História Leave Me (Drarry) - Cera de Vela Quente

Capítulo Um

Cera de Vela Quente

"The right people hear you differently." 

"Venha aqui." Ele me pede. Eu hesito. "Venha-" repete "estou com frio."

Draco se deita de um jeito que me deixa irritado. Parece uma vela derrubada, queimando nos lençóis brancos e derramando cera nos travesseiros. Não tem pudor, é um gato se esticando, confortável como uma criança. Do batente da porta, onde estou, parece mais retrato que pessoa.

O corredor escuro nas minhas costas é frio, e sei que é o caminho mais seguro. Poderia me virar, seguir com minha vida. Sair daquela casa, para rua, para meu lugar de direito. 

Mas Draco na cama, cera de vela quente nos travesseiros, me olhando daquele jeito.

A luz do abajur e sua pele vermelha me puxam como uma mariposa a uma lâmpada. Eu o quero. (O céu é azul) (O mar tem ondas) (Verdades imutáveis sobre o mundo). Ele sabe como as pessoas ficam a mercê dele nesse lugar. É o mais concorrido, o mais querido, o mais caro. Aqui, ele é o centro do universo e eu um dos satélites ao seu redor.

"Não." Digo, já indo em sua direção. "Eu preciso ir para casa."

"Precisa mesmo." Ele concorda, se escorando nos travesseiros. 

"Preciso." Digo tocando na cama, longe da porta. Flutuei até ali.

Draco dá um de seus sorrisos, pequeno sem os dentes, crescendo numa quase risada completa. Ele abre os braços para mim conforme me debruço no edredom, indo até ti. Ele é lindo sorrindo tão de verdade, chega a assustar. Tem esse brilho no olhar-- sabia que eu cederia a suas vontades no momento em que o segui até o quarto. Mesmo evitando seus toques na escada, cara fechada enquanto se despia de costas para mim. Mesmo assim me olhava sabendo de tudo, me conhecendo até a medula.

"Você vai arruinar minha vida." Eu digo assim que me enlaça em seus braços finos e pálidos. Ele beija minha testa em pequenos beijinhos doces e confortantes, querendo retirar minha dor com placebos. Funciona, quase sempre. Tem essa mania de me sufocar em abraços quando fica desse jeito, feliz de eu passar outra noite do seu lado. Feliz de eu fazer suas vontades. "É sério."

"E como seria uma ruína boa." Murmura contra o lado da minha cabeça, cheirando meu cabelo.

Em momentos assim, eu esqueço de quase tudo. Me ajeito nele, ainda está nú. Retirou as roupas uns cinco passos dentro do quarto, de costas para mim só para me tentar. Mas fez tudo com um ar de que eu nem estivesse presente, se preparava para dormir somente, e eu que era a porra do estranho, o espiando num momento privado. Sabe? Fazia esses tipos de coisa o tempo todo, agindo inocente. Despindo-se da camisa, saindo da calça que cai ao chão como uma cortina. Olhando por cima do ombro com um fantasma de sorriso para mim.

"Você deve ser um psicopata. Me enfeitiçou." Murmuro na junção de seu pescoço.

Ele tem ainda os braços enlaçados na minha cabeça, e aperta um pouco.

"Você quem é o assassino."

Dou um beijo na sua pele, concordando, e dessa vez Draco realmente dá risada alta.

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