História Legacy - Preparativos

Nora observou Alura sentada na beira da cama com uma expressão carrancuda, era fofo, porém aquilo significava que ela estava pensando em algo sério e não estava gostando nenhum pouco, provavelmente um plano mirabolante e as variáveis a estavam estressando.

Sorriu consigo mesma, ela era sensível às mais sutis alterações de humor de Alura, anos de convivência e observação lhe tornaram especialista em identificar as nuances de suas expressões e associar isso ao seu estado de espírito.

Caminhou decidida até a esposa, ela precisava relaxar e não faria isso a menos que Nora pedisse ou naquele caso a fizesse relaxar. A loira estava tão concentrada que não notou seu movimento e até pareceu se assustar ao ver Nora se sentar em seu colo com uma perna de cada lado.

Aqueles olhos verdes tinham uma intensidade absurda e às vezes Nora perdia o fôlego ao encara-los.

- Você as vezes pensa demais. – Disse com um pequeno sorriso.

- Não posso evitar. – Suspirou. – São os deveres de uma líder.

- Bom, nesse momento, nesse quarto você não é líder de nada. – Nora decretou acariciando seu rosto. – Esse é meu reino e como regente é meu dever cuidar da minha mais especial súdita.

- E o que a minha rainha sugere a sua humilde serva? – Aquele tom rouco de Alura mexeu com ela, sua voz tão perto lançava pequenas vibrações em seu peito fazendo seu coração bater rápido.

- Que ela relaxe. – Beijou sua bochecha esquerda. – Que por pelo menos uma hora esqueça seus deveres. – Beijou a direita. – Que se concentre apenas no presente que sua rainha vai dar. – Beijou os lábios.

- E qual seria esse presente? – Perguntou curiosa e Nora que apenas vestia uma regata preta a retirou ficando com o tronco nu a centímetros da esposa. – Minha rainha, que presente! – Alura suspirou encarando os seios arrepiados dela.

- Você é uma valorosa guerreira, mas aqui você me pertence. – Disse decidida e tirou a blusa que Alura vestia a deixando também com os seios a mostra. – E eu vou tocar você esposa, até que esse expressão dura se torne um sorriso satisfeito.

- Minha rainha, ficarei mais que feliz em ter suas mãos me tocando. – Beijou o pescoço de Nora.

[...]

A parte chata de uma guerra eram as constantes discussões para estratégias, precisavam acertar os ponteiros e como tiveram uma recente mudança na ordem das coisas com a morte do Arqueiro a estratégia precisaria ser mudada.

Alura estava pensando sobre isso pela manhã quando Nora a interrompeu de maneira tão satisfatória, acabou sendo uma maravilhosa dádiva, pois com a mente relaxada ela pode elaborar um plano de invasão e iria repassar aos aliados.

- Bom dia a todos! – Podia ser uma Berserk, mas ainda tinha modos.

- Você parece de bom humor. – Hunter brincou vendo aquele pequeno brilho nos olhos dela.

- Ganhei um presente de manhã. – Disse séria enquanto Nora deu um sorrisinho malicioso. – Mas isso não vem ao caso, o motivo de eu te chamado essa reunião e por que vamos em breve atacar nossos inimigos.

- Então já pensou em um plano? – Kara perguntou centrada.

- Sim, vamos ter várias frentes e por ser uma batalha urbana teremos que usar a vantagem do terreno contra os números. – Disse em tom sereno, mas firme.

- Já escolheu o campo? – A rainha Hipólita perguntou, estava curiosa para saber o que aquela mente inquieta planejou.

- Todo o perímetro da cerca será nosso campo, mas teremos que isolar as tropas deles em pequenas frentes. – Explicou enquanto colocava um pequeno dispositivo no meio da mesa, acionou um botão em seu bracelete e um mapa holográfico da cidade se fez visível.

- Temos esse tipo de tecnologia? – Cisco perguntou curioso.

- Agora temos. – Alura deu uma piscadinha. – O objetivo principal é o fechamento do portal que eles usam para atravessar da Terra X para a nossa, vamos isola-los aqui assim como nós estamos. – Disse serena, havia uma pequena mudança na postura de Alura, ela estava menos selvagem.

- E como faremos isso? – Lena perguntou concentrada tentando entender as variáveis daquele plano.

- A batalha principal vai ser uma distração, precisamos fazer com que eles destaquem o maior número de soldados para que o cais fique desguarnecido. – Explicou. – Por isso vamos criar pequenas legiões com uma mistura de Amazonas e dos guerreiros da liga.

- Acha isso inteligente? – Nyssa perguntou um pouco receosa. – Eles não estão acostumados a lutar juntos.

- Bom, não é a coisa mais brilhante que eu já pensei. – Alura admitiu. – Mas precisamos mesclar as forças, as Amazonas tem um estilo de luta de campo e a liga está familiarizada com batalhas urbanas. – Suspirou. – Precisamos ter um equilíbrio ou poderemos perder apenas por confiar na força bruta.

- Sensato. – Hipólita concordou. – Minha pequena Fúria, me diga, como lidaremos com os equipamentos avançados deles? – A rainha ao que parece fez a pergunta certa, pois Alura deu um sorriso travesso, Lena sentiu o coração se aquecer, pois aquela era uma parte da antiga Alura.

- Eu tomei a liberdade de passar alguns projetos a Cisco, Winn, Felicity e Lena. – Disse. – Vamos transformar as Amazonas e a Liga em um exército atemporal, fizemos um upgrade nos escusos, espadas, arcos e nas armaduras.

- Estamos terminando os últimos retoques. – Lena completou, ela e o Techno Team tinham trabalhado duro nos projetos trazidos por Alura, fizeram os melhoramentos e ajustes que acharam necessários para otimizar seu arsenal. – Mas com a ajuda da mão de obra dos Guerreiros e Guerreiras conseguimos um bom avanço.

- Promissor. – Lilian disse com certo orgulho, ver sua neta em uma posição como aquela, comandando um exército, liderando uma guerra era impressionante.

- Faço meu melhor.– Alura deu uma piscadinha charmosa para a avó e dessa vez foi Kara quem se sentiu aquecida, estava certa em pensar que a filha tinha salvação. – Oliver, eu queria que você liderasse a missão para o fechamento do portal. – Alura pediu.

- Claro. – Ele concordou prontamente.

- Você vai seguir com Cisco, Winn, e um pequeno contingente dos membros da liga. – Explicou. - Felicity vai coordenar vocês.

- E como será o ataque? – Ele questionou centrado.

- Vocês vão se movimentar pelos esgotos. – Alura mexeu no bracelete e um novo mapa surgiu, era mais intricado do que o da cidade. – Slade e eu mapeamos todas as galerias, saídas e entradas do sistema de saneamento da cidade e para um ataque surpresa no cais, esse é o melhor caminho.

- Tudo bem, Slade vai comigo? – O mercenário se manteve afastado da torre naqueles dias, se concentrou em avaliar as Amazonas e dar sua opinião a Alura sobre os pontos fortes e fracos delas o que ajudou para que a garota ajustasse a estratégia.

- Sim, ele conhece o caminho e não precisa de mapa. – Confirmou. – Eu fui bem específica com ele ao dizer que o comando é seu, por isso esteja preparado para ele ignorar completamente suas ordens. – Deu os ombros, Slade era difícil e agiria como achasse melhor se a situação exigisse.

- Eu posso lidar com ele. – Oliver disse tranquilo.

- E é por isso que eu coloquei ele com você e não com Nyssa, Rao sabe o que eu tive que aturar dos dois nos últimos meses. – Disse sincera e ganhou um olhar recriminatório da poderosa Ra's Al Ghul. – Não me olhe assim por que sabe que é verdade, vocês brigam feito duas crianças.

- Você também não é a melhor companhia com toda essa atitude de gótica rebelde. – Nyssa devolver serena e isso de maneira surpreendente arrancou um pequeno riso se Alura.

- É eu sei. – Continuou sorrindo, Lena mais uma vez se sentiu aquecida, aquilo trazia uma leveza a filha. – E por isso você vai ser minha parceira no ataque, preciso de você liderando seus guerreiros.

- Nyssa pode ir comigo. – Oliver sugeriu. – Seria um reforço para fechar o portal.

- Eu concordo com a divisão de Alura. – Diana disse contrariando Oliver.

- Fazemos um bom time e ela pode equilibrar a inconsistência de Slade. – Oliver rebateu.

- Duvido muito. – A amazona disse séria. – Nyssa é requerida com Alura e eu me ofereço para integrar a equipe delas.

- Claro, quem sou eu para separar vocês duas. – Deu os ombros e deu a Oliver um olhar que encerrou a discussão. – Kara, Kal, Alec, J'onn e Manuel, vocês serão nosso apoio aéreo. – Revelou.-

 Mon-El. – Ele corrigiu contrariado. 

- É irrelevante! – Lena alfinetou.

- Mas Aly, eu não tenho a habilidade se voar. – Alec disse incerto.

- Eu tenho uma coisa para você. – Ela disse. – Nós lutamos bem juntos e pode chegar o momento em que teremos que faze-lo. – Ela tirou uma tirou a pulseira do bolso. – Esse equipamento tem quase a mesma função do meu bracelete, ele libera doses de radiação diretamente em nossas células, alguém descobriu que na frequência certa meio kryptonianos podem ser fortalecidos com alguns tipos de radiação específicas, isso vai te dar a habilidade de voar. – Jogou para o rapaz que pegou no ar sorrindo feito uma criança.

- Tem algum efeito colateral? – Alex Perguntou preocupada com o filho.

- Ele vai comer feito um estivador. – Alura disse sincera. – Vai dormir mais que o normal, porém não vai ser prejudicial a longo prazo. – Garantiu.

- E eu vou poder voar mãe. – Disse sorridente e Alex sorriu de volta.

[...]

Os preparativos seguiram com rapidez, logo todas as Amazonas e a Liga estavam equipadas com os novos armamentos, embora não os tivessem usados eram treinados para se adaptar a novas situações.

Os times foram separados e os exércitos receberam as ordens de seus comandantes. O clima era de tensão e as pessoas tinham um semblante fechado.

Kara mais uma vez observava Alura se vestir e novamente ela optou pelo uniforme tático padrão, sem símbolos ou insígnias. Analisou os gestos da filha, eram firmes e precisos, ela estava acostumada com a antecipação da batalha, mas havia um certo ar de relaxamento, como se aquilo não a preocupasse.

- Algum conselho? – Alura perguntou, tirando Kara de seus devaneios.

- Acho que sou eu quem deveria pedir conselhos. – Kara sorriu. – Já lutei antes, mas não algo tão grande assim. – Confessou.

- Honestamente não há um bom conselho para esse tipo de situação. – Alura disse suavemente. – O caos é a regra nessas horas, precisa confiar em seus instintos e seguir as ordens pois elas são baseadas na estratégia do seu líder, eu no caso. – Deu um pequeno sorriso.

- Eu ainda acho que é muita responsabilidade. – Kara confessou. – Colocamos um peso imenso nas suas costas.

- Kara, ninguém colocou nada sobre as minhas costas. – Alura disse tranquila. – Eu conheço nas minhas batalhas, eu escolhi as minhas lutas.

- Eu só me preocupo que se o resultado disso não for favorável isso vai ser difícil para você. – Disse preocupada.

- Ganhar e perder faz parte. – A garota disse séria. – E para ser honesta se tem uma coisa que eu sei fazer é perder, tenho feito isso nos últimos anos, nós aprendemos com a derrota Kara. – Deu sorriso triste. – Aprendemos com a dor, com o desespero e com a solidão.

- Gostaria que você tivesse professores melhores. – Era como falar com alguém distante, não havia o calor do relacionamento que construíram nos últimos meses e isso foi doloroso para Kara que amava Alura com cada pedacinho do seu ser.

- Eu ganhei uma segunda chance. – Alura suspirou. – E não é fácil avaliar as minhas ações dos últimos anos, rever meus erros, enfrentar meus demônios, lidar com as consequências dos meus atos, por que eu tenho que encara-los todos os dias desde que cheguei. – Havia um brilho triste nos olhos verdes da garota. – Eu sinto muito ser uma decepção para você e Lena, vocês me criaram para ser melhor, mas eu apenas faço tudo errado.

- Não, querida não. – Kara foi até nela e a abraçou apertado. – Eu sei que a princípio te julgamos muito duramente, talvez tivéssemos expectativas muito altas, ou talvez enxergar em você os mesmo erros que cometemos foi difícil, apenas por que Lee e eu queríamos só o melhor para você, que não tivesse que tomar decisões assim. – Alura retribuiu o abraço. – Eu apenas quero que seja feliz meu amor e meus braços estarão sempre abertos para te acolher.

- Obrigada. – Alura limpou a garganta e se separou de Kara. – Agora precisamos ir, temos que chutar a bunda de alguns nazistas.