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História Lasting Lovers - Hinny - You Deserve Better



Notas do Autor


Nikoly: Olá, pessoal! Como vão?

Mais um capítulo dessa fic lindinha! Eu confesso que estou amando ver as "reações" e a aceitação de vocês com nossos personagens!

Mas enfimmmm! Boa leitura, espero que gostem 🥰❤️

Kelly: Oiee!! Vou anexar aqui a lista para quem quer arrancar a linda cabecinha do Harry kkkkkkkkk tô brincando, mas da vontade kkkkkk beijos nenês e boa leitura ♥️

Luma: Oi bebês! Hoje vocês vão descobrir a primeira das nossas "travessuras" nessa fic. Mas essa é meio que uma travessura do bem, não se preocupem hehehe. Aproveitem!

Capítulo 5 - You Deserve Better


Duas da manhã.

Acordei para mais uma sessão de vômito.

Me levantei do chão, fraca, os joelhos vermelhos por terem me mantido ao lado do sanitário pelos últimos dez minutos. Apoiei na pia e deixei a água correr pelo ralo alguns segundos antes de lavar o suor frio do rosto.

Agora já estava acostumada aos enjoos, mas isso não os tornava menos desagradáveis. Voltei para a cama, mas sabia que não conseguiria dormir.

Em algumas horas iria à primeira consulta do pré-natal, que para meu desespero contaria com a presença do pai da criança.

Evitava pensar no nome de Harry. A lembrança do último encontro ainda me magoava, por mais que ele tivesse ligado pedindo perdão pelo que havia dito no calor do momento.

É claro que ele se assustaria com a notícia. Mas e eu? Será que ele não pensava que eu tinha me assustado também? Claro, eu tinha vacilado ao esquecer de tomar o remédio, porém, ele também não podia ter comprado uma porra de preservativo melhor?

Soltei um bufo e me pus a andar pelo quarto, como havia feito nos primeiros dias após minha descoberta. Inconscientemente, pus a mão na barriga.

– Bebê, você é fofo, mas está virando a vida da mamãe do avesso, hein?

O enjoo era seguido da fome descomunal. Pé ante pé então fui para a cozinha, fazendo o mínimo de barulho possível.

– Não sei se isso é hora de me fazer comer... Vamos só fazer um lanchinho rápido e voltar para cama, pra não acordar tia Luna, e aí você vai me deixar dormir, combinados?

Balancei a cabeça rindo, pensando se ele ou ela realmente me escutava. Intimamente, eu esperava que não. Do contrário, devia estar com uma péssima impressão minha.

Dois minutos depois de ligar a luz, Luna apareceu na cozinha.

– Olha, não sou a única com fome, pelo jeito – Luna se sentou na mesa, rindo, enquanto eu tirava a comida da geladeira.

– Meu bebê está com fome. Por mim eu teria esperado amanhecer para comer, mas o danadinho não deixou.

Luna me olhou com tanto carinho que me emocionei.

– Para de me olhar assim, poxa! Vai me fazer chorar! – disse já com os olhos úmidos.

Ela pegou minha mão por cima da mesa, e apertou.

– Só estou imaginando como você vai ser uma ótima mãe.

Eu olhei para ela, rindo incredulamente.

– Amiga, queria ter em mim a metade da fé que você e Scor têm. Por mais que já tenha aceitado a gestação continuo a achar que vai ser um desastre quando a criança nascer.

Luna me olhou impaciente, rolando os olhos.

– Do que exatamente tem tanto medo, Gina?

Respirei fundo, colocando em palavras o que me atormentava desde que vi o palito ficar azul.

– Eu não sei nada sobre ser mãe e não tenho uma para perguntar.  A quem eu vou pedir socorro?  Papai quem me criou, que me deu um absorvente quando fiquei menstruada, mas ele também já morreu. Ron terminou de me educar, mas tampouco sabe trocar uma fralda... Era Hermione quem fazia tudo quando Rose nasceu.  Então saber que dentro de oito meses, ou menos, eu vou ter que criar uma criança me apavora. Entende?

Luna fez que sim, me olhando tão profundamente que quis desviar o rosto.

– Você seria maluca se não se apavorasse. Só não pense que estará sozinha nessa.

– Eu sei que estão comigo, e isso que me acalenta.

Luna deu uma risadinha.

– E como está o coração, para fazer o primeiro ultrassom do bebê?

– Ah, Luna, agoniada. Tenho medo de descobrir que meu bebê tem algum problema. E se tiver eu vou morrer de culpa, por não ter desejado esse filho no começo. Nunca quis o mal do meu filho, é claro, só estava com medo demais do que vai acontecer quando nascer!

– Você o deseja agora, e isso fará toda a diferença – Luna balançou a cabeça, em negação.

Não respondi, cruzando os dedos.

Uma vez que desabafei, ataquei os biscoitos e o queijo à minha frente, juntamente com Luna.

O dia já clareava quando saímos da cozinha, e por incrível que pareça, nenhuma de nós estava com sono. Apenas tomei um banho e me vesti, tentando acreditar que a ansiedade em mim era apenas pela consulta.

– Amiga, falta quinze para as oito. Harry vai estar aqui a qualquer minuto para te buscar. Eu tenho que ir para o escritório, mas meu coração está aqui com você, viu? Boa sorte na consulta.

– Obrigada, Luna – eu abracei apertado aquela maluquinha. Como eu a amava...

Não deu outra. Mal Luna girou a chave na fechadura para sair, a campainha tocou.

Sem perceber, me detive uns segundos no espelho da sala, arrumando uns fios rebeldes antes de abrir.

E uau...

Harry Potter estava na minha frente, um tanto constrangido, mas impecavelmente atraente. O cabelo longo estava preso em seu habitual estilo samurai, o rosto quadrado exibia apenas a sombra da barba e do bigode, e os lábios grossos estavam comprimidos numa linha fina, a visão me levando de volta à noite memorável em que nos conhecemos... Que eventualmente foi a mesma noite que fizemos o mini humano que eu estava prestes a conhecer.

Suspirei e pedi que me esperasse na sala, enquanto pegava minha bolsa.

Desejando que meu bebê nascesse com parte daquela beleza, murmurei constrangida para ele:

– Podemos ir agora, Harry.

Caminhamos em silêncio até o carro dele. Pensei ter visto uma sombra de um sorriso no olhar do filho da mãe ao abrir a porta para mim.  Agradeci de má vontade, e coloquei o cinto.

– Você está se sentindo bem, garota? – ele me perguntou ao sair com o carro.

– Sim. Meu bebê me faz acordar de madrugada às vezes, com os enjoos, mas estamos nos dando bem – disse distraída, olhando pela janela.

– Nosso.

– Como? – olhei para ele.

– Nosso bebê.

A frase mexeu comigo.

Era estranha a ideia de ter um elo eterno como um filho com um cara muito mais velho, com quem não tinha sequer intimidade.

Não que eu preferisse não ter contado. Mas de alguma maneira a situação era incômoda, e o silêncio que se instalara era só mais uma prova disso.

– Ainda está aborrecida por eu ter te chamado de pirralha?

A simples menção do apelido fez meu sangue ferver.

– Me chame disso mais uma vez e pulo desse carro em movimento. Como se sentiria se te chamasse de moleque?

Ele riu pelo nariz e não falou mais nada.

Eu ainda estava furiosa, mas como ainda faltava um longo caminho até a clínica obstétrica, resolvi puxar assunto.

Perguntei sobre o trabalho dele, e ele sobre o meu. Embora não tivesse havido risadas e descontração, ao menos foi uma conversa civilizada, que foi interrompida pela chegada à clínica.

– Chegamos.

Eu desci do carro sorridente. A falação toda no caminho tinha me tranquilizado, e pela primeira vez eu me senti feliz por estar grávida ao pensar que ouviria aquele coração que batia dentro do meu ventre.

Uma lágrima escorreu, e eu limpei rapidamente ao sentir os olhos de Harry em mim.

Num ato um tanto protetor, senti ele colocar a mão nos meus ombros e guiar à recepção.

– Nome da paciente, por favor.

– Ginevra Weasley – disse um tanto constrangida e percebi quando Harry me olhou entretido ao descobrir meu nome.

A moça sorriu docemente ao jogar o nome no sistema.

– Documentos, por favor.

Eu entreguei e ela passou dois minutos digitando. E quando se voltou para nós, não podia estar mais sorridente.

– Primeira consulta?

Eu anuí.

– Estou certa em presumir que você seja o pai? – ela se voltou para Harry e ele assentiu.

– Parabéns, papais. Vocês podem se sentar e aguardar, a consulta é em quinze minutos.

Nós dois então fomos até um dos sofás, corados, e cada um imerso em seus próprios pensamentos.

Os quinze minutos pareceram quinze segundos.

– Ginevra Weasley – o doutor chamou, e eu senti um frio na barriga. Meu coração disparou, e eu parecia congelada até Harry pegar minha mão.

Me obriguei a levantar então, evitando olhar para ele.

– Bom dia. Fiquem à vontade por favor.

Um consultório claro e elegante apareceu para nós. Me sentei, Harry a meu lado meio sem saber o que fazer, e o médico se sentou de frente para nós.

– Senhorita Weasley, essa é sua primeira consulta de pré-natal. E nesse primeiro momento é fundamental que eu faça uma série de perguntas sobre a senhorita, a sua família, e a família dele – ele concluiu olhando para Harry.

O nosso desconforto foi visível para o médico, por que ele falou a seguir:

– Perdoem a intromissão. Mas os senhores não são casados, certo?

Eu e Harry balançamos negativamente a cabeça de leve.

– A gestação foi planejada?

– Não – ele disse com firmeza antes mesmo que eu pudesse abrir a boca.

– Não. A camisinha estourou justo no dia que eu havia esquecido de tomar a pílula. Foi um acaso – expliquei.

O médico assentiu.

– E como foi para a senhorita a aceitação dessa gestação acidental?

Suspirei fundo antes de responder.

– No começo foi muito difícil. Estava muito assustada, me sentindo sozinha. Mas estou amparada por ele e pelos meus amigos, então já estou confiante.

O médico sorriu para mim.

– Isso é excelente. Gostaria de parabenizá-lo, Sr. Potter, por acompanhar a mãe do seu filho. A gestação é um processo longo e seu apoio será fundamental no processo. Esperada ou não, a gestação e o nascimento serão um momento único para os dois.

Nós dois balançamos a cabeça, concordando.

– Muito bem, então. Senhorita Weasley, qual a data da sua última menstruação?

Eu o informei, e ele fez os cálculos.

– Ok, então está com cerca cinco semanas. Vamos confirmar daqui a pouco com o ultrassom.

Ele continuou a maratona de perguntas para nós dois, pediu uma bateria de exames, olhou minha pressão e auscultou o meu coração. E então, o meu coração voltou a disparar quando ele me pediu para tirar a roupa e vestir o avental para fazer o ultrassom.

Olhei para Harry enquanto ia para o vestuário, e fiquei satisfeita em ver que ele estava nervoso. Uma gota de suor descia lentamente pela sua testa. Para um homem solteiro da idade dele, que não queria ter filhos, a ideia de assistir ao primeiro ultrassom não devia ser nada fácil.

Me deitei na maca, e Harry sentou ao meu lado, com as mãos cruzadas atrás da cabeça para despistar o nervosismo dele.

– Prontos? – o médico ergueu a sobrancelha, divertido, vendo nossos rostos aflitos.

– Não – respondemos juntos, e acabamos os três rindo.

– Muito bem. Com licença, senhorita Weasley.

O médico posicionou minhas pernas e introduziu o aparelho na minha vagina com uma mão, enquanto a outra mexia na tela.

A tela estava virada para nós, de maneira que pudemos ver quando um emaranhado de imagens pretas, brancas e cinzas surgiu na tela. O médico abriu e fechou a boca um par de vezes.

– Doutor, está tudo bem?

Ele fez que sim.

– Só um momento, vou trocar a sonda.

Ele tirou a sonda de dentro de mim, trocou por uma outra de formato diferente e, dessa vez a colocou sobre a minha barriga, o gel gelado me dando arrepios.

Novamente a boca dele se abriu e fechou, e ele olhou para nós.

– E então? – insisti angustiada. – Sua feição está me preocupando.

– Desculpe – ele sorriu suavemente. – Respondendo a sua pergunta: está tudo bem os bebês. Vocês serão pais de gêmeos. Meus parabéns.

Harry escorregou do banco direto para o chão, e eu cobri o rosto com as mãos.

Se tornou difícil respirar.

Meu coração devia estar mais rápido que um carro de Fórmula 1, e meus olhos marejados piscavam para absorver a notícia.

– Srta. Weasley, Sr. Potter, sei que deve ser um choque e tanto para vocês, mas tentem se acalmar, sim?

Eu assenti, e um Harry trêmulo voltou a se sentar no banquinho.

– Vamos ouvir ainda esses velozes coraçõezinhos.

Com a sonda à direita da minha barriga, um som de galope me assustou, e então encheu meu coração de amor e meus olhos de lágrimas.

Olhei para Harry, e instantaneamente nós dois sorrimos. E eu posso jurar que vi os olhos dele brilhando também.

Ele posicionou a sonda à minha esquerda, e novamente um som forte foi ouvido. Mas dessa vez já estava preparada. Fiquei olhando para a tela, suspirando de amor ao ver aqueles dois pontinhos brancos abrigados dentro de mim.

– Aparentemente são dois óvulos fecundados. Não serão idênticos.

– Mas serão identicamente amados – eu brinquei, e o médico sorriu para mim.

Ele me limpou e me autorizou vestir novamente.

Ele concluiu me dando algumas informações extras a respeito do que devia mudar com a gestação gemelar, e saímos do consultório sobrecarregados de informações, uma bagunça de sentimentos, e os olhos transbordando o amor que não cabia nos nossos corações.

Sim, embora se esforçasse para ficar firme, Harry também parecia emocionado com a recente notícia, o que me fez pensar que apesar da frieza que ele parecia ter, esses bebês já o haviam tocado, assim como havia acontecido comigo.

O silêncio durou a maior parte da viagem. Mal trocamos duas palavras desde que saímos do consultório, e mesmo assim sobre assuntos aleatórios.

– Bem, agora que são dois bebês vamos nos ver com uma frequência ainda maior – ele disse baixinho, ao estacionar na frente da minha casa. – Eu faço questão de acompanhar de perto. Podemos nos encontrar de vez em quando para conversar, se não tiver objeções – ele disse com um olhar meio perdido.

– Claro, será ótimo. Nos vemos em breve – dei um leve sorriso e entrei em casa.

Joguei minha bolsa no sofá, sentindo o estado de estupor em cada pedaço da minha consciência.

– Dois bebês, meu Deus...

E sem entender bem o motivo, um pânico se instalou no meu peito, me deixando desesperada outra vez. Cobri meu rosto com as mãos e chorei tudo que tinha de lágrimas.

Não que eu estivesse triste com a notícia. Estava em choque, sem condições de definir o que sentia. Uma onda de incertezas me rasgava como punhais. Ao mesmo tempo em que sorria imaginando uma infinidade de roupinhas coloridas, me batia a insegurança de não saber como faria para amamentar duas crianças chorando ao mesmo tempo no meio da noite, o pânico do que enfrentaria no parto, ou mesmo de não saber se minhas condições financeiras seriam adequadas para cuidar de dois bebês. Eu sabia que Harry tinha dinheiro, mas obviamente não aceitaria tudo dele, eu tinha meu orgulho. Dois bebês significavam tudo em dobro e, se antes eu já me sentia perdida, agora que eu já não sabia de nada que iria acontecer.

Eu costumava planejar a minha vida para ter a ilusão de controlar o meu futuro. Agora, a vida havia arrancado isso de mim, sem anestesia. A incerteza agora era uma constante. A única certeza que se apossara de mim é que já amava aqueles dois pequenos dentro de mim, independente dos desafios que isso iria impor à minha vida. Ouvir aqueles minúsculos corações batendo havia mexido comigo mais do que seria capaz de imaginar. O sorriso imediatamente veio ao meu rosto.

E então, parei de sorrir ao me lembrar de Harry, emocionado ao entrar no carro para me trazer em casa, e interessado em manter uma convivência no mínimo agradável comigo, pelo bem dos nossos filhos.

Suspirei, pensando no quão estranho era tudo isso. Eu havia gerado meus bebês com um homem doze anos mais velho, me chamava de pirralha, que não estava apaixonado por mim nem eu por ele. De barman gostoso a pai dos meus filhos em pouco menos de dois meses.

Sacudi a cabeça para parar de pensar em Harry.

Era quase hora do almoço, e Luna certamente viria para casa, para saber como havia sido o ultrassom. Eu ri de nervoso.

Como contaria isso para meus amigos? Como explicar que ao invés de um seriam dois bebês a acordando de madrugada?

De repente o pânico me invadiu.

– E se Luna não me quiser mais morando com ela?!

Eu comecei a andar pela cozinha, nervosa, tentando pensar no que fazer caso Luna achasse inconveniente demais duas crianças pequenas na nossa casa. Mas não houve tempo de pensar muito, pois logo ouvi a fechadura girar e Luna correr até mim.

– Aí amiga, eu não via a hora do intervalo do almoço chegar logo para saber de tudo! – ela me disse animada, abrindo a geladeira à procura do seu almoço.

Eu comecei a rir de nervoso, depois a chorar. Luna desviou o olhar para mim, confusa.

– Gina, que está acontecendo? Tem algo errado com meu sobrinho, é isso?

Quando consegui parar de chorar, pedi para ela se sentar ou cairia no chão com o que tinha para contar.

– Ok, estou sentada. Anda logo com isso, que já estou nervosa! Como está esse bebezinho fofo?

– Aí que está. Não é um bebezinho fofo, mas dois.

Luna me olhou com vontade de rir, entretanto, ao ver que eu me mantinha séria, ela simplesmente cobriu a boca com as mãos e se levantou emocionada para me abraçar apertado. Então, ela me soltou brevemente, me olhando nos olhos.

– Vou ser tia de dois? De uma vez só?

Eu balancei a cabeça, rindo.

– Minha nossa, Gina. Isso vai ser tão divertido! – ela deu um gritinho empolgado, antes de passar a mão na minha barriga e sussurrar:

– Ei, pequenos! Tia Luna não vê a hora de conhecer vocês.

Ali não pude segurar as lágrimas de gratidão à minha melhor amiga.

– Ah, Luna, estou tão assustada! – disse entre lágrimas.

– Eu imagino, querida. Mas não se preocupe, você não está sozinha – ela disse, enxugando as próprias lágrimas, e começando a esquentar a comida.

Enquanto almoçávamos contei em detalhes minhas conversas com Harry e a reação dele ao saber dos gêmeos.

– Amiga, vai ser bom para vocês essa aproximação. Vocês vão ter dois filhos juntos, e se não forem pelo menos amigos, vai ficar muito difícil a criação das crianças.

Eu suspirei, cansada, sabendo que minha amiga estava certa.

– Eu sei, Luna. Mas ele é sempre tão fechado, vai ser difícil conversar.

Luna engoliu o que estava mastigando, e deu um gole no suco antes de segurar minha mão por cima da mesa.

– Não sei de muita coisa, mas Scor me disse que ele tem um passado difícil. Porém, me disse também que ele é uma pessoa maravilhosa depois que o conhece. Só converse com ele, sem mencionar passado, e quem sabe vocês vão gerando uma confiança mútua.

– Tomara.

 

*

*

*

 

Mais uma consulta de pré-natal tinha passado e eu me surpreendia ao ver como Harry estava se envolvendo, ele comparecia a todas as consultas, fazia perguntas ao médico, e não parava de me mandar mensagens perguntando se estava bem, se precisava de alguma coisa.

Aquele dia não havia sido diferente, e ele divertiu eu e o médico com a ansiedade em saber o sexo dos bebês. Agora com três meses de gestação, minha barriga começava a crescer um pouquinho, e dali a duas semanas eu e Harry finalmente teríamos essa resposta.

Mas não apenas o entusiasmo de Harry havia mudado naquelas quatro semanas. Os meus sentimentos por ele também.

A consulta havia sido perto do almoço, então ele havia sugerido almoçar em um lugar que ele conhecia. Sorri timidamente e concordei, ignorando o disparo nos meus batimentos cardíacos quando Harry era minimamente legal comigo, como nos momentos que ele abria a porta para eu passar ou segurava minha mão para subir em seu carro.

Ele só está sendo gentil, não seja idiota Gina, eu repetia como um mantra enquanto ele me conduzia para dentro, puxando a cadeira para eu sentar.

Fizemos nossos pedidos, e continuamos conversando banalidades como havíamos feito no caminho. Aquele constrangimento da primeira consulta havia sido esquecido, e eu já conversava com ele com a mesma tranquilidade que conversava com Luna.

Descobri que ela estava certa, até certo ponto. Aos poucos Harry e eu fomos nos habituando um ao outro e criando um tipo de laço engraçado. A gente sempre falava do trabalho, do dia a dia e dos bebês. Contudo, o assunto família era algo nunca abordado por nós. Ele nunca havia me perguntado sobre meus pais, se eu tinha irmãos ou algo assim e, com isso, eu não me sentia à vontade de perguntar sobre ele. Embora morresse de curiosidade.

Nessas poucas semanas convivendo, eu parecia estar tão habituada a ele... contudo, eu sabia que não podia. Eu precisava me controlar. Só era difícil... era difícil demais me controlar quando ele parecia tão sincero, rindo e fazendo piadas. Quando ele era tão malditamente bonito e atraente.

Aqueles olhos verdes se estreitavam enquanto ele ria do caso que eu havia lhe contado, sem perceber o efeito que a risada dele provocava em mim.

Entupida de hormônios, me sentia atraída por ele novamente. Eu me perdi olhando os dentes brancos dele, e céus, me senti completamente nas nuvens quando ele, involuntariamente, mexia no cabelo comprido. Um toque dele e sua voz grave, porém, me trouxeram de volta para a realidade.

– Ei, Gina, você está bem? – ele disse gentilmente, segurando minha mão por cima da mesa.

– S-sim, desculpe, só me distrai – eu sorri e ele assentiu, sorrindo também.

– O que dizia mesmo?

Me esforcei para concentrar na conversa, mas era tarde demais. O toque dele sobre minha pele foi o suficiente para incendiar meu corpo, e flashs da nossa única noite vieram à minha mente.

Minha respiração estava se tornando difícil. Eu precisava me acalmar de um jeito ou de outro.

– Com licença, Harry. Vou ao banheiro, um minuto.

Ele balançou a cabeça afirmativamente e eu me levantei.

Mas quando fiz isso, senti o mundo girar e os braços ágeis de Harry me segurarem pouco antes de eu tombar.

Sussurrei seu nome, e tudo escureceu.

 

*

*

*

               

Harry

 

Eu sempre fui um homem que fugia de hospitais, pois eles me lembravam que provavelmente em um deles meus pais passaram seus últimos minutos de vida enquanto eu era entregue aos Dursleys.

Entretanto, lá estava eu, agoniado em uma sala de espera.

Eu e Gina estávamos tendo uma tarde excelente. Demos muitas risadas contando um ao outro os apertos no trabalho enquanto ela devorava uma torta de carne. Bem que Draco reclamava na gravidez da Astoria que a mulher não parecia abrigar um buraco negro. Agora eu entendia o que ele queria dizer.

Em dado momento ela parecia distante, e ela disse que tinha se distraído e que precisava ir ao banheiro. Eu assenti, e foi então que vi a cor sumir do seu rosto quando se levantou, e fui rápido o bastante para entender que ela estava desmaiando.

Ao ver ela ali, desacordada nos meus braços, eu me desesperei. Gritei por ajuda, e enquanto meu coração surrava as costelas, entendi que todo aquele sentimento de proteção que tinha em relação a ela todas as vezes que nos víamos não era simplesmente por se tratar da mãe dos meus filhos. Eu estava cada vez mais atraído por ela.

E droga, logo agora que estávamos nos entendendo como amigos... Eu não podia permitir que meu desejo de tê-la nos meus braços de novo nos atrapalhasse. Eu não sou um homem bom o suficiente, nem jovem o suficiente para ela.

Além do mais, era difícil não me sentir atraído por aquela garota. Ela era tão atraente e tinha uma boca tão petulante. Mas, não era justo com nenhum de nós. Eu teria que sufocar minha atração por ela de qualquer maneira, pelo bem da nossa convivência e, principalmente, dos dois bebês.

Eu estava mais que agoniado com aquela espera infernal. Médicos e enfermeiros passavam, mas nenhum com notícias da pirralha. Sem saber muito o que fazer nesses momentos, liguei para Scorpius, que imediatamente disse que estava a caminho, no entanto, ainda não havia nem sinal dele.

– Tio! – gritou uma voz atrás de mim e eu vi ele se aproximar, junto com a amiga maluca da Gina.

– Nada de notícias? – A menina me perguntou, séria. Dava para ver que não gostava de mim, e que nem tinha me perdoado pela grosseria do nosso último encontro.

Eu fiz que não com a cabeça, e ela suspirou, se sentando em um dos bancos. Scor apenas me deu um tapinha nas costas em solidariedade e se sentou também, em absoluto silêncio.

– Família de Ginevra Weasley?

– Aqui, doutor – me pus de pé imediatamente – Como ela está? E os bebês?

– Tudo bem com os três – o médico disse sorrindo. – Aparentemente foi uma queda de pressão, comum nesse período da gravidez. Mas estamos aproveitando para colher os exames de sangue.

Eu, Scor e a garota suspiramos aliviados.

– Muito Obrigado, Dr. Parker. Podemos vê-la?

– Podem. Só vou pedir que ela passe a noite em observação aqui. Amanhã às oito da manhã o senhor já pode vir buscar sua esposa.

Senti minhas bochechas esquentarem, mas não me ocorreu explicar a história toda ao médico, pois demandaria tempo e um constrangimento desnecessário.

Deixei que Luna e Scor entrassem primeiro, saíssem e só então entrei.

– Oi – eu puxei uma cadeira para o lado da cama, e segurei a mão dela.

Ela apertou minha mão em resposta e sorriu.

Ela parecia tão frágil. Por algum motivo, um instinto dentro de mim, queria segurá-la até que ela estivesse devidamente segura. Ignorei-o.

– Você precisa parar de me dar esses sustos – sorri sem emoção.

– Desculpe. Não fosse você me segurar eu teria me machucado feio – ela suspirou e eu balancei a cabeça.

– Não se preocupe – soltei a mão dela suavemente, não me sentia confortável com meu coração acelerado. – No que depender de mim eu vou estar sempre por perto.

Conversamos brevemente, e disse que viria buscá-la quando amanhecesse. Mas já saia quando ela pegou na minha mão.

– Harry, obrigada. Você tem sido um pai incrível, ainda que não tenha desejado isso.

Olhei para ela e porra, aquele sorriso suave em seus lábios fazia-me querer senti-lo com os meus. Mas eu sabia que aquilo era uma loucura completa. Certamente eu estava mexido demais com toda a história de gravidez. Além de que eu não me sentia no direito de fazer isso, tinha medo de que ela se iludisse e eu acabasse magoando-a.

Eu sempre tive convicção de que jamais me casaria, e isso é algo que não mudaria, nem mesmo agora que eu estava prestes a me tornar pai. Atração era tudo que eu sentia e isso era completamente normal, certo? Caso contrário, o que teria levado nós dois para a noite em que tudo isso começou?

Respirei fundo e forcei um sorriso no rosto.

– Eu estou tentando, assim como vou sempre tentar proteger os três. Você sim está sendo uma ótima mãe.

Ela riu fraquinho.

– Eu estou tentando também.

 

*

*

*

 

– Prontinho, já podemos ir, garota.

Ela revirou os olhos.

– Será que dá para parar de me chamar de garota? Me sinto uma adolescente.

Eu ri.

– Ok, Ginevra.

A próxima coisa que ouvi foi o estalo do tapa que ela deixou no meu braço.

– Nunca mais me chame de Ginevra, ouviu? – ela se voltou para mim, com o dedo em riste.

Mordendo os lábios para não rir, eu fiz sinal de rendição e peguei a bolsa dela, enquanto minha outra mão segurava seu ombro.

Entramos no carro em silêncio. Pelo canto do olho, vi que ela olhava a janela distraída.

– Gina, está se sentindo bem?

– Sim – ela deu um breve sorriso.

Voltei minha atenção para a rua, o trânsito estava relativamente tranquilo àquela hora da manhã.

– Harry, para o carro agora! – ela gritou de repente e eu freei, estacionando rapidamente.

– O que foi, está passando mal de novo? – perguntei, aflito enquanto ela já se preparava para descer do carro.

Desatei o cinto e dei a volta no carro até ela, no entanto, ela não parecia estar passando mal.

– Estou ótima, tirando a fome. Preciso comer! – avisou ela e eu bufei. – Pode me esperar aqui, se quiser. Eu só vou pegar um hambúrguer no McDonald’s.

– Você o quê?! – gritei, ainda puto por ela ter quase me feito bater o carro.

– Você ouviu. Eu estou com fome – Ela apenas revirou os olhos para mim. – Comida de hospital é uma droga, eu vi o restaurante e senti muita vontade de comer um hambúrguer.

– Gina, não é nem nove horas da manhã, se quer comer, eu te levo em algum lugar para tomar um café da manhã descente – reclamei, impaciente.

– Eu quero hambúrguer – insistiu e eu rosnei.

– Você reclama que te chamo de pirralha mas continua a agir como uma! Você não vai comer porra de fast food nenhum! – falei entredentes.

– Eu vou comer sim. A fome é minha, se eu engordar o problema é meu. Tenho certeza que os meus bebês não vão se importar com um pouquinho de milk-shake de chocolate, hambúrguer e batata frita.

– Eu não estou nem aí se você vai engordar ou não, porra – segurei o braço dela e Gina me lançou um olhar fulminante. – Você tem que se alimentar adequadamente, tem dois bebês no seu útero que precisam de vitaminas e nutrientes, não de gordura e açúcar.

– Me solta, seu idiota – Gina puxou o braço com força e ergueu outra vez o dedo em riste na minha direção. – Escuta aqui, Harry. Você pode ser o pai dos bebês, mas isso não te dá o direito de achar que manda em mim. Eu não sou sua, eu faço o que eu bem entendo.

– Essas crianças precisam que você se alimente bem, e se para que isso aconteça, eu tenha que ficar no seu pé, eu ficarei, garota!

– Mas isso é o cúmulo da babaquice! – Gina rolou os olhos e começou a andar até o restaurante. Com três passadas largas eu fui até ela e a puxei pelo braço até o carro.

– Me solta, Harry Potter!

– Não, nem fodendo – abri a porta e a coloquei dentro do veículo. – Se está achando ruim, me processa.

Gina parecia me encarar com tanto ódio que era como se esperasse que eu caísse duro no chão no segundo seguinte. Sem me abater com isso, dei partida no carro e segui para uma cafeteria de qualidade que eu conhecia.

– Espere aqui – murmurei e dez minutos depois voltei com um suco verde e dois muffins de banana com aveia.

– Que porcaria nojenta é essa?

– Seu café da manhã – coloquei a sacola em cima dela e voltei a dirigir. – É isso que você vai comer a partir de agora, Weasley. E eu vou me certificar que está comendo direito.

– Eu nunca fui tão humilhada na minha vida – ela bufou e balançou a cabeça negativamente.

– Não estou te humilhando, estou certificando que você faça as coisas direito, já que parece pirralha demais para fazer por conta própria.

Gina soltou uma risada irônica e não disse mais nada até chagarmos na casa dela. Sem esperar um segundo a mais, assim que a parei o carro, ela abriu a porta.

– Quer saber de uma coisa, Harry? Acho melhor que a gente se encontre apenas nas consultas – avisou. – Você está me deixando estressada e isso não faz bem nenhum para mim.

– Você quem sabe – retruquei sem qualquer nível de paciência.

– E outra coisa – ela abriu o suco jogando-o todo o chão, depois jogou o saco de muffins em mim. – Enfie no...

– Pirralha – disse em tom de aviso.

– Vá se foder, babaca prepotente – e saiu pisando duro, sem olhar para trás.

Eu respirei fundo, repensando se tudo isso tinha sido mesmo uma boa ideia.


Notas Finais


Então... Se Harry e Gina estavam assustados achando que teriam UM filho, imagine descobrir que serão DOIS??
Isso foi tão divertido!! Se não me engano foi ideia da Kelly, e gerou um divertimento a mais pra nós.
Imaginem como foi pra gente escolher os nomes...
Mas o que importa é que Harry e Gina estão cada vez mais proximos, e Harry já percebeu que está mais envolvido com ela que pensava.
Semana que vem a Niky volta pra divertir e emocionar vocês. Até lá SE CUIDEM PELO AMOR DE DEUS, FIQUEM EM CASA E USEM MASCARA!!!
Até mais!


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