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História Lee Know e o Híbrido de Esquilo - Minsung - Lee Know em : Às Sombras



Capítulo 26 - Lee Know em : Às Sombras


Infecções têm o péssimo hábito de se infiltrar sorrateiramente.

Você está se sentindo bem, pensa que a infecção já foi curada, e aí, ela volta. De repente. Quando seu corpo ainda está fraco. Quando ainda não se recuperou.

E quando a infecção se espalha, quando ela entra na corrente sanguínea, então você precisa tomar cuidado. Porque esse tipo de infecção pode te matar.

-Bom dia amor...__Minho desejou ao sentir o menor se movimentar e sorrir preguiçosamente

-Bom dia Hyung.__desejou se aconchegando no calor do corpo do mais velho

-Já são dez da manhã baby.__comentou acariciando os fios do menor que resmungou manhoso

-Só mais um pouquinho Hyung...

-Tudo bem, mas apenas porque fomos dormir muito tarde. Você nunca ficou acordado depois das onze!__cedeu deixando um beijinho na testa do mais novo

-Foi a melhor noite da minha vida, Hyung. Mas eu estava um pouquinho nervoso.__confessou baixinho

Realmente havia ficado muito apreensivo durante o dia enquanto preparava todo o encontro para seu humano, mas agora a sensação de paz que rondava seu coração era inebriante.

-Você foi perfeito em cada detalhe, amor!__disse entrelaçando seus dedos na destra do mesmo, observando ali o bracelete dourado__Obrigada.

-O Minho gostou mesmo?__o encarou

-Eu amei, pequeno. Amei!__afirmou acariciando a bochecha macia, soltou um suspiro sentindo seu coração pesar__Eu preciso falar com você.

-Aconteceu alguma coisa, Hyung?__suas sobrancelhas se juntaram em questionamento e preocupação, podendo sentir a tensão pairar no ar tomando o lugar do clima agradável de antes

-Infelizmente sim, amor!__disse e Han se sentou vestindo seu moletom amarelinho novamente, apreensivo com aquela confirmação do mais velho.

Estavam de roupas, no entanto, devido ao calor corporal do Lee, Jisung não retornou a por o moletom depois de já ter vestido seu suéter branquinho.

-Ok... O Han já volta, tudo bem?__disse saindo da tenda e calçando as pantufas fofinhas

-Tudo bem. Sem problemas!

Minho apenas assentiu sem contestar para a onde o híbrido estava indo, teria mais tempo pra formular algo em sua cabeça, já que havia passado quase a noite toda em claro depois que o mais novo adormeceu.

Han pensava consigo mesmo sobre algumas possibilidades de coisas que poderiam ter acontecido, Minho havia usado a palavra "infelizmente", e pelo o que sabia isso não significava algo bom.

Seguindo em direção à Minka, uma cena lhe chamou a atenção e fez com que parasse de andar para observar. Felix e Changbin.

Ambos sentados nas escadas de madeira do hall de entrada da frente, conversando e rindo sobre coisas aleatórias, enquanto vez ou outra trocavam olhares intensos regados pelos suspiros apaixonados de Changbin e as bochechas coradas de Felix. Jisung sorriu.

Ver Felix feliz era com certeza uma das coisas mais gratificantes de toda sua vida. O sorriso genuíno, a vermelhão das bochechas cheias de sardas, o olhar tímido e entregue o denunciavam.

Jisung suspirou. Talvez não fosse muito diferente do que acontecia consigo e Minho.

Ele jamais se esqueceria das palavras do humano enquanto lhe acalmava no hospital depois que saíram do incêndio. "Eu amo você." "Eu vou proteger você". "Estou aqui com você". "Você foi muito bem, estou orgulhoso de você."

A intensidade da qual Minho havia proferido tais palavras eram diferentes e Jisung gostava disso.

As coisas que o mais novo sentia quando estava com aquele humano bonzinho eram diferentes, Minho conseguia quebrar-lhe barreiras enormes e reforçadas com um único sorriso.

Andou até a cozinha e preparou duas canecas de chocolate quente, os deixando bem cremosos e retornando para a tenda, onde encontrou Minho ainda deitado enquanto mexia em seu celular.

Acordou com fome, porém limitou-se a fazer apenas uma caneca de chocolate quente pois isso lhe aquecia por dentro e lhe dava energia suficiente para iniciar o seu dia com uma notícia bombástica.

-Hyung...__o chamou atraindo a atenção__O Han fez pra você.

Disse fechando a entrada da tenda de lençol atrás de si e entregando uma das canecas ao Lee

-Obrigado, amor.

Observou Minho de uma forma mais avaliativa enquanto tomavam o achocolatado ja muito costumeiro entre eles todos os dias pela manhã. Quando o humano não trajava suas roupas formais para ir ao SNUH ou o uniforme sofisticado da faculdade, ainda assim conseguia ser incrivelmente irresistível.

Estava apenas com o conjunto confortável de moletom preto, meias e a ponta do nariz mais avermelhada, mas Han não tinha muita certeza se era devido ao frio que sempre fazia pela manhã. O que quer que tenha acontecido, havia sido grave, e estava preocupado.

-O que está acontecendo?__perguntou assim que terminaram de tomar a bebida cremosa e Minho suspirou

-Tem duas coisas muito importantes que o Hyung precisa conversar com você, e preciso que você seja muito compreensível e corajoso, tudo bem?__pediu o puxando para mais perto, o deixando ajoelhando entre suas pernas e abraçando seu tronco enquanto olhava o nos olhos.

Han assentiu em silêncio. Seu coração acelerou enquanto o mais velho pegava o smartphone grande de dentro do bolso e o entregava em mãos aberto em algum site de notícias Coreana. Minho observava o menor ler com calma, os olhinhos passeando sobre a tela enquanto as orelhinhas se movimentavam aos pouquinhos.

-Como eles descobriram?__o tom de voz do mais novo era sério, porém baixinho. Minho o apertou em seus braços e negou com a cabeça.

-Eu também não sei, pequeno. Não sei. As convenções que nós temos no SNUH dão festas de Elite muito grandes, com cobertura de imprensa, pessoas importantes, empresários, patrocinadores, CEOs, produtores, escritores, grandes chefes de cirurgias e grandes nomes da medicina. Seu dono sempre marca presença anual pois ele é um dos nossos patrocinadores...__começou em um suspiro pesado enquanto o mais novo permanecia com o olhar vidrado na tela de seu celular, mais especificamente em uma foto da manchete na qual estavam os dois. Doyun e Yukhari.

Dois grandes homens importantes na Coreia do Sul, e na Malásia. Dois cretinos. Dois humanos que o feriram de forma grave. Dois humanos culpados pela maioria dos seus pesadelos à noite.

-O meu appa é o diretor do hospital, eu sou um grande alvo daquele lugar e principalmente nessas convenções pois a imprensa sempre me marca e eu preciso bancar o bom filho que se dá bem com o ótimo appa que tem. Agora com a notícia de que eu estou namorando com o filho híbrido de um dos nossos patrocinadores, nossos pais estão exigindo nossa presença.__Minho continuou e Han assentiu devolvendo o aparelho e segurando nos dois ombros do Lee

-Você está me dizendo que nós vamos ter que ir juntos?__o encarou nos olhos e Minho mordeu o lábio inferior assentindo

-Sim, amor. Hoje a noite vamos voltar pra Coréia, porque a convenção ja é amanhã.

-E por que só está me contando isso agora?

-Porque você já passou por muita coisa no mês passado e não queríamos que você ficasse estressado e preocupado durante as férias!__explicou segurando uma das mãozinhas e a sentindo gelada, deixou um beijo nas pontas de seus dedos o encarando nos olhos__não vamos ficar por muito tempo lá, pequeno. Mas eu vou entender se você não quiser comparecer, eu vou e aguento a imprensa e nossos pais, invento alguma desculpa pra sua ausência, não tem problema!

-Uma hora eu vou precisar enfrentar. Eu decidi não reviver o passado, mas é muito difícil quando eu escuto a voz dele ou o vejo. É como se tudo voltasse e eu fosse apenas um esquilo assustado e indefeso, fraco demais pra poder me defender sozinho.__começou com os olhos marejados e Minho assentiu com a cabeça, o entendendo e o escutando desabafar__mas o Minho vai estar lá e eu não sou mais um esquilo indefeso, fraco e assustado. Vamos fazer isso. Eu não vou te deixar sozinho lá!

-Você tem certeza, meu amor?

-Eu tenho, mas admito que não estou preparado para isso.__enxugou o canto dos olhos com a manga do sueter fofinho impedindo que qualquer vestígio de lágrima escorresse.

Respirou fundo fechando os olhos por alguns instantes, sentindo a mão grande e quente do namorado lhe acariciar o rosto de forma gentil, como se fosse feito de porcelana e pudesse quebrar a qualquer momento.

Minho beijou seu pescoço, sua mandíbula e então sua boca, esse se tornando mais demorado, um toque gentil que fez o mais novo suspirar trêmulo e abraçar seu pescoço.

-Você é muito corajoso, sabia?__Minho perguntou lhe selando a ponta do nariz e grudando suas testas__ninguém pode te ferir enquanto eu estiver aqui!

-Obrigado...__assentiu se sentando sobre as pernas e encostando a testa no ombro do Lee que acariciou suas costas em movimentos circulares, enquanto a outra mão subiu até a orelhinha e deixou outro carinho gostoso ali.

Minho acabou por adiar mais um pouco o assunto sobre a noona, precisaria lidar com uma coisa de cada vez.

Eles arrumaram toda a tenda, recolhendo a cesta junto dos lençóis e cobertores os guardando em seus devidos lugares e pondo outras para lavar.

Han foi direto para o banho e Minho para a cozinha, onde a cozinheira preparava o almoço. As coisas estavam um pouco quietas demais, exceto pelos risos de Changbin e Felix.

O dia seguiu-se de procrastinação, assistiram à algum filme aleatório que se passou na televisão, Han precisou fazer mais brownies para matar a vontade dos outros e também de alguns funcionários que o elogiou muito por aquelas maravilhas doces.

Hyunjin confirmou a presença dos próprios progenitores na convenção do SNUH, e Han se sentiu aliviado pois Hyunjin também estaria presente, assim como Seungmin que estaria a trabalho fotografando o evento.

Estavam deitados sobre o tatame em plenas 4 da tarde, Changbin estava com sua plataforma e o notebook em mãos.

-Prontos?__indagou aos 7 que assentiram animados__E eu vos apresento, Alien.

Deu play na musica que antes ja produzida por si e Han, agora mais perfeita do que nunca.

O esquilinho sorriu animado ao escutar a nova intro e sua voz vindo em seguida, porém, ainda mais feliz ao ver a animação estampada nos rostos de seus amigos que curtiam o som melódico.

Sua mente vagou no som de sua própria voz, na própria melodia. Han estava percebendo o quanto estava mudando nas últimas semanas.

"Sabe, está tudo bem ser o bichinho de estimação de alguém e eu não tenho dúvidas de que ele realmente ame você do jeito que ele ama os dois gatos dele."

Estava percebendo o quão errado ele estava sobre si mesmo, mesmo que as vezes, fosse inevitável se sentir dessa maneira.

"Você pode até mesmo estar cursando uma universidade, mas entenda que ele sempre vai ser o humano e você nunca vai pertencer ao mundo dele!"

Quando escreveu Alien, Aika o havia dito coisas que o machucou e lhe fez duvidar de tudo, principalmente das pessoas ao seu redor, as mais próximas.

Amor ou pena? Amizade ou obrigação de ajuda-lo?

Era difícil para si entender os humanos, mesmo que também fosse um tecnicamente. Não era comum.

As vezes sentia como um alienígena, a sensação sufocante de não se encaixar em nenhum lugar o perseguiu durante anos, e as vezes ainda aparecia para assusta-lo quando a noite estava escura, fria e sua mente silenciosa demais. Estava sempre carregando preocupações demais e mesmo que ninguém se importe, estava cansado.

É uma loucura!

É louco ter que agradar as outras pessoas, se sentir mal por não se encaixar, esconder quem é, ou nem mesmo saber.

É loucura querer ser diferente?

Por que ser quem era, é tão errado?

Não se referia à sua parte híbrido como muitos pensavam, mesmo que esse fosse um grande fator, as vezes sentia e pensava coisas que não conseguia expor e as sufocavam dentro de si, porque mesmo que tentasse se abrir ninguém entenderia. Não haviam passado por metade do que passou em apenas 20 anos de sua vida. Mas jurou por si mesmo que não iria cair.

São diversas as pessoas que vem ao mundo pensando que não tem nenhum propósito, e não fazem ideia o porquê de ainda residir no mesmo. Han teve a coragem de falar sobre a sua vivência com depressão e ansiedade, duas coisas sérias e graves, mas as quais ele estava aprendendo a conviver e seguir em frente bravamente, e em “Alien” expressou um pouco do seu lado lutando contra os seus problemas e pensamentos que o faziam retroceder.

Sua letra falava justamente sobre se sentir sozinho no planeta, sentindo como se não pertence à algum lugar, que estava sempre fazendo de tudo para se mostrar feliz, mesmo não se sentisse de fato dessa maneira.

Sabia que não pertencia ao mesmo mundo que Minho, e por isso, quando estavam juntos Han criava um mundo apenas dos dois. Lee Know hyung era alguém que não se importava com uma cauda ou orelhinhas fofinhas no topo de sua cabeça, gostava do humano porque este o amava do jeitinho que era. Foi porque Minho o acolheu, que ele não se preocupava com seus demônios. Eles sempre se calavam na presença do Lee.

Não podia se deixar vencer pelos fantasmas do passado, mesmo que estes ainda fossem seu presente, ele tinha que viver porque se desabasse, tudo seria arruinado, até mesmo seus sonhos. E então tudo o que aguentou durante todos esses anos teriam sido em vão.

Fez aquela música para si mesmo, mas também para quem também se sentia um peixe fora d’água. Que nasceu em uma família em que não conseguia se reconhecer como parte, e mesmo as pessoas que tinha alguma coisa em comum, não ajudavam muito a não se sentir um estranho no ninho.

Alian era para quem que volta e meia vê uma cara de interrogação na sua frente quando conversa com seus amigos, como se você estivesse falando alguma língua aborígene, e mesmo que eles genuinamente te aceitem e façam de você parte do grupo, é comum sair incompreendido quando interage com eles.

Alien era para quem tem fama de esquisito ou revolucionário, de introvertido ou sociável demais, que de alguma forma ou de outra se sente com frequência fora do passo do resto do mundo, e que quando tenta andar no mesmo ritmo sua alma grita de tanta dor. Para quem se sente inadequado, errado, fora do eixo, e que muitas vezes ouviu coisas horríveis de alguém, e que ao olhar para as pessoas ao redor e as que estão na mídia só reforça que tudo isso parece ser verdade.

Muitas vezes se sentia que era a única criatura rastejante na face da Terra que se sente como se sente, que age como age, que busca o que busca, e que só queria sair do submundo de seu universo interior, onde ficava confinado por muito tempo ouvindo o próprio ego gritar “tente se encaixar ou morra”.

Quanto mais vamos vivendo, mais nos deparamos com uma sociedade refém de valores pobres e precários de atenção. Se tentamos seguir uma linha diferente, somos julgados por não fazer parte do montante principal. Mas Han sabia que isso é uma visão e não uma verdade absoluta e que se quisesse ser diferente, ninguém poderia jamais o subestimar.

Se sentia triste por saber que somos reconhecidos apenas pelas coisas que os demais podem ou não aprovar. Sofria por não conseguir expressar suas reais intenções e por vezes, era obrigado a ignorar seus próprios valores para ser aceito no mundo em que vivia.

Quando escreveu Alien, Han se perguntou até quando seria refém dos seus medos?

Todo mundo sonha em estudar na melhor faculdade, em trabalhar na melhor empresa e estar rodeado pelas melhores pessoas que encontraram na vida.

Mas, o que é o melhor? O que te faz feliz de verdade?

Suas escolhas partem de você ou do desejo dos demais?

Sua musica é um solo deveras sério, mas para todos os outros que escutaram é admirável a maneira que o esquilinho tornou a sua angústia em arte, a sua música emocionando bela parte da instituição e sendo escolhida como a melhor produção de Changbin por Min Yoongi.

Nem mesmo o Seo sabe como se sentir em relação à letra daquela música, foi algo que realmente o deixou marcado. Já para Minho e Felix, aquilo foi uma forma de conseguir entender melhor o híbrido e se aproximar realmente dele, uma forma de todos os 7 compreenderem seus sentimentos e também um aviso de que, por mais que tudo pareça incrivelmente perfeito, Han ainda se sentia um completo estranho perto deles.

A música terminou, os 7 aplaudiram em elogios mistos e animados com a produção.

Han sorriu. Alien o confortava.

Minho deixou um beijinho demorado em sua têmpora, e fechou os olhos por aquele contato enquanto escutavam a algazarra de vozes mistas de seus amigos.

-Está tudo bem com você, pequeno?__Minho indagou o apertando em seus braços

-Sim. Estou.__sorriu afirmando

Alien o confortava porque aquela letra remetia seu seu do passado, e no presente, via o quanto progrediu em relação à muitas coisas que o levaram a se expressar daquela maneira.

Ja havia passado por muita coisa, e estava vivo. Havia sobrevivido bravamente até ali, e podia afirmar que havia entendido o significado genuíno de felicidade, sentimento este que antes era totalmente desconhecido por si.

O progresso é um processo lento, demorado. Ele nos leva à evolução. Você geralmente não vê quando isso ocorre, só percebe quando cruza a linha de chegada de uma fase que pareceu durar uma eternidade.

Às vezes o caminhar é lento, mas o importante é não parar. Han sabia que mesmo um pequeno progresso é um avanço na direção certa, se não pode conquistar algo importante hoje, conquiste algo menor. Mas conquiste.

Não importa quão lento seja o progresso, o importante é sempre caminhar rumo ao que nos faz feliz.

Já era de noite quando Minho se encontrava sozinho no cantinho das estrelas cadentes. Han estava dormindo.

Sua vida certamente havia sido virada de ponta cabeça desde que o mais novo chegou nela, nunca pensou que uma criaturinha tão fofinha pudesse lhe fazer sentir coisas que jamais imaginou sentir e fazer coisas que jamais imaginou fazer.

Todos precisamos de um lugar para nos sentirmos seguros. Para nos sentirmos abrigados. Protegidos. Para a maioria, significa um lar. Para os cirurgiões, significa um hospital.

No hospital, raramente estamos cegos. E sempre tem algo para nos manter ocupados. Sempre sabemos o que fazer em seguida. É uma caixinha aconchegante.

Procuramos por um abrigo em meio a tempestade. Mas, às vezes não conseguimos encontrar. Às vezes, estamos sobre a misericórdia dos ventos. Não temos mais nada mas aceitamos.

Agora que tinha um algo, um alguem, era até mais fácil enxergar a luz no fim do túnel quando esse alguém mesmo tendo passado por coisas horríveis, encontrava um mísero motivo sequer para sorrir.

Han era a sua esperança de acreditar que um dia, todo esse trabalho árduo e duro valeria a pena.

Sentiu braços rodearem seu tronco e sorriu por sentir o cheirinho doce e característico do esquilinho, o puxou para frente, para se sentar entre suas pernas e o abraçar por trás.

-Por que levantou meu bem?

-O Han sentiu sua falta na cama. Ficou frio.__disse em um sorriso preguiçoso, sua voz ainda estava arrastada pelo sono que sentia e Minho riu baixinho ao que o menor se deixou repousar sobre seu corpo e fechar os olhos.

Desde que o conheceu sentia que a presença do mesmo o completava, como os pulmões precisavam do oxigênio, Minho sentia que precisava do mais novo para respirar.

-Baby, está frio aqui fora.

-Por isso o Han tem que esquentar o Minho...__murmurou baixinho e sonolento

A verdade era que não estava conseguindo dormir sozinho, havia sonhado com seu dono e acordou assustado sem sentir Minho na cama. Estava nervoso com o evento de elite do dia seguinte, desejava que tudo ocorresse bem, mas estava com medo de Doyun querer fazer mal para o seu humano bonzinho.

Não permitiria que isso acontecesse.

Mesmo que estivesse muito mais forte, ainda sentia medo. Há muita incerteza. O que pode ser fácil para uma pessoa, para outra pode levar uma força interior que você não pode imaginar.

Mas nós temos que tentar.

Nós temos que enfrentar os nossos demônios, temos que encarar a realidade sempre que possível e pedir ajuda quando não podemos fazer isso sozinhos.

E quando fazemos isso a cura é possível.

-Estou com medo...__confessou atraindo a atenção do mais velho__não quero que ele te machuque.

-Por que você acha que ele faria isso?

-Por minha causa. Ele é controlador, é um humano ruim e não gosta de mim. Ele nunca vai me deixar ser livre, não tão fácil.

-Você agora é responsabilidade minha. Não se preocupe, nada de ruim vai acontecer à nós!

-Minho, você acha que um dia isso tudo vai acabar? Um dia eu vou parar de viver às sombras do meu appa?__levantou a cabeça para encara-lo e o Lee suspirou pensativo por alguns segundos

-Uma vez, Kira me disse que quando enfrentamos a tempestade, não importa o quão assustadora ou quanta energia tem sobre nós, quando enfrentamos percebemos que nós somos o nosso próprio abrigo. Nos encontramos saindo do outro lado, mais fortes, podemos até nos encontrar felizes.__disse entrelaçando a mãozinha menor na sua, observando a diferença de tamanhos__Você vai ficar bem, porque você é forte! Uma hora temos que enfrentar tudo o que nos assusta, pequeno. É a vida. Não tem como fugir disso. Eu também estou com medo, eu vivi com medo durante muitos anos da minha vida. Medo de não ser bom o suficiente, medo de não agradar ou de fazer alguma coisa errada com algum paciente importante e toda a reputação que eu batalhei para construir, seja levada por água abaixo por culpa dele, porque sim, para as outras pessoas nós somos a sombra dos nossos pais. Han, eu entro numa sala de cirurgia e a galeria se encher para me ver operar, porque eu sou filho do diretor do hospital, um dos maiores cirurgiões daquele lugar e por conta disso, eu tenho que ser tão bom quanto ele. Mas a verdade é que eu jamais serei igual a ele. Eu percebi isso quando comecei a traçar a minha própria rota. Você não é a sombra do seu appa, não precisa se sentir uma porque você é bem melhor do que ele. Você é o meu amor!

-O Minho também é o meu amor...__disse devolvendo o aperto na mão do Lee__a galeria não se enche para te ver porque você é filho do diretor do hospital, e sim porque você é um cirurgião incrível e eu sei que todos esperam muito de você, mas é porque você é capaz de fazer coisas extraordinárias. O Han viu isso com os próprios olhos!

-Eu gosto do jeito que a gente se põe para cima!__beijou a bochecha gordinha e o mais novo riu baixinho__muito obrigada, baby. Nós vamos fazer isso juntos amanhã, tudo bem?

-Juntos!__concordou

-Eu já te disse que você está muito bonito com essa nova cor de cabelo?

-Já sim, muitas vezes. Mas é sempre bom ouvir, então por favor repita!

-Você fica muito irresistível com o prateado. Eu acho que eu nunca vou superar essa sua fase, pequeno. Melhor do que isso só o seu cabelo azul!

-Como você sabe do meu cabelo azul?

-Todo mundo sabe do seu cabelo azul! O Félix fez questão de enaltecer você com aquela cor.

-A intenção não era deixar ele azul, é que a gente errou na cor do tonalizante e eu não sei o que aconteceu direito, quando eu vi estava totalmente azul e eu quase morri do coração!__riram

-Foi o melhor erro que você já cometeu então, porque de verdade, para mim não importa a cor do seu cabelo você é muito lindo!

-Você acha mesmo?

-Baby, eu não tenho dúvida disso. Você é dos deuses, um Pitico e também muito sexy. Eu já te disse isso?

-Ai meu Deus Lee Know!__riu escondendo o rosto entre as mãos

-Não, é sério. Você é muito sexy! Eu era o mais sexy do nosso grupo e eu perdi esse posto para você porque baby, você está de parabéns!__disse descobrindo o rosto do menor, puxando as mãozinhas para longe do mesmo e as entrelaçando nas suas

-Eu sei que eu sou, mas você falando me deixa vermelho!__sua risada contagiavam mais velho que distribuia beijinhos pelo seu rosto

-Eu não resisto a você, amor. Você é muito fofo!__disse observando as bochechas coradas e escutando o riso contagiante do mesmo

-O que mais eu sou pra voce, Hyung? É um adjetivo novo a cada hora!__riram novamente

-Você é magnífico, meu bem. Perfeito pra mim!__disse apertando as bochechas grandes ate que os lábios se formassem um biquinho fofo, e o beijou

Han pegou a mão livre do Lee e a pôs em cima de seu peito, e o mais velho riu ao sentir as batidas aceleradas de seu coração.

-Uau!__Minho disse em meio aos risos dos dois

-Hyung, você deixa o meu coração doidinho!__disse o fazendo rir

-Não é muito diferente comigo. Você me deixa louquinho!__beijou a têmpora do mesmo que sorriu

-Hyung, olha!__apontou para o céu

-Já está amanhecendo? Mas que horas...__ia pegar o celular porém a mão de Han o impediu, entrelaçando seus dedos

-Shii... aproveita.__pediu baixinho, observando o céu se iluminar trazendo consigo uma coloração dourada e aquecedora, inspiradora. Era lindo.

Ficaram ali por mais alguns instantes antes de retornarem para dentro da Minka, onde encontraram os outros tomando café da manhã juntos, as malas já estavam na sala, e o clima era leve.

Felix sorriu ao ver os dois entrarem, Han não escondia as orelhinhas e muito menos a cauda. Estava feliz por ver seu melhor amigo feliz, mesmo que estivesse apreensivo pelo o reencontro com Doyun.

-Dormiram no cantinho das estrelas cadentes novamente?__Chan indagou

-Sequer dormimos!__Minho respondeu e Han arregalou os olhos com o duplo sentido daquilo ao ver os olhares e sorrisinhos provocativos em sua direção

-Minho! Ai meu Deus. Não, a gente não fez nada!__disse olhando na direção de Felix e os 7 riram

-Ah, alguém protege?__o australiano disse vendo as bochechas vermelhas do melhor amigo, Minho sorriu ladino deixando um beijo rapido na bochecha gordinha e quente

-A gente vai se aprontar, e ja saímos.__o Lee anunciou

-Não vão tomar café?__Chan indagou

-No aeroporto eu compro alguma coisa ou não vai dar tempo.__Minho disse puxando Han pela mão e indo em direção ao quarto de hóspedes que estavam dividindo

Dividiram o chuveiro para economizar tempo, mesmo que o menor tivesse ficado corado e tímido o que causou risos no Lee.

-Baby, não tem uma partezinha sua que seja segredo pra mim.__comentou o fazendo corar

-Aish, hyung...__disse se virando para ensaboar o cabelo do namorado, o enxaguando em seguida.

Minho selou os labios do mais novo e riu quando este corou. Han era muito adorável.

Ajudou o mais novo a esconder a cauda, e secou os cabelos do mesmo com o secador, colocando o bucket branco logo em seguida para esconder as orelhinhas fofas. Terminou de se arrumar e pegaram as malas, partindo para a sala.

O esquilinho estava sonolento, e seguiu todo o caminho de carro até o aeroporto dormindo no ombro do mais velho, Minho tinha sua mão enlaçada na do menor, acariciando o seu dorso.

Os meninos conversavam entre si, Changbin agradeceu ao seu motorista e pediu que cuidasse bem da casa pois em breve retornariam.

Minho acordou o namorado quando enfim chegaram, fizeram todas as burocracias de embarcação e se sentaram na primeira classe.

Han colocou os protetores anti-ruídos nas orelhinhas sensíveis, olhando para a janela do avião e respirando fundo.

A vida não nos deve nada. Simples assim. Como um rio, vai aonde tem que ir. Pode tentar lutar contra a corrente ou pode aprender a nadar. Como cirurgiões, nos dedicamos a uma luta sem fim contra a corrente.

O dia todo, todos os dias, lutamos contra a corrente. Às vezes perdemos. Às vezes vencemos. Às vezes a corrente nos carrega para onde precisamos ir.

E às vezes nos joga contra as pedras.

(REVISADO @_THALLYE_)



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