História Lego House - Eu vou voltar!

Kéfera POV

Assim que chegamos em casa o silêncio prevaleceu mais uma vez, não hesitei e fui pro meu quarto, Lucas e Bruna sabiam que não era um bom momento pra conversar, mas ficariam ali caso precisasse, porém o que eu mais queria era me afundar em meu travesseiro e nunca mais sair dali.

Sem ao menos tirar minha roupa me joguei na cama, agarrei meu travesseiro e era justamente o que Gustavo dormia, ainda estava com o cheiro dele, joguei o mesmo para perto do armário e no instante lembrei das roupas do mesmo, me levantei e pude notar que ainda estava de salto, tirei ambos e fui em direção ao armário, sabia que não era uma boa ideia, eu não conseguia conter minhas lágrimas em um ato de impulsividade comecei a jogar suas roupas no chão, e a cada peça era uma facada, uma lembrança e uma lágrima que escorria.

Ao terminar, olhei os cabides, e senti um vazio e uma enorme vontade de recuar e guardar, lutei contra meu coração e fui pela razão, fui até o canto do quarto onde estava uma mala e a coloquei com um pouco de dificuldade na cama por conta do peso.

Era a mala dele, e eu nunca imaginei que estaria fazendo isso.

A abri e fui jogando todos os seus pertences no mesmo, evitava olhar por muito tempo, pois sabia o que meu coração queria, ele estava doendo muito, mas ta na hora de alguém superar.

Após colocar cada um de seus pertences, fechei a mala e deixei ao lado do armário.

Minhas lágrimas ainda teimavam em sair, olhava pra cada canto daquele quarto e me lembrava de cada momento ali vivido, de cada briga idiota, por cada beijo apaixonado, por cada abraço e por cada risada. Foi realmente um relacionamento lindo, que terminou horrível.

Me sentei na cama e já sem saber o que fazer, peguei meu celular e olhei atenta pro visor: "30 ligações perdidas de: Mizi ❤".

Ler aquele apelido carinhoso me doeu mais ainda, então ignorei e sem ao menos notar o quão tarde era, liguei pra minha mãe.

A mesma atendeu sonolenta, tentei fazer a forte e limpei as lágrimas.

-Filha?Você sabe que horas são? -Realmente não sabia, mas ali eu não conseguia mais ficar.

-Não faço a menor ideia. - Dei uma pausa e continuei. - Eu vou voltar pra Curitiba.

-Como assim filha? E a faculdade? - Talvez eu tenha sido impulsiva demais, porém consegui pensar rápido.

-Transfiro a matrícula pra uma perto. -Respirei fundo e la vai mais uma. -Ainda temos aquele apartamento no centro? -Não era um apartamento grande, mas algo me dizia que Gustavo ia me encontrar fácil na casa da minha mãe.

-Temos sim, por que? O que aconteceu? -Segurei meu choro, olhei pela janela e reparei que já era de dia.

-Quero um tempo pra mim, longe daqui. -Respirei fundo e senti uma lágrima escorrer. - É só por um tempo mãe.

-Tudo bem, quando você vem? -Mordi meu lábio e olhei pro meu armário.

-Hoje a noite, se possível. -Pude ouvir um suspiro de surpresa vindo dela, mas quanto mais tempo passava ali, era pior, tudo me lembrava nós, e eu não queria isso.

-Tá bom filha, me avisa quando for, vou arrumar as coisas por aqui. -Esbocei um sorriso fraco e nos despedimos, olhei pra mala do Gustavo e me levantei, coloquei minha mão na maçaneta e respirei fundo, ao abrir a porta pude ver ambos tomando seus cafés, me olharam surpresos, e fui até a bancada da cozinha.

-Tá tudo bem amiga? - Bruna questionou, respirei fundo e ela entendeu.

-Eu preciso que me faça um favor. -Olhei pro quarto e voltei a olhar pra ambos. - Vão pra faculdade hoje né? - Ambos assentiram com a cabeça, então dei a volta no balcão e fui pro quarto, peguei a mala e sai a arrastando até a sala. - Preciso que entregue ao Gustavo.

-Então acabou mesmo? Não vai nem conversar com ele? Talvez ele tenha algo a dizer. -Lucas disse, desde ontem estava inquieto.

-Acabou, não quero olhar pra cara dele e eu vou voltar pra Curitiba.