História Le Chant des Sirènes - Capítulo LIII

Capítulo LIII

Diário de Mavis Vermelion

Magnólia 1658

Passavam- se uma semana desde que havia sido sequestrada pela tripulação do Fairy Tail, mais precisamente por Zeref. Minha mente se vagueava entre me sentir assustada e aliviada por ter sido salva de entrar em um casamento forçado. Meu pai havia me entregado ao filho do rei de Fiore e apesar de obter o cargo de príncipe o homem estava longe de se encaixar em tal padrão. Não que de fato estivesse atrás de um príncipe, apesar de romântica e sonhadora devido aos livros, eu possuía consciência de como as coisas funcionavam na realidade. Infelizmente o mundo real era muito desinteressante perto da imensidão de aventuras dos livros. O príncipe de Fiore estava longe de me causar às sensações a qual esperava ter.

Por outro lado me senti extremamente invadida pelo sentimento arrebatador da presença dele, que sob circunstâncias normais nunca se quer o olharia, porém, eu possuía a plena certeza de que ninguém conseguia não notar Zeref. Sua presença possuía uma magnitude e força que deixava todos ao redor presos as amarras de sua presença forte. E infelizmente eu não estava diferente dessas pessoas a quais julguei inicialmente, eu estava caindo em um precipício escuro de Zeref e estranhamente não sentia medo disso.

Mesmo que fosse uma prisioneira, não fui tratada como uma, alguns cuidados foram tomados para impedir tentativas de fuga, porém, eu bem sabia que jamais conseguiria mesmo se eles permitissem. Eu não conhecia o mar, eu não conhecia o mundo fora das paredes de meu quarto, eu estaria mais perdida sem eles do que junto deles.  Decerto aos olhos dos outros eu era uma garota fraca que havia desistido na primeira oportunidade, contudo, eu via aquilo como uma liberdade mesmo que temporária. Possivelmente me tornei tão desiquilibrada ao ponto de me sentir mais livre sendo prisioneira, do que na minha própria casa e vida?

Atualmente

A sereia fechou a página assim que finalizou as palavras dentre as muitas do diário de sua mãe. Pelo pouco que havia observado, compreendeu que a vida de sua mãe sempre fora muito conturbada e com uma relação desagradável com o pai, algo que vinha bem antes da até então traição de se envolver com um pirata. O conde Vermelion sempre exigiu que a filha seguisse as etiquetas e se tornasse uma filha perfeita e por ventura uma esposa ideal. Sendo sempre um homem visionário, via em sua única filha a oportunidade de expandir cada vez mais sua riqueza, apesar de não compartilhar do pensamento do seu procriador, Mavis não o desobedecia e seguia as ordens conforme instruída, preferia ficar presa aos livros a se envolver em brigas desgastantes com o mais velho. Contudo, houve a primeira vez em que a filha enfrentou o pai em busca de sua liberdade depois de obter o gosto de como ela era, e infelizmente não havia conseguido nada além de desprezo. Lucy não havia chegado ao fim do diário, mas não precisava para saber o que havia ocorrido, todos sabiam.

Enigmaticamente a sua história era estranhamente familiar com a de sua mãe, o modo como sempre buscaram a necessidade de se sentir liberta e como acabaram por encontra-la. De algum modo as coisas se conectavam, a deixando nervosa com a situação. E se obtivesse o mesmo desfecho que sua mãe? Apenas a hipótese arrepiou sua espinha.

-Lucy!- piscou os olhos voltando à realidade, no barco do Fairy Tail. Olhou para Levy que a observava com curiosidade estranhando o comportamento da loira, sendo sempre tão atenta a tudo, estava completamente submersa ao mundo que apenas ela sabia aonde. – vamos iniciar? Os outros já estão prontos!- Assentiu em confirmação e rapidamente guardou o livro abaixo do travesseiro se erguendo da cama e saindo da cabine com a azulada em seu encalço. Ao abrir a porta notou os olhares curiosos e ansiosos dos marujos, todos aguardavam pacientemente o comunicado a respeito do portal a qual entrariam.

-Primeiramente eu queria agradecer a todos e parabenizar por tudo que fizeram, estamos indo de encontro ao quinto portal, fomos além do que se era esperado. – os marujos sorriram um pouco mais aliviados. – infelizmente nem todos podem estar presentes, e por isso que não iremos desistir e conquistar o que viemos pegar. – berraram entusiasmados e incapazes de negar. – o próximo portal que iremos é o portal da donzela Virgo, o espírito do signo de Virgem e também o portal que representa o portal da avareza. – se entreolharam receosos. – o portal vai testar vocês de modo que estarão sujeitos a serem postos perto dos tesouros mais enriquecidos de todo o universo. – o que não era de fato algo agradável, vendo que todos eram piratas. – os tesouros perdidos no mar vão parar diretamente no portal de Virgo, e se ao menos ousarem tocar o ouro, será submetido à escuridão que está enraizado nos portais. – Lucy olhou para todos os seus amigos presentes. – eu peço que sejam fortes o suficiente para suportar isso. – o ar pareceu pesar por alguns segundos e ninguém ousou dizer uma palavra, como se no fim, todos duvidassem de si mesmos.

-Também possuímos uma boa notícia. – Levy prontificou em animar a tripulação que a olhou em expectativa. – encontramos um encantamento que Lucy realizou nas armas de todos, com isso, quando acertado nos soldados de Virgo, ela também irá receber o dano devido aos soldados estarem inteiramente ligados pelo poder dela. – um sorriso surgiu aos lábios dos presentes. – desse modo Virgo ficará fraca mais rápida e facilitando também para Lucy. – a empolgação se estabeleceu no navio e nada parecia desanimar a tripulação.

Preferiam confiar em seus amigos e acreditar que poderiam fazer qualquer coisa desde que estivessem juntos, do que se submeter ao medo e perder mais do que poderiam ganhar. Aquela confiança passava uma sensação confortável a Lucy que os observava com um sorriso no rosto, a Fairy Tail nunca desistia, não importava as circunstâncias. Involuntariamente olhou para o rosado um pouco mais a frente e o mesmo retribui o olhar com um sorriso, algo que indicava que ele possuía o mesmo pensamento.

Estavam a poucos metros do portão de Virgo e uma energia corria por todo seu corpo. Ela sentia a magia que emanava do local mesmo estando fechado, sentia também a energia maligna que o perdurava.

No momento em que o navio foi ancorado em meio ao mar que parecia paralisado e o ar rarefeito, os marujos sentiram uma tensão no ar e seguraram firmes na bainha da espada, como se aquilo afastasse a sensação temerosa de seus corpos.

A sereia levou a mão até o cinto preso em sua saia com uma fenda na lateral, e pousou a mão sobre as chaves presa ao objeto. Sentiu a energia que as chaves emanavam arrepiando sua pele, sentindo um formigamento por cada milimetricamente parte de seu corpo, pegou o objeto dourado responsável por abrir o portal de Virgo.

- Estou conectada ao caminho que leva ao mundo dos espíritos celestiais. Agora! Ó espírito, responda ao meu chamado e atravesse o portão! – uma energia dourada surgiu ao redor da sereia enquanto ela segurava a chave e erguia a mão em direção ao céu, o vento que até então parecia suspenso, surgiu forte balançando o navio e os cabelos dourados. Os marujos buscaram apoio em algo que os impedisse de ir ao chão quando o mar balançava fortemente o navio. – abra-te portal da donzela! Virgo! – sua voz estava firme assim como suas mãos sobre o ouro da chave. Um barulho alto como se o céu estivesse se quebrando e caísse sobre suas cabeças soou pelo céu, em um ruído incomodo ao ouvido de todos.

O céu rachou, em uma trinca que desceu até o mar como se houvesse uma parede invisível ali, e então as rachaduras caíram nas águas exibindo o portal dourado e brilhante, adornados por estrelas e pérolas. O ruído do portal se abrindo soou pelo local e o navio tornou-se a navegar para adentro do lugar.

O cheiro de enxofre ardeu os narizes dos marujos pelo ar poluído, o céu era um vermelho escuro em meio à negritude das nevoas que perduravam a imensidão do portal. O mar brilhava com as moedas de ouro localizadas na sua profundidade, atraindo a atenção dos piratas tão fissurados em ouros. Contudo, o que havia chamado à atenção de todos os presentes era que mais a frente, localizada na praia frente às ruínas de pedras, estava o espírito de Virgem sentada por sobre um enorme soldado samurai de pedra. Não era necessário estar perto para enxergar o sorriso satisfeito do espírito, ela sabia que eles viriam, e estava preparada para isso.

Duas extensas correntes se prenderam no navio destruindo a madeira para prendê-las ao mesmo, sendo assim, o navio foi puxado com força em direção à praia fazendo todos perderem o equilíbrio com o impacto. No momento em que a embarcação chegou a areia, novamente a parte baixa do navio foi destruída quebrando a madeira em contato bruto nas pedras entre os grãos dourados. No tempo em que o navio parou e os marujos se erguiam aos poucos um barulho zumbindo no céu atraiu a atenção da sereia que ao olhar em direção ao ruído, notou uma imensa rocha em formato de esfera indo em direção ao navio. Em um movimento rápido a sereia rodou o corpo e esticou o braço erguendo o mar em uma muralha que ricochetou a esfera longe. Por sorte a água era em maior quantidade e agressivo feito um tornado, para jogar a esfera em outra direção, e tornando a mesma em lama ao entrar em contato com o líquido.

-Então esse é o poder de uma sereia celestial?- a voz ecoou alto quando a água caiu fazendo um barulho estrondoso. Os olhos castanhos de Lucy observaram a mulher sentada ao ombro do samurai, parecia despreocupada e até mesmo poderia dizer tediosa. – estive esperando por você, Lucy Heartfilia!- um sorriso de lobo surgiu no rosto delicado demais para ostentar uma feição tão maligna. – você venceu Leo com facilidade, o estúpido do espírito estava conseguindo se controlar, infelizmente, por que se não fosse por isso, não teria vencido. – a sereia ficou surpresa mediante a descoberta. Leo foi insuportavelmente forte e ainda assim não era o poder dele completo? O espírito lutou até o fim. Sentiu um orgulho pelo signo de leão. – contudo, devo lhe avisar, que comigo não será assim. – sorriu satisfeita.

Tudo ocorreu rápido demais para os olhos humanos acompanharem, outro soldado surgiu em meio a areia e ao se erguer acertou uma corrente com esfera na ponta em direção ao navio. A madeira se estraçalhou espalhando-se por todo o local e mandando a tripulação em várias direções. O navio da Fairy Tail havia se resumido ao nada.

A sereia esticou os braços para cima e concentrou a magia de Libra para impedir as pessoas de se afogarem ou baterem contra as rochas. Era difícil se concentrar em todos e os encaminhar até terra firme, mas ela não desistiu.

-Sua desgraçada, destruiu meu navio!- a voz irritada de Natsu perdurou pelo local, enquanto ele saia da água completamente encharcado e com um olhar raivoso em direção a rosada.

-σπάσιμο!- a voz de Virgo foi baixa e nenhum movimento foi necessário, um monte de rochas se direcionou até Natsu o prendendo em um conjunto de rocha que formavam uma esfera.

-Natsu!- a sereia berrou correndo em direção à esfera de rochas após ajudar aos amigos, contudo, antes de ao menos se aproximar do pretendido uma corrente foi jogada em sua direção e então presa em seu pescoço. O corpo da sereia foi puxado com brutalidade e então jogado contra as paredes de rocha das ruínas as destruindo pelo impacto.

O corpo de Lucy caiu no chão duro com as paredes caindo sobre si e a prendendo, e quando tentou se reerguer o corpo de Virgo surgiu acima do céu e caiu sobre si e a segurou pelo pescoço enquanto a outra mão segurava firme a corrente presa na sereia.

-Tenho outros planos para você, sereia!- sorriu maldoso e a corrente presa ao pescoço da loira se tornou quente e a apertou mais sobre a pele. – não se preocupe com o rosado, ele vai ser bem tratado. – o sorriso logo foi desfeito assim que o punho de Lucy acertou o rosto da mesma, e com a força de Taurus a mandando longe. A loira ergueu-se aproximando da parte destroçada da parede da ruína e olhou para a praia observando os amigos lutando contra os samurais.

Os olhos castanhos observaram Virgo se reerguer da onde havia caído e sorrir satisfeita, Lucy manteve o olhar e segurou a corrente presa ao pescoço a quebrando com sua força do star dress.

- Regulus impact!- a loira gritou jogando a luz de sua mão em direção ao espírito que usou uma rocha para se proteger, porém, o impacto fora tão forte que acabou acertando a rosada que não ficou satisfeita.

Com agilidade modificou seu star dress para o de Virgo e ergueu rochas enquanto corria do alto da ruína até chegar a espírito. Segurou o cilindro de Anfitrite na mão antes de rodá-lo e o transformar no tridente e pular mirando em direção a rosada que desviou por centímetros antes de ser acertada. Os olhos verdes se arregalaram em surpresa, mas não sobrou tempo para mais reações, uma forte onda de areia foi acertada no corpo da mulher que bateu com tudo na parede de rocha. Depois transformou a própria areia em espinhos e os jogou em direção a Virgo acertando em várias partes e terminações nervosas do corpo curvilíneo.

-Eu também tenho planos para você!- a sereia ergueu o queixo com o bom e velho orgulho de um dos seres mais fortes do mar.

Iniciava-se um duelo de gigantes.

**

-Maldita, destruiu meu navio!- o rosado socou contra a rocha depositando toda sua fúria, o que ocasionou em feridas nos dedos e nenhuma lasca no solo.

A esfera rangeu como se protestasse a tentativa fala de fuga, e Natsu notou a mesma diminuir deixando o espaço menor. Apertou os olhos averiguando o local e no que poderia ser feito e um barulho de algo molhado rastejando chamou sua atenção. Virou se e então notou o solo mover abaixo de si se unindo a um outro restante mais a frente, o barro foi se unindo e tomando uma forma que ainda lhe era estranha, porém, ao fim, notou no que estava se desenvolvendo e seu coração errou uma batida.

-Por que Natsu?- a voz soou enquanto o barro tomava forma e ao ser finalizado possuía a mesma estatura e aparência que sua mãe. – por que fez isso?- mesmo que soubesse que a forma falsa de barro, não era sua mãe. Sua mente se negava a fazer algo contra aquilo que manchava a memória de sua genitora. Ficou paralisado apenas observando o corpo tomar cor. – por que me matou Natsu?

-Você... Não é ela!- sua voz soou mais fragilizada do que pretendia. Apertou os punhos em ódio, os dentes cerrados de modo que os mesmo poderiam rachar. – como ousa usar a imagem de minha mãe? – berrou não conseguindo disfarçar a indignação com o que estava ocorrendo.

-Você matou sua mãe... Você é um monstro Natsu!- mesmo que tentasse não se importar com que havia sido dito, o rosado não soube disfarçar o sentimento de tristeza que o preencheu. De fato não era sua mãe, mas ouvir aquilo com a voz e a aparência dela o atingiu mais do que o esperado. - você nunca vai superar isso, por que é isso que você é!- o olhar verde com a mesma tonalidade do garoto o olhava friamente em uma expressão impassível. – por mais que tente ser outra pessoa, nunca conseguira afastar da sua verdadeira identidade. – virou o rosto tentado fugir da expressão tão conhecida, contudo, ao se deparar com o corpo de sua mãe a frente de si completamente ensanguentado e com ferimentos graves, ele soube, que não conseguiria fugir. – a escuridão habita em você Natsu, e ela está aumentando cada vez mais. – gritou quando sentiu uma dor profunda no crânio, como se estivesse sendo partido.

Debruçou sobre o chão com as mãos na cabeça na tentativa falha de se ver livre da dor. Berrou quando seu cérebro queimou como se derretesse devido ao calor, e sua cabeça parecia sendo apertada cada vez mais, um barulho incomodo nos ouvidos os fazia sangrar e o coração batia acelerado. Os olhos se reviraram tanto que pareciam ter ficado do avesso, os dentes rangia os trincando e sangue escorria dos lábios ao morder a língua com força. Veias subiam por seus braços como se cobras peçonhentas adentrassem sua pele e buscassem algo para sugar até a morte.

-Aaahhh!- gritou em busca de socorro ou que fizesse a dor parar. Toda via, seu corpo se prendia ao chão junto da lama que escorria do corpo da mãe que o olhava morta. Algo dentro dele, estava se partindo.

**

Uma sensação arrepiante passou por seu corpo, e um sentimento desagradável se alojou em seu coração. Virou-se em busca de algo que pudesse ser o motivo da aflição, mesmo que no fundo já soubesse do que ou mais especificamente quem, era o culpado.

Em contra partida, Virgo acertou uma rocha na direção da sereia tirando proveito do momento de distração. Como se fosse um ultraje à sereia ousar dedicar sua atenção a algo que fosse além daquela luta que estava estrema.

Os marujos da Fairy Tail lutavam contra os dois grandes samurais e mesmo que a desvantagem estivesse em evidência, não desistiam e o fato das armas estarem encantadas ajudava a causar danos consideráveis nas estruturas rochosas, o que refletia no espírito de Virgem, que apesar de estar nitidamente cansada, ainda lutava com vigor.

- γη σπείρα!- rochas em formatos de espinhos surgiram dos destroços em mandados em direção a Lucy, acertando a pele aveludada a atravessando, um em específico passou a milímetros de seu rosto próximo ao seu olho direito, um filete de sangue escorreu do ferimento e um sorriso satisfeito surgiu no rosto de Virgo. – não deveria se distrair durante a luta!- as correntes presas aos punhos da rosada foram em direção à sereia a prendendo pelos punhos e pernas contra uma rocha. Tão rápido quanto um raio, a rosado surgiu à frente da sereia e enfiou sua espada feita de rocha no abdômen de Lucy e revirou a espada fazendo à loira se contorcer. – eu adoro infringir a dor Lucy, obrigada por me fornecer esse momento especial. – sorriu maléfica antes de enfiar o espinho no olho direito aonde inicialmente deveria ter sido acertado. Lucy berrou com a dor o que atraiu a atenção dos amigos, Erza de longe já correu em direção ao espírito ao notar a amiga ferida. Não pensou, apenas correu.

-Desgraçada!- berrou em plenos pulmões antes de girar a espada em direção a Virgo que se protegeu com a sua, que retirou do ferimento da sereia que se abriu no processo.

O barulho do impacto das espadas soou pelo local em meio aos gritos e ruídos da guerra que ocorria. A ruiva não se deixou abalar por estar enfrentando um ser mitológico, aquilo era apenas um detalhe para si. Desviou do movimento fatal da espada de rocha, deitando o corpo para trás e depois fazendo um mortal antes de voltar a atacar o espírito que sorria satisfeito em encontrar outra adversaria que podia lhe oferecer uma boa luta. Erza desviava e girava a espada com habilidade, de modo que irritou a rosada, que usou sua magia para lhe fornecer outra espada e as jogar na direção da adversária. Abaixou-se o suficiente para tocar o solo e fazer duas colunas de pedras surgirem e prenderem a ruiva no meio, a esmagando lentamente, como humanos faziam com insetos.

-Erza!- a voz fragilizada da sereia atraiu a atenção da rosada que observou satisfeita a ruiva berrar enquanto sentia seu corpo ser esmagado contra as rochas. – não!- Lucy gritou arrancando as correntes contra a estrutura rochosa. A franja dourada tapava o resultado trágico do ataque de Virgo, porém, o sangue escorria sujando metade da face da loira. O rosto inexpressivo passou rapidamente pela percepção da rosada antes da sereia praticamente desaparecer utilizando o star dress de Capricorn, a loira correu com agilidade usando seu Fleuve d'étoiles para subir no samurai de rocha que rodou o corpo tentando retirar o inseto que subia em si.

Usou seu instrumento feito pelos deuses apenas para rodar na mão e fazendo uso da espada, fincou com força na cabeça do soldado. A estrutura rachou com o impacto quando perfurou o mesmo, depois ela usou a roupa de seu espírito mais forte para pular e fincar com força a espada. O soldado berrou enquanto perdia o controle, Lucy com agilidade retirou a espada para transformá-la em uma lâmina comprida o suficiente para corta a cabeça do gigante fora que caiu ao chão o fazendo tremer.

Os marujos berraram em êxtase quando o samurai veio ao chão e com isso Virgo gritou pelo dano recebido e acabou por soltar Erza que caiu desacordada no chão, Jellal correu em direção a ruiva para acudi-la e Lucy obtinha um olhar assassino em direção da rosada. Pulou do soldado de rocha e correu em direção ao seu objetivo com o corpo brilhando enquanto o star dress de Léo surgia em seu corpo, assim que chegou ao corpo ainda debilitado de Virgo, iniciou uma sequência de regulus impact em socos em direção ao corpo da mulher. O impacto foi tão grande que foi jogada contra as paredes da ruína e então Lucy rapidamente voltou ao ataque, à colisão foi tamanha que o chão rachou e o corpo de Virgo queimava em contato com a luz, os músculos expostos e o cheiro de carne queimada não impediu a seria de prosseguir. Fechou os olhos enquanto estava sentada sobre o corpo sofrido da rosada que logo começou a ser coberta pela lama, sua própria magia, e ainda assim não conseguia controlar. Arregalou os olhos ao observar a sereia de olhos fechados e o brilho dourado ao redor.

-Está ficando mais forte e você também sente isso!- a maneira a qual Virgo havia dito aquilo, não fez parecer ser algo bom. A sereia apenas a ignorou e prosseguiu com o que pretendia.

-Clame aos Céus, Abra os céus... Todas as estrelas, e imensidão... - assim que notou qual magia estava sendo realizada, os olhos esverdeados se arregalaram, não de surpresa, mas de medo, porém nada pode fazer com o corpo preso a própria magia. Lucy havia conseguido tomar o controle da magia de Virgo mesmo estando no portal da mesma, e aquilo a fez se arrepiar ao fim da constatação. – Mostra-me a tua aparência... Com todo o seu brilho... Oh Tetrabiblos, eu sou o governante das estrelas... - todo o cenário se transformou em uma galáxia de estrelas e planetas. Virgo sentia a pele arrepiar sob tamanho poder, se sentiu esmagada pela sensação excruciante de magia. - Meu aspecto é a perfeição... Abra-te portão selvagem. 88 Estrelas dos céus...
Brilhem! Urano Metria!- não houve como fugir quando o poder das estrelas acertou não apenas Virgo, como todo o portal retirando à força toda a magia negra, derrubando o último samurai assim como a esfera de rochas. Um último grito de sofrimento foi se ouvido dos lábios de Virgo antes de se entregar completamente a luz, permitindo que a magia negra saísse de seu corpo como uma névoa escura que queimou ao fim, ao entrar em contato com a luz a magia se desfez feito pó não suportando as partículas.

Por alguns segundos Lucy pareceu perder a consciência e quase desmaiou por cima da mulher que estava desacordada. Porém, se recordando de seus amigos, reergueu retirando forças da onde não sabia que tinha e carregou a rosada por sobre as costas caminhando com ela para fora das ruínas em pedaços. Logo que colocou os pés para fora do local, notou a diferença, o portal estava com uma luz e um céu azul claro, um vento fresco passava pelo ambiente deixando um frescor na pele escaldante dos marujos. O mar se batia revolto contra as rochas na praia e o chão rochoso cresciam pequenas plantas.

Andou devagar por conta de sua fragilidade e encostou Virgo em uma rocha, enquanto olhava ao redor em busca de pessoas com ferimentos graves. A pequena Wendy já fazia seu trabalho e auxiliava os feridos com os socorros necessários, Lucy não pensou muito quando correu até Erza que estava deitada por sobre o colo de Jellal que assim que notou a presença da loira, permitiu que a mesma se aproximasse. Ergueu as mãos por sobre o corpo da garota e fechou os olhos enquanto a magia se localizava em suas mãos em tons dourados e então, curando os ferimentos pelo corpo da ruiva.

-Logo ela vai despertar, por sorte não foi nada grave. – os órgãos estavam intactos apesar de alguns ossos terem sido quebrados, mas havia os restaurados com sua magia. O azulado assentiu e observou o rosto da loira, com o ferimento no olho que parecia se curar com lentidão.

-Deve se curar também!- a voz indicava a preocupação para com a sereia que apenas o respondeu com um sorriso antes de negar com a cabeça. Aquela não era sua prioridade no momento. Não morreria por aquilo, e talvez, merecesse sentir aquela dor.

Não esperou muito para correr em meio o que havia restado da guerra e ao chegar a seu destino, cavou em meio às rochas as retirando com uma impaciência devido ao nervosismo. Assim que viu os cabelos róseos suspirou aliviada e retirou o restante que havia acima do capitão, e deixou o corpo do garoto exposto. Pós os braços abaixou das axilas dele para erguê-lo e o retirar dos destroços, e quando obteve sucesso se afastou o suficiente para olhar no rosto do rosado. A pele estava absurdamente quente de modo que as rochas ao redor pareciam brasas sobre sua pele, contudo, não importava o quão escaldante e incômodo fosse, não ousaria se afastar de Natsu agora.

-Natsu!- a voz era tremida, pois um sentimento de medo se apoderava de si. – está me ouvindo?

-Lu... ce!- suspirou em alívio quando ouviu a voz fraca e olhou para o rosto cansado, e os olhos semiabertos do homem à frente. Ele ergueu a mão e tocou delicadamente o rosto dela, foi tão frágil que ela até mesmo duvidou se havia mesmo a tocado, obteve a confirmação quando sua pele se arrepiou. – está... Ferida!- os olhos exalavam preocupação, porém, no momento seguinte ficaram nevoados e posteriormente ele perdeu a consciência e desmaiou. Segurou o corpo dele contra o seu e suportou o calor e respirou aliviada ao sonar da respiração contra seu ombro, e o batimento do coração próximo de si.

-Lucy!- se virou notando Makarov juntamente de Gildarts se aproximar, os dois estavam com apenas algumas escoriações que demonstravam não ser nada. – Virgo acordou, ficamos com ele por enquanto. – Assentiu permitindo que o ruivo pegasse o garoto e o colocasse sobre as costas. A loira então se encaminhou até a rosada que estava envolvida olhando tudo com um medo evidente.

Sentou-se ao lado da mulher que a olhou de olhos arregalados se encolhendo cada vez mais. Não possuía ideia de como deveria ser o caminho das trevas, mas possuía a plena consciência de que era um caminho solitário e doloroso e era aquilo que a instigava a livrar aqueles espíritos da eterna agonia, era esse seu objetivo inicial. Jamais se perdoaria se permitisse alguém continuar sentindo dor, quando se obtinha o poder para modificar isso.

-Virgo?- a voz melodiosa da sereia atraiu a atenção da espírito que a olhou em admiração. Havia algo que as ligava, o laço dos espíritos com aquele que possuía a magia celestial. – acabou! você está livre agora!- sorriu tentando confortar a rosada que não demorou a se jogar nos braços da loira que ficou completamente surpresa pela reação repentina.

-Obrigada!- falou próxima ao ouvido da sereia em uma emoção que há tempos não sentia. – dedicarei minha vida a lhe devolver o favor, farei qualquer coisa que me pedir princesa!- a rosada se prontificou em fazer uma posição de submissão, reverenciando a garota a frente que a olhava de olhos arregalados. Desde pequena nunca foi adepta ao termo princesa, porém, com Virgo poderia ser diferente quando ela dizia sem nenhuma intenção além de devoção e agradecimento.

-Isso não é necessário!- sorriu sem graça e tentou erguer a mulher que a olhava do mesmo modo, como um soldado devoto ao seu capitão, apenas aguardando as ordens. A loira olhou em direção ao mar e as ondas que traziam os destroços do navio para a praia e pareceu pensar em algo. – na verdade... - os olhos verdes brilharam ansiosa a espera da ordem. – teria como você restaurar o navio? É muito importante para todos. – sorriu ao fim e a rosada prontamente concordou.

-Sim, desde que esteja em nosso portal, podemos restaurar qualquer coisa. – Virgo se levantou apenas para erguer as mãos e fechar os olhos, tão logo às tábuas e troncos flutuaram até o mar e se unindo como um quebra cabeça, juntavam as peças que faltavam e então ao fim, voltando ao navio que era anteriormente, completamente restaurado. Os marujos gritaram em resposta já se encaminhando para o mar e navio. – está como deseja princesa? Se quiser pode me punir!- o rosto inexpressivo indicava que a espírito não estava brincando.

-Está perfeito!- ditou rapidamente com os olhos arregalados. Observou quando a rosada levou a mão até o pescoço e de lá retirou um cordão dourado preso a uma chave dourada. A chave de libra. Lucy piscou os olhos quando o objeto dourado foi posto sobre sua palma, sentiu o famoso formigamento na pele ao entrar em contato com aquilo que fazia parte de si. Voltou-se a Virgo que sorriu para a jovem sereia.

-Eu espero que consiga chegar ao fim de sua jornada!- depositou seus sentimentos sinceros nas palavras. – o caminho é árduo, porém, tenho certeza de que conseguira, você está ficando mais forte, mas não é apenas por isso que você vai conseguir. – a loira a olhou curiosa. – e sim por que você deseja fortemente isso, e pelo que carrega em seu coração. – sorriu genuinamente as palavras da mulher. – você é a pessoa certa para obter essas chaves Lucy, as estrelas não a escolheram atoa, elas a escolheram por um motivo.

**

O reflexo no espelho exibia a imagem de uma garota abatida e extremamente frágil, o olho ferido já estava se recuperando normalmente e sobrando então apenas algumas pequenas feridas ao redor do olho. Porém, era nítida a exaustão da sereia que demonstrava que a qualquer momento viria ao chão devido ao cansaço. Entretanto, assim como as outras vezes, a loira só se permitiu descansar quando todos já estavam devidamente curados e obtivesse a certeza de que Natsu estava verdadeiramente bem.

O seu próximo destino deveria ser o tanque de água que agora se localizava na cabine do capitão, toda via, seus pés tomaram o rumo até a cama aonde o rosado se encontrava dormindo há exatos três dias. Três longos dias que haviam saído do portal e navegavam pelo mar sem um capitão, três dias em que Natsu se mantinha em um sono que emitia sons apenas quando estava em delírios.

Sentou-se na beirada da cama e pousou uma mão sobre a testa do rosado que ainda estava preocupantemente quente. Havia tentado todos os tipos de cura, porém, a quentura não diminuía e ela temia que sua cura não surtisse mais efeito no homem, ou que algo estava ocorrendo. As duas constatações não eram agradáveis. Arregalou os olhos quando notou os olhos dele abertos, mal teve tempo de reagir, seu corpo foi virado e caído contra a cama com o corpo de Natsu sobre si a impedindo parcialmente de fazer movimentos. Bastou olhar nos olhos vermelhos do homem, ela soube que algo estava errado, a maneira a qual ele a olhava, com desprezo e ódio palpável ela notou que não era Natsu.

-Natsu!- ele não reagiu ao chamado, não ao menos como ela esperava. Apenas levou a mão em direção à garganta dela apertando fortemente, impedindo o oxigênio de chegar aos pulmões. A pele dele parecia brasa e queimava a sua de modo doloroso. -Na... t..su!- as palavras mal saiam de seus lábios devido ao aperto e ele não dava indícios de que soltaria. A outra mão dele foi em direção ao bolso da calça e de lá retirou um punhal, a qual ela tinha certeza que não estava antes ali. Sem delongas a lâmina foi perdurada contra o peito, próximo ao coração, porém, em um erro bem grotesco um pouco abaixo do ombro. Lucy agiu rapidamente usando sua magia Regulus o retirando de cima de si e o jogando do outro lado da cabine. Rapidamente se levantou e tomou uma posição de ataque de preparando para o que pudesse ocorrer, sua garganta ardia e queimava, mas ela se preocuparia com isso mais tarde.

O rosado ergueu o rosto e se mostrou confuso olhando ao redor em uma face de incompreensão, quando os olhos verdes pousaram na loira assustada e preparada para a luta, arregalou os olhos ao notar os ferimentos no corpo dela. Assustou-se mais ao notar o punhal em sua mão e que as mesmas estavam sujas de sangue.

-Lucy... - a voz saiu trêmula e os olhos pareciam perdidos olhando a loira. – foi... Eu quem fez isso a você?- ela engoliu em seco saindo de sua posição de defesa. Suspirou alto se sentindo mal ao observar o modo assustado do rosado, nunca havia o presenciado tão vulnerável. Nada saiu dos lábios dela, não havia nada a ser dito, nada que pudesse diminuir o sentimento de culpa.

Algo havia se acendido naquele dia, algo que queimava profundamente no rosado. E Lucy temeu que talvez ele nunca mais viesse a ser o mesmo.

Fim!

Monstro

Como eu deveria sentir? Criaturas mentem aqui

Olhando através da janela

Aquela noite ele enjaulou-a

Machucou-a e a quebrou.

Ele lutou mais

Então ele roubou-a

- Meg and Dia-