Domingo - 11:00 da manhã - Oliver:
Olhei pra baixo vendo meus pés descalços e cinzentos, minhas mãos tremiam e eu sentia como se fosse ter um ataque a qualquer momento.
Aquele cenário... um topo de prédio tão alto que não se podia ver o chão, um frio terrível, tudo aquilo era muito familiar.
Comecei a andar lentamente até a ponta, onde uma neblina densa fazia minha visão ficar cada vez pior... Em um determinado momento eu não conseguia ver a poucos metros a frente.
Então, como se estivesse mais familiar e real, vi uma silhueta escura, que parecia estar em pé bem na ponta do prédio, quase como se fosse se jogar.
Comecei a correr em sua direção, sem pensar duas vezes, com medo dele se jogar... Eu sentia, de alguma maneira, que era alguém conhecido e precisava de ajuda a qualquer custo. Comecei a chegar perto e desacelerei meus passos.
- Ei! O que você tá fazendo? - Perguntei me esforçando pra ver mais a frente. Não houve resposta. - Quem é você?
Parei por alguns instantes e respirei fundo, tentando pensar no que fazer, me sentindo cada vez mais desesperado. Consegui vê-lo virando pra trás lentamente, porém a neblina não me deixava ver quem era, apenas conseguir ver dois olhos amarelos brilhantes no meio de toda aquela fumaça. De repente, como se tudo estivesse acontecendo lentamente, a silhueta se jogou com os braços abertos. Novamente sem pensar duas vezes, me joguei junto, sentindo o vento gelado bater no meu rosto e uma pontada no peito como se algo estivesse me furando.
E então acordei com batidas fortes na porta, os cabelos grudados na testa pelo suor, as cortinas fechadas deixando o quarto escuro e quente.
- O que foi? - Perguntei esfregando os olhos.
- Você está atrasado. Vamos começar a organizar tudo daqui a pouco. - Minha irmã, Lisa, disse sem abrir a porta.
- Eu já disse que não vou. - Falei resmungando e voltando a me deitar, lembrando daquele sonho repetitivo. A porta se abriu e agora quem falava era minha mãe.
- Tudo bem, mas pelo menos vai dar um "oi" para os professores e para o pessoas da organização. - Ela falou me olhando com um olhar de "por favor".
Aqueles festivais de estação eram muito chatos, tinham desde que eu era pequeno, todos iam e minha família gostava muito de organizar tudo. Esse ano o festival de verão era na minha escola, e tudo já estava arrumado para de noite. Tinham barracas de comida, apresentações, essas coisas.
- Tudo bem, mais tarde eu passo lá. - Respondi, pegando meu celular e verificando a hora. Minha mãe se despediu e saiu, dizendo que o almoço estava pronto, e ela e a Lisa iam pra escola.
Já estava tarde e eu estava sem um pingo de ânimo pra levantar, apenas fiquei usando o celular. Algumas mensagens da Aileen perguntando se eu ia ao festival, o Adam falando sobre trabalhos da escola e uma do Andrew. Não abri nenhuma, apenas coloquei o celular de volta na pequena cômoda ao lado da cama e voltei a deitar, mas agora não tinha mais sono ou vontade dormir, fiquei com os olhos abertos pensando.
Aquele sonho... era a terceira vez que aquilo aparecia na minha cabeça, e eu nunca conseguia ver quem era o homem na ponta daquele prédio... quem poderia ter olhos tão amarelos e brilhantes, tão aceso que dava pra ver no meio de uma neblina tão densa?
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