História Learning to Love - Naruto

(...)

Naruto se sentia bem por ver que Sasuke estava diferente. Mas sabia que ele era um empecilho para melhora do garoto, assim como era para seu pai. Já que com seu pai ele ainda não saia o que fazer. Pelo menos com o garoto pararia de ser egoísta e se afastaria para ele ficar melhor e esquece-lo.

Como deveria ser.

Amanhã seria o ultimo dia que responderia o garoto.

Pois isso é o melhor para ele.

E Naruto queria parar de ferrar a vida das pessoas. Começaria por Sasuke.

(...)

Trabalhou normalmente, porém ainda tinha muitos relatórios para serem conferidos, pois o mês estava chegando no final e toda a contabilidade das filiais tinham que bater, para iniciarem o novo mês com novas metas. Ou seja, era o período de conferir todos os relatórios dos departamentos. E ver o que tinha a melhorar.

Exaustivo.

Mas pelo menos tomaria grande parte de seu tempo. E ele se sentiria pouco útil ao seu pai.

Sequer se deu conta das horas passando enquanto analisava tantos e tantos números, e tantos e tantos projetos apresentados pelos responsáveis de cada departamento. Sequer ouviu quando a porta de seu escritório se abriu e seu pai e avô passaram por ela. Apenas se tocou da presença dos mais velhos quando seu pai colocou algumas sacolas em cima da mesa e os fitou com uma sobrancelha arqueada, seu avô estava se acomodando em uma das cadeiras estofadas de frente para si com um sorriso doce de sempre.

O Jantar!

Esqueceu completamente do convite/ordem dada pelo seu pai mais cedo. Olhou pela janela e viu que já era noite, olhou as horas, já se passavam das 20hs.

-Já que não foi até o jantar, o jantar veio até você. – Ouviu seu pai dizer casualmente enquanto colocava as embalagens de comida chinesa na mesa.

-Não precisavam vir até aqui pai... Desculpe, eu perdi a noção do tempo. Podíamos ter remarcado o jantar. O vovô não pode ficar saindo assim.

-Não fale de mim como se eu não estivesse aqui garoto. – Seu vô disse ralhando em falsa indignação que o fez sorrir. – Você já está até trabalhando, eu posso ir aonde quiser.

-O que o fez perder a noção do tempo assim? – Seu pai perguntou indo verificar o que ele tinha na tela do computador e nos papeis ao seu redor. – Não acredito que está conferindo todas as contas filho, fazemos isso juntos na próxima semana. É por isso que volto ao trabalho, é fechamento de mês e de ano fiscal. Temos muitas coisas a fazer!

-Eu sei pai, mas temos todas as filiais para ver, e fora que esse período que ficamos todos praticamente afastados, temos que rever se algo ficou para trás. Acho que amanhã vou viajar para Califórnia para ver como está a sede de lá, e ver porque a conta de sinistros fechou negativa. Volto amanhã mesmo, pois temos relatórios das outras sedes com problemas também pelo que estou vendo. Fora que temos que ver os investimentos e... – Seu pai o cortou.

-Chega, vamos jantar! Amanhã volto ao trabalho e vamos dar conta. Sempre demos. Mas por hora quero jantar, apenas jantar.

-Claro. – Naruto suspirou e se deu por vencido. – Vamos jantar então.

Começaram o jantar em silencio, Naruto não entendia o que seu pai pretendia com aquilo. Seria tão mais fácil se ele apenas se afastasse. Naruto já tinha chego à conclusão que o problema de tudo era ele.

Apenas ele.

E nada mais natural para qualquer pessoa era se afastar de problemas. Não entendia a aproximação de seu pai. Sabia que ele se sentia culpado por o machucar quando era menor, mas não deveria.

Pois na cabeça de Naruto ele merecia cada coisa e ainda mais.

-Então... – Seu avô cortou seus pensamentos. – Porque não vai me visitar com mais frequência?

-Desculpe vô... Eu estou trabalhando muito nesses dias. Mas vou recompensa-lo.

-Quais são seus projetos para o futuro? E sua faculdade? Quando volta? – Seu avô perguntou.

Será que era uma pergunta indireta para saber quando realmente ele iria embora? É claro que eles queriam que ele fosse.

Agora  ele entendeu...

-Não farei mais a faculdade vô. Mas acho que vou para Califórnia assim que o pai assumir a empresa novamente. Afinal a sede de lá é grande e precisa de atenção. Acho que no próximo mês já posso ir. - Respondeu casualmente enquanto provava o frango xadrez que seu pai lhe trouxe.

-Lá você mora em casa ou apartamento Naru? – Seu pai quem perguntou.

-Em apartamento pai, gosto de apartamentos afinal moro sozinho.

-Tem quarto de hospedes?

-Na verdade não, quando comprei tinham dois quartos, mas o quarto de hospedes transformei em uma espécie de sala de laser para mim... – disse pensativo, afinal era lá que ele estudava musica, compunha suas canções 6por vezes até mesmo pintava alguns quadros que nunca seriam vistos por ninguém. – Por quê?

-Então quando formos visita-lo dormiremos na sala? – seu vô perguntou

-Não vejo motivos para irem até lá. – Naruto disse sincero – E caso precisem de mim para alguma coisa me avisem que eu resolvo por lá, ou venho até aqui. A não ser que queiram conferir o trabalho que tenho feito na sede de lá. Mas ainda assim é só eu enviar os relatórios.

-Não me lembro de ter falado de trabalho... – Seu avô disse ainda calmamente. – Você falou Minato? – Seu avô se virou para o filho que fez que não com a cabeça. – Eu ou seu pai não podemos ir te visitar? É isso que está dizendo? – Viu seu avô arquear uma sobrancelha.

-Não vô, claro que não disse isso. Estou dizendo que posso vir aqui quando quiserem e poupa-los do desgaste da viagem.

-Certo.

O resto do jantar foi tranquilo, Naruto se despediu dos mais velhos rapidamente. Se sentia mal em estar perto deles. Notava olhares estranhos de seu avô e pai para si. E para ele, aqueles eram olhares tristes.

Ele tinha que se afastar.

Pelo bem deles.

Foi para seu apartamento, tomou um banho gelado a fim de relaxar. Tentou dormir, mas as 4 horas já estava de pé fazendo um chá a fim de acalmar os sonhos que tinha com sua mãe e ir ao escritório a fim de trabalhar.  Separou alguns relatórios que deveria discutir com os analistas que o enviaram. Mandou um e-mail pedindo um jatinho para ir até a Califórnia e agendou uma reunião com seu financeiro de lá para verem o que estava de errado. Eram 6 hs da manhã quando se levantou para tomar um banho e ir às empresas e depois para Califórnia. Chegando de volta no seu quarto viu que tinha uma mensagem de Sasuke.

Sasuke

Tinha que se afastar dele para que o garoto doce melhorasse, afinal ele fazia mal a todos a sua volta.

De: Sasuke

Para: Naruto

Olá Mestre, Boa tarde!

Aqui são 14:00hs, ai deve ser de manhã ainda.

Tive a minha consulta, conheci a escola onde vou estudar.

E o senhor, o que vai fazer hoje?

Sasuke.

Viu que fazia alguns minutos que a mensagem havia chegado, mas respondeu mesmo assim.

De: Naruto

Para: Sasuke

Olá Sasuke, Boa Tarde!

Sim, aqui ainda é de manhã.

Como se sente em ir estudar na escola nova? Como foi a consulta?

Hoje vou continuar a fazer o que estou fazendo agora, trabalhando.

Naruto.

De: Sasuke

Para Naruto

Como assim? Me sinto normal. A consulta foi normal também... Acho que fiz algo que o senhor não vai gostar.

Atrapalho? Podemos falar depois.

Sasuke.

De: Naruto

Para: Sasuke

Se sente normal ? Eu que pergunto,  como assim? Você está animado em ir para escola? Conhecer pessoas novas, ou está com medo? Isso que quero saber. 

O que você fez?

Naruto.

Após o envio foi tomar banho a fim de se arrumar e sair, hoje seria um dia cheio.

De: Sasuke

Para Naruto

Como eu deveria me sentir? Eu não sei. Me sinto estranho.

Na consulta a Dra. Tsunade me perguntou sobre algumas coisas, e falei do senhor e do Gaara. Me desculpe, quando eu me dei conta eu já tinha falado.

Ela disse que queria falar com o senhor, pois eu estava com vocês antes de vir para cá. Ela disse que faz parte do tratamento, ou algo assim.

Eu digo a ela que o senhor está trabalhando e não pode receber ligações?

Me desculpe...

Sasuke.

Então era isso.

Naruto sabia que isso ia acontecer, e Sasuke não deveria se sentir mal por falar dele, afinal ele fez parte de tudo. Mas a hora certa para sair de campo era agora. Faria o que fosse preciso para melhora do Sasuke, então resolveu pedir o telefone da psicóloga apenas para confirmar o que já sabia.

Que deveria se afastar.

De: Naruto

Para: Sasuke

Qual o número do consultório?

Naruto.

De: Sasuke

Para Naruto

Me desculpe.

Sasuke.

De: Naruto

Para: Sasuke

Pode me passar o número do consultório, por favor, Sasuke?

Naruto.

Recebeu o numero seguido de mais um pedido de desculpa de Sasuke que preferiu ignorar por hora. O garoto em poucos dias o esqueceria. E isso era bom para todos.

Assim que chegou no escritório pediu que ninguém o interrompesse pois estaria ocupado. Discou os números do consultório passado pelo moreno e logo alguma recepcionista atendeu e logo redirecionou a ligação à Psicóloga, lá deviam ser umas 16:30, ainda bem que a encontrou no escritório.

-Consultório, Doutora Tsunade, Boa tarde! – ouviu uma voz feminina do outro lado da linha.

-Boa Tarde! Sou Naruto Uzumaki, eu já imagino o que a doutora queira tratar comigo, gostaria de adiantar que não entrarei mais em contato com Sasuke. Liguei apenas para averiguar se tem algo a mais que eu possa fazer.  – disse recostado em sua poltrona com a cabeça voltada para o teto e com os olhos fechados.

-Que surpresa senhor Naruto. Não imaginei ter contato com o senhor tão cedo. Mas em parte o senhor tem razão, iria pedir um afastamento do senhor com Sasuke, faria bem ao tratamento. Vou começar com ele um tratamento intensivo, e ele vai sofrer muito no inicio, mas ele precisa disso para melhorar.  E talvez sua aproximação fira mais ainda ele e o senhor mesmo. Pois ele pode ficar agressivo, como todos os adolescentes são. Mas em poucos meses ele deve melhorar. Acho que ele não deve ir atrás do senhor, então peço que não o perturbe.

Era irônica ela achar que era ele quem mandava as mensagens ao garoto. Mas o que ela iria pensar de um adulto de 25 anos que abusou de um garoto de 17?

-Não falarei mais com ele, fique tranquila.

Tsunade por sua vez estranhou a resposta.

Ela não conhecia Naruto, sequer sabia da índole dele. Mas ela não era do tipo de pessoa que julgava. E o fato dele ligar para ela no mesmo dia em que ela pediu por contato dizia que ele não era alguém ruim. Mas a questão era:

Porque ele não se defendeu?

Ele poderia dizer que não era ele quem ia atrás do garoto, mas o contrario; poderia dizer que ela não era ninguém para manda-lo se afastar. Ou mesmo sequer ter entrado em contato e se permitido falar com ela.

Ele se importava com Sasuke.

Isso ela percebeu assim que soube quem ligava. Mas podia notar na voz do loiro que ele tinha problemas.

-Doutora? – o loiro perguntou ao notar o silencio do outro lado da linha.

-Sim... – ela disse ainda com sua cabeça a mil, como psicóloga ela tentava entender o que se passava na cabeça das pessoas, as vezes por uma reposta ou expressão ou olhar, ela sabia decifrar a pessoa. Mas Naruto era uma incógnita para ela.

-Era só isso? – perguntou o loiro. – Quero que saiba que estou a disposição para o que quer que seja para melhora de Sasuke. E caso precise de alguma coisa deixarei meus contatos com sua recepcionista. – disse cordial esperando a resposta da loira.

-Claro... – Ela respirou fundo. – Saiba que isso é apenas por alguns meses, ele precisa apenas se dar conta de tudo o que aconteceu, e o avô dele não gosta que ele tenha contato com o senhor. Então...

-Fique tranquila, eu entendo perfeitamente isso, e não é como se o Sasuke fosse próximo de mim ou algo assim, apenas nos aproximamos por eu ter sido a pessoa que o tirou da boate onde trabalhava. Em pouco tempo ele nem vai se lembrar de mim. Tenho que desligar agora. Tenha uma boa noite doutora.

-Bom dia para o senhor Naruto, ai o dia está começando né?

-Sim, é verdade. Tchau Doutora.

Encerraram a ligação e Naruto falou com os analistas antes de ir até o jatinho para pilotar até a Califórnia. O fuso horário somente o ajudou, pois o dia ficava cada vez mais cumprido. Eram 11 horas da manhã quando recebeu mensagem do Sasuke.

Imaginou que pelo horário em Tókio seria umas 3 ou 4 da manhã uma vez que em comparação com a Califórnia a diferença eram de 16 horas.

De: Sasuke

Para Naruto

Olá, Boa noite...

Sei que está desapontado comigo mestre. Eu... Sinto muito.

É que ela começou a perguntar sobre o que aconteceu antes de eu vir para cá, e eu terminei falando do senhor. Eu não fiz por mal. Juro...

Eu sinto muito. Só queria dizer isso... Acho que não vamos mais nos falar né... Hm... Eu... Me desculpe.

Sasuke.

De: Naruto

Para: Sasuke

Boa noite garoto.

O que faz acordado uma hora dessas? Vá dormir!

Eu falei com sua psicóloga, não fiquei desapontado com você Sasuke. Não tenho motivos para isso. Pode falar para ela o que quiser sobre mim ok? Não se preocupe com o que eu vou achar, seja natural. Se não, não vai ter nenhum avanço em seu tratamento.

Mas não, não vamos mais nos falar. Isso faz parte do tratamento, e você precisar se desligar da vida que teve aqui. Sua psicóloga vai explicar na próxima consulta.

Isso vai ser bom.

Em caso de emergência estou aqui. Apenas isso.

Se cuide Garoto!

Naruto.

Desligou o celular. Sabia que o garoto lhe enviaria mensagens, mais era melhor assim.

Foi para sua empresa, fez a reunião, reunião cansativa e maçante com os acionistas chatos e problemáticos. Analisou relatórios, no fim da tarde estava pronto para voltar. Ligou para Tsunade apenas para avisar que mandou uma mensagem para Sasuke. Achou prudente comunica-la. Mas a ligação foi breve pois ela estava iniciando seu horário de trabalho.

Ao ligar o celular viu 5 mensagens do moreno. As leu com o coração apertado, mas não respondeu nenhuma.

Era melhor assim.

Não recebeu mais nenhuma mensagem de Sasuke depois disso. Isso era bom...

Certo?

Se afundou cada vez mais no trabalho. Seu pai voltou e assumiu a empresa de Londres. O que serviu de desculpa para voltar para Califórnia.

Queria ficar sozinho.

Era isso que ele merecia.

Trabalhava o dia todo na empresa, quase todos os dias, voltava para casa  quando já era noite, e continuava trabalhando em seu escritório no apartamento.

Dormia cada vez menos, começou a ter pesadelos com o acidente que levou sua mãe. Acidente causado por ele.

Gaara sempre mantinha contato, e o questionava sobre os remédios que deveria estar tomando e ele alegava que sim, estava os tomando devidamente.

Mas era mentira, desde que se mudou de Londres não os estava mais tomando. 

Assim foi levando os seis meses que se passaram. Seu pai e avô mantinham contato, mas seu avô não poderia viajar ainda, ele estava melhor mas com a idade avançada o sistema imunológico dele estava sensível. Mas ele estava bem melhor, e tinha que se cuidar por mais alguns meses e logo poderia fazer o que quisesse, e nesse meio tempo seu pai não poderia deixa-lo sozinho, o que era um alívio para Naruto. Ele não queria que seu pai fosse visita-lo.

Naruto tentava evitar a todo custo receber visitas de Gaara e Kabuto alegando que estava atolado de trabalho. Mas sabia que uma hora ou outra teria que vê-los e que ambos veriam que ele não estava tão bem quanto dizia.

Até que seu celular tocou acusando o recebimento de uma mensagem. Imaginou ser Gaara, pois o ruivo era o que mais se mantinha presente todos os dias.

Mas se enganou.  

De: Sasuke

Para Naruto

Boa tarde!

Ai deve ser manhã, mas quem se importa?

Fazem 6 meses que não nos falamos. E eu me lembrei de um dia que me disse que quando eu quisesse gritar ou brigar com você por tudo, você entenderia.

Sabe...

Eu entendi que fui abandonado pelo meu pai. E o que me dói mais, é que foi da maneira mais cruel possível.

Para melhorar, ou piorar, fui abusado desde então. Fui mantido em cativeiro, e abusado emocionalmente, fisicamente e sexualmente. E eu tenho apenas 18 anos.

Tenho pesadelos a 6 meses onde lembro do meu pai me batendo, ou das vezes que tive sessões com as mais diferentes pessoas desde que sai da casa do meu pai.

Dói tanto sabe...

Todos querem saber como estou, como me sinto.

Como eu deveria me sentir diante de tudo isso? Como devo me portar diante disso tudo?

Me diga, pois não sei o que todos esperam de mim.

Me sinto um lixo por tudo o que aconteceu. Me sinto sujo, e as vezes tenho receio quando as pessoas me abraçam. Me sinto vazio, e ao mesmo tempo me sinto tão cheio, estou tão cansado.

Eu sei que tudo está bem agora e que minha família está comigo. Sei que meu tio cuida de mim como filho e que meu irmão se comunica comigo todos os dias por mensagens e vem me visitar duas vezes ao mês. Sei que eles me amam.

Eu sinto tanta raiva do meu pai... Mas sei que só não fui bom o bastante para ele. Sinto raiva de Juugo, mas sei que no fundo a culpa de tudo foi minha. Eu sinto nojo de cada pessoa que tocou em mim. E sinto nojo de mim mesmo. Muito nojo.

Eu só... Não sei o que fazer agora.

Bom, nesses meses também fiz novos amigos na escola. Fiz uma prova e estou no terceiro ano junto deles, ou seja, termino a escola ainda esse ano. Ainda tenho consultas com a Tsunade e ela tem me ajudado muito, acho que se não fosse ela eu estaria louco agora.

Como você está? Como está seu avô e seu pai? E o Gaara?

Você disse que estaria disponível em caso de emergência. Isso é uma emergência para mim. Me diz o que fazer...  Me sinto perdido.

Sasuke.

Aquilo foi o estopim para uma crise de choro. Como um anjo como Sasuke poderia sofrer tanto. Se houvesse um meio de tirar toda essa dor e magoa do garoto e toma-la para si ele faria sem pensar duas vezes.

O que será que estava acontecendo? Era para ele estar bem e melhor né?

Talvez só precisasse culpar algo e alguém para conseguir passar por isso.

Encaminhou essa mensagem para psicóloga Tsunade informando que tinha acabado de receber. Ela perguntou se ele respondeu ele disse que não, não ia piorar ou atrapalhar o trabalho dela.

Quanto mais longe Sasuke estivesse dele era melhor.

Mais um mês se passou e Naruto começou a sentir dores abdominais. Provavelmente seria o rim. Mas ele não se importava.

Ele não estava se importando com nada referente a ele.

Estava a caminho da empresa quando recebeu mais uma mensagem do moreno.

De: Sasuke

Para: Naruto

Você sente nojo de mim? Eu sou tão sujo assim? Sabe... As vezes tenho vontade de ir embora e sumir... Parar de dar trabalho para meu tio e parar de preocupar meu irmão. Todos estão empenhados em me ajudar, mas eu não consigo parar de ter pesadelos e me sentir triste às vezes. Eles vão desistir de mim assim como meu pai não é? Agora entendo mais meu pai sabe. Ele sempre teve razão em tudo.

Me sinto tão frustrado.

Sasuke.

Naruto podia notar a tristeza e angustia naquelas poucas palavras. Sem conseguir se conter respondeu a mensagem do moreno.

De: Naruto

Para: Sasuke

Olá Sasuke...

Não se sinta assim, infelizmente muitas coisas ruins aconteceram com você. E você não tem culpa de absolutamente nada. Nem do que aconteceu, muito menos de não melhorar rápido. Tudo leva tempo Sasuke. Tenha paciência. E se cuide. Tome os remédios e tente se abrir mais com sua psicóloga ou com algum amigo de confiança que não irá te julgar.

Não é errado sentir raiva Sasuke. Não é errado odiar. Mas lembra o que te falei sobre virar a pagina? Não deixe que essas coisas ruins que já te aconteceram influenciem sua vida. Deixe o que aconteceu antes, no passado. Coloque a culpa em alguém e vida se segue. Vire a pagina Sasuke. Se agarre aos seus amigos novos da escola. Faça uma faculdade que goste, encontre um passatempo legal, como desenhar, ler, correr, ou coisas assim.

Mas o importante é ter paciência. As coisas vão melhorar Sasuke. Mas vai demorar um pouco.

Naruto.

Não sabia se era certo ou não entrar em contato de novo com aquele garoto que já estava tão ferido. Mas por hora achou que era o certo a fazer.

De: Sasuke

Para: Naruto

Como se sente em saber que sinto raiva de você?

Sasuke.

Naruto sorriu triste ao ler a mensagem. Era obvio que Sasuke sentia raiva dele.

Ele entendia.

Ele merecia.

De: Naruto

Para: Sasuke

Seria louco se não o sentisse Sasuke. Eu entendo e aceito isso.

Eu fiz parte de tudo e tenho consciência disso.

Eu sei que não adianta eu dizer que sinto muito ou me desculpar.

Tem algo que eu possa fazer para que você melhore?

Naruto.

Naruto já imaginava que ele provavelmente estava em uma crise, vendo as horas se deu conta que lá provavelmente seria madrugada.

De: Sasuke

Para: Naruto

Eu... Eu não sei... Me sinto tão confuso.

Eu tive um pesadelo... Eu estava tendo relações com um cliente e ele me machucava.

Eu... Eu me sinto tão sujo. As vezes me sinto melhor, mas ai tudo desmorona de novo.

Eu... Eu não consigo nem parar de chorar agora...

Sasuke.

Aquilo era tão doloroso de se ler. Sasuke não estava bem, e só de imaginar o garoto doce e calmo que ficava com as bochechas coradas por tão pouco, triste daquele modo o fazia partir o coração. Ele não tinha o telefone de ninguém da família de Sasuke. Ligar para Tsunade não seria uma boa ideia pelo horário.

O que fazer?

Respirou fundo, sentou em um banco de uma praça que tinha por ali e ligou para o moreno que atendeu depois de uns 4 toques.

“Naruto?” Ouviu a voz do moreno do outro lado da linha seguido de um fungado. Ele ainda chorava. 

“Olá Sasuke, Que horas são ai agora?” perguntou calmo querendo que o garoto parasse de pensar no que quer que estivesse em sua mente. 

“Aqui são 4 da manhã.” Ouviu ele responder em um sussurro, sorriu, conseguia imaginar o menor dizendo isso enquanto apertava suas mãos uma na outra. 

“Nossa, daqui a pouco já é de manhã...” disse e ouviu outro soluço, tinha que fazer ele se acalmar... “Tem agua ai Sasuke?”

“Tem...”

“Certo, será que pode tomar um pouco?”

“Sim...” ouviu barulhos do outro lado da linha, provavelmente Sasuke o estava obedecendo.  “É... Pronto.”

“Está deitado?”

“Não...”

“Pode se deitar?”

“Sim” esperou um pouco “Pronto.”

“Quando eu era pequeno minha mãe costumava me contar historias para me fazer dormir. Mas não funcionava sabe...” – Naruto não sabia o porque de estar dizendo algo tão intimo, e ao mesmo tempo tão bobo para o garoto. Sequer sabia se aquilo ia funcionar. O garoto podia apenas descontar suas frustrações nele e desligar né?

“Por que?” Ouviu a pergunta curiosa do outro lado da linha. Percebeu que a respiração do menor estava mais calma e ele não mais soluçava. 

“Ela me contava historias de monstros e dragões, isso me deixava afoito, quando se dava conta eu estava pulado na cama querendo brincar e ela suspirando.” Era uma lembrança simples, mas boa para Naruto, lembrar de momentos como aquele fez ele sentir uma paz interna boa e se alegrou por lembrar de sua mãe daquele modo. “Quando ela conseguia enfim me acalmar e me colocar de novo na cama, ela pedia para mim fechar os olhos e pensar em coisas boas, coisas bonitas que eu gostava” Naruto sorriu com a lembrança, sua mãe sempre conseguia fazer ele dormir assim, claro que recebia cafuné no processo. A ideia era fazer Sasuke se acalmar e dormir. “Eu Sinto muito por tudo que você passou Sasuke... E sinto muito mais por fazer parte disso. Mas você é novo e vai superar em breve.” Ouviu outro bocejo.

“Naruto?” ouviu a voz carregada pelo sono sussurrar seu nome... ”Quando eu disse que tenho raiva de você...” O cortou. 

Não queria que Sasuke se justificasse.

Não queria um pedido de desculpas e muito menos que o menor se sentisse mal por ter dito a verdade.

“Não tem problema Sasuke. Eu disse que é natural que sinta raiva, ódio, ou nojo de mim e de todos que lhe fizeram mal. Mas não pense nisso agora está bem? Pense apenas em coisas boas e de olhos fechados. Tente dormir.”

“Tudo bem” ouviu o garoto sussurrar e logo ouviu a respiração dele se tornar regular. Ficou o ouvindo por mais alguns minutos e por fim desligou a ligação ficou por mais algum tempo fitando algumas crianças que brincavam no parque. Um tempo depois se levantou e foi rumo a empresa.

-Senhor Uzumaki, tem um senhor que está o aguardando a alguns minutos. Disse que é urgente, ele é funcionário em uma das empresas terceirizadas que fazem contabilidade para nós, não sei  se é algo relacionado a isso.  – Ouviu sua secretaria dizer enquanto lhe entregava a agenda do dia.

-Não posso atender ninguém que não está agendado hoje Hinata. – Disse da maneira de sempre, educado mais firme.

-Desculpe senhor, ele insistiu tanto e disse que era muito importante.

- Quem está ai afinal?

-Itachi Uchiha senhor. Peço para marcamos uma reunião outro dia, ou o dispenso ?

-Mande-o para minha sala e cancela minhas reuniões de hoje. – Naruto disse enquanto respirava fundo.

E para melhorar a dor que sentia estava só piorando.

(...)