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História Além do Tempo - Edward Cullen - Capítulo 4


Escrita por: SU_O

Capítulo 4 - Capítulo 4


Fanfic / Fanfiction Além do Tempo - Edward Cullen - Capítulo 4

 O final de semana chegou e trouxe a consigo a perspectiva de sossego e tranquilidade, no entanto tia Sophie não teve a mesma sorte e precisou comparecer a uma reunião de última hora no hospital. Coloquei roupas quentes e me preparei para conhecer Forks e os atributos que essa cidade tem a oferecer, ainda não tive a oportunidade de passear.

 Desci para a cozinha e estranhei o silêncio mórbido e impactante dentro do cômodo, abri a geladeira e vasculhei as opções de alimentos armazenados ali dentro. Tenho consciência de que o ideal seria comer algo mais saudável e orgânico, mas o cheiro doce de chocolate e morangos frescos preencheu os pulmões e senti meu estômago roncar e implorar por aquilo.

 Cortei uma fatia generosa e o coloquei sob o prato, enfiei uma garfada na boca e suspirei diante da explosão surpreendente de sabores. Terminei de comer e coloquei tudo dentro da pia, lavaria tudo quando retornasse da cidade, peguei as chaves do carro e andei para a saída, Sophie precisou dirigir seu próprio carro, só espero que a mulher não cause nenhum acidente.

 Algumas gotas de chuva caíram e deixaram o chão escorregadio, molhado e úmido, entrei no automóvel e acelerei pela estrada, foi estranho não ter companhia e ninguém com quem conversar. Pisei no acelerador e liguei o rádio, a melodia pop adolescente preencheu o ambiente e resolvi desfrutar desse momento de privacidade, então soltei a voz.

 Cantei a plenos pulmões e batuquei os dedos sobre o volante, nem consigo lembrar da última vez que senti tamanha clareza de ideias e liberdade de sentimento e espírito. Manobrei o carro e estacionei em frente a uma pequena livraria, seria um ótimo lugar para começar o tour, preciso atualizar as opções de leitura que tenho para ocupar boa parte do meu tempo.

 Entrei no estabelecimento e o barulho de sinos indicou a minha chegada, isso atraiu olhares curiosos, corei e andei apressada até às prateleiras repletas de livros. Procurei por títulos que me agradassem, mas nada parecia atrativo o suficiente para prender a atenção, a maioria era baseado no costumeiro romance, aquele enredo chicle e sem atrativos inesperados.

 Em meio a todo aquele caos e confusão encontrei uma capa antiga, desgastada e familiar, é minha história favorita entre todas as existentes, "A Bela e a Fera". Me sentei no chão e ignorei os olhares bisbilhoteiros, abri o livro e deslizei a ponta dos dedos sobre as páginas amareladas, a sensação nostálgica e acolhedora, minha mãe costuma ler contos de fadas no período da internação.

 Entrei numa espécie de bolha particular e continuei lendo, porém em determinado momento percebi uma garota tinha se aproximado e agora me observava com olhos atentos. Ela era baixa e possuía cabelos curtos repicados para os lados, sua pele pálida poderia ser comparada a porcela, era a personificação de uma estátua viva, sem mencionar os expressivos olhos dourados e os lábios rosados.

 Sua repentina aparição me distraiu e decidi continuar procurando por mais livros, mas sua presença e olhares constantes foram ficando estranhos e incômodos. Levantei do chão e rapidamente passei por ela, chateada e frustada por ter encontrado somente um livro, caminhei até o caixa e tirei o dinheiro do bolso da calça, o rapaz atrás do balcão me olhou com malícia e fiquei ainda mais desconfortável.


- 33 dólares - Comentou e logo entreguei o pagamento - Você é nova na cidade? - Questionou sorrindo paquerador.


- Sim - Respondi, torcendo internamente para que ele fosse mais rápido.


- Eu poderia mostrar o que Forks tem de melhor - Piscou o olho e meu estômago ficou embrulhado.


- Não, obrigada - Assegurei e peguei o embrulho de cima do balcão.


 Sai do pequeno prédio e senti as palpitações aceleradas e inconstantes do meu coração, respirei fundo algumas vezes e aos poucos o ritmo cardíaco foi sendo normalizando. Atravessei a rua e encostei na lataria do carro, amaldiçoando por ter sido tão rude e agido de maneira covarde e grosseira, mas mudei muito quando descobrimos sobre o câncer, aquele dia foi o divisor de águas em minha vida.

 Eu era saudável, cheia de animação e rodeada por amigos, sempre participando de festas e eventos envolvendo as líderes de torcida, aluna exemplar e namorada do capitão do time de basquete. Porém, tudo desmoronou rapidamente eles se afastaram quando souberam da doença e aqueles que ficaram não suportaram o comportamento tóxico e ácido.

 Agora sou apenas a sombra da garota radiante e feliz que fui no passado, desconfio de todos e prefiro ficar sozinha e isolada, ao menos não tenho o coração partido e reduzo as pessoas atingidas no momento da explosão. É apenas uma questão de tempo até que meu organismo entre em colapso, é o que acontece quando nenhum tratamento é objetivo e eficaz.


- Oi, eu sou, Alice - Pulei ao ouvir a voz suave e doce - Você está bem? - Era a mesma garota de antes.


- Por acaso você está me seguindo? - Recuei e franzi o cenho.


- Não, mas fiquei preocupada ao vê-la perdida e com o semblante sofrido - Respondeu exibindo um sorriso divertido - Você é Megan? Sobrinha da administradora do hospital? - Perguntou.


- Como sabe de tudo isso? Sequer nos conhecemos - Indaguei, ainda mais desconfiada que antes.


- Eu sou filha do Dr. Cullen, ele falou muito sobre a nova funcionária - Afirmou e as peças do quebra-cabeça foram se encaixando.


 Acenti enquanto minha mente processou as informações recentes, é nítido o quanto ela é diferente e ao mesmo tempo estranhamente parecida com Carlisle, Edward e Rosalie, Alice é tão estranha quanto os outros, algo muito suspeito. Apertei o livro contra o peito e sorri meio sem jeito, meus instintos implorando para me afastar o mais rápido possível, entrar no carro e ir para bem longe dessa família anormal.


- Agora eu preciso ir, Alice - Comentei e sua expressão demonstrou tristeza - Foi bom conhecer você - Menti.


- Poderíamos fazer compras qualquer dia, eu adoraria - Ofereceu parecendo animada e empolgada com algo.


- Claro, seria ótimo - Forcei um sorriso e entrei no carro - Até mais - Acenei.


- Até mais, Megan - Ela sorriu e saltitou ao encontro de outro adolescente pálido e fantasmagórico.


 Coloquei o livro sobre o painel do carro e dirigi em direção ao hospital, faria uma visita surpresa para Sophie e observar o movimento dos funcionários no final de semana. Poucos minutos depois cheguei ao endereço, estacionando na mesma vaga de sempre, havia pouquíssimos automóveis próximos do prédio, mas o Volvo prateado capturou a minha atenção.

 Atravessei a rua e empurrei as portas pesadas de vidro, fiquei espantada ao encontrar pessoas andando desesperadas de um lado para o outro. Homens fortes usavam bermudas e camisetas de manga curta, eles estavam indiferentes ao clima chuvoso e do frio extremo, suas expressões eram de pura angustia, pavor e agonia, algo muito sério aconteceu.


- Megan, o que está fazendo aqui? - Perguntou Raven assim que me aproximei do balcão.


- Queria fazer uma surpresa para tia Sophie - Respondi ciente da enorme confusão causada - Saberia me dizer onde ela está? - Indaguei.


- Sophie continua trancada naquela sala de reuniões, ela não saiu de lá desde que chegou - Revelou e ergui as sobrancelhas - Poderia entregar um recado ao Dr. Cullen, eu sei que é sua folga, mas... - Raven corou.


- Sem problemas, está tudo bem - Cedi e aguardei por suas anotações.


 Andei pelos corredores do hospital e fiquei surpresa com toda a agitação no local, cheguei ao andar onde Carlisle atende os pacientes e depositei batidas leves na porta. Não demorou para que ele surgisse em meu campo de visão e sorrise abertamente, engoli seco e foquei nos meus sapatos, incapaz de manter contato visual com esse homem tão bonito e atraente.


- Raven pediu para entregar isso ao senhor - Comentei e entreguei o bilhete.


- Obrigado, Megan - Agradeceu e concordei, decidida a sair dali.


- Com licença - Sorri e me virei, indo para bem longe.


 Retornei pelo mesmo caminho de antes, mas parei ao ouvir o som de notas músicas partindo de um piano antigo, ficou nítido a dificuldade enfrentada para tocar a melodia simples. Entrei na área de interação dos pacientes e identifiquei um senhor de idade tentando tocar as teclas, suas mãos trêmulas dificultaram o desenrolar e o seguimento da música clássica.

 A frustração aumentava conforme suas tentativas falhas continuaram, respirei fundo ao lembrar das muitas aulas que recebi de meu avô e decidi intervir. Atravessei o cômodo e ocupei o lugar vago ao seu lado e seus olhos cansados e experientes encararam os meus, abri um sorriso gentil e observei a partitura aberta de maneira improvisada sobre o instrumento imponente e exuberante.


- Se importa? - Questionei sabendo que o senhor poderia ficar desconfortável ou ofendido.


- De modo algum, por favor - Concordou demonstrando ansiedade e alívio.


 A música escolhida foi "River Flows in You", do Yiruma, apertei as primeiras teclas e a melodia romântica e sútil preencheu o ambiente. Funcionários, acompanhantes e até mesmo pacientes pararam o que estavam fazendo e observaram a cena, a essa altura o senhor ao meu lado tinha os olhos marejados, dei continuação ao pequeno e simples espetáculo, perdida na emoção.

 Olhei de relance e avistei tia Sophie em meio a plateia, ela sorria abertamente e limpava lágrimas escorrendo por seu rosto, faz muito tempo desde que cheguei próxima de um piano, não desde a morte de meu avó. Foquei no movimento dos meus dedos e tentei proporcionar algo maravilhoso e encantador ao homem de idade, esse gesto simplório tinha significado incalculável e importante para ele.


- Obrigada, muito obrigada - Agradeceu limpando a umidade do rosto - Era a música favorita da minha esposa - Revelou.


- É linda, espero não ter sido tão ruim quanto imagino - Sorri verdadeiramente.


- Foi maravilhoso, querida - Ele se levantou e caminhou lentamente para fora do local.


 Levantei do banquinho e congelei ao encontrar Edward Cullen parado na minha frente, ele olhava dentro dos meus olhos e tinha a mesma expressão assustadora do outro dia. Desviei dele e caminhei para o local onde Sophie continuava esperando, ela sorriu e envolveu os braços ao meu redor, o cheiro de seu perfume ficou mais forte e intenso, senti beijos serem depositados contra meu cabelo.


- Estou tão orgulhosa - Afirmou e corei envergonhada - Papai ensinou bem - Elogiou.


- Obrigada - Agradeci sentindo os olhares de Edward, mas ignorei.


- Porque um dos filhos do Dr. Cullen está olhando para você, Megan? - Indagou curiosa.


- Não sei, mas ele é assustador - Confessei desconfortável.


- Ele pode estar interessado em você - Sorriu maliciosa e neguei no mesmo instante - Porque não, criatura? - Exigiu.


- Ele não faz o meu tipo - Menti e posso jurar ter visto seus olhos dourados ficarem cheios de dor - E não posso envolve-lo nisso - Suspirei.


- Megan... - Murmurou Sophie tentando encontrar as palavras certas.


- Ele é jovem e bonito, não é justo arrasta-lo para algo tão destrutivo e que não vai durar - Confessei e a mulher mordeu os lábios - E meu pai jamais o aprovaria como namorado de sua única filha, ele seria trucidado vivo - Ri divertida.


- Como tem tanta certeza? - Questionou avaliando Edward de cima a baixo.


- Ele é mais novo e não tem emprego, dois fatores importantes para o Sr. Jones - Afirmei e o Cullen se mexeu de forma estranha - Bom, quer ir comer? Estou morrendo de fome - Brinquei.


- Vamos, não comi nada desde que cheguei - Concordou e passou o braço por cima dos meus ombros.


Notas Finais


https://youtu.be/IR_-D1PIOYU - Música tocada por Megan.


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