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História Learn - Sem Arrependimentos


Escrita por: thereddiamond

Notas do Autor


Olá!^^

Então, perdão o atraso da atualização, infelizmente não estava tendo tempo e nem cabeça para escrever e corrigir o capítulo, seja por causa dos estudos, assim como também ao fato de que uma parente minha faleceu na semana passada, então não tive cabeça para nada no final de semana. Apenas me preocupei em apoiar minha família e como a semana começou uma loucura só, não quis apressar nada e correr o risco do capítulo perder qualidade kkk.

De qualquer maneira esse não é o ponto dessa atualização! Agora de vez estamos entrando na reta final da fic, garanto que vai durar mais uns quatro ou cinco capítulos + epílogo.... Então tá perto kkkkkkkkk

Chega de conversa, desejo uma boa leitura e desculpa caso encontrem erros não corrigidos <3 Beijos ;*

Capítulo 32 - Sem Arrependimentos


 

 

Os dias pareciam demorar a passar quando se está enclausurado e Yuri só percebeu isso quando transferida da sala fechada, para uma cela com barras de ferro. Uma evolução e tanto se comparado ao lugar antes presa. Ganhou até mesmo uma parceira de quarto que a olhava com desconfiança, acordando durante a madrugada para averiguar se iria ou não matá-la com o travesseiro.

Agora com pouco tempo de vida, Yuri podia passear pelos blocos da prisão e se misturar com as outras prisioneiras. Recebeu um trabalho para ocupar a cabeça como ajudante na cozinha, mas na maior parte do tempo lavava a louça ou limpava o chão depois de descascar batatas e cortar cenouras. Entre os horários do almoço e do jantar, as prisioneiras tinham um longo período livre, que ia das duas até às cinco da tarde, para tarefas pessoais como lavar roupa, se exercitar ou se voluntariar para trabalhos manuais. Ela tomava esses momentos para descansar ao sol, sentada numa das mesas do pátio arborizado ou na sombra de um limoeiro, olhando as prisioneiras que escolhiam os exercícios, correndo numa pista de atletismo improvisada nos fundos do terreno.

Um fato curioso sobre sua estadia foi que conseguiu uma espécie de parceira de conversa, talvez uma sombra. As duas conversavam quando não tinham nada para fazer, comentando coisas que achavam interessantes, para depois cada uma virar as costas e seguir para sua cela quando encerrado o jantar.

Na prisão seus horários eram cronometrados e muitas vezes se encontrava no tédio, sem nada para fazer. Obrigatoriamente decidiu que precisava arranjar um hobbie que a fizesse esquecer o sábado e sua execução. Os dias estavam contados num calendário, não poderia desperdiçar um único pensamento e meio que isso intensificou a mania que tinha de pensar em Jessica. Às vezes se pegava sorrindo para o nada, quando criava diálogos que jamais poderiam ter, imaginando sua reação e respostas. Estaria ficando louca? Não duvidava. Diziam que quando se passa muito tempo enclausurado, a sanidade começa a se deteriorar, somente achava estranho que fosse tão rápido. Não havia nem completado uma semana de presa e já estava perdendo a cabeça.

Quando faltavam dois dias para sua execução, uma guarda veio chamá-la em sua cela para levá-la a área dos telefones. Alguém estava ligando e parecia ser muito importante. Com pressa e ansiedade seguiu para os telefones, quase grunhiu chateada ao ver que se tratava de Taeyeon.

— Decepcionada? — A Kim perguntou com tom de brincadeira, fazendo-a corar por ter sido óbvia e grosseira.

— Não, apenas pensei que fosse outra pessoa — Tentou escapar da armadilha que montou para si, ganhando uma risada em troca. Taeyeon não se importou.

— Tiffany não a deixa ligar porque seria um desperdício de tempo — A precaução em como Taeyeon usou as palavras fez com que Yuri entendesse o recado. Estavam sendo monitoradas, então qualquer conversa fora do padrão, ainda por cima com Jessica, poderia atrair atenção indesejada. Yuri suspirou e encostou o ombro na parede. — Como vão as coisas?

— Lentas, percebi que tenho muito tempo livre... Não sei se isso é algo bom ou ruim. — Foi sincera.

Sua lógica não estava errada, porque quanto mais rápido o tempo passasse, mais próximo da execução ficava.

— Acho que você deve tomar isso como uma benção — Yuri sorriu para o que disse, gostava de conversar com Taeyeon por isso, ela sempre estava disposta a ver o lado positivo das coisas. — Sinto muito pelo o que aconteceu, queria ter estado ai para te dar apoio...

Ela estava mesmo arrependida, tanto que acabou soltando um choramingo inconsolado, fazendo a morena rir e depois suspirar.

— Tudo bem, baixinha... Foi melhor assim, você ai e eu aqui. — Tradução: ela precisava ficar longe para ajudar e não se colocar em perigo.

Pelo menos foi isso o que Taeyeon tirou de sua frase, por mais complicada as coisas estivessem, Yuri ainda pensava nas outras pessoas.

Taeyeon não soube como continuar ou expressar a tristeza que enraizou em seu peito, ficando calada por um tempo. Yuri não a interrompeu, conseguia imaginar que deveria estar sendo difícil para ela também. Taeyeon foi a primeira pessoa que, mesmo tendo sido difícil de aproximar no começo, se ofereceu para ajudá-la e a apoiá-la sem questionar duas vezes. Ela tinha decidido por conta própria ser sua aliada nesses momentos difíceis.

— Pode não parecer, mas você faz falta aqui... As coisas ficam muito tranquilas quando você não está — Taeyeon falou em tom de piada, arrancando uma gargalhada de Yuri, que mudou o fone de posição no ouvido. — Eu não gosto de promessas, mas você pode me prometer que vai ficar tudo bem? Que precisa que fique tudo bem?

Yuri suspirou fortemente, captando de imediato o que ela queria dizer, Taeyeon estava disposta a fazer algo mais por ela. Bastava pedir que se comprometeria a fazê-lo.

— Acho que não, baixinha. Gostaria de prometer, mas não consigo — Esperava que ela tivesse entendido que não. Ela precisava se manter longe para que a poeira baixasse, não queria que sujasse seu nome. Taeyeon já tinha feito tudo que podia e nesse momento restava esperar, era a única coisa que poderia pedir para ela. A loira suspirou insatisfeita pelo telefone, mas não reclamou. — Mais alguma coisa?

Aquela era a deixa para que falasse se havia ou não conversado com Heechul. Precisava ter boas notícias dele, porque, se não, teria se sacrificado a troco de nada. Contava com a estupidez de seu irmão.

— Na verdade não. Tudo que você precisa está aí. — Taeyeon disse, deixando Yuri satisfeita. Taecyeon estava vindo atrás dela.

— Obrigado por ter estado ao meu lado, Taeyeon... — A morena agradeceu depois de ter ficado em um silencio relutante, pensando no que gostaria de dizer a ela, encontrando as palavras perfeitas que concretizassem os sentimentos de agradecimento que viviam em seu coração.

O tempo para a ligação estava terminando e não poderiam estender a conversa, muito menos dar-lhe um abraço como deveria fazer. No fim sempre deixaria coisas para trás.

Taeyeon ficou segundos em silêncio e, pelo telefone, bem ao fundo, Yuri pode escutar seu suspiro pesado e entrecortado que segurou por muito tempo.

— Pare de dizer adeus tão facilmente assim, sua idiota — Taeyeon rosnou tornando-o numa ameaça, que não foi tão séria assim. Infelizmente não conseguiu segurar a amargura e nem a tristeza que a abateu com força.

Ela não iria dizer adeus de maneira alguma, Taeyeon resistia, Yuri percebeu. Era como se dissesse que ainda havia chance para conseguir sua liberdade, mas por precaução a morena queria deixar claro o tamanho do agradecimento que sentia.

— Desculpa te decepcionar, unnie. — Tentou brincar com a situação, mas acabou fazendo com que Taeyeon soluçasse a contragosto.

Vá se foder! — E assim ela encerrou a ligação num forte baque, fazendo Yuri rir tristemente, olhando desolada o telefone que ecoava os secos toques de encerrada a ligação.

Uma reação grosseira, Yuri admitiu em pensamento, mas foi a melhor maneira que Taeyeon encontrou para repreendê-la do golpe sujo sofrido. Chamá-la de uma maneira tão afetuosa como aquela não ajudava ninguém e muito menos não quebravam laços, apenas os estreitavam.

Sentindo o coração um pouco mais leve, ainda que tempestuoso, colocou de volta o telefone no gancho e voltou para sua cela. Pensava que tinha valido a pena se despedir de Taeyeon. Esperava que ela não tivesse ficado com raiva. Sabia que havia a feito chorar, a deixado imensamente triste, mas a situação era tão imprevisível que não poderia desperdiçar a oportunidade. Sem ressentimentos ou sentimentos de culpa quanto a Kim, Yuri entrou em sua cela e, aproveitando-se que a companheira não estava, se deitou de costas para a porta, tendo um pouco de privacidade para chorar.

Esse era o problema de criar laços com as pessoas e de fincar raízes em algum lugar. Você passa a se preocupar, criar sentimentos agradáveis que um dia necessitarão ser desfeitos. Ela não deveria ter se envolvido com ninguém, mas agora era tarde para desejar o contrário. Abraçou seu corpo, sentindo-se momentaneamente desolada e vulnerável. Desejou fortemente ter alguém com quem compartilhar sua tristeza, contudo tinha nada além do vazio de sua cama e dos cobertores.

Para todos os efeitos, não era hora para chorar, então engoliu o choro e enxugou as lágrimas. Tinha de seguir em frente com a cabeça erguida, porque senão começaria a se arrepender de tudo que alcançou.

 

*

 

Era sexta-feira, dia em que todas as prisioneiras com execução marcada para o final de semana, terem direito a visitas. Diferentemente do procedimento padrão, as visitas não aconteceriam numa saleta no bloco ao sul e sim no pátio gramado, sob ao sol. Todas as prisioneiras, listadas para esse tipo de visita, foram obrigadas a sair de suas celas quando o relógio marcou sete da manhã.

Após o banho e o café da manhã, foram se dirigindo, uma a uma, para o pátio. Algumas mulheres estavam ansiosas para o momento em que pudessem reencontrar seus familiares. Muitas delas tinham filhos que tiveram de abandonar ainda recém-nascidos, e choravam antecipadamente. O dia brilhava intensamente do lado de fora e o clima parecia agradável, convidativo para momentos agradáveis. Não estava muito quente e nem frio, um clima perfeito para não ser desperdiçado, haviam dado sorte.

Para aquele dia em específico, o horário de visitas será prolongado até o horário do almoço, que poderia ser compartilhado com os familiares, então o cardápio hoje seria feito com mais qualidade e sabor. Às duas da tarde tudo deveria ser encerrado e eles precisariam ir embora, as regalias seriam cortadas.

As prisioneiras foram passando pela pequena porta que levava ao pátio, entrando numa fila única. Yuri escutava alguns gritos de felicidade vindos do lado de fora, somente a ideia de reencontrar seus parceiros, pais ou filhos, causavam imensa alegria naquelas mulheres que se arrependiam dos crimes cometidos. Ia ser um dia emocional.

Chegando a vez de Yuri, uma guarda tirou suas algemas e pediu que seguisse para fora. O sol forte daquela manhã encadeou sua visão durante segundos, seus olhos, que se adaptaram a claridade, automaticamente caíram sobre uma figura que se destacava entre tantas outras, deixando-a estática.

Por mais simples estivesse vestida, Jessica ainda parecia fora do lugar, demonstrando para todo mundo que seu lugar não era ali. Seu cabelo estava preso num rabo de cavalo e a pele limpa de maquiagem, queria se misturar entre as pessoas, mas era uma missão impossível. Quase riu com sua tentativa, entretanto não conseguiu, tinha ficado perdida como uma tola, admirando sua beleza.

Yuri abriu um largo sorriso, iluminando seu rosto que estava pálido e morto desde que foi presa. Assim que o olhar de Jessica a encontrou entre as outras prisioneiras de uniforme cinza, um sorriso cresce em seu rosto e sai em sua direção. As duas se encontraram no meio do caminho, abraçando-se. Não foi preciso palavras para expressar quanto uma sentiu falta da outra, o abraço apertado e os risos abafados falavam por si só. Elas ficaram agarradas por um bom tempo, buscando abrandar a saudade que corroeu o peito enquanto separadas. Percebendo que estavam paradas no meio do caminho de outras pessoas, Yuri tomou sua mão e a levou consigo para que se sentassem longe das outras prisioneiras. Queria conversar em privado, ninguém poderia escutar a conversa que teriam.

Sabiamente escolheu o limoeiro, acomodando-se sob a sombra um pouco estreita, encostando-se no tronco da árvore. Jessica não reclamou por estarem se sentando na grama, apenas seguiu a morena e se colocou ao seu lado, entrelaçando seus dedos aos dela, evitando que se separassem prematuramente.

— Não comece com o papo de “você não deveria ter vindo” — Jessica resmungou apressadamente ao ver que ela iria reclamar da visita, imitando-a como acreditava ser seu jeito de reclamar. Olhou-a e franziu as sobrancelhas, mostrando-se irredutível. — Eu quis vir e ponto final, aceite.

Yuri não segurou a risada, gostava daquele lado de Jessica e apreciava a coragem que tinha para enfrentar as coisas, ainda que perigosas fossem. Sem repreendê-la, fixou os olhos em seu rosto, querendo decorar cada traço, temendo que aquela fosse à última vez que poderia apreciá-lo. Ergueu a mão livre e colocou uma mecha do cabelo que saiu do rabo de cavalo, esvoaçando com o vento, colocando-o atrás da orelha.

— Como vão as coisas? — Havia mil e uma coisas para conversar, principalmente perguntar, mas queria saber sobre ela e em como estava aguentando a situação.

O rosto de Jessica vacilou ao demonstrar o tamanho do seu cansaço, o sorriso que antes se mantinha firme em seu rosto começou a perder força. A angústia estava lá para entristecê-la, mas conseguiu contê-la ao se esgueirar para perto dela, deitando a cabeça no ombro da morena, escorando seu corpo ao dela, evitando seus olhos. Sentia que começaria a chorar novamente, tinha tido dias de inquietude e noites mal dormidas, chorando ao pensar nas piores possibilidades do que poderia acontecer com a morena. Havia se controlado por causa da ansiedade, que agitou a boca do estômago durante a viagem até a penitenciária, mas agora que a tinha por perto, a sensação de insegurança e medo voltou para assombrá-la.

— Tento levar as coisas de maneira positivas, mas está sendo difícil... — Suspirou e então ergueu o olhar, encontrando-se com o seu, que escapou no mesmo instante. O coração de Jessica saltou angustiado com isso. — Me sinto culpada por te ver assim, Yuri. Isso não está certo.

— As coisas estão como deveriam estar, Jessica — Yuri disse quando teve um pouco de coragem para olhá-la, engolindo em seco ao ver que estragava o momento entre elas, vendo-a ficar irritada ao franzir as sobrancelhas. — Não quero que você fique assim e nem que se sinta culpada, nada é culpa sua.

— Então porque parece o contrário? — Questionou com o sangue efervescendo, afastando-se para olhá-la.

Dessa vez os orbes escuros de Yuri não desviaram dos seus, estava disposta a confrontá-la, sentindo que também estava a ficar irritada. Contudo a irritação perdeu seu foco quando os olhos, incontrolavelmente, caíram sobre a boca de Jessica. Engoliu em seco ao sentir que tudo perdeu o sentido. O mundo ao seu redor parou de existir, o vento que bagunçava seus cabelos não a incomodava mais. A única coisa que subiu à cabeça foi o intenso desejo de roubar-lhe um beijo. Não era correto, Yuri sabia, mas havia um “q” de necessidade gritando em seu corpo, que afastou qualquer sensatez.

Não pedindo permissão, apenas o fazendo antes que se arrependesse, deslizou sua mão pela nuca de Jessica e aproximou seus rostos, capturando seus lábios num beijo cheio de vontade.

Um tremor percorreu a coluna da morena, estremecendo-a, quando Jessica, mesmo ainda irritada, correspondeu a sua boca. Parecia magia, como se sua boca lançasse sobre seus corpos um feitiço quente e abrasante. Suas línguas avidamente clamavam por atenção, explorando-se, experimentando os sabores que podia oferecer, embebendo de uma intoxicante sensação de puro desejo.

O beijo foi profundo e sufocante. Jessica demorou a se recuperar quando se separaram, ficando distraída ao sentir os lábios de Yuri descendo para a mandíbula e pescoço, suspirando alto. O tremor em seu corpo foi intenso por conta de seu hálito quente e dos beijos molhados, que deixava na jugular sensível ao toque da boca. Acabou se afastando dela, uma reação desnecessária de seu corpo. Em sua cabeça não passava nada de coerente, seus olhos buscaram os da morena, que insatisfeitos encontraram-se.

— Desculpa — Yuri pediu ao ver que tinha dado um passo além do que o lugar permitia. Estava tão insatisfeita que não pode sorrir como gostaria, quem sabe melhorar o ânimo. Fracassou miseravelmente.

Jessica não respondeu a sua desculpa e manteve o olhar sobre ela, estava séria quanto ao que tinha acontecido. Yuri abriu distância de seu corpo, apartando-as, evitando que suas vontades e desejos se tornassem insuportáveis. Um suspiro pesado caiu pelos lábios que estavam formigando. Acuada pelos próprios sentimentos, a morena encostou a cabeça no tronco da árvore, controlando a respiração e diminuindo o calor que subiu pelo corpo, alcançando a sanidade que estava prestes a perder. Aquele não era o melhor lugar nem mesmo para conversar e ainda assim o corpo estava a arder, querendo Jessica.

Lendo seus olhos e compreendendo os sentimentos conflitantes que passam neles, sentindo-os na própria pele, Jessica deixou que se afastasse, tomando tempo para se recompor. Enfiou as mãos na grama, passando a arrancar os fios, estava chateada pelo beijo ter se encerrado mais cedo que o necessário, mas não expressaria sua chateação em vista de que não poderia. Isso as incentivaria para que seguissem em frente e se olhasse ao redor, veria que não estavam sozinhas. Guardas as observavam dos postos de observação nos muros e pelas câmeras que aparecia a cada esquina e canto. Estavam fortemente vigiadas, nenhuma privacidade conseguiriam. Se pudesse fechar as cortinas para isolá-las, tinha certeza de que Jessica não a impediria de seguir em frente, assim como ela não se seguraria.

Seu olhar retornou sobre a morena, que agora a olhava em silêncio, podia ver em seus olhos que estava pensativa, perdida no mundo que existia em sua cabeça. Ela deveria estar pensando o mesmo, pois constantemente suspirava ao encarar seus lábios.

— Me deixa te tirar daqui, Yuri — Jessica tentou mais uma vez convencê-la com tal oferta, aproveitando-se do momento em que ambas estavam fragilizadas pelo beijo e pela necessidade que corria nas veias. Sem que ela percebesse, foi lentamente se aproximando, deixando seus rostos próximos. As respirações se misturaram, os olhares se perderam na direção das bocas. Contudo ninguém avançou a pequena distância que impedia que seus narizes se tocassem e que seus lábios encontrassem o caminho do outro. — Você sabe que tudo está perdendo o controle e não estou me referindo a nós.

— O que você quer dizer? — A voz de Yuri saiu um pouco fraca e enrouquecida, conseguindo, com muito esforço, se desvencilhar da tentação.

— Papai comprou o resultado do julgamento... Subornou o juiz e o júri para que você fosse condenada a sentença de morte.

Yuri ia protestar sobre o que estava dizendo, começando a se agitar, o olhar ficou inflamado por não conter a raiva a tempo ao escutá-la falar de Seyoon e daquela probabilidade que se mostrava acertada. Porém Jessica não queria dar a chance de receber uma resposta negativa ao pedido, queria tentar novamente, então continuou:

— As coisas estão muito mais acaloradas do que imagina. As pessoas que estavam na plateia disseram a imprensa sobre o seu caso, falaram sobre as provas usadas por Yoona no tribunal... A mídia está alvoroçada e caindo em cima do governo — Jessica viu que tinha chamado à atenção de Yuri, garantindo seu olhar fixo e surpreso. — Os Direitos Humanos estão pressionando o tribunal; você não é cidadã americana e eles querem te levar de volta para a Coréia, para que tenha um julgamento mais válido, só que Yoona não está permitindo. Há muitos riscos para você por lá, ela disse que o sistema carcerário é corrupto e seria fácil para qualquer manda chuva subornar alguém para te matar no presídio... — Suspirou inconsolada e voltou a aprofundar seus olhares, mantendo-se ainda perto. — As pessoas estão te tomando como um mártir.

Aquilo, definitivamente, era algo que Yuri não gostou de ouvir. Parecia até prenúncio de más noticias, de que uma tempestade, uma calamidade da natureza, está prestes a acontecer. Se as pessoas a tomavam como um mártir, bastava uma fagulha para provocar um incêndio. O jogo de Yoona, que deveria ter ficado recluso ao tribunal, acabou saindo do seu controle.

Ela vítima? Jamais o seria. Talvez vítima das consequências das escolhas de seu pai, mas jamais do que fez e do que se tornou. Sobrevivente se encaixava mais nessa questão, porém ninguém iria lhe perguntar sobre a verdade. Aos olhos da sociedade não era nenhuma terrorista, assassina, e sim uma vítima do governo corrupto que tentava apagar as provas de sua incompetência com a execução sumária.

Isso é uma merda... Pensou ao soltar um grunhido resignado e passar as mãos pelo cabelo, afastando-se de Jessica.

— Não era para nada disso estar acontecendo, Jessica. Não sou nenhum mártir e nem muito menos vítima — Soltou um rosnado como se tivesse sido ofendida por tudo que diziam. Jessica suspirou em consonância, sabia que não, mas não era ela que comandava as coisas. — Se isso continuar assim vai acontecer uma guerra civil.

— Sim e é por isso que vão te executar amanhã. Isso se ninguém tentar fazer algo com você essa noite... — Complementou seu pensamento, chamando a atenção de seu olhar. Seriam sinceras com a outra, a situação exigia que não poupassem detalhes, mesmo que isso pudesse machucar ambas. — Tiffany está fazendo o máximo para controlar as coisas, mas Yoona é uma caixa de surpresas e tomou à dianteira de sua situação. Ela jogou na mídia alguns documentos que comprovam a problemática sobre o seu caso, os jornais estão dizendo que você está sendo perseguida pelos governos porque tem algo que eles querem.

— Isso é um absurdo!

— Eu sei que é! Mas Yoona está feliz com isso, pois abriu a chance para que recorresse da decisão na Corte Interamericana — Jessica confirmou os absurdos da situação, chegando ao ápice delas. — Ela vai viajar hoje para Costa Rica e só vai sair de lá com sua liberdade escrita num papel.

Yuri voltou a suspirar inconformada, se mostrando mais calma do que deveria. Voltava a raciocinar com frieza.

— Deixe-a ir. Não vai fazer diferença se ela conseguir ou não... Pelo menos vai estar longe de toda essa confusão. Peça para Tiffany mantê-la por lá se possível — Disse ao pensar calculadamente cada passo e lançou um olhar incisivo sobre Jessica, na intenção de intimidá-la. — Você deveria ir imediatamente embora daqui para um lugar seguro... Você tem alguma propriedade que ninguém conheça? — Jessica balançou negativamente a cabeça, fazendo com que Yuri soltasse um resmungo incompreensível. — Peça para Taeyeon falar com meu amigo, ele vai te dar as chaves da minha casa no Alasca.

— Você sabe que eu não vou, né? — Jessica teimosamente fincou o pé no chão quanto à questão, estava decidida e não iria abandoná-la num momento delicado como esse em troca de segurança.

Não era egoísta a esse ponto, sem mencionar que queria ver o circo pegando fogo de perto. As ações de seu pai alimentava a raiva que existia dentro de si. Ele havia mexido com a pessoa errada. Contudo, Yuri não concordou nem um pouco com sua decisão. A questão não deveria ser discutida e sim aceita, já basta o perigo que todas elas passaram.

— Vai sim e não tem o que discutir, é seguro para você. As pessoas vão eventualmente descobrir que você está me ajudando e tudo que menos precisa é estar no meio desta confusão — Tentou converter a situação, exigindo que ouvisse sua razão e motivo, dessa vez amaciando a voz e o olhar suplicante. — Por favor, Jessica... Não brinca com essas coisas.

— Não estou brincando, nunca fui tão séria quanto a algo. — Duramente a Jung recusou.

Ela estava decidida e ponto final, não adiantava Yuri ficar murmurando e resmungando, exigindo que saia. Estava mais do que envolvida, estava intimamente ligada àquele caso, portanto também era um problema. Seu pai tinha a envolvido por mero capricho, Seyoon tinha brincado demais com sua vida e principalmente com a de Yuri. Por isso que estava séria quanto a ajudá-la, ficaria do seu lado mesmo que a afastasse.

Vendo que não venceria sua teimosia, muito menos a convenceria de desistir daquela empreitada suicida, Yuri solta um grunhido, colocando de lado suas defesas. De qualquer maneira, Jessica tinha vindo de Nova Iorque para visitá-la e não para conversar estratégias de guerra. Sendo assim, sabendo que cada minuto ao seu lado era precioso, se deixou deitar no colo de Jessica, acomodando a cabeça em suas pernas, pegando-a desprevenida.

— Me deixa tirar um cochilo, mais tarde a gente conversa, tá? — Falou com um sorriso brincalhão crescendo no rosto, dissipando a nuvem negra que pairou sobre suas cabeças, fazendo Jessica balançar negativamente a cabeça e não segurar o riso.

— Fique a vontade — Deu sua permissão com muito gosto.

Tendo sua permissão, Yuri pode fechar os olhos. Tinha sido uma brincadeira para relevar qualquer sentimento de raiva e angústia que marcava cada decisão e pensamento, porém realmente acabou adormecendo em colo. Ela não sentiu a carícia hesitante em seu cabelo, mas inconscientemente isso ajudou com que adormecesse mais profundamente. Estava a aproveitar-se da brisa e a presença quente de Jessica, havia dormido muito pouco na noite anterior, o cansaço foi inevitável.

Mesmo que mais tarde a posição começasse a deixar suas pernas dormentes, Jessica não acordou Yuri de seu cochilo. Havia reconhecido a exaustão em seu olhar, preocupando-se com as olheiras sob os olhos escuros, que pareciam perturbados e tensos, escondendo-se com o sorriso mais jocoso. Seus dedos deslizaram pelos fios negros e lisos, tinha perdido o receio ao perceber que a carícia relaxava o corpo de Yuri e aprofundava seu sono. Nem mesmo os gritos e as risadas dos outros visitantes pareciam perturbá-la. Era bom saber que estava confortável o suficiente para dormir em seu colo. Evidencias de que confiava sua segurança a ela, que Yuri confiava plenamente em Jessica.

Tal pensamento quase a fez chorar, mas conseguiu conter as lágrimas que arderam e nublaram a visão. Tinham tão pouco tempo restando, se conheciam muito pouco, mas ainda assim sentia uma profunda conexão e necessidade quanto a ela, do qual nunca era saciada com um beijo ou um abraço. Olhar Yuri provocava uma dor fina em seu coração, ao mesmo tempo em que fazia o sangue arder.

Algo sempre queria escapar de sua língua, uma palavra, talvez duas ou três, mas nunca conseguia porque sabia que não era a hora, não compreendia nem do que se tratava. Não seria ingênua e muito menos apressada.

Suspirou ao ver que estava se esforçando para manter a calma. Tentou abrandar aquelas sensações angustiantes em seu peito, ignorando as batidas erráticas do coração. Sempre que pensava nessas sensações encontrava-se a beira de fazer algo que não era de seu feitio, por isso que se controlava para não tomar decisões precipitadas.

Nunca era a hora perfeita.

Observando as folhas da árvore se movendo no ritmo do vento, Jessica deixou a cabeça voar para longe, passando a desejar que elas pudessem ter se conhecido de uma maneira diferente, numa vida diferente, onde nem elas e nem ninguém pudesse impedi-las de buscar a felicidade.

 

*

 

Aquele não foi o melhor almoço da vida de Jessica, mas a companhia de Yuri tornou tudo agradável, ao menos a sobremesa que eles ofereceram foi saborosa e, como recompensa por tê-la deixado dormir em seu colo durante duas horas, Yuri entregou sua sobremesa a ela quando percebeu que apreciou o prato.

Elas não estavam tendo nenhum encontro romântico, mas a morena aproveitou o máximo possível de sua visita, buscando distraí-la com alguma história que escutava das prisioneiras, apontando cantos promissores da prisão, brincando sobre lugares que achava não ser vigiado — fazendo sugestões implícitas sobre querer arrastá-la para esses lugares —. Jessica retrucava com risadas, mas andava ao seu lado com o coração apertado e pesado, sabendo que quanto mais os ponteiros do relógio andavam, a hora da despedida seria inevitável.

— Será que se eu cometer algum crime serei enviada para cá? — Jessica fez sua sugestão do dia, quando se acomodaram em uma mesa ao sol. Gostava de ver a pele Yuri ao sol, vendo que ganhava mais cor, tinha andado pálida.

Sua pergunta arrancou risadas controladas de Yuri, que impaciente com o relógio, fazia desenhos invisíveis na mesa com os dedos, querendo sempre postergar a hora de dizer “adeus”. Seus olhos constantemente se elevavam para a guarda que tinha a missão de levar as prisioneiras de volta para suas celas. Ela olhava o relógio e dava para perceber que faltavam poucos minutos para o horário de visita ser encerrado.

Carícias em seu cabelo findam por chamar a atenção de seus orbes negros. Ao virar-se, Yuri se deparou com uma bela surpresa. Não esperava ver o sorriso suave e bonito que Jessica tinha em seus lábios naquele instante. Seu olhar se perdeu na direção da boca risonha, esquecendo o tempo. Estava tão focada em Jessica que não percebeu quando ela quebrou a distância no banco, encostando seus quadris. Observou-a pousar a ponta do queixo pequeno e delicado em seu ombro, ainda sorrindo de maneira serena. A morena ergueu o olhar para o seu, mantendo um contato profundo e inquebrável.

— Se eu te disser uma coisa, você me promete que vai dar um jeito de sair daqui? — Ela buscava barganhar sua segurança, Yuri não pode evitar em sorrir, enfeitiçada por Jessica.

— Depende do que for... Se valer muito a pena, posso fazer um esforço — Claro que tinha de provocá-la com suas sugestões, abrindo um meio sorriso sacana.

Porém perdeu parte do humor ao notar que seus olhos castanhos estavam sérios. Ela desejou poder deixar o clima menos intenso, porque se não o fizesse, prometeria mais do que deveria. Faria a promessa por mais impossível que fosse.

— Vai valer muito a pena. — Ela sabia vender seu produto, Yuri riu.

— Então me diga...

O sorriso de antes perdeu a força quando os olhos de Jessica se voltaram brilhantes, alertas para a oportunidade. Ela não conseguia desviar o olhar mesmo se quisesse.

Yuri prendeu a respiração com o ataque de seu olhar, atenta a qualquer palavra que saísse de sua boca, sentindo o coração falhar batidas. Como se não percebendo que estava a matá-la com seu suspense, Jessica tirou os fios de seu cabelo que eram jogados contra o rosto da morena, erguendo minimamente a postura, ficando inclinada em sua direção. O sorriso bonito desapareceu de seu rosto, mas as palavras que sairiam da boca tinha a promessa de serem ainda mais belas. Ia segredar algo que estava queimando a língua e a garganta, fixado em seu cérebro com as dúvidas e incertezas.

— Eu acho que estou apaixonada por você. — Diz num suspiro suave, jogando as palavras ao vento, sentindo-se repentinamente mole e fraca, o rosto ardendo. Tinha se denunciado.

Perdida nas palavras, embebendo cada nuance de sua pronuncia, Yuri não reagiu à confissão. Questionou-se se não havia escutado errado, aos poucos a ficha foi caindo e ela se viu sem palavras, muito menos uma resposta. O coração ficou frenético, dificultando o ato de respirar, o olhar ficou perdido em seu rosto, estremecendo. Estava agitada e sabia que precisava dar um retorno, ela tinha pedido para fazer uma promessa caso valesse a pena o que viesse a falar e valeu mais do que a pena, foi como um golpe direto em seu coração.

Um apito ressoando pelo pátio acaba cortando a chance de Yuri de dizer qualquer coisa e ainda não recuperada do que Jessica tinha dito, aflita a encarou, como se repentinamente tivesse ficado muda.

No entanto, ao invés de parecer chateada com sua falta de compromisso, Jessica sorriu e plantou um beijo delicado e suave nas comissuras de sua boca. O tempo para elas havia acabado naquele instante, mas foi o suficiente para que percebesse em seu olhar que iria tentar. Jessica tinha tomado à escolha certa ao guardar as palavras e dizê-las no momento perfeito. Agora tinha a amarrada ao seu coração, impediria que Yuri desistisse da vida para seu próprio bem, era sua garantia de segurança, a maneira mais eficaz que conseguiu naquele instante.

A guarda que precisava recolher as prisioneiras veio até Yuri com o semblante impaciente, reclamando de sua demora em corresponder aos seus apitos. Ela precisava estar na fila para ser algemada. As regalias estavam sendo limitadas, amanhã era um dia difícil, pois o corredor da morte a aguardava. Daqui a vinte e quatro horas seria executada.

Jessica não queria ter pensamentos fatídicos, mas guardou a imagem de Yuri em sua memória, enquanto a via ser arrastada para dentro do prédio. Não cobrava uma resposta, não queria uma confissão, somente desejava vê-la bem, ainda por cima salva. Pelo menos, só de conseguir ver em seu olhar que tinha acendido a chama de sobrevivente, já foi o bastante para que suspirasse aliviada e não contivesse as lágrimas.

Assim que a porta do prédio foi fechada, isolando as prisioneiras e os visitantes, Jessica foi escoltada para fora do pátio junto com as outras famílias. Ela não viu a pessoa que lhe ofereceu um lenço para limpar as lágrimas, que agora caíam numa torrente sem fim.

Chegando no estacionamento, logo foi envolta pelos seguranças, que não falaram sobre o seu choro e a guiaram para dentro do carro. Jessica foi colocada no meio de dois seguranças na parte de trás e assim puderam ir embora da prisão. Jessica recebeu o celular quando saiu da área isolada do pátio, descobriu que Tiffany tinha ligado várias vezes mesmo que soubesse que dentro da prisão não poderia levar o aparelho. Pelas mensagens ela parecia profundamente preocupada, querendo ter notícias suas. Afinal ela tinha saído apenas com sua escolta de seguranças e com as coisas pegando fogo, não era seguro sair com pouca segurança. Mas isso era exagero de sua parte, em vista de que a Hwang queria mandar a escolta do presidente dos Estados Unidos para levá-la a prisão.

Depois de mandar uma mensagem para tranquilizar Tiffany, que naquele instante deveria estar ocupada resolvendo burocracias da Lucius, já que Taeyeon não poderia ficar sobrecarregada com o trabalho de Jessica, Tiffany e o próprio; descansou o corpo no banco. Estava um pouco apertado, mas não poderia reclamar, ao menos se sentia segura. Infelizmente sua vontade era de se isolar nos pensamentos e olhar a estrada pela janela. De onde estava tinha uma visão muito limitada.

A estrada estava vazia, não era muito larga, enquanto que nas laterais um mato alto cobria boa parte da visão. O balanço suave do carro começou a cansá-la e, depois de uns bons minutos, travou uma luta quase perdida contra as pálpebras que insistiam em fechar.

Um jipe, apressadamente, passou por eles pela contramão, entrando no lado correto da estrada logo que os ultrapassou. Jessica olhou o ponteiro do velocímetro do seu carro, eles estavam a cem quilômetros por hora, então o pessoal da frente deveria estar beirando aos cento e vinte. Seu olhar curiosamente se ergueu para o espelho retrovisor interno e viu que um pouco mais distante havia outro carro. Achou estranho a repentina aparição dos carros, eles tinham passado meia hora de viajem sem nenhum outro carro a vista, o que a acordou. Olhou para trás e viu que o segundo carro estava se aproximando e quando deu sinal de que iria ultrapassá-los, Jessica encontrou outro carro atrás dele.

Antes mesmo que a adrenalina corresse pelo seu corpo, a boca de Jessica já estava gritando para seus seguranças.

— É uma emboscada! — E naquele momento, o carro da frente freou, fazendo com que o motorista de Jessica fizesse o mesmo.

O choque veio de todos os lados, primeiro da frente, depois de trás e do lado. Os carros começaram a brigar por força, mas os seguranças sabiam que era tarde demais para escapar com o carro. Imediatamente cada um puxou sua arma, os dois de trás mantiveram um aperto firme sobre Jessica, que ficou um pouco zonza após os choques das batidas. Ninguém se moveu, esperando o que vinha a acontecer. Os carros conseguiram, por força, parar o carro de Jessica. Não havia como abrir as portas pelo lado de fora por estarem travadas e como os vidros eram todos blindados, restava esperar. O segurança da frente tirou o celular do bolso ligando por reforços. Eles não estavam muito distantes da prisão, então poderia ser de ajuda.

Naquele mesmo instante, de todos os três carros, saíram homens encapuzados com metralhadoras de grosso calibre empunhadas. Com um comando de mão, eles miraram em todos os vidros e começaram a atirar. Jessica foi empurrada para o chão do carro pelos seguranças, que sabiam sobre os vidros não suportariam a quantidade de tiros, ainda mais de potentes armas como as que tinham. Era uma batalha perdida. Eles só tinham submetralhadoras e os inimigos rifles de assalto.

A Jung ficou completamente apavorada quando viu as balas perfurando o vidro, o metal e o estofado do carro, acertando seus seguranças que tentaram revidar da maneira que podiam. Aquela tinha sido uma armadilha fatal. Ela se encolheu o máximo que pode, cobrindo a cabeça com as mãos, mesmo sabendo que não seria de muita ajuda contra as balas.

Os tiros cessaram repentinamente, restando um zumbido nos ouvidos de Jessica, que mesmo em pânico e com as mãos tremendo, se esgueirou para pegar a arma que tinha caído das mãos de seu segurança e se preparou onde estava. Com a audição melhorando aos poucos, escutou passos do lado de fora sobre os cacos de vidro. Seu coração batia na garganta de nervoso, mas se preparou para o momento e assim que a porta abriu, revelando um dos encapuzados, ela não deu chance. Meteu o dedo no gatilho e o viu cair sem ter como reagir. Apressadamente deslizou para fora, escutando gritos apressados, alguém dava o comando para cercar o carro.

Assim que suas pernas moles se equilibraram no asfalto, Jessica percebeu a magnitude das coisas, a situação estava pior do que imaginava. No mínimo sete homens encapuzados apontavam as armas em sua direção, mandando que largasse a arma que segurava. Mesmo querendo atirar contra cada um, resignadamente jogou a arma no chão e ergueu as mãos na altura da cabeça. Um homem veio e chutou a arma para longe, sem tirá-la de sua mira, os outros baixaram as armas quando um deles comandou.

Jessica encarou o homem que a mantinha em sua mira, mas seu olhar caiu para o lado quando viu outro se aproximar. Ele não carregava nenhuma arma e andava com uma tranquilidade que a irritou profundamente.

— Yuri sempre gostou de mulheres que sabem comprar uma boa briga — Ele falou com deboche, gelando a espinha de Jessica, que o encarou assustada. Como se entendendo seu olhar, tirou a máscara que cobria seu rosto, sorrindo para ela. — É bom te conhecer, Jessica Jung. Acho que temos muito que fazer juntos...

— Quem é você? — A voz de Jessica estremecia, não apenas por sentir um profundo medo, mas sim pela agitação da adrenalina que corria em suas veias, fazendo com que tudo em seu organismo trabalhasse mais rápido.

Os pensamentos corriam pela cabeça e antes mesmo que pudesse ter sua resposta, o sorriso provocador disse de quem se tratava.

— Que rude da minha irmã não me apresentar — Taecyeon continuou com as brincadeiras. De qualquer maneira, por mais que fosse interessante olhar Jessica e ver como ela pareceu reconhecê-lo, ele perdeu o sorriso quando escutou o rádio em seu ponto de ouvido começar a chiar. A polícia estava a caminho. — Sinto muito por não termos tempo para apresentações, Jung.

Disse e, com apenas um olhar, exigiu que seu homem deixasse Jessica inconsciente com uma coronhada forte em sua cabeça. Ela não teve como evitar a pancada, que imediatamente a colocou em nocaute, somente não caiu ao chão porque Taecyeon a segurou.

Agora que finalmente a conhecia, Taecyeon podia entender o motivo de Yuri ter se envolvido com Jessica. Uma mulher como ela parecia ser forte e opiniosa, não aceitava um “não” como resposta e nem deixava as coisas em meios termos.

Apesar disso, não se deixou levar pela surpresa do encontro, ele tinha feito planos para tirar Yuri da prisão. Seus planos desde o começo era de ajudar sua irmã a sair daquele problema, por isso a emboscada, que nunca foi criada para a Jung. Contudo não conseguiu evitar se desviar dos próprios planos, quando as viu juntas no tribunal.

Vai ser um desperdício de beleza, mas é por uma boa causa, pensou enquanto a carregava em seus braços para um dos carros, a colocando dentro do porta-malas.

Gritou um comando para os mercenários, tinha os contratado especialmente para aquela missão, que despistasse o comboio que vinha atrás e assumiu a direção do carro, indo embora para a cidade. Deixaria a eles para fazer o trabalho ao qual foram pagos, pouco importando se morreriam no caminho.

Taecyeon tinha seu plano e, se Yuri não era capaz de executar as próprias missões, daria um jeito nisso. Tudo o que ele queria era acabar com os Jungs, nem que para isso precise sacrificar um cordeiro. Talvez dois. Isso ia depender de Yuri. Estava dando uma chance a ela.


Notas Finais


Só posso dizer eita '-'

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