que você continue cursando algo que não goste, mas... Sobre seu futuro, estou preocupado. — Queria que você pudesse seguir seus sonhos e realizá-los... Porque quanto antes você se formar na profissão que escolheu exercer, seria melhor. — outro suspiro veio de sua parte e ele voltou a tocar-me, agora, os ombros tensos — seu padrasto não percebe que com isso só está perdendo tempo e jogando dinheiro fora? Ele está fazendo você desperdiçar sua juventude ainda mais com algo que não te agrada.

Depois da chuva de palavras do Jeon, eu entendi o que ele queria dizer e isso, era o que me preocupava sempre.

Pai e mãe não são eternos e eu não quero viver nesse inferno com eles todos os dias. Eu precisava cursar algo que eu realmente queira, encontrar um trabalho digno e sair dessa casa.

Eu sei que tenho dinheiro o suficiente para gastar em bobagens, mas sei que não posso sobreviver com isso. Esse dinheiro só me sobra no fim de cada mês porque eu não tenho que realmente ajudar com contas em casa.

Para me bancar sozinho seria preciso muito mais que isso. 

— Sim, eu já tentei explicar a ele sobre isso. Mas você sabe como os velhos de hoje em dia são, não é? Fingem-se de surdos quando percebem que estão perdendo na argumentação. — dei de ombros e fechei os olhos, com um sorriso sínico e ao mesmo tempo pleno, preso em meus lábios grossos.

— Que porra… — o garoto lançou o celular contra o colchão, que bateu no mesmo e acabou por cair em cima de minhas pernas, pela força depositada ao fazer tal ato.

O que? Por que ele estava tão zangadinho assim do nada? O que eu fiz?

— Ei, não tem motivos para você ficar assim. — revirei os olhos, segurando seu celular para ver se tudo estava correto. 

Do jeito que esse merda é, seria bem provável que ele queira me fazer pagar por qualquer estrago que fosse apenas porque o aparelho caiu em meu colo. Por sorte, estávamos em cima da cama  e nada de errado aconteceu.

— Claro que tem, foguinho. O seu padrasto parece ser um bosta e é meio estranho pensar que não tem nada que nós podemos fazer para mudar isso.. — “podemos”. Hm, olha o pirralho de novo querendo dar uma de íntimo comigo.

— Ok, mas isso não é motivo, Jeon. O problema é meu, você não deveria gastar seu tempo com ele. — eu não estava sendo grosso com o rapaz, dizia aquilo tudo com calma e plenitude. 

Apenas não entendia o porquê de ele parecer tão abalado quando isso não afetava em nada em sua vidinha de merda.

— Eu me preocupo com você, Park. Apesar de sermos inimigos um do outro, é o seu futuro quem corre perigo. — suspirei com suas palavras. Era tedioso o assunto; Jungkook tinha razão, mas não há nada que se possa fazer quanto a isso.

— Tanto faz. — dei de ombros, rolando os olhos para cima, e encarei sua face bonita.

Os lábios finos, os lumes escuros e os cabelos recém tingidos. Tudo em Jeon Jungkook, de uma hora para outra, quando o sol entrou pela fenestra de meu quarto e bateu em seu rosto, pareceu perfeito. Tudo nele era bonito.

Comecei a pensar sobre isso do nada, já fazia alguns dias desde que eu considerava-lhe um feioso e bem, olha pra mim agora.

Ainda sem tirar minha atenção de seus lábios e da pintinha embaixo deles, eu suspirei. 

Queria-o.

— Jungkookie... — chamei baixinho, me achegando mais a si e encostando minha cabeleira ruiva em seu ombro esquerdo. Adorava provocá-lo.

— O que? — e Jeon, por outro lado, fez tudo o que eu mais queria. Que era virar seu rosto para mim, olhando-me atento.

— Me beija... — eu precisava de seus lábios nos meus. Gostava de distrair-me e esquecer os meus problemas fazendo coisas perigosas como sexo e beber. Agora, eu queria beijá-lo para esquecer todo aquele assunto.

Jeon, sem responder mais nada, unificou seus lábios aos meus. Em um osculo um pouco incompreensível, pois agora, estávamos em posições confusas e que dificultavam ao nosso beijo. Mas mesmo assim, era bom.

Era calmo, gostoso e tudo que podíamos ouvir eram os barulhos molhados e melosos de nossas bocas. Realmente, uma delícia, eu diria.

— Continua —