História Le Chant des Sirènes - Capítulo XXXIII

Capítulo XXXIII   

      Se havia uma coisa na qual Lucy não estava preparada, era para as reações de Natsu Dragneel sobre si. Quando o conheceu ela o odiou imediatamente, porém o destino se mostrou traiçoeiro e decidiu caçoar da sereia e mostrar, que ela na verdade não estava no controle de nada.

 Podia jurar que seu coração batia tão rápido que se ficassem quietos, conseguiriam ouvir as batidas aceleradas devido ao contato dele a sua pele. Olhou fundo nos olhos dele e ali ela descobriu tanta coisa, parecia ver tanta coisa que eram invisíveis aos outros. Por algum motivo no qual ela não sabia bem o porquê, ela não sentia vontade de se afastar dele e temia por esse momento quando viesse a acontecer. Ela descobriu que gostava do contato da pele dele na sua e de suas carícias, ela se sentia viva, sentia como nunca havia sentindo antes na vida.

         Ele se afastou um pouco dela que não conseguiu disfarçar o desapontamento, podia sentir um vazio que a preenchia no exato momento que se separavam. Era como se seu corpo implorasse por ele.

-É melhor você ficar na água. - ele desceu a mão até o seus ombros, e fez um carinho. Ele sorriu enquanto a olhava. E ela queria dizer que não queria ir, que queria ficar com ele. Contudo, fez o que lhe foi pedido. Chegou até a pensar que ele não queria sua companhia e isso a incomodou de uma forma inimaginável. Foi se afastando devagar dele e desceu as mãos até às dele as entrelaçando. Enquanto ela se afastava as mãos iam aos poucos se soltando, mas como se ainda quisessem permanecer juntas. As pontas dos dedos dela escorreram até os dele, e quando finalmente se soltaram, eles sentiram um vazio, como se faltasse algo.

-Você deveria descansar. - ela foi andando de costas ainda o olhando nos olhos. Em uma disposição que dava inveja aos idosos.

-Você também. - ela mordeu o lábio e colocou o cabelo atrás da orelha, ato que não passara despercebido pelos olhos do rosado. Seu olhar adquiriu um brilho de luxúria e ela devolvia na mesma moeda. Quando ela encostou as costas na porta, percebeu que já havia chegado a hora de ir. Porém ela não possuía vontade nenhuma de sair dali.

-Está me afastando de você?- ele a olhou com as sobrancelhas unidas não compreendendo bem o que ela queria dizer. - nem ao menos te vi hoje, e agora não parecia muito afim da minha companhia. - ele piscou os olhos surpreso. Havia causado essa impressão? Ele estava mesmo fazendo isso? Ele admitia que estava com medo do que estava sentindo, e não sabia bem como reagir.

-Não, achei melhor não atrapalhar seu descanso. - ela assentiu balançando o corpo. - e eu não queria te preocupar com os machucados, eu estava bem de verdade.

-Bem, não parecia. - ela falou sarcástica e o olhou dura. - você me preocuparia mais se dissesse não ter nada. Tem de falar quando estiver machucado também. Não sou só eu que estou correndo riscos. - ele soltou o ar pesadamente e depois passou a mão nos cabelos, ela acompanhava cada movimento com os olhos. Até da maneira que seu cabelo caia sobre até testa, ou quando passava a língua nos lábios nervosos.

-Tudo bem!- ele concordou dando de ombros e ela assentiu e se virou para abrir a porta e quando tocou na maçaneta ela pausou um segundo como se esperasse alguma coisa, e de fato veio.

-Posso conversar com você, um pouco?- ela se virou o olhando com as sobrancelhas em pé em questionamento.

-Não fora você que me mandou sair?- ela sorriu ladino tirando sarro dele, que revirou os olhos e sorriu logo depois.

-Eu nunca quis que fosse de verdade!- a sinceridade de Natsu era algo a se admirar, era incrível como ele dizia as palavras em uma facilidade sem um pingo de preocupação em como elas poderiam ser interpretadas. Lucy sentiu as bochechas corarem, mas fingiu uma tosse falsa para disfarçar.

-Tudo bem!- ela se aproximou sentando na cama com as pernas cruzadas o olhando atenta, arrancando uma risada do mesmo. - o que quer fala? – ele engoliu seco e se sentou de frente para ela.

-Hoje quando eu lutei com a Oracion Seis, teve um momento em que quase perdi a consciência. - ele olhava meio receoso para ela que assentiu o encorajando. - isso está ficando cada vez mais frequente. Sinto aquela sensação de poder cada vez mais forte, sinto vozes me chamando. - ele soltou o ar, e levou às mãos a cabeça bagunçando o cabelo de maneira frustrada. - eu tenho medo, de não conseguir me controlar. - Lucy o olhou compreensiva e pegou as mãos dele segurando junto da sua, depois levou a mão direita até o rosto dele para que ele pudesse olha-la.

-Eu compreendo como deve ser difícil para você, é normal sentir medo e você não é fraco por isso. - ela sorriu para lhe passar forças. - todo mundo tem um lado obscuro, não importa a intensidade ou de onde vêm. O que importa e que você reconheça que é um ser imperfeito sujeito a cometer erros, se começar aceitar que isso é uma parte sua, vai ficar mais fácil para lidar. - ele piscou os olhos surpreso, não esperava aquelas palavras. - não tenha medo de não conseguir se controlar, por que você precisa acreditar que é você quem está no controle e tomar as rédeas. Eu sei que você é uma pessoa boa, porém não adianta eu acreditar se você mesmo não acredita em si. - ela apertou a mão dele entrelaçando com a sua. - e mais Importante... Que você não está sozinho, e não precisa carregar o mundo nas costas, tudo bem em dividir sua carga com alguém. - ele abaixou os olhos pensativo. - pode conversar comigo sempre que quiser, pode ter seus momentos de raiva, tristeza, e tudo bem. Ninguém é obrigado a estar cem por cento bem sempre. - ela se aproximou e o abraçou lhe passando conforto e força. - eu estou aqui com você. – ele levou os braços até as costas dela a abraçando de volta apertado, cheirou o pescoço dela e depois dera um beijo ali. Sentia se bem mais calmo e bem, com Lucy ali com ele.

-Obrigado!- ele falou quando o abraço chegou ao fim. Ela abanou a mão como se não fosse nada, e de fato não era. Contudo, para ele aquilo possuía um grande significado. Demonstrar se preocupar e lhe dar ânimo, era muito importante para si.

-Quando era mais nova, eu era uma das piores em controlar magia. - ele a olhou incrédulo e ela deu uma gargalhada. - eu também não conseguia controlar meu poder celestial. - ela deu de ombros. - mas eu não desisti de tentar e continuei treinando, e uma vez Anfitrite havia me dito que era por que eu era emotiva demais para uma sereia e me deixava levar pelos meus sentimentos e por isso não conseguia controlar. - Lucy deu um sorriso sem mostrar os dentes enquanto Natsu ouvia atento. - ela disse que eu deveria aprender a controlar eles se quisesse finalmente aprender. - ela olhou no fundo dos olhos dele. - por que sereias acreditam fielmente que os sentimentos as deixam fracas, por isso são ensinadas desde sempre a controla-los ou simplesmente não sentir. Por muito tempo eu acreditei nisso, acontece que depois que comecei essa jornada com vocês eu notei o quão poderoso pode ser um sentimento. - ela olhou para a mão entrelaçada com a dele que fazia carinho na palma dela. - e isso me deixa mais forte, por que vocês me ensinaram a lutar pelos nossos. É e por isso que você vai conseguir vencer qualquer obstáculo que lhe aparecer. - ela lhe deu um sorriso. - por que você tem pessoas a proteger, e que estão com você, enquanto tiver isso em mente, nunca irá se perder.

***

         A sensação de entrar em um portal era sempre algo novo e diferente. Cada um lhe dava emoções e sensações diferentes, testando suas adaptações a respeito do que pode vir a acontecer. Eram sempre acompanhados daquele cheiro de enxofre que ardia os olhos no primeiro momento, os narizes se incomodavam e ficavam irritados. Dessa vez o portal era frio e tinha um ar seco no ar, tudo fazia você se queixar de sua fé e perguntar como poderia estar naquela temperatura, porém narizes escorrerem com o ar seco? Os portais faziam duvidar dar fé até mesmo dos mais devotos.

  A embarcação do Fairy Tail havia atracado um tempo atrás, enquanto seguiam caminho a pé, já que o caminho do navio estava impedido por muitos corais próximos à costa, sendo assim havia grandes chances de ocorrer destroços no navio. Decidiram por seguir caminho a pé sobre aquela areia negra e extremamente fina, seus pés afundavam com facilidade no local e se enchiam das minis partículas negras em seus sapatos. Caminhavam em direção a um grande Castelo de areia negra que parecia firme, em meio aos coqueiros. Como sempre um sol vermelho estava sob suas cabeças deixando tudo pouco iluminado.

           Ao notar algo mais a frente, Lucy parou esticando a mão para que todos parassem enquanto observava. No primeiro momento sentira o conhecido sentimento lhe arrepiando a pele, ao notar do que se tratava. Diferente dos outros espíritos, Cancer parecia os estarem esperando sentando sobre a areia negra dedilhando um Koto*. Lucy se virou olhando Natsu que lhe dera devolverá o mesmo olhar, era sinal para ficarem alerta.

          Cancer possuía pernas como de um caranguejo e dois braços esqueléticos que usava para dedilhar o instrumento, seu corpo inteiro parecia ser feito de aço e tinha um rosto disforme com pequenos olhos negros quietos. A sereia sentia a sensação lhe correr a pele, ela estava mais do que preparada para sua luta, havia ficado quatro dias interios na água e havia mais do que recuperado suas forças. Ela estava pronta para mais uma batalha.

          Fizera um sinal com a mão para que os outros aguardassem um pouco atrás de si enquanto ia devagar e sorrateiramente se aproximando, apesar de que era óbvio que Cancer já os havia visto, já que estavam a apenas alguns metros bem a frente dele, porém o espírito não havia feito nenhum movimento suspeito, apenas permanecia tocando seu instrumento. Mas então, ele simplesmente para, fazendo Lucy repetir o ato. Ele levou a mão passando nas cordas e então, de uma vez passa a mão bruscamente em todas as cordas. Lucy arregalou os olhos se abaixando colocando a mão no chão, e assim como o poder de Virgo fez surgir uma grande muralha de rocha na frente de todos, e depois pulou esquivando das lâminas invisíveis que haviam saído através das cordas. Quando a loira pousou no chão, as lâminas atrás de si bateram no muro rochoso. Ela usou o star dress do próprio Cancer e segurou firmes as espadas na mão, quando novamente ele fizera o movimento, mas dessa vez diversas vezes seguidas e assim surgindo várias lâminas de uma vez, as quais Lucy usou suas espadas para repelir cada uma delas. Ela parecia dançar em meio às lâminas desviando delas com destreza e as repelindo enquanto avançava devagar para perto de Cancer.

 Finalmente havia se aproximado do espírito e fez surgir uma grande corrente em sua mão com uma bola de ferro no final cheia de espinhas, que usou para cair em cima do instrumento o quebrando em mil pedaços de madeira espalhados pelo chão. O muro atrás de si caiu fazendo todos olharem surpresos, estavam tentando quebrar o muro para ajudar Lucy, contudo ela havia o feito exatamente para os protegerem.

         Sua respiração subia e descia rápida enquanto olhava para o espírito que permanecera quieto, porém seu primeiro movimento fora levantar as mão para o ar e assim jogou vários espelhos que caíram no chão arenoso em várias partes. Depois suas mãos se transformaram em grandes tesouras como de um caranguejo, feitas de metal extremamente afiadas.

- Eu estava a sua espera. - ele possuía uma voz grossa e esganiçada. - Lucy Heartfilia!- um barulho parecido com um animal fora ouvido, atraindo a atenção de todos para os espelhos no chão que começaram a se transformar em guerreiros feitos do material reflexivo, e mãos feitas de espadas. Todos ficaram em estado de alertar enquanto os soldados ficavam em posição de ataque. Por serem de espelhos, eles conseguiram verem seu reflexo através dos mesmos, porém era um reflexo diferente os mostrando de formas disforme ou então extremamente belos como em algum dia, sonharam ser.

-Cuidado, ele representa o pecado da vaidade!- Lucy gritou para lhe ouvirem, contudo Câncer bateu seu braço de tesoura nela a jogando com tudo em um coqueiro.

-LUCY!- Natsu gritou e tentou ir até a loira, mas um guerreiro entrou em sua frente o impedindo, o rosado olhou irritado para o ser a sua frente e virá seu reflexo, era diferente, era mais... Humano. Por um momento de demência ele quase perderá a compostura, entretanto usou sua espada para fincar no guerreiro que se quebrara em milhões de cacos de vidro, porém se transformara em mais dois guerreiros agora. - merda!- praguejou ao apertar sua espada pronto para lutar, porém os guerreiros a sua frente explodiram e dessa vez não se levantaram mais. Ao olhar para frente viu Lucy em pé posicionada com seu arco e flecha. Ele sorriu para loira que piscou para ele, antes de mirar uma flecha em Câncer que a pegou no ar com a grande tesoura em seu braço, fazendo Lucy arregalar os olhos.

 O espírito quebrou a flecha de luz em mãos. Mas a loira não se deixou levar, e vestiu o star dress de Léo e correu em direção ao espírito que também correra em direção a ela. Cancer tentou acertar sua tesoura direita nela que o impediu com o antebraço parando o movimento no ar, depois uma luz surgiu em sua palma da mão direita e a fechou em punhos.

-Regulus impacto!- ela falou depois direcionou o punho no abdômen de câncer que voou longe com o impacto. Natsu surgiu ao lado dela, e os dois posicionaram um ao lado do outro de costas em posição de ataque. Enquanto o espírito se levantava irritado com uma grande ferida na barriga.

         Erza havia quebrado mais um guerreiro enquanto acertou uma lâmina na cabaça de outro que surgirá em direção a Levy. A azulada a olhou agradecida e a ruiva continuou quebrando outros que iam surgindo dos cacos no chão.

-Mas que porcaria é essa?- Gajeel falou irritado depois de chutar um infeliz que vinha para cima de si. Girou sua espada partindo outro ao meio. - por que eles não morrem?

-Por que são feitos de magia negra, nossas espadas comuns não podem derrota-los. - Jellal falou firme enquanto lutava com outros dois. Estava concentrando e por um momento de descuido não havia percebido um que se aproximava atrás de si com o braço de lâmina. Erza rodou a espada e bateu com força nele e levantou à espada o partindo no meio, o azulado se virou olhando surpreso e depois para a ruiva que apenas balançou a cabeça em um aceno.

-Isso não é coisa de homem!- Elfman gritou enquanto socava os que surgiam ao redor de si, em suas mãos estava uma luva de ferro que fora comprada no mercado negro. - esses guerreiros não são homens!

-Levy, alguma ideia?- Juvia questionou impedindo que uma lâmina fosse acertada em si. Gray ao seu lado cortou a cabeça o quebrando e ajudando a azulada.

-As armas precisam ser encantadas, mas como chegamos até aqui sem precisar disso. - ela fugiu de um ataque furtivo. - vamos tentar suportar até Lucy conseguir. - parecia fácil, porém na prática era outra coisa.

         A luta contra o espírito estava assídua, ele usava seus braços em tesouras para repelir qualquer ataque furtivo dos dois. Sua altura também não facilitavam as coisas, a criatura era maior que os dois, deveria ter uns dois metrôs e tirava proveito disso. Lucy usou o poder de Scorpion para controlar a areia negra e o fez virar uma grande corrente de areia que acertou o espírito o jogando no chão. A areia o acertava com força em formatos de lâmina acertando diversas vezes o corpo gigante.

-Eu tenho um plano Natsu, me ajude a deixá-lo mais desgastado para acabar com isso. - ele assentiu concordando com a loira. O espírito repeliu a areia com a sua tesoura se levantando em seguida, não muito feliz com o ocorrido. Girou suas tesouras mandando as lâminas invisíveis em direção aos dois. Lucy usou as flechas de seu arco para as destruírem no ar.

-Você está duvidando demais de mim, senhorita. - o espírito disse fazendo os dois trocarem um olhar. E então um barulho alto foi ouvido e o chão começou a tremer fazendo a maioria perder o equilíbrio. E algo foi surgindo da areia negra, e de lá saiu um imenso caranguejo feito de espelho e tesouras em lâminas afiadas que pegavam vários marujos os partindo ao meio. Todos olhavam assustados a criatura, e outros corriam para fugir, contudo não alcançavam dois passos para a criatura os pegar com sua tesoura laminada e os partirem feito bonecos. Sangue era jorrado de todo lado, gritos eram se ouvido juntamente de choros. Lucy paralisou olhando tudo chocada e um sentimento de que havia falhado a preencheu.

-SEU DESGRAÇADO!- Natsu berrou com os punhos fechados em ódio e ia atacar o espírito, quando Lucy o segurou pelo braço atraindo seu olhar para ela que tinha uma expressão vazia no rosto. - Lucy?- ela não respondera apenas brilhou seu corpo usando o star dress de Cancer com duas cimitarras na mão, foi se aproximando devagar até o espírito que já se posicionava para o ataque.

         Quando se aproximou o animal tentou acertar sua tesoura na loira, mas ela eu usou a lâmina da arma para corta o braço do espírito que berrou ao sentir a dor e seu braço com a tesoura cair no chão. Depois ela girou o corpo acertando e cortando o abdômen da criatura que usou a outra tesoura para ataca-la que repeliu o ataque com uma lã que segurou o braço do espírito. O tecido o apertou com força e com apenas um movimento de cabeça Lucy partiu o braço em pedacinhos, depois ela girou o corpo acertando um soco na barriga quebrando o ferro envolta do corpo da criatura.

         O animal que ainda fazia um estrago fora impedido por duas correntes que seguraram seus braços e outra surgiu em seu pescoço, lhe prendendo firme no chão o impedindo de se mover. Lucy tinha o peito subindo e descendo rápido com sua respiração pesada e segurava firme suas duas espadas. O espírito a olhava meio surpreso e irritado pelos acontecimentos.

-Como?- ele questionou se recusando a acreditar. - como consegue controlar os poderes sem mudar?- ele então observou que algumas partes do corpo dela brilhavam onde estavam as tatuagens que representavam cada espírito. Ele dera um sorriso de escárnio. - impossível! – ele se levantou irritado e jogou outro espelho no ar que girou até cair no chão, esse era diferente era grande, deitado feito um lago límpido. Porém uma névoa negra surgiu indo em direção de Cana que estava mais próxima.

-CANA!- Gildarts gritou entrando na frente da filha e sendo puxado no lugar para dentro do espelho. Todos olhavam embasbacados com a cena enquanto Cancer gargalhava. A morena olhava de olhos arregalados a cena ainda sem acreditar no que acontecera, gritou com os olhos cheios de água e por um segundo sua alma se encheu de arrependimento, por nunca ter perdoado seu pai. Sentiu uma dor no peito a esmagar e caiu no chão chorando não se importando com a batalha que prosseguia.

         A sereia olhou irritada para Cancer, que estava envolto de sombras negras que faziam seus braços ressurgirem no local de antes. Ela correu em direção a ele disposta a finalizar aquilo, porém o espírito segurou seu braço com sua garra e com a outra fincou em seu abdômen. Mesmo com a ferida, Lucy ainda o olhava com raiva, mesmo com a dor ela tentou o acertar com a espada, mas a criatura impediu com seu braço, jogando longe a arma da garota. Fincou mais a garra no abdômen da garota causando um maior estrago, sangue escorria da ferida e dos lábios da sereia. Contudo, Natsu rapidamente surgiu ao lado dos dois usando sua espada flamejante para cortar o braço da criatura. Depois chutou o espírito o fazendo soltar a sereia, que arrancara a garra de seu abdômen sem se importar com a dor.

***

         Dentro do espelho era frio e envolto de outros espelhos. Gildarts observava ao redor, imaginando seu plano de fuga. Contudo algo o distraiu, ele vira no reflexo do espelho uma garota de cabelos castanhos escuro. Que corria para longe.

-Cana!- ele sussurrou vendo a garota correndo até outro Gildarts que não a olhava. Depois ela em uma versão bem mais jovem procurando por algo com o olhar assustado. - eu estou aqui filha!- ele falou esperando que ela pudesse o ouvir, porém fora respondido com silêncio e choro infantil da criança sozinha. Sentiu seu coração se apertar em imaginar que ela se sentiu assim de verdade, e o pior de tudo era saber que a causa era ele.

-Você me abandonou!- ele se virou encontrando Cana atrás de si e tentou de todas as formas não ligar aquela Cana a sua filha, afinal ele sabia que não era ela. Mas eram o mesmo cabelo castanho escuro com suas famosas ondas, os olhos do mesmo tom, tudo era exatamente igual. - por que você foi embora?- uma lágrima escorreu por sua bochecha e ele levou a mão para seca-la, porém ela já havia desaparecido.

-Me perdoe filha!- ele se abaixou no chão sentindo seu peito doer e os olhos arderem, Gildarts era um homem que não demonstrava muito de seus sentimentos, mas não quando o assunto era sua filha.

-Você não é digno de perdão. - a voz de Cana surgiu em seu ouvido de uma maneira mais grossa e esganiçada, depois sentiu o braço fino dela por seu ombro, um toque frio em sem quaisquer resquícios de humanidade. Então, sentiu uma fincando na costela por trás. Arregalou os olhos enquanto senti a lâmina perfurando cada pele e músculo de seu corpo. Uma sensação quente foi preenchendo o local queimando a pele.- você merece a morte.- ela fincou mais depositando toda aquela névoa que entrava por sua ferida subindo cada vez mais até ir aos olhos e boca. Até que tudo parou e quando Gildarts abriu os olhos, estavam negros como a noite.

***

-Que merda está acontecendo?- Max falou exasperado olhando a criatura em forma de caranguejo tentando se soltar das amarras da sereia. O bicho parecia que a qualquer momento, obteria êxito em sua escapada.

A garota de longos cabelos ruivos junto da albina correu cada uma de um lado da criatura, e depositaram força ao passar as espadas nas pernas do bicho o derrubando no chão em um grito exasperado.

Lucy assentiu para Natsu em um silencioso plano que fora compreendido no mesmo instante, a loira prendeu Cancer em um redemoinho de areia o deixando no meio enquanto correu até Natsu que se posicionou agachado e as mãos em formas de concha onde Lucy colocou o pé e pegou impulso em seus ombros, o rosado a jogou para cima onde Lucy usou o poder de Libra para subir mais e desceu com tudo em um soco estrondoso na criatura com o pode Regulus do Leão. O impacto fora tão forte que uma corrente de vento foi feita jogando o que estava perto para longe.

O animal quebrou sua armadura de espelho e ficou caído sem vida e ao notar que a criatura havia sido derrotada, os marujos gritaram empolgados. Em meio à poeira que havia subido da areia, Lucy surgiu caminhando lentamente até descer da criatura, seus cabelos loiros bagunçavam conforme o vento batia em seu rosto. Natsu sorriu involuntariamente ao olha-la, ela o surpreendia cada vez mais.

          O espírito completamente irritado cortou o redemoinho com suas lâminas afiadas e certeiras. As lâminas de Cancer cortavam tudo, independente do que fosse. Ele correu até a sereia com a intenção de acabar logo com aquilo e terminar o que já lhe estava desgastando, toda via ele fora impedindo por Natsu que entrara na frente apontando sua espada ao espírito. Cancer achava ridículo o pensamento de que ele pudesse vencê-lo, e tratou de extinguir essa atitude orgulhosa e idiota do garoto. Direcionou sua lâmina em uma agilidade extremamente rápida até o rosado que usou sua espada para lhe proteger e o impacto fez até mesmo ele arredar para trás. Contudo Natsu empurrou sua espada junto de Cancer e não tirava seu olhar mortífero da criatura demonstrando que não estava em um nível inferior. O espírito havia ficado surpreso, porém isso não fora motivo o suficiente para abala-lo.

-O maior erro do homem e não saber quando desistir. - o espírito falou com a voz baixa e contida. Então sem que o rosado notasse ou pudesse impedir, um espinho grande laminado surgiu da areia e perfurou o abdômen do garoto o fazendo grunhir em resposta. Depois outro surgiu fincando em seu braço esquerdo, e outro na coxa direita, outro no peitoral, um em seu ombro, um até mesmo quase acertará seu rosto, contudo Natsu desviou na hora fazendo com que apenas um pequeno filete de sangue escorresse no local pelo raspão. O espírito sorriu ladino com o rosto disforme. - você até me surpreende. - Natsu o olhava irritado e não havia baixado a guarda mesmo com todos os espinhos que o impedia. - porém, me irrita profundamente!- e então um último espinho surgira perfurando seu peito a milímetros do coração, o espinho era negro e carregado de uma névoa negra que entrava na ferida em busca de um hospedeiro. Natsu gritou em resposta atraindo a atenção da sereia que se livrava de alguns guerreiros espelhados.

Ela sentiu uma pressão forte no peito a fazendo perder o ar por alguns segundos e olhar desesperada para o rosado que soltou a espada que caiu na areia, tudo parecia está ocorrendo de forma lenta. Os braços do rosado caíram inertes ao lado do corpo e sua cabeça tombou para trás.

-NATSU!- ela gritou correndo até ele e cortando ao meio os guerreiros que surgiam em seu caminho. Cancer a olhou com um sorriso satisfeito no rosto. E quando a loira estava próxima ele atirou uma lâmina a acertando com força no abdômen a derrubando no chão.

-Temos de ajudar o Natsu!- Gray falou exasperado, porém quando pensaram em mover um milímetro se quer, um barulho no espelho que Gildarts havia sido sugado chamou a atenção deles. Cana que ainda chorava, mas usava sua raiva para partir aqueles demônios desgraçados, olhou esperançosa para o local. E então uma mão surgiu segurando na beira do espelho e depois outra, um sorriso surgiu em meio ao rosto de lágrimas de Cana. E então Gildarts subiu saindo do espelho, a morena correu até o pai o abraçando feliz por ele está vivo. Entretanto, ele enfiou uma espada na costela da garota que o olhou de olhos arregalados, antes de cair inerte no chão. - CANA!

- Estão de brincadeira!- Wakaba falou assustado. - JUSTO O GILDARTS? NEM PARA SER O MACAO!

-O QUE QUER DIZER DESGRAÇADO?- o outro gritou de volta, enquanto o ruivo começou a se mover devagar e ia derrubando cada um em seu caminho. Laxus correu até o outro chocando sua espada com a dele enquanto os outros se aproximavam para ajuda-lo.

-Preciso de cobertura!- Wendy pediu enquanto tentava estancar a ferida de Cana. - Cana, não perca a consciência, por favor!- enquanto ela e os exceeds faziam um curativo, Gray e Jellal  lhe davam cobertura com os guerreiros que nunca pareciam acabar.

E alguns metros dali, Lucy se levantava da pancada e seus olhos tremiam ao notar o rosado  a um pouco a sua frente, ela fechou os punhos em ódio e quando ia ficar de pé, Cancer jogou outra lâmina acertando a cocha esquerda, porém ela continuou até ficar de pé, porém outra lâmina a acertou dessa vez no braço.

-O que pretende fazer Lucy Heartfilia?- o espírito ficou ao lado de Natsu e colocou seu braço de lâmina no pescoço do garoto. Os olhos castanhos se arregalaram em resposta. - mais um movimento e eu mato esse infeliz. - ela paralisou no lugar, seu cérebro doía tanto que pensava, enquanto atrás de si mais pessoas se feriam, e a sua frente Natsu paralisado. – muito bem!- o espírito retirou a lâmina e apontou para ela. - eu vou mata-la Lucy! - ele ia se aproximar dela, porém algo o impediu e ele olhou para seu braço onde o garoto que até então estava desacordado segurava firme seu braço. O espírito o olhou surpreso. – você deveria...

-Se encostar em um fio de cabelo dela, eu te mato!- e então ele levou a outra mão até o espinho negro o quebrando para então o retirar do peito, Lucy o olhava surpresa e um sorriso surgiu de seus lábios, mas não mais surpresa que o espírito que ainda olhava tudo sem acreditar, então o rosado fincou sua espada na costela do bicho e Lucy rapidamente usou seu arco para acertar várias flechas no espírito, uma em cada perna e braço, depois usou as correntes de Virgo para prendê-lo. Ela correu até Natsu e agora com o star dress de Cancer usou a espada para cortar os espinhos enquanto o segurou para ele não cair. O ajudou a retirar os espinhos em uma careta de preocupação. - Acaba com ele!- Natsu falou a olhando nos olhos e ela assentiu se virando para espírito que se mexia inquieto, tentava cortar as correntes, porém seus braços em lâminas estavam presos de maneira que tornasse aquilo impossível.

Um círculo mágico surgiu abaixo de deus pés a iluminando por inteira, com uma luz dourada, ela fechou os olhos para quando abri-los um círculo mágico dourado surgiu na íris castanha. O espírito a olhou desesperado enquanto tentava se soltar já temendo o que estava por vi.

-Oh estrelas que brilham no céu, constelação guia que me ilumina. - ela começou a recitar e fechou os olhos deixando a magia correr por seu corpo e local, um vento forte se iniciou atraindo a atenção de todos. - eu sou a portadora da magia, dê-me seu poder, grande estrela. - seu cabelo voava conforme o vento passava, e então ela abriu os olhos. – καθαρίστε!- E então o céu abriu em uma galáxia onde o sol se aproximava iluminando e queimando as sombras.

Os guerreiros sumiam feito poeira assim como a criatura sem vida. Gildarts gritou e uma névoa negra saiu de sua boca o libertando, e então chegou a Cancer que se remexia e gritava em plenos pulmões, enquanto sua pele parecia queimar e sair em uma gosma negra que sumiu feito fumaça em contato com a luz. E no lugar daquela criatura horrenda, estava um homem com pernas de siri nas costas, que caiu no chão. Natsu fechou os olhos esperando que a magia o ferisse também, porém nada havia acontecido, imaginava ser obra de Lucy, ela deve ter feito algo.  Gildarts ao voltar à consciência viu sua filha no chão desacordada, e correu desesperado até ela.

-Não, por favor!- ele a pegou a pondo sobre seu colo a abraçando, ele se recordava de ter sido ele a fazer aquilo, mesmo que não quisesse, não havia conseguido se controlar. Lucy chegou correndo até eles e se abaixou já com a mão iluminada recitando baixo um cântico, enquanto curava a morena e usava de toda sua força para que não a deixasse morrer. Pouco tempo depois a loira parou atraindo a atenção do ruivo que a olhava esperançoso, Lucy sorriu para ele lhe passar conforto e então Cana abriu os olhos. - Graças aos deuses!- Gildarts a abraçou forte, nunca teve tanto medo na vida. - obrigada Lucy!

-Não foi nada!- ela sorriu se levantando. Fora Cana a pessoa mais machucada era Natsu que estava com a mão no abdômen meio curvado, porém mesmo ferido ele estava sorrindo.

Ela se levantou e foi se guiando até ele até que correu o abraçando apertado, ele se surpreendeu sorrindo e a abraçou de volta apertado sentindo o cheiro dela. Lucy recitou um cântico baixo e então seu corpo inteiro se iluminou de uma luz branca que foi curando os ferimentos do rosado. Ele podia sentir um calor lhe aquecer por onde a magia tocava, e onde era curado doía, porém era a dor de reconstituir um ferimento, não do corpo dele repelindo a magia dela. Levou a mão até a cabeça dela emaranhando os dedos nos cabelos loiros. Lucy fechava os olhos concentrando sua magia. Havia controlado o que queria que fosse afetado por sua magia mais cedo, e impediu que o ferisse, agora poderia ajudá-lo sem que o machucasse.

 Respirou fundo permitindo sentir o cheiro dele e aquela sensação que só ele a fazia sentir.

Fim!

“No milímetro que nos separa cabem todos os abismos”.

-Carlos Drummond de Andrade.-