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História Lazy Love - releitura. - Where You Go I Follow


Escrita por: Laudojb

Notas do Autor


"Oh, eu tentei de tudo
Nada poderia consertar o dano em meu coração
Até que eu conheci seu amor
Oh, você deu sua vida para que eu não desmorone" - JB, Justice
.
https://www.youtube.com/watch?v=2BNmPM8IGLU

Capítulo 3 - Where You Go I Follow


O sinal tocou indicando o fim das aulas. Graças a Deus! Apesar de ser o primeiro dia, eu já tinha aquela sensação de não aguentar mais. O ritmo desse colégio realmente é um pouco diferente do que estava acostumada, havíamos acabado de chegar, e os professores pareciam estar com o gás todo. Foram quadros e mais quadros cheios de matéria, e uma quantidade razoável de deveres para casa, aulas densas, de horas, maçantes. Ou seja, o alivio quando o sinal tocou foi grande e coletivo. Guardei meu material na mochila. Todos pareciam meio apressados para sair, não era para menos, aparentemente ninguém aguentava ficar mais nenhum minuto naquela sala, assim como eu. Levantei indo até porta para sair, e bem no momento em que estava saindo, esbarrei em uma menina sem querer, na hora nós duas demos uma leve desequilibrada.

– Desculpa! – dissemos as duas praticamente juntas. Quando olhei, vi que era a mesma que antes estava sentada ao meu lado, mexendo no celular em praticamente todas as aulas.

– Sem problema. – ela disse sorrindo em quanto saia da sala, assim que chegou do lado de fora, parou se virando para mim. – Prazer, Jasmine. – passou a mão ao longo do cabelo comprido de fios avermelhados. – Mas pode me chamar de Jas.

– Prazer, Cami. – sorri de volta. – As aulas aqui são sempre assim...? – perguntei tentando puxar assunto. Afinal, não era porque eu estava onde não queria estar ali que não podia fazer o que estivesse ao meu alcance para melhorar a situação e uma amizade certamente melhoraria as coisas, porque sentar sozinha na hora do almoço é péssimo. 

– Assim como? Chatas? Infinitas? – deu uma risadinha breve como quem diz, vai se acostumando, é isso mesmo. – Qual o número do seu armário? – perguntou simpática em quanto caminhávamos ao longo do corredor. 

– Não tive tempo de ver – peguei a chave mostrando o número para ela.  

– É ao lado do meu! – disse surpresa. – Vem... Vou te mostrar. 

O pouco que conversamos no trajeto em direção ao armário deu para perceber que Jasmine parecia ser uma boa pessoa. Educada, simpática, divertida, e bem descontraída também, sempre sorrindo, falando com todo mundo. Uma energia boa. Me lembrou um pouco Alyssa, o que fez com que de cara nos identificássemos pela essência apesar das visíveis diferenças. Visíveis mesmo. E mesmo que a horas atrás eu achasse muito improvável me identificar com alguém nesse lugar, talvez eu estivesse engana. Como mochila a menina dos cabelos vermelhos cor de fogo usava uma bolsa, de marca, cara, da prada, julguei, mas parecia ser algo comum por ali, a maioria das meninas usavam, roupas e bolsas de marcas caras, e não é que eu não tivesse, mas não via sentido em usar para ir ao colégio. Eu com a minha calça jeans mais surrada e ela de saia quadriculada vermelha e preto, com um suspensório apenas de enfeite, um estilo meio paty, meio emo, não consegui definir, mas perto dela, eu devia estar parecendo uma mendiga. Sem falar na maquiagem,  perfeita, intacta, mesmo após horas de aula, ela tinha lápis preto ao redor dos grandes olhos castanhos escuro, um pouco de blush também, nada exagerado, mas quem passa maquiagem de manhã para ir ao colégio? Pelo visto isso por aqui era bem normal. Todas as meninas usavam, e lá estava eu com a minha cara mais que lavada, olheiras aparentes pela noite mal dormida, amassada.

A conversa entre nós duas fluiu tão bem que fomos saindo juntas conversando. Confesso que meus pensamentos estavam começando a ficar mais positivos. É bom conhecer gente legal. E em minutos de conversa as duas já haviam feito uma a outra rir algumas vezes. Eu nem lembrava a última vez que havia rido com alguém. Seguíamos em direção ao estacionamento conversando muito. A cada passo que dávamos ela ia me mostrando e identificando os grupinhos ao redor. O estacionamento estava cheio assim como de manhã cedo, pessoas paradas em frente a seus carros, sentados em cima do capô, todos conversando, falando alto, rindo alto, toda aquela energia e empolgação da juventude. E para aumentar a confusão mental havia um único carro com o porta malas aberto tocando uma música super alta. Logo identifiquei que aquele era o grupo dos atletas. Todo colégio é a mesma coisa. E lá estava o garoto que conheci no dia da festa no início do verão, Justin.

Era fim de tarde, o sol estava se pondo e o céu começando a escurecer em tons de rosa e azul. Essa é a minha hora preferida do dia. Eu não estava acostumada a sair esse horário do colégio, mas pelo que Jasmine explicou por alto era isso, três dias da semana teríamos aula o dia todo, em tempo integral. Isso não me deixava feliz, mas pelo menos eu teria mais tempo longe da minha mãe, e isso sim me fazia feliz. Estava distraída prestando atenção no que Jasmine dizia, as vezes olhava para ela, as vezes para o caminho a frente reparando nas pessoas também. Havia estacionado a moto quase no final do estacionamento, e ela insistiu em ir comigo até lá. Entre uma olhada e outra, desviei meus olhos de Jas voltando-os para frente. Foi quando avistei um carro meio que vindo na nossa direção numa velocidade um tanto quanto estranha para um estacionamento, talvez a pessoa estivesse com muita pressa, até aí tudo bem, deixei para lá. Chegamos um pouco para o lado.

O carro não desacelerou no momento em que eu achamos que fosse para nos dar passagem, e esse foi o motivo pelo qual continuamos caminhando normalmente, eu também estava meio desligada, porém precisei que o carro quase estivesse em cima de mim para reconhecer quem era e o que estava acontecendo, ou prestes a acontecer, e a partir daí eu tive certeza de que não estava nada bem. Só não esperava que fossem ficar tão ruins quanto ficaram. Infelizmente. Na hora comecei a tremer, tremer de verdade, até as pernas, Jasmine percebeu que algo de errado estava acontecendo comigo, mas esse meio que foi o tempo para que tudo acontecesse, eu não esperava que ele fosse vir para cima de mim bem no meio do estacionamento. Mas foi exatamente isso que aconteceu. Minha primeira reação foi afastar a menina que estava parada ao meu lado, perguntando se estava tudo bem, eu também tentei sair, mas de nada adiantou, minhas pernas pareciam não querer funcionar. E o carro foi praticamente jogado para cima de mim, freando bruscamente, parando a centímetros dos meus pés! Me dando um baita susto! Realmente pensei que ele estivesse querendo me atropelar, e que fosse! O susto me fez cair para trás de bunda no chão ralando de leve minhas mãos, pelo reflexo do corpo. Bati com a cabeça na traseira de um dos carros parados.

 O barulho da freada chamou a atenção de várias pessoas na hora. Senti o silêncio alarmante que ficou no ambiente, até mesmo o som da música diminuiu. E eu só pensando na vergonha que estava prestes a passar, porque eu conhecia Christian, conhecia muito bem. Só passava pela minha cabeça o constrangimento que eu sabia que estava por vir. Respirei profundamente, se é que posso dizer que eu estava conseguindo respirar direito. Rapidamente Jasmine veio me ajudando a levantar em quanto o doido saia do carro. 

– O que foi isso!?   – ela me perguntou meio assustada, chocada. Sua pele morena estava quase da cor da minha, branca, pálida – Você está bem!? 

– Sim... – só que não. Menti. Não queria deixa-la ainda mais assusta, ou que ela se metesse.

– O que foi isso? –  repetiu a mesma pergunta de segundos atrás, parecia estar sem acreditar no que tinha acabado de acontecer.

–  Nada demais, não foi nada... Pode ir indo... Eu estou bem – respondi limpando as mãos na calça tentando disfarçar o susto que eu havia levado.

– Não. Você está tremendo. Não vou te deixar sozinha, ele quase te atropelou! E todo mundo viu! – Jasmine dizia em quando Christian saia do carro, vindo em nossa direção  

– Obrigada, mas não precisa mesmo, prefiro resolver sozinha. Pode ir... – tentei me despedir dela mas foi em vão.  

– Você é maluco? Qual é o seu problema? Você poderia ter machucado ela gravemente! Ou a mim! Você é maluco ou o que? – Jasmine disse diretamente para Christian, bem nervosa, dando um soco no capo do carro dele. – Quer saber, foda-se, eu vou chamar a polícia. 

– Não! Não precisa.  Eu resolvo isso. –  só faltava eu implorar para ela ir embora.

– Eu te machuquei? – Christian parou na minha frente, tentando segurar minhas mãos.

– Não. – eu respondi entre dentes. – O que você está fazendo aqui? Não está pretendendo dar um show na frente de todas essas pessoas não né? – minha voz saiu baixa, eu tinha um nó na minha garganta.

– Me desculpa. Eu não quis te machucar – ele disse quando eu limpei minhas mãos na calça, elas estavam raladas, e  levemente sangrando. – Você sabe que eu não quis te machucar, você sabe... – ele segurou meu pulso virando minha mão para ele e vendo como estava pela queda. – Eu não quero confusão, não vim para isso. – eu sabia que ele estava mentindo.

– Você quase atropelou ela! – Jasmine se meteu.

– Pede para a sua amiga ficar fora disso, por favor? Eu só preciso conversar com você. Só quero conversar com você. Não pretendo te fazer nenhum mal, nunca fiz, eu não seria capaz. Também não quero te fazer passar nenhuma vergonha, mas acho que isso vai depender mais de você do que de mim. Só quero que você entre no carro pra gente dar uma volta e conversar... – pediu.

– Eu não vou entrar em carro nenhum! – cheguei a rir. – Se acha que me constranger na frente de todo mundo vai fazer com que eu faça o que você quer, você está muito enganado, já se foi tempo. Vá em frente, eu não ligo! E não vou a lugar nenhum com você. Não era nem para você estar aqui! O que você está fazendo aqui!?

– O que eu estou fazendo aqui? Você só pode estar brincando né? Camila eu passei todos os dias desses últimos meses te mandando mensagem! E quantas você respondeu? Nenhuma! Nem se dar ao trabalho de responder você se deu. Sério que esse é o nível de consideração que você tem por mim? – apelou para a chantagem emocional, muito a cara dele. E eu só conseguia pensar, como depois de fazer tanta merda, essa pessoa tinha coragem de estar dizendo essas coisas. – Vim aqui querendo acreditar que você não é aquela pessoa idiota que mostrou ser naquela outra noite, mas estou achando que só vou me decepcionar mais. Ou você já se esqueceu? Porque eu me lembro bem de cada palavra. – ele falava moderadamente alto. – Então por favor, pelo menos para fazer com que eu não me sinta um idiota por ter vindo até aqui, entra no carro?

– Você não é um idiota só por vir aqui como é um idiota por vários outros motivos que eu não faço questão nenhuma de relembra-los agora. E sim, eu sou uma idiota também! Mas não pelas coisas que eu disse aquele dia, mas sim por ter ficado tanto tempo com você aturando suas merdas! Você é doido? Esqueceu o que me disse aquele dia? –  perdi a paciência, coisa que não era muito difícil de acontecer também no ponto em que chegamos. –  Sim! Eu errei, errei em não ter dito antes, em não ter terminado antes, mas se quer saber, não retiro nenhuma palavra, porque sim, era o que eu estava sentindo. E eu já disse que eu não vou a lugar nenhum com você! E eu me lembro sim! Lembro inclusive de ver você beijando uma menina na frente de todo mundo minutos depois de terminarmos. Me dá licença Christian, me esquece. – fui curta e grossa. Tentando dar a volta no carro para seguir meu caminho, mas ele segurou meu pulso me parando, porém bastou eu olhar que ele soltou na hora. – Você disse para deixarmos para lá, lembra? Eu deixei! Não respondi mensagem nenhuma porque eu nem estava com o meu celular! Você não sabe de metade das coisas que aconteceram após aquele dia! Agora me deixa em paz! Vai embora!  Eu não quero conversar! – dei as costas.

– Ei! Cami! Camila! – foi vindo atrás de mim. –  CAMILA! – me gritou, e eu parei. – Espera! Por favor! Eu imploro! Me desculpa! –  ele disse. – Sabe quantas hora seu dirigi para chegar aqui? Só para falar com você? Por favor, tudo que te peço são apenas alguns minutos!

– Christian. Como você soube que eu estava estudando aqui!? Quer saber, esquece. – olhei muito séria para ele. –  Por favor, estou te pedindo, para! Vou te dizer o mesmo que você me disse naquela noite, não perde seu tempo, nem faz com que eu perca o meu. A real é que eu preferia tanto que você nem soubesse que estou estudando aqui... E isso é tão estranho, levando em consideração que ninguém sabe... – olhei desconfiada para ele. – E tira a merda do seu carro do meio do estacionamento! As pessoas estão olhando para nós. – me virei para ele. 

– Eu vou ter que te implorar? Implorar para você ter uma conversa decente comigo depois de tudo? Vou ter que me ajoelhar aqui, é isso que você quer? Qual é o seu problema!? Sei que não teve muitos relacionamentos sérios antes de mim, mas se acha que é assim que se termina um, você está muito enganada. – elevou o tom da voz chamando mais algumas atenções. Via claramente sua tentativa de me manipular, como sempre, me diminuir. E mais uma vez ele me segurou, porém eu puxei meu braço me soltando. Ele tinha acabado de me lembrar mais um dos motivos pelo qual eu não queria mais estar ele. Detestava quando ele me segurava assim. 

– Não encosta! Eu estou dizendo que não quero conversar Christian, para de forçar as coisas! Porque você sempre faz isso? Me respeita! – me irritei. – Para começar, olha o que você está fazendo, quer fazer com que no meu primeiro dia de aula todos me conheçam de uma forma ridícula por causa de uma situação constrangedora com meu ex namorado que gosta de dar show? Vai embora por favor! Dizer que não quero não é o suficiente para que você entenda que as coisas já estão terminadas e ponto? – olhei no fundo dos olhos dele. – E não tenho que discutir isso com você. Me respeita, apenas!

– Por favor... – repetiu ficando com o rosto meio vermelho, o que normalmente acontecia quando ele estava ficando nervoso, os olhos levemente marejados. Eu só conseguia pensar, Jesus, onde eu me meti? 

– Você realmente não sabe o significado da palavra “não”? Que cisma! Eu já disse que não! Aprende uma coisa, quando um não quer, dois não fazem. Mas isso é também só mais uma das coisas que você não faz ideia do que significa né? – minha voz chegou a travar na garganta. Eu nem gostava de falar disso. Dei as costas para ele e tentei seguir andando mais uma vez. Em quanto isso o carro dele ainda continuava parado na passagem com a porta aberta.

– Vem comigo! Por favor, só quero explicar e tentar entender algumas coisas! – insistiu. Vindo mais uma vez ele veio atrás de mim, me segurando pelo braço. 

– Pra começar, me solta! Que saco! ME SOLTA! – minha voz saiu mais alta do que eu esperava. – Você sabe eu odeio quando me segura assim! Qual a parte de eu te pedindo claramente para ir embora, dizendo que não quero e nem tenho mais o que conversar com você, que você não entendeu? Eu sei qual é a explicação e você precisa de uma ajuda que não é minha porque não sou médica.  Agora chega, para com essa palhaçada.  

– Camila... – tentou dizer alguma coisa, mas antes cortei ele antes.  

– Mais uma vez, eu vou pedir numa boa, me larga Christian. Eu sei que você está acostumado a me tratar assim e eu ficar de boa quanto a isso. Não mais. Então se você não me soltar, quem vai fazer um escândalo sou eu. –  ele simplesmente me ignorou e ao invés de me soltar, começou a me puxar com ele em direção ao carro.  – EU DISSE PARA ME SOLTAR – gritei.   

– Ei... Ei... EI! – o menino, o mesmo do dia da festa, se aproximou de nós abruptamente, intervindo. – Que porra é essa? O que está rolando aqui? – ele já veio de longe falando alto, só assim Christian finalmente me soltou. Agora o circo estava formado. – Mano... – ele tentou ser calmo, acho que não queria piorar as coisas. – Eu acho que está mais que claro que ela não quer ir com você. – disse sério.  

– Já arrumou alguém para te defender é? – Christian olhou para mim raivoso. – Primeiro, eu não sou seu mano. Segundo, ela é minha namorada, e com ela eu me resolvo. E se eu sou você “mano” não me meto. Pode ser? – foi Christian abrir a boca para falar mais alguma coisa que o menino, sem que eu esperasse, sem que Christian esperasse, acho que ninguém esperava, meteu um soco no meio da cara de Christian, fazendo com que ele quase caísse no chão desconcertado. 

– Pronto. Agora eu falei uma língua que você vai conseguir compreender. Ou precisa que eu repita? Se está querendo problema porque não se mete com alguém do teu tamanho então? Você quase atropelou a garota na frente de geral! Segurando ela desse jeito... Qual é o seu problema? Quer confusão? Vai ter, mas vai ser comigo! –  foi Christian levantar querendo revidar, que o menino já deu outro empurrão nele mantendo-o longe. 

Mas não demorou muito para que Christian conseguisse. Ele voou em cima do garoto. E foi aí que a porradaria começou de vez, de empurrão em empurrão as coisas saíram do controle em questão de segundos, como uma bomba, que não demora a explodir. Um tentava acertar o outro. Socos, chutes e ponta pés. Eu tive que me afastar um pouco com medo de acabar sobrando para mim. A princípio eu pensei que fosse ser coisa rápida, que logo alguém fosse separar, o segurança do colégio fosse parecer, ou que os dois fossem desistir de brigar ao perceberem que não resolveria nada, mas não.  Então vendo as coisas começarem a sair completamente do controle e ficarem bem sérias, comecei a dizer repetidamente para os dois pararam, mas de nada adiantou fui mais que ignorada, parecia que eu nem estava ali. As pessoas começaram a se aproximar, mas não no intuito de separar, e sim de filmar, ver a briga... Quando reparei Jasmine já estava novamente ao meu lado, nem sabia ao certo em que momento ela havia saído. Comecei a bater um desespero real diante da cena. O estacionamento havia se tornado um ringue. Aquilo não podia ser real, mas era. E obvio que não podia estar acontecendo com outra pessoa, e sim comigo.

Queria que alguém soubesse me responder onde estava o segurança do campus nessas horas. Eu gritava para os dois pararem, mas era nitidamente, ignorada. Minha vontade era de simplesmente virar as coisas e ir embora, deixando os dois ali trocando socos. Eu até iria, mas como sabia que o motivo daquilo estar acontecendo tinha a ver comigo, tive que tentar uma atitude mais drástica. Literalmente me meti no meio dos dois. Eles não iriam brigar correndo o risco de me acertar, foi o que eu pensei. 

Mas que merda! Que primeiro dia maravilhoso! 

– PAREM! Para Christian! – consegui empurrar ele, afastando os dois. Christian bufava feito um animal raivoso. 

– Saí da minha frente! – parecia cego de ódio, furioso. Com o rosto já machucado, e eu não estava nem ai para isso. Só não queria que o outro garoto apanhasse por minha causa.

–  Não Christian! PARA! Vai embora! – tentei convence-lo, mas na hora, eu não sei o que aconteceu, se o menino estava provocando-o atrás de mim, mas ele simplesmente me empurrou para sair da frente, e voou novamente em cima do garoto.  

Na hora, eu caí no chão com o empurrão. Foi aí que as pessoas começaram a querer intervir na briga, pensando que eu tinha me machucado também. Me ajudaram a levantar, minhas mãos estavam sangrando. E para completar, finalmente o segurança apareceu, um pouco tarde, mas apareceu.   

– PAROU! PAROU! – o segurança veio falando alto de longe, com um apito, passando pelas pessoas com facilidade já que desde o momento que ele apareceu muitos desapareceram como fumaça. – JUSTIN! Tinha que ser! Já no primeiro dia? – foi assim que descobri o nome dele. – E você? Te conheço? Estuda aqui? – falou diretamente para Christian que negou com a cabeça. –  Então saia imediatamente das dependências do colégio! Imediatamente! Antes que eu chame a polícia! Depois eu vou pegar com a sua amiga o seu nome, e onde você estuda! Não pense que não haverão consequências. Aqui não é bagunça!

– Cami... Você está bem? – ele ainda tentou se aproximar de mim, mas as pessoas ao redor o impediram.

–  FICOU SURDO OU O QUE? –  o segurança soprou o apito praticamente dentro do ouvido de Christian que chegou a se estremecer todo, se afastando rapidamente, entrando em seu carro, dando partida igual um doido! – Eu não sei nem o que fazer com vocês dois...  Anda vai... Os dois para enfermaria! Amanhã a primeira coisa que vão fazer quando pisarem no colégio é ir à sala do diretor. TIRANDO ISSO, O RESTO TODO MUNDO, PARA CASA! AGORA! – gritou! 

Acompanhei os dois até a enfermaria. Não que eu precisasse, só tinha uns ralados de nada nas mãos, mas o menino sangrava no nariz.

– Pelo visto esse ano a programação voltou ao normal não é mesmo Sr.Bieber...? – a senhora na enfermaria disse se levantando assim que o viu entrando na minha frente. –  E você...?  –  olhou para mim com uma expressão de curiosa. –  Aluna nova? –  pelo visto ela conhecia bastante as pessoas por ali... Mas acertou. E eu confirmei. –  Já por aqui? Gente... Alguém contou para vocês que hoje ainda é o primeiro dia de aula?  Vai, cada um em uma cabine. E crianças, não se metam em brigas. Olha que feio isso, os dois machucados... 

Assim que a enfermeira terminou de me ajudar a limpar os ralados na mão, foi ajudar Justin. Fiquei atrás dela esperando que terminasse para falar com ele. E o momento logo chegou. 

– Estou com a sensação de que te meti em problemas...

– Estou acostumado.

– Mesmo sendo um pouco tarde demais para dizer isso, você não precisava ter feito o que fez... 

– Eu sei que não. Se eu sou você ficaria bem longe daquele idiota.

– Tudo o que eu mais quero é ficar longe dele.  – respondi.  

– Seu nariz...  – no momento em que ele disse isso senti algo escorrendo até os meus lábios, quando passei a mão, meu nariz estava sangrando, como isso aconteceu eu não sei, preciso lembrar de pesquisar no google depois se é possível o nariz sangrar em casos de muito estresse ou nervosismo. 

– Ah ok, tudo bem, só tenho que encontrar...  – dei uma olhada no armário que havia ao meu lado 

Justin foi até uma gaveta, pegou uma gaze e molhou com soro. Parecia conhecer bem a enfermaria. Quando chegou com aquilo perto do nariz meu primeiro reflexo foi chegar com a cabeça pra trás. Meio posicionado entre minhas pernas, mas distante, limpou o sangue que estava escorrendo, pegou um pedaço de algodão seco colocando dentro do meu nariz. Que sensação estranha.  

– Mas me conta... Como você veio parar aqui...? – ele olhava confuso.

– É uma longa história. Acho que podemos deixar pra outro dia. É que não estou muito afim de falar sobre isso agora... Tem sido... Complicado...

– Tudo bem... E... Prontinho. – ele disse jogando os últimos algodões sujos de sangue no lixo e eu me levantei. – Tenta manter a cabeça para cima...

Segundos de silêncio.

– Se eu soubesse que você tinha namorada eu nunca...

– Acho que podemos não falar disso... – me interrompeu. – Mas se você achar necessário... – disse me olhando em quanto suas sobrancelhas se erguiam automaticamente. 

– Não... Não acho. – respondi rapidamente.

– E eu não namoro. – completou.

– Atrapalho? – a voz veio seguida de duas batidinhas na porta. Quando me virei, uma garota de cabelos ruivos tom de cobre estava na porta com a mão na cintura olhando de forma nada simpática. 

– Por favor Ashley – Justin revirou os olhos pegando sua mochila e se movimentando para sair dali o mais rápido possível pelo que parecia.

– E você...? Quem é? – perguntou me olhando da cabeça aos pés de um jeito desconfortante. – Prazer, Ashley. Namorada do Justin. – antes mesmo que eu pudesse responder ela se apresentou dando uma boa ênfase no "namorada". Engraçado, a segundos atrás ele havia dito que não namorava. Nesse momento eu estava com uma expressão confusa misturada com desdém.

– Que bom, prazer – sorri forçado em quanto levantava pegando minhas coisas também. 

Climão estranho.

 Peguei minhas coisas e saí também. Por incrível que pareça, só queria chegar em casa logo, pelo menos agora eu teria o meu celular para conversar com Alyssa.   

Chegando em casa as luzes estavam acessas indicando que minha mãe já havia chegado. Entrei tirando os sapatos, tentando fazer pouco barulho para não ser notada. Só queria me trancar no meu quarto, tomar um longo banho e relaxar assistindo uma série.  

Cara, só pensava, quando minha mãe ficar sabendo... Ela nunca gostou muito de Christian, agora eu começava a entender o porquê.  

–  Camila. –  sua voz veio do sofá assim que coloquei o primeiro pé em casa, preparada para passar batida. –  Recebi uma ligação do colégio... – eu tentei falar, mas ela me cortou. – Eu já entendi que o problema é você. Não precisa me dizer nada! Não é a cidade, não é o colégio, não são as pessoas. É você! No primeiro dia já arrumando merda! Sinceramente eu já não sei mais o que fazer com você Camila. Te quero do colégio para casa, de casa para o colégio. Finais de semana, em casa. Você está mais do que de castigo. 

– Não quer nem saber por mim o que aconteceu? Eu não tive nada haver... – ainda tentei. 

– EU NÃO QUERO OUVIR! VAI PRO SEU QUARTO! Cada vez que você abrir a boca nesse percurso vai ser mais uma semana de castigo, eu não estou brincando com você! – sem nem me deixar terminar de falar.  

– Mãe...  

– Mais uma semana Camila! Daqui a pouco você só vai sair de casa quando completar vinte anos! Fica quieta e sobe agora! – disse firme.   

– É assim que você quer brincar né? – disse subindo irritada para o meu quarto.  

– Quatro!  

– EU TE ODEIO! – gritei batendo a porta do quarto. 

– CINCO! SEIS...! SETE! – consegui ouvir ela gritando lá de baixo. 

 


Notas Finais


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E me digam o que estão achando pfff


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