História Learning about love - Only one chance - PII

Tentei não pensar em Lauren e no que ela estava planejando, mas foi impossível. Passei a noite revirando na cama e a todo segundo minha memória voltava a ela chorando e isso repetia varias vezes que estava ficando com medo de ter sido apenas um sonho. Lembrar o seu desespero me causava uma dor aguda no coração assim como lembrar que ela estava se drogando enquanto deveria estar comigo. Eu acertei dando lhe uma chance? Foi com esse pensamento que adormeci e acordei com uma enorme sensação de perda, de vazio por dentro. Eu queria acreditar, mas o medo constante dela falhar me sugava a alma.

- Pronto hoje temos cinema. – Ally disse me tirando das questões duvidosas que corroíam meu cérebro.

- Claro. – confirmei fingindo uma falsa animação, pois não estava no clima de sair. Mordisquei minha batata frita. Ally comia uma fatia de bolo, estávamos no refeitório combinado à noite das meninas quando o inesperado aconteceu.

- Posso me sentar com vocês? – Lauren questionou perto de mim, eu a olhei tentando entender o que ela estava fazendo. As Guzmans ficaram se entreolhando sem ação. Eu aprendi a aceitar os defeitos de Lauren, mas naquele momento eu estava com medo do que ela pudesse fazer.

- Claro que pode, sente-se. – Ally disse animada, com sua voz amável como sempre e eu a agradeci mentalmente por me livrar desse momento constrangedor e quebrar minha linha de inseguranças.

O refeitório parece uma guerra, alunos esparramados por todos os cantos um falando mais alto que o outro, mas no momento que Lauren se sentou na minha mesa o silencio reinou. E lá estava exposta minha face perdida e confusa.

- Lauren Jauregui. – se apresentou educadamente.

- Ally Brooke. – o sorriso da Ally era encantador. – Você faz matemática avançada comigo.

- Ou é mesmo como pude me esquecer, você senta na frente e responde tudo. Sempre responde tudo... – Lauren observou em tom de brincadeira, enquanto eu tentava entender quem era aquela garota ao meu lado e o que ela tinha feito com Lauren Jauregui.

- Mais pelo que sei não sou a única boa em matemática... Se não o professor não insistiria tanto para você participar das olimpíadas de matemática. – Ally observou.

- Que nada, exagero dele. – Laur observou timidamente. Aos poucos o barulho ia se restituindo e na mesa central via-se nitidamente o desgosto das amigas de Lauren. Ao fundo as Guzmans cochichavam entre si e um sorriso bobo apareceu em meu rosto. Aquele gesto era tão simples e sem efeito que meu coração explodiu de alegria. Ela não trouxe flores e nem corações, veio sem armas para mostrar um lado que não conheço, enfrentar seu orgulho e se sentar com minhas amigas idiotas, como ela mesmo disse.

- Dinah... – Lauren chamou, não tinha percebido que Dinah passava pela gente com uma colega.

- Oi. – respondeu rispidamente.

- Sobre ontem... eu queria pedir desculpas pela minha grosseria meu dia não estava bom. – Lauren pedindo desculpas novamente, outra novidade. Ela não se intimidou e eu procurei ver pontos de tensões em seu rosto mais ela parecia confortável com a situação.

- Percebi quando fui ao banheiro. – comentou.

- Touché!­ – Lauren respondeu entre um sorriso que me pareceu brincalhão.

- Oi Dinah. – disse tentando acalmar o clima.

- Olá Camila. – disse animada.

- Camila. Camila Cabello? A garota do acidente? – sua amiga questionou.

- Meu Deus que ignorância a minha. Gente essa é minha amiga Normani Kordei e eu sou Dinah Jane. – se apresentou.

- Essa é a Lauren Jauregui, Ally Brooke, Sandra e Marielle Guzman – apresentei as meninas da minha mesa, todas disseram olá.

- Sim... Ela é a menina que quase atropelei.

- Você o quê? – senti o tom da voz de Lauren aumentar, segurei sua perna tentando lhe dar um conforto como ela fez comigo quando estava junto com ela, ela relaxou um pouco e pelo barulho ter se estabelecido ninguém percebeu que Laur se exaltou.

- A culpa foi minha. – disse com vergonha, meu rosto corando.

- Você me deu um susto... – Dinah diz divertida. – Ela estava com o pensamento longe e saiu da calçada para a pista sem perceber... Bem garota distraída. – virou-se para mim com um semblante divertido. – tenha cuidado. Tchau galera, vou bom conhecê-las... Lauren desculpas aceita.

- Tchau gente... – Normani se despediu com um sorriso.

- Quando foi o acidente? – Ally questiona meio preocupada. Custava ficar calada.

- Depois da festa do Drew. – digo sem jeito, pois não queria mentir.

No momento que o sinal tocou sinto meu celular vibrar.

[10:00 a.m.] No estacionamento. No meu carro. Quero conversar. AGORA! – Lauren nunca muda, sempre mandona.

[10:02 a.m.] Por favor xoxo – um sorriso brincou no meu rosto.

Quando entro no carro Lauren me olha preocupada.

- Você estava tão mal e eu só piorei a situação... – começou sem jeito. – Eu fui muito ruim com você?

- Nada que você já não fosse. – respondo sem jeito e me surpreendo com a franqueza das palavras.

- Você estava quebrada e com medo e eu só piorei a situação... Eu sou um monstro. – admitiu derrotada.

- Às vezes. – digo timidamente, pensei que ela fosse levar na brincadeira, mas isso não aconteceu quando vi seus lindos olhos verdes perderem o brilho. Pensei em dizer alguma coisa, mas ela começou antes.

- Eu estou tentando... – disse em um suspiro.

- Eu sei que está.

- Eu queria poder mudar o que fiz. Não queria... não naquele momento... não queria brincar com você. – sua voz é falha.

- Por que fez aquilo? – a minha pergunta a surpreende e até a mim mesmo.

- Não sei se entenderia os meus motivos.

- Tenta explicar, quem saiba eu entendo.

- Não sei você parecia tão frágil na minha casa e eu gostava de me divertir te deixando com medo e você tinha tido a audácia de me chamar de vadia, mas agora vejo que não foi bem por isso talvez naquele jogo você esquecesse o que o Stromberg te fez, mas quando eu vi você olhando meus lábios eu perdi o sentindo. – ela me olhava com cautela. – Mas eu via que você estava sem brilho, eu queria te consolar... sei lá... fazer você esquecer ele. Eu queria sentir novamente o gosto doce dos seus lábios depois que te beijei na festa. – colocou um mexa de cabelo atrás da minha orelha. – Eu não queria ir tão longe... Me arrependo, só foi o costume... eu ferrei com tudo, você fugiu de mim... Sempre me diverti brincando com as pessoas mais naquele momento o que eu mais queria era matar o Wesley e roubar sua dor para mim. – os olhos de Lauren continha lágrimas, eu nunca entendi o porquê ela fez aquilo comigo e as palavras delas saíram tão doces atingindo-me em cheio minha alma e quebrando as barreiras que tinha começado a construir. Aproximei-me dela e beijei seus lábios, ela se surpreendeu, pois acho que não esperava um perdão tão fácil, mas ela estava sendo honesta comigo e mostrando uma Lauren desconhecida era humanamente impossível não querer beijá-la. Eu estava conhecendo cantos inexplorados da alma dela, me sentia com medo e com uma missão de conhecer a menina em pele de abelha rainha.

Enquanto minha língua explorava, já com saudade, a de Lauren eu estava com sensação de que conseguiríamos nos encontrar e de uma forma tortuosa nos encaixaríamos no mundo e escreveríamos nossa história.

- Se eu te disse que estava com saudades dos seus lábios promete que não vai achar isso bobo... – ela disse sem jeito, próximo aos meus lábios. Ainda sentia sua respiração quente contra minha pele.

- Porque você não podia ter sido assim desde o começo...

- Porque esse é meu charme. – brincou. Dei um tapa em seu ombro fingindo indignação. Lauren aproximou-se do meu pescoço e começou a intercalar pequenas mordidas com chupões e por mais que o estacionamento estivesse vazio, uma sensação gostosa de perigo percorria minha corrente sanguínea junto com certo medo.

- Lauren... – chamei sem jeito.

- Hum. – ela resmungou sem deixar seu trabalho.

- Lauren... Pa... PARE! – meio que ordenei, ela instantaneamente se afasta e me encara confusa, vejo pontos de tensões em seu rosto. Tenho que me concentrar para não rir da sua cara.

- Eu pensei... Você me beijou. – os papeis se inverteram, pois agora quem não sabe o que falar é ela.

- Te conheci sabendo falar Jauregui. – seu rosto murcha.

- Não seja cruel Camila. Eu estou tentando... É meio desconcertante dizer isso e até sei que mereço essa virada de mesa, mas eu não mudo do dia pra noite e ainda sou a ignorante, arrogante... e estou tentando me controlar ao máximo para não te dar uma resposta a altura, mas fica meio chato quando você decide despertar o lobo... – meu sorriso murchou. – eu não quero te assustar, eu realmente quero fazer a gente da certo, mas eu preciso que você queira... eu preciso de instruções claras e não de alguém brigando ou debochando... – de novo ela estava no controle da situação e não sei quando isso aconteceu, mas agora eu estava me sentindo a errada querendo que ela me desculpasse. Lauren quase não falava, mas sabia usar os argumentos ao seu favor.

- Eu... Eu quero também... só achei oportuno saber como era estar em seu lugar... – disse envergonhada, minhas bochechas estavam coradas. – Eu não queria te preocupar só te chamei porque estamos no estacionamento da escola e alguém pode nos ver e ainda não estou preparada para esse momento. Então eu vi sua carinha e achei tão fofo... – ela balançava a cabeça negativamente como quem pensasse “essa não tem jeito”. – Nós perdemos uma aula, não quero perder as outras... – me virei para sair do carro, estava querendo cavar um buraco e me esconder.

- Camz... – segurou meu braço delicadamente, sua voz me causou arrepios. - Como estamos? – seu olhar continha incertezas.

- Não sei... Realmente não sei, tudo isso é confusamente perturbador. Uma parte de mim quer que você se foda e outra quer joga tudo pros ares e arriscar... Estou com medo, pois não estou preparada emocionalmente para outra decepção. – ela entrelaçou nossos dedos.

- Me deixa tentar ainda... Passa a tarde comigo na praia, esquece a escola e tenta focar em nós... Não desiste de mim ainda...

(...)

Decidi dar uma chance para Lauren, eu queria acreditar que ela estava disposta. Seguimos uma semana tranquila, passamos o resto da tarde de terça na praia apenas conversando banalidades, como um show da One Direction pra ir ou besteiras vistas no Tumblr, como a noite tinha cinema não nos vimos. Na quarta feira fomos ao teatro com Sofia e depois passamos a tarde brincando no parque e fiquei com um pouco de ciúmes pela Sofia ganhar os sorrisos mais lindos da Lauren. Na quinta passamos a tarde na casa da Lauren assistindo filme, eu escolhi o filme e ela escolheu a pizza, meio que brigamos pelas escolhas, ela não gostou do filme dizendo que era meloso de mais e eu me forcei a comer pizza de espinafre, a noite saímos para andar de patins e eu voltei para casa com alguns arranhões de recordação. Agora hoje é sexta e falta menos de vinte quatro horas para eu decidir se ainda quero ficar com ela e por mais que a semana tenha sido maravilhosa eu ainda não sei de estou pronta para arriscar meu coração novamente. Li em algum lugar que para cada alegria existe uma decepção, então pelas decepções que já tive Lauren ainda vai me proporcionar algumas alegrias até balancear os dois.

Por volta das três ela me chama para jantar em um restaurante bacana, acho que é sua ultima tentativa e espero sair de lá com a absoluta certeza se quero ou não me por em linha de ataque – aceitar ficar com ela – ou fico na defesa – tentar me recolocar nos trilhos sem Lauren Jauregui.